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23.2.25

MALCATA : O QUE É ISTO DE "ARU" ?

 

Área Reabilitação Urbana de Malcata
Limites



   A Câmara Municipal do Sabugal, em ano de eleições autárquicas, prepara-se para exibir três cenouras às pessoas das freguesias de Bendada, Fóios e de Malcata. A estratégia, que até já foi aprovada em reunião do executivo do concelho, é levar as cenouras à Assembleia Municipal, com data marcada para o próximo dia 28 de Fevereiro, portanto estamos muito próximos desse dia. Que se saiba, na freguesia de Malcata ninguém sabe o que se trata, discussão pública nem a própria Assembleia de Freguesia de Malcata sabe de que estou aqui a falar. E se o desconhecimento também incluir o presidente da Junta de Freguesia, aí então está o caldo todo entornado.

   Tive acesso à leitura do documento e aqui estou a partilhar convosco e a minha primeira análise e as minhas primeiras dúvidas sobre a oportunidade e a urgência da estratégia escolhida pelo município, que sabendo da realização das eleições autárquicas, lá para o final de Setembro ou Outubro, vai andar este tempo todo a falar dos planos que foram já aprovados e que vão trazer muitos benefícios às pessoas.


Rua do Canto-Rua da Fonte

                                  


   Quero aqui deixar claro que, eu não sou contra as Áreas de Reabilitação Urbana de Malcata, dos Fóios ou da Bendada. Sou a favor da reabilitação urbana, social e económica da minha aldeia e das outras todas.  
 

Rua de Baixo
Adro da igreja

   

  -Então, mas o que se passa com a freguesia de Malcata? Perguntam vocês e com toda a razão.
   Vou ser claro e rápido, depois noutro dia volto ao assunto com mais tempo.       Ora bem, o que se está a passar na Câmara do Sabugal é que os senhores do executivo, isto é, presidente Vítor Proença, vice-presidente, vereadores do município, aprovaram a Área de Reabilitação Urbana da Freguesia de Malcata, também a dos Fóios e Bendada. O documento vai ser apresentado e votado na próxima Assembleia Municipal, reunião que se vai realizar no próximo dia 28 de Fevereiro de 2025. 

Edital Assembleia Municipal
para 28-02-2025



Piscina 

   Algum dos habitantes da nossa aldeia sabe o que diz essa coisa do ARU? Nesse documento está escrito que os “peritos” percorreram a freguesia de Malcata e tomaram conhecimento da realidade e da necessidade de intervir na reabilitação urbana e baseados nesses estudos, riscaram a área e os limites até onde ela chega, pois, todo o edificado e espaços públicos, irão ficar abrangidos pelos benefícios e obrigações aprovados na tal ARU e respeitando as leis do Estado. Ter uma área definida é legal, é bom. Só que ter uma área urbana, sem a participação da Junta de Freguesia, da Assembleia de Freguesia e sem se discutir em público, é perigoso e pode trazer chatices futuras, incompreensões e recusas em aplicar as medidas que a ARU define como necessárias.
   
                                                                 

Estação Elevatória de Malcata

   No documento que li, em lado nenhum estão definidas as intervenções públicas, nos espaços comuns, nos terrenos de particulares, de concreto a ser feitas, quem as executa e quem as paga. Apenas referências gerais, que fazem parte de qualquer ARU neste país. E aquilo que parece tão simples de fazer, pegar no mapa da freguesia e riscar a vermelho as linhas que não se podem pular, podem transformar-se num pesadelo para algumas pessoas da nossa freguesia, que como donos e proprietários legítimos, podem vir a ser expropriados, ser forçados a vender ou a deixar espaço para servidões e até à obrigação de ser obrigados a fazer obras onde não estavam a pensar fazer. E estas coisas, menos boas, a boazinha câmara municipal, nem se pronuncia nesta ARU. Porque será? Será que, em ano de eleições, há que mostrar que vão fazer o que nunca fizeram? É muito fácil elaborar esta ARU, assim como está, sem mencionar que infraestruturas, equipamentos públicos, espaços verdes e espaços urbanos vão mesmo ser reabilitados. 
                                             

Praça do Rossio

   Quanto dinheiro público vão investir na freguesia? Nós, os particulares e proprietários, sabemos que há benefícios e apoios. E eu sei, que cabe a cada proprietário fazer requerimento à Câmara do que pretende reabilitar. E quem não sabe, aqueles que só acreditam quando lhes dizem o que devem fazer? E se algum proprietário não quiser fazer as obras que a Câmara achar necessárias, ou que não as terminem dentro do prazo, o que vai acontecer? Expropriam e declaram utilidade pública? Depois das obras feitas, quanto tempo têm os proprietários para pagar?
   E vou terminar com mais estas perguntas:
   A Junta de Freguesia levou este documento "ARU" à votação da Assembleia de Freguesia? E o que ficou decidido? 
   Bem, chega de questões e quem arranjar tempo e paciência para ler, pode pesquisar na internet estas palavras: DL nº 307/2009 ....  


https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/decreto-lei/307-2009-483155
                                                                

                                        José Nunes Martins














18.2.25

MALCATA: FORMAÇÃO DE LISTAS ELEITORAIS

 

 Há ou não gente em Malcata
 para se fazer mais do que uma 
 lista para as próximas eleições     autárquicas?

   Este ano vamos a eleições lá para Setembro ou Outubro. Este assunto das listas concorrentes merece ser discutido. E a nossa freguesia sabe do que estou a falar, pois nas últimas eleições autárquicas, realizadas em 2021, só se apresentou uma lista única. Saberão os residentes na nossa terra o que isso significou? A lista única que concorreu à Assembleia de Freguesia de Malcata nas eleições autárquicas de 2021, do Partido Social Democrata, significou que todos os membros da Assembleia de Freguesia são do mesmo partido, da mesma lista e isso não foi e não é bom para o bom funcionamento da assembleia de freguesia.
   Porque só foi elaborada uma lista única?
   Malcata e os residentes na aldeia, deviam organizar-se e promover a realização de uma reunião pública, aberta a todos, para discutir a realidade da freguesia, nomeadamente relativamente ao número de residentes, às pessoas que estão em condições de participar activamente na organização da sociedade e saber se o facto de se apresentar uma lista única, seja de que partido for, está relacionado com a diminuição da população. É que se a conclusão for essa, então há decisões que deviam ser tomadas a tempo.
   A freguesia de Malcata tem mais de 150 eleitores e como a lei diz, é obrigatório apresentar listas para a Assembleia de Freguesia. E o que aconteceu em 2021, lista única, pode estar em causa a democracia, a liberdade democrática como nós a entendemos. Vamos imaginar, que em 2025, voltamos ao cenário de “lista única” à Assembleia de Freguesia de Malcata. Se esse cenário for motivado por diminuição da população, e pela dificuldade de formais mais do que uma lista única, só há uma forma democrática para Malcata, é eleger uma Assembleia de Cidadãos e esquecer a Assembleia de Freguesia.
   Uma Assembleia de Cidadãos tem e exerce as mesmas funções exercidas pela Assembleia de Freguesia. E pode até ter algumas vantagens, a começar pela possibilidade de poderem participar todos os eleitores que habitam na aldeia, ao contrário da Assembleia de Freguesia onde apenas podem participar os membros que forem eleitos nas eleições autárquicas ( o cidadão comum, participa apenas na parte de “intervenção do público).

                                                                         José Nunes Martins
  

  

16.2.25

MALCATA: HOMENAGEM MERECIDA E JUSTA

   



Carlos e Graciete Clemente merecedores de justa homenagem!

   Ao contrário do que as pessoas possam pensar, a principal marca do presidente do Lar de Malcata, foi estar e ter sempre presente os utentes que a instituição acompanhava e acolhia. As vezes que me cruzei com ele foram poucas e recordo que, depois de nos cumprimentarmos, perguntava-me sempre como estava o meu pai.
   A saída do lar, não acredito que tenha sido um processo que ele tivesse sequer imaginado acontecer como aconteceu. Foi uma saída sofrida e dolorosa que afectou a sua família, com sinais mais visíveis na esposa. E mais do que falar ou lembrar as polémicas em que possa ter estado envolvido, a pergunta é se uma freguesia pode dar-se ao desplante de não reconhecer o homem que mais anos esteve ao leme do lar de Malcata. Porque mais do que aquilo que cada um de nós pode pensar, é o trabalho que deu frutos e trouxe um bem-estar social e familiar a todos. Até podemos sempre, quem o quiser fazer, rebuscar aqui e além, e encontrar até razões para apontar um dedo a este homem, presidente eleito durante vários mandatos, mas acredito que os motivos para enaltecer e reconhecer a obra feita são em maior número e por isso não o fazem.
   Presidir a uma instituição social, uma associação de solidariedade, não é fácil e não é para todos. Malcata, sendo uma freguesia pequena, deve ter orgulho no lar que desde 1991 é uma estrutura estruturante e sob a sua alçada se governam muitas famílias, que se sentem tranquilas por saber que os seus familiares mais idosos estão bem instalados e há sempre quem cuide deles.  Como já disse, não é tarefa simples dirigir o lar de idosos e também não é fácil encontrar pessoas totalmente limpos e com um histórico totalmente imaculado. Encontrar um santo ou uma santa em Malcata é tarefa ainda mais difícil e como não se conhece nenhum santo(a) viva, de carne e ossos, boca, ouvidos, mãos e cabeça sem nódoas, com uma ficha limpa, se calhar os malcatenhos devemos fazer um esforço para aplaudir quem já presidiu e de futuro encontrar quem melhor faça. Claro que a nossa vida não é traçada a régua e esquadro, o caminho também tem curvas e dificuldades e as polémicas aparecem sempre, o que nem todos somos capazes é de deixar obras boas, marcadas pelo amor ao próximo e o lar é uma dessas obras boas, que já marcou e vai continuar a deixar marcas nas pessoas e na aldeia, disso não tenho dúvidas.
   O impossível esvaia-se quando alguém torna real o que antes se pensava ser impossível acontecer. E a família de Graciete e Carlos Clemente, sem qualquer dúvida, são credores de obra realizada, de trabalho feito. Para quando uma homenagem pública?

                                                      José Nunes Martins

MALCATA: SALVAR A FREGUESIA E A ALDEIA

 


Campanha de salvamento precisa-se!


   

   Actualmente, as pessoas vivem desinteressadas da vida pública da nossa freguesia. Fecham-se nas suas casas, ainda vão até aos cafés depois do almoço e pouco depois voltam para a sua vida. E só se voltam a encontrar em dias de convívio na associação ou nos dias da festa de Agosto. Eu acho que eles não querem é complicações na vida e então vivem como os caracóis, nada de deixar portas e janelas escancaradas. Ou seja, nem pensar em assumir cargos de responsabilidade ou funções a favor do povo. Preferem ficar a ver outros a fazer o trabalho, mesmo que pouco concretizem, pagam o que há a pagar e os outros governem e organizem como acharem melhor!
   A verdade é que, de 2021 a 2025, veio piorar e nada ajudou a melhorar a vida real das pessoas. E não é por causa da epidemia do covid ou a gripe das aves, nem por causa da doença da língua azul. Estão a ser anos de maior afastamento e maior desinteresse no que respeita aos cargos públicos. A indiferença e o deixar andar, quem está é que sabe o que fazer, como o faz e quando termina o que começou.
   O que mais me espanta é que actualmente temos mais ferramentas para trabalhar bem melhor, com mais precisão, mais transparente. Muitas das pessoas que vivem na aldeia, diariamente espreitam as redes sociais e pesquisam, leem ou partilham o que lhes apetece. E depois, lá clicam no “gosto”, nos bonequinhos a rir ou a chorar, mostram o entusiasmo e lá vai um par de mãos a bater palmas…os telemóveis são mais práticos que os televisores, podemos emitir em directo o que acharmos por bem, ou por mal, dar a conhecer aos outros. Nos anos 60 e 70, a vida vivia-se a velocidades mais lentas, as cartas e os postais enchiam-nos a alma e matavam-se todas as saudades, sabiam-se as notícias e também os cochichos. Agora, que há mais dinheiro, melhores comunicações, mais informação, mais conhecimento, porque participamos menos na vida social da aldeia?
Porque vivemos na mesma aldeia e na rua quando nos cruzamos uns com os outros, há quem não fale, quem olhe e logo baixe o olhar em sinal de desprezo, sendo mesmo incapaz de sorrir ou de simplesmente dizer bom dia, boa tarde ou boa noite? 
   Às vezes eu entro nas redes sociais e ignorando a realidade e o que se passa na aldeia, fico com vontade de escrever e proclamar aos ventos que tudo vai ser melhor, que as pessoas vão voltar a sorrir e a cumprimentarem-se quando se encontram ou se cruzam num qualquer lugar da aldeia ou do nosso país. Que as coisas que não se terminaram, vão fazer-se e todos nos orgulharemos do trabalho e dos resultados.
   Mas, de repente aparece o diabinho vermelho com a sua lança e tudo muda, porque rompe a minha bolha de ilusão, fere as minhas asas no preciso momento de levantar voo.
   O meu sonho termina ali, não vale a pena continuar a sonhar com o regresso das cegonhas ao ninho. Começo a compreender o significado das mudanças e que as cegonhas não vão regressar porque ninguém se dispôs a reconstruir o ninho.
   Resta-me ter esperança, fazer com amor o que à distância se pode fazer e acreditar no poder da internet, como se fosse uma cola forte, com os diversos componentes, unidos num único objectivo, que é colar de vez a vida comunitária da nossa porcelana fina chamada Malcata, cumprindo o mandamento do Amor que todos temos por um pedaço de terra, aquele onde nos plantaram e não fomos nós que escolhemos, mas é onde nascemos, nós os malcatenhos.  
                                                                    José Nunes Martins

14.2.25

LUGARES E RECANTOS DE MALCATA

    
   

Fonte das duas bicas



   Muita água já por elas jorrou e muita dessa água ajudou a encher a albufeira. E com essa água foi uma enxurrada de memórias, de conversas e namoricos. Se as bicas falassem, hoje revelavam as conversas dos rapazes com as raparigas, os namoricos que por vezes resultavam numa boa reprimenda dada pela mãe da moça por ter demorado tanto a chegar da fonte com o cântaro da água. 
   Um lugar como este, conta-nos muito mais do que aquilo que ali vemos,   por isso, precisamos de respeitar, cuidar e olhar com cuidado para este lugar, que tantas recordações vai guardando. 
                                                                                     
José Nunes Martins