AS RAÍZES DA VIDA


Rui Chamusco e as raízes da sua vida

 
 Pequenos gestos que engrandecem a humanidade


 
Foi no dia 27 de Maio no IPO de Lisboa. Em consulta de vigilância e à espera da minha vez, com a sala repleta de pacientes, ouvem-se vozes delicadas que falam com cada um dizendo: “Olá, Bom dia! Aceita uma sandes e uma bebida?” A quem nada desejava faziam questão que aceitassem ao menos um rebuçado. Creio fazerem parte do serviço de voluntariado. Pois é! Um pequeno gesto que faz toda a diferença. Num ambiente em que cada um tem os seus problemas, em que a ansiedade e a expectativa são constantes, fazem ideia o que isto representa? A simpatia e a amabilidade das pessoas que integram os serviços são uma força que muito ajuda os utentes a aliviar o stress característico destes ambientes e a enfrentar as notícias e os problemas que a cada um são prestados. Todos ficamos com uma disposição diferente. Bem hajam!
De seguida, outro episódio a remarcar. De um dos gabinetes de consulta, sai uma senhora que se agarra ao filho a chorar. Logo uma voz amiga de um senhor sentado ao lado, peremptoriamente tentou animá-la, dizendo:
 “minha senhora não chore que o seu problema se irá resolver. Sabe quantas vezes eu já fui operado? Quatro. E cá ando como você pode ver. Com a sua idade e com essa força toda não se pode deixar ir abaixo…” Palavras consoladoras que aparentemente provocaram algum alívio.
Como diz o cantor Sérgio Godinho “a vida é feita de pequenos nadas”. Pequenos gestos que engrandecem a humanidade e sobretudo quem os pratica. Ao reflectir sobre estes episódios continuo a acreditar que vale a pena viver, mesmo enfrentando problemas; que a vida é bela mesmo que as dificuldades nos apoquentem; que a vida é um dom de Deus que devemos cultivar e agradecer. Em condições de privação, mesmo da saúde, qualquer sinal de vida nos faz bem. É observar a natureza, é contemplar o nosso mundo em constante movimento, é olhar para as pessoas sobretudo as mais necessitadas e logo uma vontade enorme de viver e lutar por um mundo melhor nasce dentro de nós. Será que com os nossos pequenos gestos o mundo não poderá ser melhor?!
Estamos em plena primavera. E as manifestações de vida, particularmente na natureza, são abundantes. Ao estilo de Francisco de Assis apetece-me tocar e cantar o “Cântico das Criaturas” ou “Cântico do Irmão Sol” por tudo o que existe no mundo (sol, água, vento, terra, fogo, árvores, flores, pessoas, etc… e até pela morte natural).
Louvado sejas, ó meu Senhor, Maravilhosas são as tuas obras.
A Ti a glória e o louvor!
Louvado sejas, meu Senhor, nós te cantamos com todo o amor.
 OBS.: Agradeço e informo todos os meus amigos que têm manifestado o seu apoio sobre o meu estado de saúde que, depois dos últimos exames e consultas realizados, tudo está em ordem e a decorrer da melhor forma.
 Rui Chamusco

Nota:
Este texto escrito pelo Rui, está publicado no Jornal Cinco Quinas. Como o texto é público e sendo o autor natural da nossa aldeia e pessoa muito querida por todos os malcatanhos, pensei que o devia publicar para mais pessoas o lessem.
Desejo a continuação da plena recuperação ao Rui.

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