NOVEMBRO Estes dois dias a morte anda vestida de flores. Os mortos e os vivos reunidos, por alguns momentos, no mesmo lugar. Procuram-se, pensam uns nos outros, mas não podem abraçarem-se. A angústia da morte arruína a alegria de viver. A morte estraga todos os sentimentos de prazer, de convívio, a morte destrói todas as certezas e obstrui o órgão que me faz aspirar o gozo da existência. Ninguém sabe como tratar a morte. Não se fala dela, esquecemo-la. Depois do funeral, a vida segue em frente. Não devemos desviar das nossas mentes os nossos pensamentos sobre a morte. Isso seria utilizarmos a técnica da avestruz. Melhor é nós nos interrogarmos e fazermos esta pergunta: - A morte é ou não o fim de tudo? Se a morte é o fim, assume o carácter de uma mutilação terrível. Se não é o fim, a morte, a minha morte adquire uma dimensão extraordinariamente nova. Uma serena confrontação com a morte, esse momento crítico da minha vida que eu deverei afrontar sozinho, coloca-me diante do t