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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CONHECER MALCATA É PRECISO

   Como se chamam as ruas, becos, largos e praças da nossa aldeia? Todos conhecemos o seu nome? E os bairros, será que na nossa terra existem bairros?
   Hoje em dia todas as ruas, becos, praças, largos e bairros da terra estão identificados e têm o seu nome inscrito numa pequena placa rectangular de mármore. O mesmo acontece com as casas, todas possuem um número. Na altura em que este trabalho foi realizado não sei se nessa altura houve ou não a colaboração de uma Comissão Municipal de Toponímia, mas acredito que sim. A verdade é que alguns dos nomes dados às ruas de Malcata, becos e praças, têm sempre em conta alguma ligação com as pessoas que ali viveram ou ainda vivem, também têm a ver com o meio ambiente que rodeia a área ou até com outras situações.
    Vou começar por vos apresentar o Beco da Tapada. Este arruamento inicia-se ali junto aos tanques da Torrinha, em frente à casa onde durante muitos anos viveu o Ti Firmino, mesmo no princípio da Rua do Carvalhão e voltamos para a esquerda entramos no Beco da Tapada. Hoje um empedrado de paralelos em granito levam-nos até ao grande portão verde da casa onde viveu o Ti Abel Sacho, o homem do tractor David Brown e mais tarde o vermelho International. Ainda me lembro da malhadeira grande para os cereais (pão e trigo) e outra máquina mais pequena para debulhar as maçarocas do milho.Lembram-se do curral e do seu enorme tamanho?

   BECO DA TAPADA
Subir o Beco da Tapada 

 

Portão da Casa do Ti Abel
 
 Lembram-se de como era esta zona da tapada? O espaço estava muito mais vazio, não havia portões, varandas, muros. Lembro-me da casa da Ti Ana e do Ti Domingos Sarilho, lá para o fundo do largo. Aqui neste espaço, que serviu de "eira" no tempo das malhas, foi também a "praça" de algumas touradas à moda da raia. A última foi realizada neste largo e desde então não houve outra.


                                                            Antiga eira e Praça de touradas          



Tapada


Descendo o Beco da Tapada
   O tempo não parou e as pessoas que viveram nesta tapada, agora chamada de Beco da Tapada, algumas já não me lembro delas. Quem se lembra dessas pessoas, das suas famílias, de alguma história por ali vivida? O Beco da Tapada está vazio, muito silencioso e com muros que não me deixaram ver como eu o conheci. Aguardo os vossos comentários.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A FECHADURA SEM CHAVE

   A cravelha, uma fechadura em madeira, usada na nossa aldeia para fechar as portas das lojas e dos palheiros. Estavam sempre situadas na parte exterior das portas e mais ou menos a meio, do lado direito ou esquerdo, conforme a disposição da porta.
   Naqueles tempos, uma porta fechada com cravelha era muito usual e ninguém se preocupava com roubos ou pilhagens.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

UM SONHO QUE PASSOU A REAL

Começaram as obras no antigo Quartel da G.F.
   Tudo tem um começo, tudo começa com um sonho. Sabemos que muitos sonhos não passam disso mesmo, sonhos. Há anos que o povo falava da necessidade de dar utilidade ao antigo quartel da Guarda Fiscal. A degradação do edifício era cada vez mais acentuada e alguma coisa havia que fazer.
   A Junta de Freguesia de Malcata solicitou à Câmara Municipal que reconhecesse de Interesse Público o referido edifício, pois a Junta tinha um projecto de interesse para a freguesia e aquele espaço era o ideal para a sua concretização. O pedido da Junta de Freguesia foi apresentado na Assembleia Municipal do Sabugal e aprovado em sessão realizada no dia 29 de Abril de 2011.
   As obras de recuperação e requalificação já começaram e vão transformar o antigo quartel num novo edifício que vai apoiar turistas e desportistas. Também está nos planos das obras a abertura de um espaço para exposição e venda de produtos locais.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

SONHOS POR CUMPRIR

Malcata: Quartel de 1ªLinha da Guarda Fiscal
   Há anos que está vazio o edifício que serviu de quartel da Guarda Fiscal. Pertencente à Zona de Intervenção de Vilar Formoso e à 3ªCompanhia da Guarda Fiscal do 4º Batalhão com sede em Coimbra, a delegação do Sabugal manteve o quartel em funcionamento até ao seu encerramento definitivo.
   A pedido da Junta de Freguesia de Malcata, a Assembleia Municipal do Sabugal, em reunião realizada em 29 de Abril de 2011, declarou que o Quartel da Guarda Fiscal em Malcata era de Interesse Público.
   Na mesma ocasião, o presidente da Junta de Freguesia, Vitor Manuel Fernandes, dava a conhecer uma candidatura ao programa de financiamento PRODER para a recuperação do edifício e adaptá-lo com as condições para exposição de produtos locais, servir de local de apoio aos diversos desportistas que apareçam por Malcata, podendo funcionar como balneário e de espaço para guardar as tralhas dos desportistas e/ou turistas. O projecto incluia também uma sala para exposição de produtos locais, provas gastronómicas e até algumas refeições ligeiras. O projecto das obras foi enviado para os serviços técnicos da Câmara e foi aprovado.
   A verdade é que o tempo passou e o sonho continua por cumprir.
 
   

sábado, 5 de janeiro de 2013

SUBSÍDIOS E ASSOCIAÇÕES



   Estes dias ao ler a Acta da Reunião Ordinária da Câmara Municipal do Sabugal realizada no passado ano,  a 7 de Novembro, chamou-me à atenção este ponto relativo à atribuição de subsídios extraordinários a seis associações do nosso concelho, sendo que cada associação recebeu 15.000€ . Ora, o que me chamou a atenção foi a existência da Carqueijinha em Malcata. Eu desconheço que tal entidade exista. Posso estar enganado mas se alguém dessa associação desejar esclarecer e divulgar a sua existência legal seria bom.
Extracto da Acta da Reunião da Câmara Municipal do Sabugal



Flor de carqueja

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

MALCATA: O NOSSO NATAL



Maria e o Menino
  Mais uma grande prova de vitalidade da Associação Cultural e Desportiva de Malcata, liderada pelo seu digníssimo presidente, Rui Chamusco ( o Rui da Ti Laurentina ). Uma festa com o povo e para o povo da nossa terra. E para que o acontecimento fique gravado para memória futura, o Rui escreveu este pequeno texto que enviou para publicação no Jornal "Cinco Quinas":
"Como os profetas anunciaram, às 15.00 horas do dia de Natal chegou a Malcata, vindos de Belém, a Sagrada Família, acompanhada de anjos, pastores e rebanhos, camponeses, reis magos. Chegaram com algum atraso (até chegamos a pensar que se teriam enganado no caminho ou talvez tivessem sido desviados para outra terra). Mas chegaram!… Na Torrinha / Rossio, um bom grupo de pessoas lá estava ansiosamente à sua espera. Alguém os avistou ao longe e clamou. “Já lá vêem!…” A curiosidade, o entusiasmo, invadiram então os presentes. Uma onda de alegria espaireceu na multidão que, em cortejo, se integrou na comitiva, fazendo a sua caminhada até ao Pavilhão da ASSM (Associação de Solidariedade Social de Malcata) onde se prestou a merecida homenagem. Uma tarde cheia de música natalícia, em que os artistas e o povo se confundem pois todos eles são filhos desta terra, por natureza ou por adopção. Malcata mais parecia a cidade de Belém da Judeia que uma aldeia do interior de Portugal. O bom acolhimento, a generosidade, a alegria, as músicas e os cantares, as paisagens, as crianças encantaram a sagrada família que nos prometeu voltarem para o próximo ano, caso o mundo não acabe. A ACDM (Associação Cultural e Desportiva de Malcata) encarregar-se-á de os lembrar e de lhes dirigir de novo o convite.
Perante o sucesso deste evento, mais uma vez tenho vontade de agradecer e de cantar a simplicidade e a originalidade de cada natal, desejando a todos a continuação de Festas Felizes.
“Tudo seria bem melhor, se o Natal não fosse um dia, e se as mães fossem Maria, e se os pais fossem José. E se agente se parecesse com Jesus de Nazaré.”
Rui Chamusco
Copiado daqui: http://www.cincoquinas.net/?p=3690

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

UM BÊCO EM EVOLUÇÃO

   1-Bêco da Corela antes das obras







NOVA CARA DO BÊCO DA CORELA


A nova calçada do Bêco da Courela está quase pronta. Este arruamento, com início na Rua do Carvalhão e fim na Rua da Fonte, foi alvo de obras de melhoramento levadas a cabo pela Junta de Freguesia. Aquela via era há uns anos atrás uma vereda de acesso aos campos. No início deste ano a Junta de Freguesia meteu mãos ao trabalho e com a ajuda das máquinas da Câmara Municipal alargou a vereda de forma a facilitar a circulação de pessoas e melhorar os acessos aos terrenos do Vale da Fonte Velha. 
 A curva da discórdia






Chegada à Rua da Fonte

   Como podem ver pelas fotografias, a via vai ficar com outro visual e com melhor piso. Foi pena a não eliminação da curva junto ao portão. Depois de ali ter passado, olhando para a obra, não posso deixar de sugerir à Junta de Freguesia que construa um muro de suporte naquela zona antes da curva, mais concretamente, ao fundo do chão do Ti Zé Martins ( meu pai ). As terras e as pedras se assim continuarem, mais tarde ou mais cedo vão acabar por cair e obstruir a passagem. Outra sugestão que tenho a fazer é a mudança da placa toponímica "Bêco da Courela" que se encontra colocada noutro beco mais acima, mesmo ao lado da casa do Raul Coelho e colocá-la onde de facto termina o "Bêco da Corela" ao chegar à Rua da Fonte, ali ao pé da casa da minha Ti Esperança. E para terminar as minhas sugestões, apresento mais uma respeitante à circulação nesta rua: decidir que tipo de veículos podem ou não ali circular, colocando placas informativas.
   

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MEMÓRIAS DE MALCATA: JORNADAS DO CARVÃO

Cartaz da Jornada do Carvão

OS CARVOEIROS DE MALCATA
   
Quem ainda se lembra dos carvoeiros de Malcata?
Em termos económicos, por volta dos anos sessenta, o negócio do carvão foi uma actividade que teve bastante importância na freguesia. Eram célebres os carvoeiros que exploravam a serra da Malcata e que se deslocavam de burro para comercializarem o seu produto nas freguesias vizinhas, e tinham como alvo preferencial os ferreiros. Antes do fenómeno da emigração na década de 60, que afectou bastante a freguesia e toda a região, era frequente o contrabando de alguns produtos, como azeite, ferramentas, tecidos e outros, comprados em Espanha e vendidos em Malcata por habitantes da aldeia, geralmente com grandes dificuldades económicas. O transporte dos produtos era feito a pé ou utilizando o burro. Além do caminho ser muito árduo, havia ainda o perigo de serem apanhados pela guarda fiscal. A mercadoria apreendida aos contrabandistas era leiloada em praça pública.
                                                               Braseira a carvão
                                                            (Museu de Malcata)

   Eram tempos em que a aldeia ainda não tinha electricidade e o carvão era muito utilizado no Inverno, tempo sempre frio e chuvoso. Para além do carvão que vendiam aos ferreiros, em quase todas as casas havia uma braseira que era alimentada a carvão. Lembro-me ainda vagamente de algumas mortes causadas pelo mau uso deste método de aquecer as casas e os serões passadas com os pés em cima da braseira e o candeeiro de petróleo aceso.
   O meu avô, o Ti João Pires, chegou ainda a falar das viagens que ele fazia com o seu burro carregado de carvão. Tive ainda a feliz oportunidade de assistir um dia ao fabrico do carvão. Lembro-me de termos ido lá para os lados da Porqueira, arrancou uns toros, fez um buraco na terra e despejou lá a lenha dentro. Deitou-lhe o fogo e lentamente tapou tudo com terra. A lenha ali ficou a queimar e eu a ver o fumo a sair debaixo da terra. Mais tarde, não sei depois de quantas horas, o meu avô retirou a terra e ali estavam os troncos negros, sujavam as mãos todas de preto e vai de meter nas sacas de pano e depois do burro carregado regressámos a casa.
   Esta é uma memória minha, talvez até nem tenha sido mesmo assim, mas por alguma razão eu tenho estas imagens na minha mente. Outras pessoas terão outras memórias e que seria importante recolher e guardar para memórias futuras. Louvo esta iniciativa da Associacção Cultural e Desportiva de Malcata, que com a ajuda da Junta de Freguesia decidiram organizar esta jornada.
   Mais uma vez não vou poder estar a participar, com muita pena minha. Contudo, bem que adorava que algum dos participantes recolhesse fotografias, vídeos e até histórias de pessoas que viveram estas coisas e que ainda estão entre nós.
   Desejo que corra tudo  bem e que o reviver desta jornada dos carvoeiros contribua para uma maior aproximação das pessoas da aldeia. Por Malcata, sempre!







terça-feira, 6 de novembro de 2012

A MINHA CASA


Casa rural da aldeia


 Casa de emigrantes




A CASA DO EMIGRANTE
 
   Malcata mudou muito e hoje tem mais e melhores casas. Amealhar foi e continua a ser a ideia do emigrante da aldeia. Foi a esperança de um dia vir a ter uma vida mais desafogada, com uma boa casa construída ao seu gosto e com melhores condições de habitabilidade que os levou a ir trabalhar para um país distante, desconhecido e diferente.
   As casas que os emigrantes construíram em Malcata são na sua maioria modelos de outras casas que eles viram e admiraram nos países onde trabalham ou trabalharam. São construções que representam a concretização dos sonhos daqueles que um dia deixaram a casa dos seus pais. Eram casas de pedra e barro, granito e madeira. Normalmente tinham dois pisos: rés-do-chão que era composto pela loja e o curral. No andar superior ficava a cozinha, uma sala e os quartos. Aquecimento não existia, a não ser quando se acendia o lume na lareira da cozinha, também não tinha quarto de banho e não havia água canalizada. Eram casas pequenas, sombrias e frias.
   Estas casas novas que os emigrantes construíram traduzem a prosperidade alcançada e são motivo de orgulho para os seus proprietários. São casas, embora de modelos importados, a maioria conserva ainda os mesmos dois pisos da casas mais antigas. Têm uma particularidade que é a existência de uma garagem no rés-do-chão, onde agora guardam o seu automóvel. E o curral é agora um pequeno jardim entre a fachada e o muro divisório da rua ou então um pequeno quintal com algumas árvores de fruto e uns troncos de couve ou pés de roseiras.
   A utilização de materiais novos e mais industriais acabam por fazer sobressair estas casas do povoado mais antigo. O uso do cimento para tudo, os azulejos, os alumínios e as tintas com cores berrantes são características das casas dos emigrantes. Ainda assim, são casas que não estão completamente afastadas das raízes dos seus antepassados.
   Por isso, vale a pena olhar para as casas mais antigas e para as casas dos emigrantes porque todas fazem parte da nossa aldeia.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A MORTE É CERTA


  

 “O culto aos mortos deve ser controlado, para não exceder a nossa capacidade emocional e não ficarmos prisioneiros das emoções. A vida é bonita e complexa porque tem no seu âmago ternura, amor, recordações, mas, principalmente, tem muito de imprevisível e inesperado que nos choca, entristece, deslumbra, fazendo-nos sucumbir ante tanto sofrimento. São as frustrações e o sofrimento, consequentes da vida. Por isso, temos que saber viver com sobriedade, gerindo inteligentemente essas emoções.
   Não devemos ficar deslumbrados e desnorteados com as alegrias ou com as dores, como a borboleta perante a luz.   O homem tem a tentação de ser guloso da vida, pensando que será permanentemente adoçado com o torrão de mel que, de vez em quando, a vida lhe proporciona. O ser humano tem de aceitar que terá de suportar dor e amargura, constantes da vida.   No cemitério devemos privilegiar o respeito e a meditação para nos tornarmos melhores, ante as memórias benditas que os entes queridos nos legaram.   O ódio e o rancor são desperdícios que, infelizmente, só mais tarde sentimos. Estes sentimentos positivos são como depósitos numa conta bancária que somos nós próprios, a débito, porque só os fazem mal. Já os sentimentos positivos são créditos nessa conta e se aí efectuarmos muitos depósitos de paz, compreensão, perdão, alegria, auto-estima, seremos enormes capitalistas da vida.”

   Autor deste texto:  Manuel Martins Fernandes
                                no livro "Memórias de Infância...Raízes do Coração"