A. C. D. M. - MALCATA: HARMONIA E CULTURA PRECISAM-SE !
Uma harmonia difícil de concretizar... |
Longe vão os
tempos em que na nossa aldeia se jogava a bola, nos anos 70 a 90, facilmente se
arranjavam duas equipas para se divertirem com uma bola. Geralmente juntavam-se
na tapada da Corela, que tinha as condições mínimas e estranhas para servir de
estádio. Aquele sim era um campo inclinado e os jogadores queriam lá saber
disso, o mais importante era marcar golos entre os dois montes de pedras e na
baliza imaginária.
Um dia de inspiração levou um grupo de
rapazes a criar uma associação que se encarregasse de organizar jogos de futebol
e outras actividades culturais. E foi com o desporto que a associação deu um
empurrão, pois passou a ser responsável pela fomentação e organização das
actividades ligadas ao desporto e à cultura. Fazia falta uma entidade que
periodicamente se dedicasse a organizar actividades lúdicas, de desporto e
cultura.
Apesar do trabalho e do empenho das
diversas direcções à frente da associação, nunca conseguiram parar o êxodo dos
jovens para fora da aldeia e só no tempo das férias escolares é que as portas
da associação estavam abertas. Tudo ficava adormecido e isso notava-se porque
as actividades assim se organizavam.
Houve uma direcção que viu no
atletismo uma boa medida e uma excelente oportunidade de alargar a oferta
desportiva da associação. O desporto não é só futebol e o atletismo tinha
espaço de crescimento e com um treinador federado e o apoio da Associação de
Atletismo da Guarda, foi o empurrão que faltava para a abertura da secção de
atletismo. Esta ideia ganhou ainda mais
força no ano da celebração dos 25 anos da associação. A comemoração foi um
marco histórico e levou a marca da presença do campeão mundial de atletismo
Carlos Lopes.
Passou um dia na nossa freguesia, assistiu às diversas provas de atletismo e
cumprimentou todos os atletas, em especial os vencedores, a quem lhes entregou
os respectivos prémios.
Foi de facto um dia memorável para a
associação e para a freguesia. E a alegria de correr, a vontade de querer ser
melhor e vencer, a secção de atletismo deu cartas e algumas dores de cabeça aos
atletas das outras associações. O atletismo passou a ser a estrela da
associação, enquanto o futebol ia perdendo cada vez mais praticantes, mesmo
após a construção do polidesportivo.
A secção de atletismo apostou forte e
nas qualidades e capacidades do seu treinador e a união e dedicação dos
familiares dos atletas aliada aos sonhos dos jovens atletas, levou-os a
alcançar vitórias nunca tentadas ou alcançadas.
Um ano, dois anos...e mais anos, veio
o cansaço, o desânimo e o vendaval que soprou com tal intensidade, derrubou a
casa que se estava a construir e não houve discernimento nem forças para voltar
a reerguer aquela secção da associação. E agora nem bola e nem atletismo.
Ficaram os convívios e alguns jogos de cartas, onde os reis, as damas e os
cavalos têm pesos diferentes daquele jogo que tanto ajuda a desenvolver o
cérebro dos que o jogam. O xadrez não é para todos e alguns maus hábitos também
não são compatíveis com quem tenha vontade e querer de vencer uma guerra entre
dois reis. Agora o que resta são alguns vestígios das actividades passadas, que
deixaram marcas brancas nas calçadas, que já deviam ter sido definitivamente
apagadas porque deixaram de ser úteis e só poluem a aldeia.
Termino com esta interrogação que me
está aqui na cabeça:
Para onde caminhas Associação Cultural
e Desportiva de Malcata?
José Nunes Martins
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