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16.8.17

O CASTANHEIRO QUE MATOU ESTAVA VERDE E DAVA CASTANHAS

O CENTENÁRIO CASTANHEIRO DE MALCATA TIROU-ME O SONO!
   
Assim começa a história:
  

  “Tinha acabado a missa do aniversário do lar da aldeia. Por isso as pessoas vieram até ao jardim enquanto lá dentro se preparavam as mesas para o lanche ajantarado. Como estava muito calor, as pessoas esperavam sentadas no banco e à sombra do castanheiro, pois lá corria uma ligeira brisa de ar e estava muito mais fresco.

   De repente a árvore caiu sobre as pessoas, sobre o jardim e ainda partiu algumas telhas e vidros. Morreu uma pessoa idosa e para o hospital foi transportada num automóvel uma criança ferida”.
  Subitamente toca o despertador na mesinha de cabeceira. Abro o olho direito e olhei para o tecto do quarto e vi escrito a vermelho as sete horas da manhã. Sobressaltado e um pouco confuso, sacudi a cabeça e voltei a olhar para as horas do despertador. Tinha mesmo que sair da cama e sem demoras ir trabalhar.
- Que raio de noite a minha! Não é que acordei sarapantado, sonhei que tinha caído o castanheiro do lar? Fogo, tira-me daqui e atira-me ao mar…aquele carvalho que caiu ontem provocou-me um pesadelo!
- Vai rápido lavar a cara e fazer o resto, são horas de ires.
- Ok, está bem, já vou!
  Foi assim que hoje começou o meu dia. Não sei como vai terminar.
 -------------------------------------------------------------»«----------------------------------------------
   
   Foi apenas um sonho, imaginação minha para deixar aqui um alerta para que o castanheiro que parece "verde e saudável", se não for devidamente tratado e acarinhado, pode deixar as marcas que não merece e nem as pessoas sequer imaginam um fim desta notável árvore de interesse municipal, a que lhe atribuíram o nº17 e que está lá num dos ramos. 
   Desde 2008 que eu e o Dr.Pedro Nuno Teixeira dos Santos, um acérrimo defensor das árvores em Portugal, tentamos que o castanheiro seja considerado património imaterial de interesse municipal e também nacional. Não tem sido fácil, mas se quiserem saber mais sobre o assunto, deixo aqui os links. Perante a indiferença de algumas pessoas o assunto da classificação do castanheiro ficou aguardar novos desenvolvimentos. A árvore lá continua, verde e tem dado sombra e castanhas na devida época, não fugiu daquele lugar porque as suas raízes ainda o mantêm agarrado aquele bocado de terra e sabe que é muito querido nos tempos de muito calor pelos mestres seniores que o trataram nestes anos todos. E claro, nunca vai esquecer o seu dono, o Ti Manel Cidades.
   Deixo aqui novamente um alerta para que o castanheiro continue a ser uma das marcas da nossa aldeia, um símbolo do respeito que os malcatenhos têm pelas árvores e pelo património.
Uma batalha perdida, espero a chegada de reforços para ganhar a guerra!

5 de Agosto de 2008 e por aí fora:
https://aldeiademalcata.blogspot.pt/2008/08/monumento-vivo-de-malcata.html
                                                                                                               José Martins





                                                                    Nº17

20.8.15

VISÃO SOBRE O FUTURO DE MALCATA



   Se há tema de conversa ou reflexão sobre o qual não consigo ser desapaixoando, esse tema é Malcata, a aldeia onde nasci, cresci e passei os melhores momentos da minha infância e juventude. Era na aldeia de Malcata que passava as minhas férias e se há visitas que me têm permitido recuperar parte das minhas memórias, únicas, desses tempos, é precisamente aquelas experiências vividas na aldeia. Experiências únicas, porque Malcata é única, não existe outra aldeia igual e as outras nenhuma a consegue igualar.
   Para mim é assim mesmo, o que Malcata tem, mais nenhuma outra terra tem. Malcata não tem centros comerciais, com salas de cinema e muitas sessões de filmes, muitas lojas de pronto a vestir ou restaurantes. Não, em Malcata não há nada disso e também não vai haver. Por saber que nada disto lá existe, o que eu procuro quando lá vou são outras coisas e outras experiências que só o mundo rural me pode oferecer, que só podem ser vividas na aldeia de Malcata e no seu espaço territorial.
   Malcata tem pela frente desafios muito importantes e os malcatenhos já possuem o mais difícil de obter: valor e riqueza humana, florestal, patrimonial, material e imaterial. Muito ainda está por explorar. Precisamos de potenciar toda esta riqueza humana e natural e colocá-la ao dispor dos outros cidadãos, os nossos vizinhos raianos, os outros portugueses e todos os europeus ou até americanos, vivam onde vivam.
   Desafio dificil, não é? Pois é, mas os malcatenhos têm que enfrentar estes desafios, pois, se os ganharmos, teremos um desenvolvimento mais real e efectivo, melhores condições económicas, uma vida presente e futura bem melhor. Malcata tem que definir os seus valores principais e fortalecê-los como imagem de marca, aproveitar melhor os nossos recursos, desenvolvê-los através de parcerias com empresas, com o poder local e também com as associações locais e outras, dedicadas ao desenvolvimento rural e social. Actualmente estou particularmente empenhado na divulgação e no arranque da Associação Malcata Com Futuro ( AMCF ). A nova associação ( AMCF ) pretende ajudar a criar condições para que os bons projectos e as boas iniciativas tenham sucesso em Malcata. Confio no apoio e no empenho dos malcatenhos, na experiência e saber daqueles que já experimentaram, pois sei que não sei tudo e que sózinho nada poderei fazer. Por isso contem comigo para ajudar, porque acredito que os objectivos da AMCF de promover e fomentar o desenvolvimento económico, social, ambiental e cultural da nossa Malcata, com uma base de confiança, com humildade, seriedade e honestidade os resultados surgirão.
José Nunes Martins
Nota: visitem a página da AMCF na internet aqui:
          
http://www.malcatacomfuturo.pt

25.2.15

MALCATA: CASA DAS MEMÓRIAS


Continuo num desassossego que não me deixa sossegado. Estou bem distante da minha terra, mas dou comigo a pensar no que se estará a passar por aí. Não sei se estou a raciocinar bem ou se estou a interpretar devidamente aquilo que se está por aí a passar. Mas mesmo longe daí ando preocupado com as pessoas, com o que outras pessoas andam a querer fazer contra a vontade de muitos.
Malcata está a ficar irreconhecível e os mais novos já não fazem ideia como viveram os seus avós, ou os seus pais. Por isso, há que fazer alguma coisa para preservar a memória e para que ela não se perca totalmente. Uma das maneiras de guardar esses tempos de outrora seria a Junta de Freguesia de Malcata adquirir uma ou várias casas em pedra de xisto, por exemplo, uma daquelas casas da Rua da Ladeirinha. Não seria uma boa aposta e uma forma de guardar e poder mostrar o passado da nossa aldeia?
Entrar numa casa antiga, toda restaurada e poder ver a cantareira, o lavatório, as bancas na cozinha, as candeias e as cadeias, o caniço, as panelas em ferro…objectos que hoje já não são usados mas que eram os pertences dos nossos antepassados.

MALCATA: DEFESA E PROMOÇÃO DOS NOSSOS VALORES E PATRIMÓNIO

Casa em pedra de xisto, Rua do Cabeço
Há males que vêm por bem. A “ guerra pacífica “ com que hoje em dia nos debatemos em Malcata, motivada pela contestação à instalação de mais seis torres eólicas mais próximas da povoação que o Movimento Pró-Malcata em boa hora despoletou, tem-nos levado a refletir sobre um conjunto de valores e de atitudes que importa salientar. Em artigo anterior referi sobre o assunto o provérbio popular que “ quem não se sente não é filho de boa gente “. De uma maneira ou de outra as pessoas estão a reagir, o que a mim muito me agrada. Já lá vai o tempo em que a ignorância e o obscurantismo era apanágio e estratégia das classes sociais e religiosas. Quanto menos se soubesse sobre o assunto melhor. “ Santa ignorância …” Ler, estar informado, refletir abre os olhos às pessoas para que possam ter a sua opinião, para que possam intervir. Hoje em dia não explicação para a indiferença, para a nossa omissão ou falta de participação nos assuntos importantes da vida das nossas comunidades, da nossa sociedade. Claro que é mais cómodo e tranquilo não fazer nada, não se envolver. Mas será que, em consciência, quem pode fazer e não faz fica tranquilo?
 Malcata como todas as terras tem uma identidade que lhe é conferida por valores que ao longo da sua história foi desenvolvendo e transmitindo.
Será que o investimento feito em Malcata com as eólicas tem em consideração a nossa identidade como povo? Qual a mais valia sócio cultural que nos aporta? Onde está a nossa riqueza cultural – num saco cheio de dinheiro? Rico não é quem tem muito dinheiro mas quem sabe viver com aquilo que tem.
 Ninguém está contra o progresso e o bem estar das pessoas. Mas há um bem coletivo pelo qual temos de nos interessar e lutar. Só assim teremos hipótese de sobreviver e de enfrentar qualquer invasão que nos queiram impingir. O bem do povo no presente, claro, e no futuro. Que mundo vamos deixar aos que nos sucederem?
 Sejamos corajosos e lutemos pelo bem comum, para que a nossa terra e o nosso mundo sejam cada vez melhores.
 Rui Chamusco
Nota:O texto que acabou de ler é um enxerto de um outro texto mais completo, também escrito pelo nosso conterrâneo Rui Chamusco. O texto integral pode lê-lo no FaceBook, em diversas páginas, como por exemplo, na página do Movimento Malcata Pró-Futuro. Dada a importância do conteúdo tomei a liberdade de destacar aquilo que, no meu entender, tem importância para os que amam Malcata.


20.2.15

MALCATA: SIM, NÓS PODEMOS


José Lucas, foi pastor e conhece bem a serra
e ela a ele
  


Tenho para mim a ideia que os malcatenhos são pessoas trabalhadoras, esforçadas e abnegadas e com capacidades para através do seu trabalho fazerem-se à vida, seja em Malcata ou noutra zona do mundo. 
   A nossa aldeia desde sempre anda ligada à serra da Malcata. Muitos nos lembramos ainda da importância que a serra teve e ainda tem para a população de Malcata. A serra serviu de despensa e a ela as pessoas recorriam para terem o seu sustento. Nessas terras lá para a serra, semeavam o "pão", que depois era levado em grão para os moinhos à beira do Côa e depois da farinha amassada era levada em tabuleiros de madeira até aos fornos de onde depois saiam pães para alimentar as famílias. Era nas terras da serra que os pastores alimentavam os rebanhos de cabras e ovelhas, faziam o carvão de torga e esteva, para depois o irem vender às outras terras vizinhas. 
   Nos anos setenta e oitenta o país ficou a saber que o lince da Malcata corria o perigo de desaparecer e se nada fosse feito...era o fim da espécie, pelo menos na Serra da Malcata. A famosa e muito divulgada campanha "Salvemos o Lince da Serra da Malcata" catapultou ainda mais a nossa aldeia para bem longe. E o barulho foi de tal ordem que as empresas de celulose, ávidas de obter madeira de crescimento rápido para as fábricas, arrepiaram caminho e os governantes decretaram que a serra da Malcata passaria a designar-se de Reserva Natural da Serra da Malcata. Toda a gente se esforçou e houve cientistas que estudaram o lince, o meio natural, o que devia e não devia ser realizado nas terras da serra. Mas, no meu entender, esqueceram-se de estudar a ocupação feita pelas pessoas de Malcata. Com a serra a chamar-se Reserva Natural, as pessoas começaram a abandonar o território e tudo foi ficando ao abandono e aos poucos e poucos quebrou-se aquela ligação à serra, acabando mesmo por deixar de ser a despensa do povo porque  com tantas restrições que apareceram e com os mais velhos a não terem forças para trabalhar, tudo se complicou.
   A interacção dos malcatenhos com a serra tem que continuar. Actualmente ainda há uma ligação íntima e invulgar do povo com a serra: A Festa da Carqueja.
   O nosso conterrâneo José Rei, pessoa ilustre da nossa aldeia e que dedicou alguns anos da sua vida ao estudo da serra, no seu livro "Malcata e a Serra" à páginas tantas escreveu Isto:
   "Não há lugar para grandes dúvidas de que a preservação da paisagem da serra da Malcata passa obrigatoriamente, pela alfabetização ecológica e pela vivência das populações, uma vez que só se protege o que é compreendido. Sem a vivência das populações restará unicamente o abandono da dinâmica natural...e se assim não for, num futuro próximo, a paisagem da serra da Malcata já não será o resultado da interacção homem/serra, mas tão só o resultado da dinâmica natural e das irracionais violações do solo."
   E José Rei lança esta pergunta:
   "Conseguiremos arrepiar caminho?"
   Continua ele o seu pensamento para nos responder que:"Talvez! Tudo dependerá da força que vier adquirir a nova vaga de gente disposta a desacelerar e a dar novos destinos ao tempo da vida. A escolha está entre uma vida de "stress" - ainda que com mais dinheiro - e uma vida com mais tempo livre para o próprio, para a família, para os afectos e para o trabalho criativo.
   Assim, há que dar utilidade à serra da Malcata para que sejam as próprias populações pela sua labuta diária e tirando proveito do seu trabalho, a fazerem a gestão do espaço. E deste modo a preservação transformar-se-á num processo natural e integrado na vivência das gentes e do seu próprio potencial, e não de uma imposição vinda de cima, que não conduz aos resultados desejados.
   É preciso um "plano de desenvolvimento integrado" que permita uma aproximação aos padrões de vida da cidade, conciliando os dois mundos!"

 
 E a pergunta continua a ser: 

 
 Conseguiremos arrepiar caminho? 


  O Movimento "Malcata Pró-Futuro" acredita que é possível arrepiar caminho.
  Para isso apela a todos que se juntem no próximo dia 21, sábado, pelas 17:00 no salão da Junta de Freguesia de Malcata.
  E como diz o poeta: "Pelo sonho é que vamos"






 

7.2.15

MALCATA É PROBLEMA COM SOLUÇÃO


Uma das coisas que o movimento cívico “Malcata Pró-Futuro” tem mostrado é a importância que tem a democracia participativa na vida dos cidadãos, em particular os malcatenhos, vivam em Malcata ou em qualquer outra terra do nosso mundo.
Os cidadãos que apoiam este movimento podem até falhar em tudo, que nada será como era até à decisão de juntos desejarem o bem de todos.
As acções levadas a cabo pelo movimento “Malcata Pró-Futuro” estão a gerar cada vez mais interesse por parte da comunicação social e por muitos cidadãos que se interessam pelos assuntos ligados ao meio ambiente, ao património natural paisagístico e às energias amigas do ambiente, nomeadamente a energia eólica.
As posições assumidas pelo movimento Malcata Pró-Futuro são em nome de um povo estão a gerar algum desconforto nos vários poderes instalados. Fico satisfeito ao ver algumas pessoas a expressar livremente as suas opiniões acerca da instalação de mais torres eólicas à volta da nossa aldeia. O povo de Malcata, com a ajuda do” Malcata Pró-Futuro” anda quase diariamente nas páginas dos jornais diários e nas televisões. Por vezes, é só uma frase em rodapé num canal de televisão e isso ficará gravado na história de Malcata.
Como podem acusar o povo de Malcata de “radical, fundamentalista, demagogo” ? Sim, foi desta forma que o senhor presidente respondeu a uma pergunta que o povo de Malcata lhe enviou, através do movimento “Malcata Pró-Futuro”, a quem o povo o legitimou para defender o património natural e paisagístico existente na nossa terra. A floresta e a paisagem natural é o principal activo de Malcata. A paisagem natural, com a Serra da Malcata como bandeira, é o nosso “petróleo” verde que ao longo de séculos nos tem mantido vivos. E nestes últimos tempos a paisagem, de natural e verde, está a transformar-se numa Zona Industrial em plena montanha, pois é nisto que o Parque Eólico se está a transformar.
Um povo que luta contra a degradação da paisagem e da floresta, que luta pela preservação do seu património natural e paisagístico, que luta pela sua saúde e bem-estar, sendo um povo cuja população é maioritariamente idosa e sem forças para contrariar os poderosos que, encostados a um Estado que lhes tem garantido negócios lucrativos, como é o caso da energia eólica, cujas empresas não olham às consequências devastadoras que a longo prazo vão cair sobre um povo humilde, trabalhador e que por demasiadas vezes acreditou nas promessas de melhor vida e mais dinheiro, quem pensa que é um povo radical, fundamentalista e demagogo, não merece estar onde está. Quando o poder local, tendo o poder de aprovar ou reprovar o licenciamento das obras no território sob sua jurisdição, não se sente preocupado com os impactos negativos que mais seis torres eólicas vão ter sobre um povo, ignora que é um problema cuja solução também está nas suas mãos e que satisfaça todas as partes, a conclusão que podemos tirar é que primeiro está o dinheiro e depois as pessoas.

3.1.15

A IMPORTÂNCIA DA PAISAGEM QUE RODEIA MALCATA

Parque Eólico

O movimento Malcata Pró-Futuro defende o ambiente e a paisagem que rodeia a aldeia de Malcata.E cada vez mais nos damos conta que outros também defenderam e defendem o mesmo.
Eis um "recorte" de um estudo elaborado em 2013 e publicado na Revista Crítica de Ciências Sociais:

Ambiente, paisagem, património e economia:
Os conflitos em torno de parques  eólicos  em Portugal

Referência eletrônica
Ana Delicado, Luís Silva, Luís Junqueira, Ana Horta, Susana Fonseca e Mónica Truninger, « Ambiente, paisagem,
património e economia: Os conflitos em torno de parques eólicos em Portugal », Revista Crítica de Ciências
Sociais [Online], 100 | 2013, colocado online no dia 28 Outubro 2013, criado a 30 Outubro 2013. URL : http://
rccs.revues.org/5198 ; DOI : 10.4000/rccs.5198
Editor: Centro de Estudos Sociais
http://rccs.revues.org
http://www.revues.org
Documento acessível online em: http://rccs.revues.org/5198
Este documento é o fac-símile da edição em papel.
© CES
“Nos últimos anos temse assistido em Portugal ao crescimento exponencial do número de parques eólicos, respondendo as pressões  politicas e económicas para atingir metas ambiciosas no que concerne a produção de energia através de fontes renováveis.
A nível geral, este desenvolvimento temse pautado por discursos consensuais – mitigação das alterações climáticas, diminuição da dependência energética face ao exterior –, mas ao nível local e situado os conflitos tornamse visíveis (destruição visual da paisagem, impactes nocivos nos ecossistemas rurais, nas actividades turísticas, na saúde).
Não obstante os reflexos positivos associados aos parques eólicos, tendencialmente ligados a benefícios no combate às alterações climáticas, à redução da poluição, à diminuição da dependência energética de Portugal em relação ao exterior e aos proveitos económicos daí decorrentes, o aumento significativo do número e dimensão das infra-estruturas necessárias ao aproveitamento da energia eólica não passou despercebido. Controvérsias em torno das modificações introduzidas na paisagem, o seu impacte nas espécies naturais, nas actividades turísticas e até sobre a saúde, associadas a uma progressiva cobertura mediática com um forte enfoque nos custos associados à produção de energias renováveis (nomeadamente no peso que tal implica no custo mensal da eletricidade), contrabalançam o pendor aparentemente positivo do discurso em torno do tema.

Enquadramento teórico


   As questões energéticas constituem um desafio ambiental urgente. A ameaça
das alterações climáticas e a escassez de fontes de energia convencional têm
levado os países a investir crescentemente em fontes de energia alternativas
e renováveis. Ao contrário de outras tecnologias de produção energética
(como a nuclear ou os combustíveis fósseis, mas também os biocombustíveis
e as barragens), a energia solar e a energia eólica são geralmente percepcionadas como “limpas”, “verdes” ou “amigas do ambiente”, uma extensão de tecnologias tradicionais como os moinhos de vento (Nadaï e Van der Horst, 2010).
   E, no entanto, este é um domínio onde também têm surgido controvérsias
(no sentido de desacordo entre vários atores sociais, eminentemente
discursivo) e mesmo conflitos, designadamente movimentos de resistência
à implantação de parques eólicos em determinada localização, encabeçados
geralmente  por residentes, autoridades locais ou organizações não
governamentais  (de ambiente, de defesa do património, etc.). De acordo
com  Dietz et al. (1989), a literatura sobre conflitos ambientais tende a
caracterizar estes conflitos em quatro dimensões: como um problema
de conhecimento diferencial (concepção do público como ignorante), ou de
interesses diferenciais (o que suscita questões de justiça), ou de diferença
de valores (agravada em contextos de incerteza), ou ainda de desconfiança
face ao conhecimento dos peritos (suspeitos de parcialidade). Como abaixo
se verá, são estas três últimas dimensões que estão em causa no caso dos
parques eólicos.
   Na acepção de Warren et al. (2005), a energia eólica tende a suscitar controvérsias“verde contra verde” (“green on green”), uma vez que alguns dos
argumentos em oposição se sustentam em valores ambientais contraditórios:
a defesa de fontes de energia não poluente e mitigadora das alterações
climáticas opõese à proteção da paisagem natural e dos ecossistemas. Põese aqui também um problema de escala: benefícios ambientais globais são
obtidos à conta de impactes locais (Warren et al., 2005; Nadaï e Van der Host, 2010; Haggett e Futák­Campbell, 2011; Hall et al., 2013). Isto, porém, pode também ser visto pela perspetiva inversa, quando as necessidades de desenvolvimento económico local colidem com necessidades globais de proteção da natureza (Figueiredo, 2008).
   Estão amplamente documentados casos de oposição à instalação de parques
eólicos no Reino Unido (Woods, 2003; Bell et al., 2005; DevineWright e Howes, 2010), França (Nadaï, 2007), Alemanha (Zoellner et al., 2008), Holanda (Breukers e Wolsink, 2007; Wolsink, 2007a), ou Grécia (Kaldellis, 2005). Esta resistência tem sido motivada pela preocupação com questões como o ruído
ou a poluição sonora (Woods, 2003; Toke, 2005; Hall et al., 2013), os efeitos sobre a saúde (Woods, 2003; Barry et al., 2008; Hall et al., 2013), os impactes
mas também com a percepção de que os aerogeradores arruínam as paisagens
rurais e ameaçam o património natural e cultural (Woods, 2003; Toke, 2005;
Bell et al., 2005; Zoellner et al., 2008; Cowell, 2010; Hall et al., 2013), tendo
consequências não só simbólicas mas também económicas sobre o turismo
e o valor das propriedades (Woods, 2003; Warren et al., 2005; Toke, 2005;
Barry et al., 2008; Clarke, 2009; Nadaï e Van der Horst, 2010; DevineWright
e Howes, 2010; Hall et al., 2013).”








5.12.13

EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

   O Cruzeiro que não fala



A Barragem do Sabugal concluiu-se no ano 2000 e desde esse ano que se criou uma albufeira que funciona como reservatório de água que será transferida para a Barragem da Meimoa sempre que for necessário para regar os campos da Cova da Beira. A Albufeira do Sabugal localiza-se num troço do rio Côa, na sua maioria alagou os melhores terrenos cultiváveis pertencentes a pessoas da aldeia de Malcata. Esta albufeira está parcialmente inserida na Reserva Natural da Serra da Malcata e dispõe de uma enorme capacidade de armazenamento.
   O património é um elemento de ligação do passado com o presente. O património é o testemunho que os nossos antepassados nos legaram e nós como fieis depositários desse bem, temos a obrigação de defender e valorizar aquilo que nos confiaram. Esse património deve condicionar o ordenamento do território e todas as construções que queiram edificar.
  Aqueles que  pensaram em unir a cidade do Sabugal a Malcata,  ao longo da albufeira da barragem a ideia foi e continua a ser válida e é uma boa ideia. O caminho não é um caminho como os outros caminhos existentes. O Percurso ( Caminho ) pode ser uma forma de rentabilizar o património existente e até valorizá-lo, bem como criar um caminho com estruturas e equipamentos para apoiar as pessoas que por lá queiram e desejem caminhar. Os amantes da natureza, os turistas e as gentes que vivem nesta região com certeza que irão desfrutar deste novo caminho.
   São 27 quilómetros entre a entrada da cidade do Sabugal e a aldeia de Malcata. O objectivo é “potenciar e permitir o usufruto da envolvente da Albufeira do Sabugal. O percurso ficará perfeitamente integrado na paisagem e será absorvido pelo seu contexto natural”, lê-se no Boletim Municipal da Câmara do Sabugal, em Abril de 2012.
   Parece que alguém se está a esquecer de integrar na paisagem algumas das obras que estão a executar neste projecto. Refiro-me concretamente à estrutura que está a ser construída na aldeia de Malcata, junto à Capela de São Domingos. Nada do que se escreveu está a ser cumprido e está à vista de todos que desrespeitaram o património que já lá existia desde 1960. Pergunto a quem souber responder qual é a sensação e a atenção dos visitantes que chegados à Capela de São Domingos, lhes transmite e qual o fio condutor entre aquela “estação” de cimento pintado de branco e o CRUZEIRO em pedra de granito?
   Não bastaram as confusões e os erros descobertos só após o início das obras, provocando atrasos na execução e talvez aumento de custos, para agora sermos novamente confrontados com o incumprimento de alguns dos objectivos desta importante obra. E agora que fazer?
  Apresento alguma informação sobre este percurso que acompanha a água da albufeira:
  
    Anúncio do concurso para o Percurso de Interpretação ao Longo da Margem Esquerda da Albufeira do Sabugal foi publicado no D.R. n.º: 253 Série II de 2010-12-31, link:
http://www.directobras.pt/lercp.php?id=25603

“A obra fora consignada em Maio de 2011 à empresa Albino Teixeira Lda, e os trabalhos iniciaram-se a 21 de Janeiro de 2012, logo que foi aprovado o respectivo plano de segurança pela Câmara Municipal do Sabugal. A suspensão aconteceu por decisão camarária tomada da reunião do executivo do passado dia 14 de Fevereiro de 212, numa altura em que os trabalhos já estavam em pleno andamento, nomeadamente ao nível da remoção de terras. Só após o avanço desses trabalhos se verificou que os mesmos não poderiam continuar porque parte do percurso a executar estava afinal projectado para terrenos submersos ou em terrenos particulares.” Noticiava o Capeiaarraiana (http://www2.uab.pt/news/recortes/upload/28_03_2012_Capeia_Arraiana_wordpress.pdf)













4.12.13

SABER FAZER

   Um dos meus passeios pela nossa aldeia foi até à Capela de São Domingos. Estava curioso por ver as obras que têm andado a executar naquele emblemático lugar, um espaço de devoção e de lazer. Falaram-me que havia para lá umas pedras grandes e altas e lá fui eu caminho acima. Eis o cenário que observei e captei com a minha máquina fotográfica:
   Tanto espaço para a obra ficar afastada do cruzeiro...e está a dois passos de distância!

   Aqui era a entrada para o recinto. As vigas de cimento estão orientadas para o povoado e não para a capela de São Domingos, aquela casinha branca que vemos lá ao fundo.





                       O cruzeiro está a dois passos destas placas de cimento pintadas de branco

E o património existente não é respeitado? O cruzeiro está a dois passos desta nova obra. Como podemos ler este monumento está ali desde 1960 e apesar do seu pequeno tamanho trata-se de um símbolo importante para o povo de Malcata. A inexistência de informação respeitante a esta obra é total. Depois desta visita, pedi ajuda a algumas pessoas que encontrei e pouco me disseram. Um senhor falou que se tratava de alguma coisa que tinha a ver com "as pessoas que por aqui vêm a pé" e que "lá para o campo da bola estão a fazer outro "!



FILME DA OBRA E DO ESPAÇO ENVOLVENTE


E AGORA POVO?

6.11.12

A MINHA CASA


Casa rural da aldeia


 Casa de emigrantes




A CASA DO EMIGRANTE
 
   Malcata mudou muito e hoje tem mais e melhores casas. Amealhar foi e continua a ser a ideia do emigrante da aldeia. Foi a esperança de um dia vir a ter uma vida mais desafogada, com uma boa casa construída ao seu gosto e com melhores condições de habitabilidade que os levou a ir trabalhar para um país distante, desconhecido e diferente.
   As casas que os emigrantes construíram em Malcata são na sua maioria modelos de outras casas que eles viram e admiraram nos países onde trabalham ou trabalharam. São construções que representam a concretização dos sonhos daqueles que um dia deixaram a casa dos seus pais. Eram casas de pedra e barro, granito e madeira. Normalmente tinham dois pisos: rés-do-chão que era composto pela loja e o curral. No andar superior ficava a cozinha, uma sala e os quartos. Aquecimento não existia, a não ser quando se acendia o lume na lareira da cozinha, também não tinha quarto de banho e não havia água canalizada. Eram casas pequenas, sombrias e frias.
   Estas casas novas que os emigrantes construíram traduzem a prosperidade alcançada e são motivo de orgulho para os seus proprietários. São casas, embora de modelos importados, a maioria conserva ainda os mesmos dois pisos da casas mais antigas. Têm uma particularidade que é a existência de uma garagem no rés-do-chão, onde agora guardam o seu automóvel. E o curral é agora um pequeno jardim entre a fachada e o muro divisório da rua ou então um pequeno quintal com algumas árvores de fruto e uns troncos de couve ou pés de roseiras.
   A utilização de materiais novos e mais industriais acabam por fazer sobressair estas casas do povoado mais antigo. O uso do cimento para tudo, os azulejos, os alumínios e as tintas com cores berrantes são características das casas dos emigrantes. Ainda assim, são casas que não estão completamente afastadas das raízes dos seus antepassados.
   Por isso, vale a pena olhar para as casas mais antigas e para as casas dos emigrantes porque todas fazem parte da nossa aldeia.

21.12.11

MALCATA, UMA ALDEIA COM HISTÓRIA


 Ir a Malcata, não fosse a família e os amigos, não seria uma viagem lá muito atractiva para fazer. E agora, com o pagamento de portagens mais desanimador se torna visitar uma terra do interior do nosso país e que continua desconhecida por muita gente.
   Malcata é uma aldeia aconchegada por montes verdes de um lado e um enorme espelho de água do outro. Para que a aldeia não caia, está amparada de um lado pela Serra das Mesas e do outro pela alta e fria Serra da Estrela, ficando a Serra da Malcata e a sua Reserva Natural  um pouco escondidas e talvez por esse motivo as torres eólicas estão lá a  crescer quase ao mesmo ritmo das árvores, sendo até uma espécie preferida pelos engenheiros em detrimento da plantação e preservação de outras espécies, como os sobreiros, as medronheiras e até destruindo o habitat natural do lince ibérico, aquele que já foi o mais ilustre habitante da serra da Malcata.
   A aldeia sempre esteve ligada à serra e durante muitos anos não as pessoas souberam tratar dela e ainda hoje é um dos locais mais conhecidos. Mas as pessoas não viviam na serra porque é muito alta, fria no inverno e então construíram as primeiras casas ali entre a Rua de Baixo e a Rua da Ladeirinha, indo também morar para a Rua do Meio. Os casais nessa altura trabalhavam as terras e passavam as outras horas à volta da lareira, à luz das candeias de azeite, mais tarde dos candeeiros de petróleo. Como não havia electricidade, ninguém tinha televisão e deitavam-se mais cedo do que agora. Ora os casais novos, deitados naqueles colchões de palha, duros, com cobertores por cima por causa do frio, enroscavam-se um no outro e muitas nove meses depois a família estava mais numerosa. Daí que a aldeia teve necessidade de se expandir até ao Cabeço, para o Carvalhão, para a Moita, para o Soitinho e ainda hoje continua o seu crescimento, mas muito mais lento.  Mas os braços já chegam à Rasa, à Senhora dos Caminhos e à Fraga.
   Apesar deste seu crescimento, continua a manter o seu núcleo central na Praça do Rossio, também conhecida por Torrinha e que se espalha até à Igreja Matriz. A Rua da Ladeirinha está ainda rodeada por casas construídas em pedra de xisto. Atrevo-me a afirmar que juntamente com a Rua da Moita, são o centro histórico da aldeia. Não é um núcleo rico, mas o património ainda ali existente, é um precioso testemunho histórico que merece ser protegido, preservado e é fundamental  manter como lugar de atracão para quem  visita a povoação e também para as gerações vindouras da terra.
  

CANTO E CORELA

Os nomes dos lugares, sítios, caminhos, ruas, becos, travessas, praças, avenidas ou de quaisquer outros espaços urbanos ou rurais constituem uma referência, quase sempre associada à história da localidade, que importa preservar como património cultural. Por vezes, o topónimo tem um valor expressivo de singular beleza e profundo significado. Alguns nomes de lugares sofreram alterações, consoante as designações do povo ou os registos escritos. Mas outros persistiram, sobretudo porque, consensualmente, a população os aceitou e os transmitiu às gerações seguintes.
 
   Os topónimos constituem, pois, marcas de identidade que merecem ser salvaguardadas.
   Na actualidade, a Junta de Freguesia confronta-se com a necessidade imperiosa de dar nome a todas as artérias da aldeia, para mais eficaz localização dos domicílios. Nesta tarefa de atribuição de nomes, há, no entanto, que respeitar as antigas designações e incorporá-las nos novos arruamentos e não, precipitadamente, colocar nas placas toponímicas ilustres desconhecidos ou com reduzida projecção local.
   Além disso, compete à Junta de Freguesia zelar para que as placas toponímicas das ruas sejam claras, sem erros ortográficos e facilmente compreendidas por toda a gente, mesmo as pessoas que venham à aldeia de Malcata pela primeira vez.
   Hoje venho chamar a atenção para dois casos que podem levar os menos atentos ao engano.
                                       
CASO 1


                             A) Rua Canto? Esta rua sempre foi conhecida pelo nome de Rua do Canto.
                             Ora bem escrito é o nome da Rua da Fonte. É um pormenor, mas um pormenor importante porque a preposição de ou a sua contracção com o artigo definido do, da, dos, das, podem alterar radicalmente o significado de um nome de rua, avenida ou qualquer topónimo.
                              B) Qual é a Rua Canto ( Rua do Canto ) e qual é a Rua da Fonte ? Eu que conheço a aldeia não me engano. O mesmo já não digo de uma pessoa que venha à procura de uma destas ruas. O mais certo é ter que perguntar a alguma pessoa que viva na aldeia.

CASO 2

   Ora neste segundo caso, temos uma placa toponímica bem colocada a indicar o início do Beco da Corela. O mesmo já não acontece com a placa colocada para informar o seu fim. E isto mais complicado fica quando quisermos percorrer este arruamento. Se iniciarmos o passeio pela Rua do Carvalhão, quando chegarmos junto à casa da família do senhor António Rato ( TiTó) damos conta que só podemos continuar a caminhar até à Rua da Fonte, mas passando ao lado da casa da família da minha Ti Esperança. Ora, a outra placa, ali ao lado da casa da família do senhor Raúl Coelho não tem ligação com a casa da família referida atrás. Ou será que há dois "Becos da Corela"? Na minha infância os garotos da minha idade quando queriam jogar a bola combinavam encontrar-se na Corela. Lembram-se daqueles jogos de bola ali naquela terra ao lado da casa da Ti Dulce e do Ti Coelho? Mesmo com uma inclinação do terreno, as duas equipas chutavam na bola e não faltava entusiasmo. Esta era a Corela que pertencia ao Ti João...não me lembro do apelido. A outra terra, que actualmente está ocupada com moradias, além de castanheiros, servia de eira para colocar o centeio no tempo das malhas.


 Beco da Corela ( pela Rua do Carvalhão )


 Beco da Corela ( Pela rua da Fonte )
   Também tenho a dizer que as placas toponímicas já estão colocadas há uns anos e estes dois casos não é da responsabilidade da actual junta. Mas uma vez que é a Junta de Freguesia a entidade responsável pela sua manutenção e conservação, convinha que corrigissem estes pequenos erros.
   Ainda um dia voltarei ao assunto dos jogos de bola na Corela. Talvez o Mário, o Zé Manel, o Tó, o Vitor, o João, o Fausto, o Carlos, o Manel da Corela...me ajudem a lembrar esses campeonatos de jogar a bola com balizas que não tinham poste e muito menos barra!

13.11.11

A BURRA E AS HORTAS

A BURRA





                 








No Vale da Fonte  muitas eram as hortas onde se cultivava de tudo um pouco: couves, cebolas, feijões, pepinos, nabos, tomates, pimentos… tudo o que faz falta à alimentação das pessoas.


Há muito tempo que estas hortas deixaram de existir, sendo actualmente locais onde proliferam as ervas daninhas, as silvas e demais vegetação espontânea, restando ainda umas poucas. A água excedentária da Fonte Velha era guardada na presa que havia no início da barroca. As primeiras hortas do lado esquerdo tinham necessidade de fazer um poço com mais ou menos profundidade, conforme o local, dado que o terreno estava mais alto do que o fundo da barroca.  Para retirar a água desses poços usavam a "burra", também conhecida noutras terras pelo nome de picota ou cegonha.









A  burra é um aparelho rudimentar, de elevar água dum poço para a superfície, normalmente com fins de irrigação das plantações vizinhas.
 Mas noutras terras tinha outros nomes: Cegonha, balança, burra, picanço, saragonha, varola, zabumba, zangarela, bimbarra, variando de região para região.
             O seu funcionamento baseia-se nas alavancas inter fixas. A burra é composta por um poste de madeira enterrado no chão que é encimado por uma forquilha, onde se coloca uma vara, fixada num eixo. Numa das pontas da vara é colocada uma pedra a servir de contrapeso. Na outra ponta é colocada em posição vertical outra vara mais fina e comprida, de maneira a ser puxada pelas mãos. Na ponta inferior desta vara é colocado um balde preso por uma argola. O peso do contrapeso deve ser de forma que não seja custoso levantá-lo quando se pretende descer o balde vazio até ao fundo do poço e que quando ele estiver cheio de água tenha o peso suficiente que permita retirar o balde cheio de água até à superfície.
   No Vale da Fonte Velha ainda há alguns exemplares destes engenhos. Na época das regas é frequente vermos os donos das hortas a tratar das suas alfaces, dos pimentos, das cenouras e das "tomatas", que é o mesmo dizer tomates, bem como daquela infinidade de legumes típicos da horta raiana.
   Por agora ficamos por aqui. Voltarei ao assunto das hortas daqui a uns dias.
   



  







  
























    


18.10.11


MALCATA EM TELA
(Pela mão da pintora Ondília)

Ti Maria na Rua do Carvalhão


Casa típica na Rua da Ladeirinha

13.8.11

PRESERVAR A MEMÓRIA COLECTIVA DE MALCATA


Mais uma memória colectiva de Malcata devolvida à população.
Como é do conhecimento dos mais idosos, alguns ainda as têm na memória, no tempo Quaresmal eram cantadas as ladainhas pelas ruas de Malcata. Junto à casa do Ti Zé Patricio existia um cruzeiro, local conhecido como o Calvário, onde se colocava a Cruz nas noites das ladainhas para aí serem ouvidas.
Sempre foi preocupação da Freguesia e continua a ser, a recuperação da memória colectiva da nossa terra, tomando a iniciativa da reabilitação do local e colocando no mesmo um monumento alusivo ao Calvário.
Contactámos a Família do falecido Dr. Artur Coelho, para a possibilidade da cedência da casa ali existente, o que da parte deles teve o melhor acolhimento, dando-nos toda a liberdade para fazer o que entendêssemos.
Contactámos o Escultor Eugénio Macedo para a execução do projecto e com a opinião de outras pessoas ligadas a Malcata, deu-se início à obra, dando-se como concluída no dia 11 de Agosto com uma Procissão e Bênção do Calvário, efectuadas pelo Pároco desta Freguesia Padre César. 
A Freguesia de Malcata fez o que estava ao seu alcance para a recuperação da tradição, mas para a mesma ficar completa, lança o repto a todo o povo de Malcata para que na próxima época Quaresmal as ladainhas voltem a ser ouvidas nas ruas da nossa Terra.
Não pode esta Freguesia deixar de publicamente agradecer à família do falecido Dr. Artur Coelho, a disponibilidade que sempre mostrou para que esta obra, que tanto diz a Malcata, pudesse ser efectuada. O nosso Bem-Haja.



O Presidente da Freguesia
Vítor Fernandes



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