Pesquisar neste blogue

10.11.24

MALCATA: QUE DESTINO?

 

   No Dia do Concelho, a minha reflexão é esta:

   Na nossa freguesia, são muitos aqueles que deixaram a aldeia e partiram em busca de uma vida melhor. Não temos registo do número de pessoas que saíram e para onde foram, sabemos que deixaram a terra e foram em busca do sonho de poder construir uma vida mais digna, fazendo trabalhos diferentes daqueles que faziam nos campos da terra. Alguns nem se importaram de ir trabalhar naquilo que nunca imaginaram alguma vez na vida, mas foi o que lhe arranjaram. O que importava era o dinheiro que recebiam no final do mês, enviar algum para a família e pagar as suas próprias despesas.
   No princípio tudo é estranho e ganha-se coragem para ultrapassar todos os obstáculos
que um país estranho, uma língua que não se fala ou percebe, porque a vontade de vencer é tanta que desistir nem pensar!
   Actualmente o número de gente nascida na nossa aldeia e que está a trabalhar fora do seu espaço geográfico é maior que o número de habitantes a viver nela. Se juntarmos os mais novos, as novas gerações, rapazes e raparigas que estudam nas Universidades e escolas, mais os que estão a trabalhar em grandes empresas multinacionais, mesmo até em organismos do Estado, chegamos facilmente a um desequilíbrio nos dois pratos da balança, pesando mais o lado dos malcatenhos fora da aldeia.
   Ai destino, ai destino que é o nosso! Que destino será? Pelos vistos, a nossa gente tem tido um destino fora da nossa área espacial. Mas o pensamento dominante é que quem defende melhor os interesses da terra é quem vive e sente na pele os problemas e as dificuldades do dia a dia, seja em casa, nos campos, nos caminhos e nas ruas.
   Malcata mais parece uma aldeia daquelas onde o cidadão comum, as pessoas comuns,
não contam para nada. O destino é traçado por quem detém o poder, pois decidem o que fazer no presente e quanto ao futuro, não se está a exigir a criação das condições para que o bem comum seja tido em conta e seja partilhado quando há que decidir o que fazer, como fazer e um tempo para concretizar.
  
  

4.11.24

MEMÓRIAS DE MALCATA-1

 

 Uma das casas mais vistas em Malcata

   Uma recordação de outros tempos. Uma casa grande, onde entrei só porque me abriam a porta. 
   Eu adorava estar na cozinha. Gente boa que ali vivia na casa grande. Como está ao lado do adro da Igreja Paroquial, é uma das casas mais vistas da aldeia. Por onde andarão os que nela viveram?

1.11.24

QUANDO NADA PARECE ACONTECER

 


   Há tradições e costumes que os católicos repetem todos os anos. Hoje, 1 de Novembro de 2024, é para a Igreja Católica, o Dia de Todos os Santos.
   Esta celebração serviu durante muitas gerações para evocar todos os santos e mártires
da Igreja Católica. Atualmente, como é feriado e véspera do dia dos Fiéis Defuntos, a grande maioria das pessoas vão aos cemitérios rezar e prestar homenagem aos familiares e amigos já falecidos. E a Igreja Católica agora celebra os dois dias num só.
   O que importa é comprar flores, das mais variadas cores e espécies, até podem ser de plástico. Comprar velas ou lampiões a pilhas, uma vassoura, um balde, uma esfregona e ir ao cemitério alindar a campa ou jazigo, gaveta ou gavetão. São gestos que são feitos em silêncio e com muitas paragens a olhar para o alto e para as fotos dos familiares ou amigos que tantas saudades deixaram. Eu não consigo ir ao cemitério no dia de hoje e de amanhã. Conheci pessoas que procuraram em vida, ser boas almas, levando uma vida normal, com dias alegres e festivos, no meio de angústias, traições, sofrimentos…e partiram deste Mundo a pensar que ressuscitariam.
   E estes dois dias são importantes na agenda das pessoas que homenageiam os falecidos.
    Hoje todos os santos são homenageados e lembrados. E cada terra tem os seus usos e costumes. Há perguntas que é preciso fazer:
    Porque homenagear todos os santos?
    Será que os santos precisam de ser elogiados?
    O interesse de elogios e rezas (mesinhas) não serão por nosso interesse e não
  dos santos?
     Eles, os santos, uns conhecidos e outros não, esperam que através dos seus testemunhos de vida já vivida, nos tornemos em melhores pessoas.

     Há momentos e fases da vida que parece que nada está a acontecer. E nestes dias iniciais de Novembro, podem servir para cada um de nós procurar o essencial da vida, sem qualquer justificação ou pretexto que nos tirem da normalidade. Lutar pela verdade e autenticidade vai-nos fazer mudar como pessoas. Aceitar que a vida é uma passagem, um dia a seguir a outro dia que passou, fazer o que há por fazer e não fazer para sermos vistos e aplaudidos apenas pelas nossas ambições pessoais.  Hoje celebramos em comunidade os feitos dos santos e celebramos a fé cristã em que acreditamos. Quem celebra a fé e o partilha com todos só interessa mesmo, quando é verdadeira, autêntica e genuína. Passa a ser um teatro se apenas nos preocuparmos com o que representamos, com o lugar que ocupamos, com a nossa aparência na rua e a nossa presença em eventos festivos.
    Celebrar com a comunidade aquilo que é a nossa vida diária é partilhar aquilo que fazemos e em que acreditamos.
    Bom seria sentir o desejo de mudar o nosso coração e ganhar mais força e vontade de viver em fraternidade e em comunhão com todos.
    Nós simplesmente estamos de passagem para…a outra margem!