17.3.24

CÁ ESPERO PELAS NOVIDADES


Uma árvore mimosa em Malcata


 
   O povo, diz a canção, é quem mais ordena. Em Malcata o povo vive cada vez mais resignado, adormecido e desconfiado. Se cheirar a mudança, o povo deixa-se estar no mesmo lugar e não se importa por continuar como está. Cada um preocupa-se consigo mesmo e quem está ao leme da Freguesia é que tem a incumbência para mudar as coisas públicas e o senhor prior as coisas que dizem respeito à igreja, ao religioso.
   O povo já não quer saber dos baldios, nem sequer perguntar como vai a vida na comunidade. Basta ir à aldeia num dia de sessão da Assembleia de Compartes ou da Assembleia de Freguesia e sentar-me nos lugares destinados ao público. Posso escolher sentar mais longe ou mais perto da porta do edifício onde está a decorrer a reunião. As vezes que o fiz, o público era só eu e mais ninguém. Onde estão as outras pessoas que habitam e vivem na aldeia? Devia comparecer e preencher todos os lugares destinados ao público,  para  ouvir o que de mais importante anda a acontecer na aldeia e  ainda têm a oportunidade de intervir e interpelar a mesa da assembleia.
   O falar nas ruas e na mesa dos cafés não é o mesmo que levantar do assento e depois da autorização do senhor presidente da Assembleia  dar consentimento já pode falar claramente o que tem a dizer. Depois de falar, é esperar pelas respostas, mesmo que alguém tenha ficado incomodado com o assunto. E meus caros conterrâneos, ali não existem pessoas más e violentas, são gente adulta, civilizada, sabem que estão ao serviço do povo, não têm porque se sentir incomodados, ou maniatados por quem quer que seja. Querem ficar a saber quanto renderam os pinhos nos baldios? Ou querem saber o que se está a passar com as cabras que não se veem nos baldios? Precisam de saber se podem acender o lume em casa com lenha dos baldios? Vão à reunião e perguntem que vão responder. E o mesmo digo a respeito da situação em que está a freguesia, apareçam nas reuniões da Freguesia e ouçam, perguntem e digam  o que vos está a atrofiar a vista! 
   Penso que eu não serei o único refilão na nossa aldeia! Vivo longe, bem longe daí e ainda tenho interesse por andar minimamente informado acerca da vida comunitária
na nossa aldeia. E lembrem-se disto:
   “Eu até não sou mau rapaz
   Com maneiras até sou bem mandado
   Mas para que lado é que me viro, pra que lado.”
   Envio esta mensagem e espero que enviem novidades. Vou aí em Abril para a EDP mudar o contador
da luz lá da casa número seis.
    Já não tenho mais para escrever. Cumprimentos e abraços.

    José Nunes Martins

   
  
  
   Próxima Assembleia de Compartes da Freguesia de Malcata:



 

12.3.24

MALCATA: CHEGA GANHOU AO PSD(AD)

          ELEIÇÕES PARA A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
      PS ganha - Chega salta para segundo e AD desce para terceiro!
         


Resultados das eleições 2024 para a AR na freguesia de Malcata



               Resultados comparativos das eleições para a AR em 2024 e 2022 na freguesia de Malcata


  As eleições para a nova composição da Assembleia da República já passaram, embora haja ainda resultados por oficializar. Eu lá me dirigi à minha secção de voto do costume para exercer um dos direitos que há 50 anos (ou quase) se decretou neste jardim à beira-mar. 
   Entrei quando me foi dado autorização para o fazer. Foi tudo muito sequencial e dois a três minutos depois já estava de saída da sala. E logo entrou outro eleitor, ficando mais dois a aguardar a sua vez à porta da sala da escola, estabelecimento de ensino onde havia 49 secções como a 44, que foi onde votei.
   Por aqui as coisas funcionam seguindo as regras da Comissão Nacional de Eleições e os eleitores só entram quando são autorizados a fazê-lo, saindo logo após realizados todos os passos para votar. Na sala não há pessoas a mais, somente as que ditam as leis eleitorais e também não existem balcões de atendimento aos fregueses, pois nas escolas esses assuntos resolvem-se nas secretarias e nas eleições,
pedem-se informações a quem ocupa o "balcão" devidamente identificado, bem afastado das sessões de voto, cumprindo a sua função de ajudar os que precisam. Como vêm não tem nada a ver com os métodos e as regras que presenciei na nossa freguesia, onde estive no papel de delegado para fiscalizar e garantir o cumprimento da lei eleitoral, lei essa muito desconhecida por muitos eleitores e como isso se repetiu várias vezes e nunca os elementos da mesa se pronunciavam, quando eu intervinha o ambiente ficava azedo e sarcástico por estar a alterar os costumes de muitos eleitores. A sorte deles foi não ter ido mais além e chamar as autoridades que têm poder de impor a ordem e a legalidade. Mas, adiante que isso já são águas passadas e em Malcata já não há moinhos e os burros estão em vias de extinção. No domingo passado, dia das eleições, não sei se choveu ou se fez sol durante o dia em Malcata. Das eleições, sei apenas o que vi na internet e na televisão sobre as eleições no Continente e nas Ilhas, porque o Ultramar já passou à história. Como é costume aí de Malcata é raro chegarem notícias frescas e importantes, ao contrário de reportagens sobre convívios e almoços, dando a sensação que por essas bandas só importa dar notícias cor de rosa ou de apreciadores de boa comida e bebida.
  Já olharam e leram os resultados destas eleições, com principal atenção aos números que se verificaram na nossa freguesia? Mais uma vez, o Partido Socialista venceu as eleições em Malcata! A surpresa das surpresas foi a subida do Chega que ultrapassou o PSD(AD) e ainda os que votaram ADN.
Como é que calcaram tanto os laranjas, os que foram heróis quando ganharam as eleições autárquicas?
Porque é que nas legislativas ganha o PS e o PSD perde? Será que só o PSD sabe governar uma junta de freguesia? Que é caso de estudo, lá disso não tenho dúvidas. 
  Há outra "temática" política que ando a tentar compreender. É relativa à constituição da mesa de voto. A este propósito a Comissão Nacional de Eleições, na sua página da internet, esclarece que:
-"As mesas de voto são compostas por cidadãos indicados por todos os partidos ou coligações que concorrem às eleições".
- "A CNE intervém sempre que tenha conhecimento de situações em que não esteja garantida a pluralidade na composição das mesas de voto".
   
Nestas eleições para a Assembleia da República foi ou não devidamente composta a mesa de voto na nossa freguesia? A dita mesa foi assim constituída:

   
   


É bom lembrar que até o Salazar defendeu e viveu numa República! Também nesse tempo já havia eleitores, com uma particularidade que fazia toda a diferença, que era a de os eleitores serem chefes de família e tinham de saber ler e escrever! E as mulheres também tinham deveres, mas não podiam votar.

Fica este pequeno registo e voltarei ao assunto mais daqui a uns dias.




10.3.24

O FUTURO DA ÁGUA EM MALCATA

Há que fazer alguma coisa para a água vir à tona
                         

   A forma de utilizarmos a água na nossa aldeia vai ter que mudar e deve ser uma das prioridades da autarquia melhorar o abastecimento de água para consumo humano à nossa freguesia, bem como a sua utilização na agricultura e nos espaços verdes da freguesia.
   Na nossa aldeia estamos acostumados à abundância deste recurso natural, mesmo durante os meses de mais calor não tem havido constrangimentos para ninguém.
   Mas os tempos são outros e o clima está a mudar. No que diz respeito à água para consumo humano, é do conhecimento de todos que os bombeiros voluntários têm transportado a água num camião-cisterna para encher o reservatório de água para a rede de abastecimento público
da nossa terra. Houve já necessidade de efectuar esse reforço duas vezes por semana. As causas da escassez da água estão relacionadas com as altas temperaturas e a falta de chuva que estão a secar as nascentes naturais.
   Na nossa freguesia há falta de planos para reaproveitar a água, para armazenar os milhões de litros que saem nas duas bicas da fonte, deixando fugir a água ruas abaixo. Podem dizer que não tem havido desperdício, que a água vai acabar por chegar à albufeira. Eu pergunto aos malcatenhos porque deixamos a água correr para a barragem em vez de a armazenarmos em reservatórios para futura utilização pela freguesia, pelos que necessitam dela para as regas?
   Já bastou a obra da barragem do Sabugal que sem dó nem piedade nos deixaram sem rio Côa!
   Não há nada que nos pague esse bem e esse recurso, como era o rio e as terras que o acompanhavam. Lembrem-se que na nossa região só existe água doce e investimentos para aproveitar a água do mar está fora de questão. Ora isso dá-nos argumentos para olharmos para a água que até é natural, de nascentes e também merecemos ajudas financeiras para manter
este recurso tão importante.
   Estes dias li que o concelho do Sabugal fazia parte dos municípios que mais desperdiçava água nas redes de abastecimento público. Os números estão escritos num relatório da entidade que regula a água em Portugal. Chama-se ERSAR e neste documento relatório da ERSAR ficamos a saber que o concelho do Sabugal desperdiçava, em 2022, 70,2% da água. Trata-se de água que existe e que não chega ao consumidor e por diversas razões: rupturas, avarias e desvios. Ora se há dois anos mais de metade da água era desaproveitada, logo não rendia um cêntimo, diz-nos que há muito trabalho a realizar.
   Então como será o futuro da água em Malcata?
   Será que a APAL-SIM (Águas Públicas em Altitude – Serviços Intermunicipalizados) vai resolver os problemas no concelho do Sabugal?
   Deixar de fazer alguma coisa não é opção! Pagar e continuar a pagar a água que se utiliza na rega? É uma possibilidade e sabemos que quem rega com a água dos tanques da Fonte da Torrinha, paga-se uma taxa por cada vez que se esvazia o tanque grande. E está certo que assim seja, pois eu não acredito que haja alguém que se recuse a pagar. Com certeza que na nossa freguesia não vamos brincar aos transvases para outras terras. Por curiosidade, li que os agricultores da Cova da Beira, que regam com a água da barragem do Sabugal, vão este ano pagar mais caro a água para rega! E em Fevereiro houve escaramuças e tubos cortados por desentendimentos por causa da água.
    Deixo aqui um alerta: olhem para as vossas próximas facturas da água e vejam o volume de água consumido e leiam também a segunda página. Digam o que viram e o que pensam.
   Obrigado


    

De 1937-2024 sem parar de deitar água





Ler a factura da água segundo a Deco
      

   

Trabalhos na nascente em Malcata 


                                        
                   Foto CMGuarda -Assinatura da constituição da Apal-Sim

    Saiba mais sobre a nova entidade das águas e saneamento:

   https://capeiaarraiana.pt/2024/02/19/sabugal-integra-sistema-intermunicipal-de-gestao-da-agua/


9.3.24

A NEVE BRANCA E FOFA EM MALCATA



Malcata já andou vestida de branco!
(Pequeno vídeo com neve na aldeia)

    No Inverno a chuva, o frio, o vento, o granizo, a geada e outros fenómenos meteorológicos eram normais em Malcata. E as pessoas da aldeia preparavam-se para estas condições adversas alterando as suas rotinas diárias. Quem ditava as regras do trabalho era o tempo. E que remédio havia se não aceitar trabalhar ao sabor do tempo. 
   A nossa região sempre foi chuvosa no Inverno e muito fria. A neve já caiu muito mais que actualmente. Nevão digno de muita neve há muitos anos que não se sentem nem veem na nossa aldeia.

Lembro-me dos grandes nevões na minha infância, tão grandes que chegavam a aguentar a neve durante semanas. Muita coisa ficava por arranjar, por fazer, não por não quererem trabalhar, mas porque a neve não permitia. A vida na aldeia levava uma reviravolta e só depois da neve derreter é que a normalidade regressava. Já se imaginaram a aguentar um Inverno rigoroso, com muita chuva, vento e neve ou geada ? Aguentar o frio e a chuva numa terra sem luz eléctrica, sem água nas casas, com algumas ruas em terra batida e as águas pluviais a correr valeta abaixo?! A neve chegava aos 50 cm de um dia para o outro. Alguns telhados abatiam com o peso da neve, o gado tinha que ficar encerrado e alimentava-se com feno seco, beterraba, nabos, botelhas...porque não havia condições para ir buscar alimento aos campos. 
                                             
Gelo na pia do chafariz na Rua da Moita.
Onde há água e frio, aparece naturalmente gelo.

   O gelo é um dos grandes contratempos na aldeia. Um descuido e os acidentes acontecem. E escorregar no gelo é perigoso para pequenos e graúdos e qualquer animal. 
   Depois de nevar durante toda a noite a aldeia acordava vestida com um manto branco de neve. Os telhados, as árvores, as ruas transformavam o espírito humano e toda a gente aceitava a situação. Era normal, estávamos no Inverno!
   Como mudou o clima! Continua a chover e a fazer muito frio, mas há muitos anos que em Malcata a neve se tornou mesmo passageira e leve, tão leve que não dá para brincar. Já a geada e o gelo continua a justificar os avisos para se ter cuidado ao sair de casa, ao conduzir viaturas na estrada...porque uma escorregadela em cima de gelo, é meio caminho para uma pessoa se partir todinha!
   Tantas são as memórias de nevões!