3.10.08

MALCATA E O FUTURO




Malcata – «Esse projecto de 45 milhões virá mesmo?»
O Cinco Quinas deslocou-se à freguesia de Malcata e falou com diversos populares para saber o que eles pensam acerca do tão falado projecto que os “franceses” querem vir implantar na freguesia.
Fomos a Malcata para ouvir a opinião da população sobre o novo projecto para a terceira idade a construir na aldeia.
A questão foi: “A empresa francesa Existence S.A. pretende construir aqui na envolvente da freguesia, um empreendimento na área da saúde e do lazer, de luxo, cujo valor ronda os 45 milhões de euros. O que pensa deste projecto?”.

«Já ouvi falar, mas não sei bem o que é. Ouvi dizer que é um grupo estrangeiro que vem para aí investir, fazer clínicas. Penso que é o futuro aqui da zona e não só da Malcata. Vão criar muitos empregos, é bom para toda a gente. Assim a aldeia não vai morrer, porque a população está muito envelhecida. Se não forem criados projectos em que haja juventude, Malcata morre.
Fiquei muito surpreendida com este anúncio, porque nunca pensei que houvesse um empreendimento desses aqui na zona. Nem no Sabugal eu contava.
A única coisa que poderá prejudicar-nos é trazer muito pessoal que a gente não conhece, porque ao vir o bom pode vir também o ruim. Agora temos sossego e um dia poderemos não ter».
Celina Fernandes, proprietária de café


«Não acho mal, mas o empreendimento não é para todo o mundo. É para estrangeiros que vêm cá passar um mês ou assim, e por mim tudo bem».
Manuel, reformado


«Além de ficar surpreendido, estou ansioso por que aconteça. É a salvação da aldeia; é o investimento que todas as aldeias, vilas e até cidades desejariam ter.
O impacto negativo que talvez possa acontecer é o facto de algumas pessoas estarem muito ligadas aos terrenos e valorizarem-nos, mas a Câmara Municipal deverá resolver essa questão.
Mas o impacto é muito bom. É a garantia de que a desertificação vai acabar e inverter a situação e de que vamos ter uma aldeia para muitos anos. Só devemos orgulhar-nos disso».
Joaquim Vaz, proprietário de café


«A Câmara Municipal diz que os proprietários se comprometem a vender os terrenos a um preço simbólico, e poderá não ser assim. Toda a gente tem um preço e todos esperam lucrar com o empreendimento».
Cristóvão, professor de Português-Francês


«Se for bom para a aldeia, concordo, mas para nós, o que vai ser, aos 73 anos de idade? Espero que não venham gatunos».
Anónimo


«Acho bem, mas ainda não sei bem no que se baseia».
Ondília Nabais


«Já ouvi falar. Há pontos negativos em tudo: vem mais gente, há menos sossego. Comercialmente deve ser benéfico, vai haver mais negócio. Sabia que um dia haveria pessoas interessadas em vir para cá, mas era tudo muito vago».
Armindo Cruz, proprietário de estabelecimento comercial


«Acho bem que venham, é bom para a aldeia».
Joaquim


«Não posso dizer que é mau. Acho que se vão criar empregos. Só deve trazer benefícios».
Antero Sezulfe, reformado


«Acho que vai ser muito benéfico a todos os níveis. Primeiro, poderá atrair mais turistas; segundo, a terra fica mais conhecida. É um empreendimento muitíssimo bom e tomaram muitas aldeias ter um assim. Acho que não há nada a perder e certamente irá empregar várias pessoas daqui.
Independentemente de eu ter um estabelecimento comercial, concordo com esse investimento e claro que se eu tiver alguns clientes é bom.
Tenho um filho que anda no 6.º ano. Ele defende muito Malcata e quando soube deste empreendimento teve uma das maiores alegrias, porque diz que nem todas as aldeias vão ter o prazer de ter um benefício assim».
Conceição Gomes, proprietária de estabelecimento comercial


Por: SQ
in www.cincoquinas.com
O meu comentário:
Toda a gente fala nos franceses e nas obras que querem levar a cabo nas margens da barragem do Sabugal. Nas terras de Malcata que estão próximas da barragem, talvez na zona do Ribeiro Grande, vai ser erguido um importante empreendimento turístico. Os futuros clientes irão ser os reformados da Europa que usufrirão das mordomias e luxos de quem lá vier trabalhar. Se o empreendimento, agora dado a conhecer pela Câmara do Sabugal, vier a ser realidade, Malcata vai mudar, mesmo que as pessoas não gostem. Mudar não é fácil, mesmo quando se trata de uma simples alteração de hábito de sair da cama ou da volta que é preciso dar para ir à Moita durante as festas da aldeia. Mais difícil vai ser a gente da nossa pacata aldeia habituar-se a ter outras pessoas, sendo que muitas delas nem português entenderão, mas que durante os dias que por ali se encontrarem procurarão sítio para tomar um café, um chá e muitas vezes até quererão almoçar um prato típico da terra.
Eu sou dos que não temem mudar. E quando as mudanças resultam em enrequecimento pessoal e colectivo a mudança vale bem a pena.
Em Portugal alguns políticos têm agora a mania da cultura da imagem. Há exemplos recentes na classe política de anunciar aos quatro ventos, com pompa e televisões, rádios e jornais grandes investimentos para o país, ofertas de aspiradores, micro-ondas e mais recentemente até há quem ofereça pequenos computadores. Estamos a começar a ouvir o roncar dos motores partidários que vão participar na corrida ao poder político local. Ainda falta muito tempo para a realização da prova, contudo, dia a dia vamos conhecendo os participantes da corrida. No concelho do Sabugal, neste momento já conhecemos o nome de três concorrentes. Irão apresentar-se mais candidatos a participar ? O prémio é aliciante: quatro anos na cadeira do poder. E se em vez de um vencedor destacado, o pódio for ocupado por dois concorrentes? Ou, quem parte como favorito e como mentor destes grandes complexos turistico-médicos de repente sente que a sua equipa e o seu patrocinador francês andam de beicinhos por causa do preço das terras, dos pinheiros e daquelas leis que impedem as construções precisamente no local onde eles pensaram ganhar muitos milhões de euros?
Portanto, amigos conterrâneos, vamos ouvir muitas coisas acerca deste projecto. Umas boas, outras más e o que aconselho é ouvir, reflectir e às vezes dar a conhecer a vossa opinião pessoal acerca do assunto, já que ainda nenhuma televisão se interessou pelo assunto, mas o Jornal Cinco Quinas sim.

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