MALCATA: AI SE AS PEDRAS FALASSEM

 


   Nos últimos 16 anos, Malcata tem assistido impávida e serena a sucessivas promessas, algumas megalómanas, que não têm fim à vista.
   Os malcatenhos dizem que sabem tudo e tudo se vai passando como se nada lhes diga respeito, quem se mete nas aflições e imbróglios políticos é que se têm que se desenrascar. Continuamos com os cotovelos apoiados no parapeito da janela, vemos e ouvimos o que se vai passando, enquanto os cães ladram e a caravana vai andando.
   Há uns tempos fiquei a saber que, António, um dos primeiros presidentes da Junta de Freguesia de Malcata, meteu as mãos na massa e de forma apaixonada, combativa, mostrando grande vontade, conseguiu mobilizar todo o povo na defesa dos interesses da freguesia e sem medo de vozes do contra, mesmo da Câmara Municipal, conseguiu que a aldeia passasse a ter uma fonte e com duas bicas a jorrar água.
   Olhando para a nossa freguesia, seja em que ponto for, deparo-me com situações já esquecidas, outras mal explicadas e outras ainda que explicadas, parecem ter interesses um pouco estranhos e duvidosos, mas como satisfazem as carências de quem necessita de ter determinadas coisas e serviços, acabam por aceitar a ajuda e entram no jogo. Aqui nesta terra, quem tem um olho de esperteza, torna-se facilmente num rei que só olha para o que pode ganhar e aposta forte na falta de memória e discernimento do cidadão comum.
   Estamos muito próximos das eleições autárquicas. Um povo sem medo, sem vergonha de qualquer espécie, deve exigir aos partidos políticos, que escolham aqueles cidadãos que acrescentem e não diminuam a freguesia.
   Recuar 20 anos é lembrar promessas, projectos ambiciosos e porta bandeira dos políticos e que nunca saíram dos gabinetes. Já nos basta! Mas vou lembrar alguns:
a barragem e a construção do açude, o Ofélia Club, em que, ao contrário do que nos disseram, não foi a distância em metros da água, a que devia ficar o “hospital” , porque o pedido da alteração da distância foi aprovado e a obra não se fez; os terrenos estão hoje na posse da Câmara Municipal e nunca mais se falou do assunto; o Núcleo Identitário de Malcata, há uma dezena de anos que o povo espera poder visitar e recordar tempos passados, objectos e memórias que se estão a perder;  as indefinições quanto ao antigo quartel, o abafado e silenciado Centro Interpretativo do Lince, tanto segredo estão a fazer e que não compreendo; e o alargamento daquela rua principal, quando acontece? E as cabras lá para a serra? A Exploração Caprina está a mexer, pelo menos no número de ajustes directos e em euros. Algum cidadão comum de Malcata, tirando os membros da junta, viu o projecto e os pormenores da obra? Já disseram como vai ser gerido e por quem?
    E se não bastasse, dou-vos a saber que, ainda este mês, no passado dia 17 de Março, a Freguesia de Malcata foi tema de uma Aula Aberta na Universidade da Beira Interior, na cidade da Covilhã. O silêncio incompreensível, da participação da nossa freguesia, com participação directa do senhor presidente da Junta, e a participação directa de uma associação com sede na freguesia, que naquele dia celebraram o lançamento de uma publicação de enorme qualidade e valor, fruto de um protocolo de colaboração com a Universidade da Beira Interior, a associação e a Freguesia de Malcata, representada  na pessoa do senhor presidente do executivo, cooperação que tem elevado o bom e o melhor das potencialidades da nossa terra, não merecesse sequer uma simples divulgação, informação à comunidade, dando conta dos frutos dessa magnífica cooperação, que a acreditar nas palavras do senhor presidente de junta, são para continuar e reforçar. A verdade é que nem uma letra encontro nas páginas oficiais da internet e redes sociais.
   A população de Malcata tem direito à informação e divulgação de todos os acontecimentos, projectos, obras, documentos...e os políticos têm que perceber que não podem continuar a governar assim. Como cidadão e malcatenho, estou cansado.

                                                                  José Nunes Martins

  

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