17.9.22

A. C. D. M. - MALCATA: HARMONIA E CULTURA PRECISAM-SE !

Uma harmonia difícil de concretizar...


   Longe vão os tempos em que na nossa aldeia se jogava a bola, nos anos 70 a 90, facilmente se arranjavam duas equipas para se divertirem com uma bola. Geralmente juntavam-se na tapada da Corela, que tinha as condições mínimas e estranhas para servir de estádio. Aquele sim era um campo inclinado e os jogadores queriam lá saber disso, o mais importante era marcar golos entre os dois montes de pedras e na baliza imaginária.
   Um dia de inspiração levou um grupo de rapazes a criar uma associação que se encarregasse de organizar jogos de futebol e outras actividades culturais. E foi com o desporto que a associação deu um empurrão, pois passou a ser responsável pela fomentação e organização das actividades ligadas ao desporto e à cultura. Fazia falta uma entidade que periodicamente se dedicasse a organizar actividades lúdicas, de desporto e cultura.
   Apesar do trabalho e do empenho das diversas direcções à frente da associação, nunca conseguiram parar o êxodo dos jovens para fora da aldeia e só no tempo das férias escolares é que as portas da associação estavam abertas. Tudo ficava adormecido e isso notava-se porque as actividades assim se organizavam.
   Houve uma direcção que viu no atletismo uma boa medida e uma excelente oportunidade de alargar a oferta desportiva da associação. O desporto não é só futebol e o atletismo tinha espaço de crescimento e com um treinador federado e o apoio da Associação de Atletismo da Guarda, foi o empurrão que faltava para a abertura da secção de atletismo.  Esta ideia ganhou ainda mais força no ano da celebração dos 25 anos da associação. A comemoração foi um marco histórico e levou a marca da presença do campeão mundial de atletismo Carlos Lopes.
Passou um dia na nossa freguesia, assistiu às diversas provas de atletismo e cumprimentou todos os atletas, em especial os vencedores, a quem lhes entregou os respectivos prémios.
   Foi de facto um dia memorável para a associação e para a freguesia. E a alegria de correr, a vontade de querer ser melhor e vencer, a secção de atletismo deu cartas e algumas dores de cabeça aos atletas das outras associações. O atletismo passou a ser a estrela da associação, enquanto o futebol ia perdendo cada vez mais praticantes, mesmo após a construção do polidesportivo.
   A secção de atletismo apostou forte e nas qualidades e capacidades do seu treinador e a união e dedicação dos familiares dos atletas aliada aos sonhos dos jovens atletas, levou-os a alcançar vitórias nunca tentadas ou alcançadas. 
   Um ano, dois anos...e mais anos, veio o cansaço, o desânimo e o vendaval que soprou com tal intensidade, derrubou a casa que se estava a construir e não houve discernimento nem forças para voltar a reerguer aquela secção da associação. E agora nem bola e nem atletismo.
Ficaram os convívios e alguns jogos de cartas, onde os reis, as damas e os cavalos têm pesos diferentes daquele jogo que tanto ajuda a desenvolver o cérebro dos que o jogam. O xadrez não é para todos e alguns maus hábitos também não são compatíveis com quem tenha vontade e querer de vencer uma guerra entre dois reis. Agora o que resta são alguns vestígios das actividades passadas, que deixaram marcas brancas nas calçadas, que já deviam ter sido definitivamente apagadas porque deixaram de ser úteis e só poluem a aldeia.
   Termino com esta interrogação que me está aqui na cabeça:
   Para onde caminhas Associação Cultural e Desportiva de Malcata?
                José Nunes Martins

    

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