4.3.20

MALCATA : TRABALHAR PARA O BEM DE TODOS

   
SOCORRO MAIS RÁPIDO



    Malcata é uma aldeia rural pertencente ao concelho do Sabugal, com uma população bastante envelhecida, vive e sustenta-se do que a terra tem para oferecer. 
   Apesar de ser uma aldeia desconhecida por muitos portugueses, continua a resistir e a lutar por um futuro melhor.
   O ano de 2020 começou com duas iniciativas inovadoras e que procuram criar melhores condições de bem-estar dos seus habitantes e visitantes.
   A adesão ao Programa Nacional de Desfibrilhação Automática Externa, com o programa “Malcata Vida +”, da responsabilidade da Associação Malcata Com Futuro, que compreende a realização de 242 horas de formação em Suporte Básico de Vida e DAE (Desfibrilhador Automático Externo ), aos 36 candidatos inscritos, a quem a AMCF oferece a formação, irá dotar a aldeia de operadores qualificados em SBV com desfibrilhador automático externo, que estará 24 horas disponível aos cidadãos da freguesia ou quem nela se encontre, graças à instalação de uma cabine equipada com DAE, com as respectivas licenças exigidas pelo INEM.


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                      MELHOR INFORMAÇÃO

   A segunda iniciativa é da Junta de Freguesia de Malcata: a instalação na freguesia de um conjunto de placas informativas junto aos monumentos ou lugares importantes, disponibilizando a informação em quatro idiomas-português, francês, espanhol e inglês, sobre o sítio ou monumento. Para além da informação escrita, está também disponível um Código QR (Resposta Rápida) que vai fornecer ainda mais informação ao visitante. Através da leitura desse código é possível ter acesso a toda a informação que a Junta de Freguesia considere importante partilhar, pois dá acesso à página oficial da autarquia. Com estas novas placas de sinalização, a Junta de Freguesia pretende promover e melhorar a divulgação do património de Malcata.
  São duas inovadoras iniciativas e ambas importantes para aumentar a qualidade de vida dos residentes e visitantes da aldeia. Um socorro mais rápido e seguro e melhor informação do património, ajudam a elevar a qualidade de vida das pessoas de Malcata.
Os malcatenhos bem podem sentir-se melhor!

 

 




 








                                                                                                                                                              José Nunes Martins






  

1.3.20

O EMBELEZAMENTO DUMA ALDEIA TAMBÉM SE FAZ COM PEQUENAS CONTRIBUIÇÕES

Uma obra simples e barata mas valorativa
para o embelezamento da aldeia
 
   Sempre que venho a Malcata, gosto de percorrer as ruas para observar, conhecer e perceber algumas alterações na paisagem. Ainda vou encontrando pessoas preocupadas pela sua aldeia, pelo seu lugar e pelo respeito dos moradores no que respeita ao embelezamento da aldeia.
   Hoje trago ao conhecimento de todos uma obra simples, barata e bem valorativa em termos de contribuição para o embelezamento da nossa aldeia.
                                                                                                        José Nunes Martins

16.2.20

TOPONÍMIA: Rua do Carvalhão

Rua do Carvalhão, em 1994
 
   Encontrei esta fotografia e através dela recordo momentos de um tempo passado, de um lugar que foi um marco importante na história da minha vida e na história da aldeia de Malcata. A tão conhecida ‘’Rua do Carvalhão”, um lugar com passado e com história, uma rua que já foi cheia de vida e que agora não o é. Nasci e vivi nesta rua, ela faz parte de mim e do Porfírio, do Joaquim António, do Domingos e do David.  Todos fomos felizes nesta rua. Tenho na minha mente boas lembranças desta gente da minha idade, da outra gente mais velha mas muito sociável, eramos todos do Carvalhão. No Verão quando as pessoas vinham passar férias juntava-se muita gente à noite, sentavam-se em bancos de pedras, à sombra da figueira do Ti João e ali contavam as suas histórias de vida. Agora quando vou para ali, sinto cada vez mais o silêncio na rua do Carvalhão, pois cada vez há menos gente e sobram muitas casas vazias e sem viva alma no seu interior.
                                                                                                                                                 José Martins

MALCATA TEM MEMÓRIAS COM ALMA





    Em tudo na vida, de tempos a tempos, a pessoa precisa parar para ver, para ouvir, para conversar e reflectir sobre aquilo que se está a passar na zona onde ela se encontra. O mesmo devemos nós, os cidadãos que vivem ou têm alguma ligação importante a Malcata fazer uma pausa e olhar com mais cuidado e tempo para o que se vai passando na nossa aldeia. E esse olhar deve estender-se para lá do perímetro urbano, olhar para as zonas à volta da aldeia, porque também por lá aparecem situações que têm a ver com a alma da aldeia, com a história e a identidade das pessoas e dos lugares.
   Malcata é hoje uma aldeia com uma alma e uma identidade construída ao longo de muitos anos, pelas pessoas que nela nasceram, viveram e morreram. Também há que juntar a estes construtores todas as pessoas que nasceram e partiram em busca da felicidade. Todos juntos constituímos a alma da nossa pequena aldeia e ninguém deve ser ignorado nesta história.
   Estamos a viver o segundo mês deste ano de 2020 e precisamos de fazer uma pausa. Como vemos e sentimos o bater do coração da nossa aldeia? Há sinais de vitalidade ou de cansaço?
E como vamos de projectos? Que existem alguns projectos no papel e outros em andamento, nós até sabemos que é verdade. Trata-se de investimentos em favor da comunidade, como investimentos colectivos que são, vão consumir recursos económicos da comunidade, da freguesia. Há que ter alguns cuidados e não esquecer que todos os que residem na freguesia, que nela trabalham e também toda a gente que daqui saiu, precisam de estar ao corrente do que se está a pensar construir ou quase a começar. É importante as pessoas se identificarem com as obras que se estão a construir, porque são também essas obras que ajudam a construir a nossa freguesia, a servir de identificação da alma malcatenha. Não vamos repetir alguns erros do passado, por exemplo, com o que aconteceu aos moinhos, ao nicho da Senhora dos Caminhos, aos sinos da igreja Matriz ou ao relógio da torre.
   Há um património em Malcata que tem de ser preservado, custe o que custar, pois se não o fizermos, estamos a ignorar os lugares onde viveram as pessoas da nossa terra, estaremos a desrespeitar as nossas memórias e a negar as nossas origens.
   Veja-se o que se está a passar com o património edificado no centro mais antigo da aldeia, aquele quarteirão abrangendo a Rua de Baixo, o início da Rua do Cabeço, a Rua da Ladeirinha e a Rua do Meio. Sendo aquela zona a mais antiga da aldeia, se nada for feito, em poucos anos nada de identitário vai estar em pé. Por ignorância e falta de acompanhamento técnico especializado, a alma identitária da aldeia vai sendo substituída por almas de outros mundos.
E por muito pequena, baixa ou só com uma porta e um janelo, acreditem que é tão importante como uma fonte, uma torre ou um moinho. É que essas casas com chão em terra, telhas e lascas no telhado, apesar de pequenas e baixas, acolheram durante séculos os nossos antepassados, os construtores e guardiões da alma de Malcata.
   Por isso é tão importante a construção do Núcleo Identitário de Malcata e a obra tem mesmo de ser terminada. No seu espólio contam-se as memórias de pessoas, de objectos, de saberes e de crenças, de tradições e costumes.
   Tudo isto, mesmo que muitos achem que é velho e muito antigo, já não serve para nada a não ser para queimar no Inverno, merece o devido respeito, porque ainda lá moram as memórias de muitos malcatenhos.                          
                                                                                                                             José Martins



Escaleira da Ladeirinha. antes das obras.
Escaleiras da Ladeirinha, depois das obras.


7.2.20

A MELHOR VINGANÇA É A NÃO VINGANÇA



   Sentados na mesa da esplanada do Café Lince, tinham acabado de servir-nos o nosso café enquanto planeávamos o que íamos fazer nesse dia, quando se abeirou da nossa mesa. Cumprimentou e logo iniciou uma conversa que tinha a ver com as obras que mandou fazer no logradouro da sua casa da aldeia, sobre as quais eu sempre mostrei discordância e disso mesmo dei a conhecer aos leitores do meu blog, que desde 2006 mantenho na internet. Desta abordagem sobraram algumas palavras e alguns desacordos. Pelo meio, a intromissão totalmente descabida e sem sentido por parte da esposa que, contrariamente ao seu marido, estava visivelmente exaltada, se intrometeu na conversa que estávamos a ter, falando de assuntos que nada tinham a ver com o
tema da nossa conversa, originando um aumento do tom de voz, em autêntica gritaria e proferindo palavras em frases sem sentido, criticando os meus gostos pela fotografia, lançando para o ar em alto e bom som, afirmações e juízos falsos sobre a minha vida privada, pessoal e profissional. Perante as injúrias, a minha esposa pediu para terminar a conversa, pedido que ignorou, levando a que a minha esposa abandonasse o local justificando essa atitude dizendo que não tinha ido ao café para ouvir e assistir aquelas coisas, mas que apenas queria tomar café e estar em sossego. A dita mulher e aos gritos e só parou com a chegada do seu cunhado que, após ter sido atendido no interior do café, dali saiu e veio na minha direcção, com gestos e palavras muito duras e cheias de impropérios, como se estivesse a ser atacado por um cão raivoso, proferindo ameaças de morte e esforçando-se para me agredir fisicamente. A  agressão física só não aconteceu porque foi barrado e imobilizado pelos seus familiares presentes.Teve a intenção clara e consciente de me agredir e provocar, para que eu respondesse também com recurso à violência e ameaças.

 Eu mantive a calma e a serenidade suficiente e não reagi, nem por palavras ou actos.   O homem agressivo acabou por ser levado para a rua pelos seus familiares, que nada satisfeitos com o acontecido, a mulher olhou para mim gritando que eu não conhecia mas que um dia ainda ia ficar a saber a família dos ….e do que são capazes.
  Ali permaneci sozinho, sentado na cadeira onde sempre estive enquanto tomava o café da manhã, como era meu costume. Levantei-me quando vi passar na rua o carro da patrulha da GNR e fui ao seu encontro porque sentia necessidade de dar conhecimento dos factos ocorridos minutos antes e a gravidade assim o exigia. 
   Uns tempos depois, fui notificado pelas autoridades dando-me um determinado período para tomar uma decisão. E desde esse dia, apesar dos conselhos e apoios que recebi e dos apelos para que eu não deixe que o caso seja esquecido, que não devo ter receio de avançar com o caso, ainda nada decidi sobre o futuro.
   O povo costuma dizer que a justiça de Deus não é a justiça dos homens. Na nossa sociedade a justiça dos homens, tem prazos a cumprir e a respeitar, os incumprimentos dos prazos são constantes, o que parecia um simples processo é muitas vezes transformado num muito maior, os erros ou omissões são motivos para fazer justiça e quem tiver conhecimentos do funcionamento do sistema judicial e no interior do sistema, leva a muitas idas e vindas e nada fica decidido, apenas prolonga o sentimento de ansiedade e mal-estar e sempre a pensar numa absolvição ou num arquivamento.
   Ainda acredito que tenho liberdade para viver, acredito que gozo de liberdade de expressão, de pensar por mim e de sentir que é neste mundo que, como ser humano, quero viver feliz, alegre e essa aldeia do interior também faz parte do meu mundo.
   Tenho a consciência de ser uma pessoa de bem e que deseja o bem para o próximo. O bom nome dos meus pais e familiares, aliado à minha vontade de ajudar a construir um mundo melhor, com pessoas mais felizes, leva-me a pensar que também o posso conseguir através das minhas tomadas de posição, das minhas ideias e das minhas acções e ambições, apesar de pensar de forma diferente das outras pessoas, mas com a certeza que o faço com o sentido de responsabilidade de querer ajudar.
   Para mim, a vingança comparo-a aos remédios que o médico me receita: ele receita um remédio, mesmo em pequenas doses,  mas se eu o tomar em grandes quantidades, pode causar-me consequências muito graves para a minha saúde, pode até causar a morte.
   Quem me dera ter a força de responder como uma pessoa minha amiga que, às vezes, em certas situações como esta que se passou comigo, se sai com esta de dizer que
 “o pobre pode ir sem esmola, mas não vai sem resposta”!
                                                                 José Nunes Martins


3.2.20

NÃO DEVEMOS COMER TUDO AQUILO QUE NOS QUEREM DAR


      
   Todas as pessoas gostam de caminhar por uma rua limpa. E limpar uma rua até parece um trabalho leve, fácil de fazer. A limpeza está de algum modo relacionada com as obras de construção dos pavimentos das ruas? Limpar uma ou várias ruas devia ser uma tarefa prática e rápida. Por exemplo, na nossa freguesia, os cubos em pedra de granito, tem sido o material escolhido para pavimentar as ruas. Todos sabemos que os cubos em pedra têm uma durabilidade tão longa que nos faz lembrar o anúncio das pilhas alcalinas de uma conhecida marca. Pois a pedra dura porque tem um desgaste lento, como tem muitas faces, podem ser viradas de tempos a tempos por causa do que por ali transita.
   Será esta a única razão da escolha do cubo em pedra para pavimentar uma rua?
   Nunca pensou nisto, pois não? O custo muitas vezes é que acaba por determinar a escolha dos materiais para a pavimentação. Já os benefícios são muitas vezes esquecidos. Quantas vezes há necessidade de abrir uma vala na rua para reparar uma ruptura do tubo da água, para colocar um cabo eléctrico ou uma nova ligação de telecomunicações? Poucas são as pessoas e menos ainda os comerciantes que gostam de ruas em obras.  Os trabalhos num pavimento em cubos de pedra facilitam estes trabalhos que já referi. São intervenções que podem ser realizadas com maior rapidez e menos custos.
   Portanto, a pavimentação das ruas em cubos de pedra é obra para muitos anos, abertura de valas torna-se fácil e enquadra-se bem numa aldeia com edificações antigas.
   Agora vamos às desvantagens e aos problemas que as calçadas em pedra podem causar. Nem tudo são rosas e calcetar uma rua dá muito trabalho, a maior parte dele é um trabalho manual e por isso leva bastante tempo a obra estar terminada. A resposta até parece óbvia para a demora, se a empresa construtora aumentar o número de operários calceteiros, a obra acaba mais depressa, mas ao empregar mais mão de obra, o construtor pode estar também a correr o risco de perder dinheiro no final. A segunda desvantagem é que é um piso com muitas irregularidades e desconfortável para as pessoas nela caminharem, transitar de automóvel, para aquelas senhoras que gostam de andar em belos sapatos de tacões altos e finos…
   Outra das desvantagens é que uma calçada em cubos de pedra é má de limpar, não basta uma vassoura, um apanhador ou uma vassoura e uma pá e um carro de mão. Os pavimentos de cubos em pedra levam muita areia grossa entre eles. E as intempéries normais durante o inverno, uma lavagem com água a alta pressão ou até ao utilizar a vassoura, aos poucos, essa areia desaparece e aí começam os problemas na calçada.
   Pois chegados aqui, olhando para a nossa freguesia, para o que já foi pavimentado ao longos destes anos todos e continua a surgir mais obra igual, foi apresentada a pretensão de pavimentar uma rua com recurso a outros materiais que não os cubos em pedra? Esqueçam a estrada que dá continuação à rua da Rasa até à Senhora dos Caminhos. O mesmo acontece com a Rua Carvalheira de Jorge. Aí o pavimento é em alcatrão e por lá também há tampas e tubos de águas e saneamento…mas foi alcatroado.
   Na nossa freguesia, a zona histórica e mais antiga, enquadra-se bem com a envolvente a calçada em pedra de granito ou xisto. Por outros lugares, onde a nova construção é visível, faz falta planos de urbanização que incluam todas as infraestruturas necessárias. Temo que se nada for feito e decidido, a nossa freguesia vai continuar a crescer entre travessas e becos ou ruas sem saída.
                                                                                         José Nunes Martins


29.1.20

O QUE É QUE MALCATA TEM?



      O que é que a nossa aldeia tem e  que as outras aldeias não têm e gostariam de ter?

   Um ambiente tranquilo e pacato, convívios, coisas simples e naturais, ar puro e andorinhas a esvoaçar no céu?
   Isto são características que todas as aldeias do nosso concelho oferecem. Hoje toda a gente sabe que as aldeias do interior são bons carregadores de baterias, são um bálsamo para o corpo e para a alma.
   Malcata tem aquilo que tem. Mais, eu digo que hoje a aldeia já tem algumas ofertas que as outras aldeias não têm e nunca irão ter. Haja projectos e vontade de os construir, sejam eles projectos municipais e da junta de freguesia, das associações ou de investidores particulares.
   Todos são bem-vindos, porque há muito a fazer na nossa aldeia e pela nossa freguesia. E não importa que residam em Malcata ou que nela tenham cá nascido. Venham, porque serão vistos como um estímulo aos habitantes e também aos que tendo nascido cá, andam pelo mundo fora. É sabido que quem nasceu na aldeia e sempre trabalhou nas cidades ou ainda trabalha, geralmente guardam no seu coração um torrão de terra lá bem guardadinho, seja por causa dos familiares e amigos, ou das boas recordações e experiências, continuam a gostar da sua aldeia e por isso regressam.
   Eu ainda sou do tempo em que as crianças nasciam na aldeia e hoje nascem numa maternidade a uns quilómetros de distância. Também a escola e a creche estão fechadas. Obviamente que esta é uma circunstância que ninguém deseja, muito menos os casais que têm crianças na idade escolar. É um preço demasiado elevado a suportar pelo casal. Mas então como criar as melhores condições para a nossa aldeia ser querida e desejada para uma família optar em mudar-se para aqui viver, trabalhar, educar e acompanhar a vida escolar dos seus filhos? A resposta é tão óbvia que tem escapado aos nossos governantes e autarcas: apoios.  
   As mudanças, por muito pequenas que elas sejam, acarretam custos, sacrifícios, incertezas, burocracias com organismos públicos, procura de habitação, etc., etc…e sem ajudas tudo se torna ainda mais difícil.
   Malcata, como freguesia pequena e integrada num município com mais uma quarentena de aldeias como a nossa, tem sido apoiada pela Câmara Municipal em algumas obras que têm contribuído para o seu desenvolvimento e mudança da sua imagem.
   Ainda se lembram da pergunta que fiz no início desta crónica?
   Vou repetir e gostava que ousassem partilhar a vossa resposta.
    A pergunta é esta:
   O que é que a nossa aldeia tem e o que as outras aldeias não têm e gostariam de ter?


25.1.20

AJUSTES DIRECTOS COM O POVO

Ajustes Directos


   Como malcatenho interesso-me pela comunidade, pelo património e tudo o que se relacione com a nossa freguesia. Sempre que me é possível, vou às reuniões da Assembleia de Freguesia e também às Assembleias Municipais. A minha participação tem sido através de perguntas colocadas à Mesa da Assembleia da Freguesia, ficando esclarecido em alguns casos e às vezes as respostas dadas não convencem mas sempre é melhor que nada e pelo menos vou assimilando o pensamento do executivo e dos membros que compõem a Assembleia de Freguesia. Às vezes fico com a sensação que se executa sem conhecimento e sem aprovação deste orgão deliberativo e que também tem a responsabilidade de "vigiar" o trabalho da junta.
     Como já se aperceberam, a Freguesia de Malcata adjudicou duas obras. São duas obras de grande vulto e importantes para a nossa freguesia. Há muito que são inseridas nas promessas eleitorais, mas por razões que se desconhecem não têm passado disso, de promessas. Bem desta vez alguma informação já é conhecida. Mas essa informação é tão escassa e tão irrelevante que me deixa preocupado. Basta constatar a ausência dos cidadãos nas reuniões da assembleia de freguesia, o lugar certo para esclarecimentos sobre a vida autárquica. E se o cidadão não pergunta, não coloca as suas dúvidas e sugestões é porque tudo está bem.       Eu não penso dessa forma e já até já sugeri a realização de uma reunião pública para a Junta de Freguesia informar devidamente todos os cidadãos acerca das obras que vai realizar. Refiro-me mais concretamente à empreitada do "Centro Interpretativo do Lince" e aquele rebanho de cabras sapadoras "Cabras Serranas". Sendo duas obras de grande vulto para a freguesia, prometidas  em várias campanhas eleitorais e se a estas juntarmos a "Sala das Memórias", sendo todos projectos comunitários, não acham que o povo devia estar mais esclarecido, mais envolvido nestes projectos? É que contrariamente ao pensamento e convencimento do senhor presidente, o povo pouco ou nada sabe acerca destas obras. E há perguntas cujas respostas podem levar a mais perguntas cujas respostas são importantíssimas: onde e porquê ali e não aqui? Como garantir o sucesso do investimento? Por exemplo, parece que o Centro Interpretativo do Lince vai para junto do antigo quartel. Quais as razões desta escolha? Será um ponto de chegada ou um ponto de partida à descoberta ?
   Eu tenho estas perguntas. Outros terão perguntas diferentes e ideias diferentes, mas obras desta envergadura e importância, devem ser apresentadas, discutidas e esclarecidas antecipadamente e com  abertura do poder local. Se este meu apelo tiver resposta positiva da junta e a participação do povo, então a freguesia sairá a ganhar.

                                                                                     José Nunes Martins
   

24.1.20

MALCATA: VAMOS CONVERSAR?



   De Malcata guardo muitas memórias de infância, boas, marcantes, como aquelas de brincar na rua coisa que hoje é uma coisa que se vê pouco na aldeia. Ia a pé para a escola. Isso não tem preço. E ter crescido junto da minha mãe e os avós a uns passos foi algo que marcou a minha vida. Tive sempre a presença da minha mãe. Não tive a mesma sorte com o meu pai. Eu nasci no ano em que ele emigrou para terras de França. Saiu da aldeia em busca de dinheiro para poder oferecer uma vida melhor à família. Se não fosse por isso, tenho a certeza que escolhia ficar na sua casinha, viver uma vida mais próxima de sua mulher e dos seus filhos.
    Malcata ainda continua a ser terra de emigrantes e de imigrantes. Porque será? Porque não mudam as coisas na freguesia, na nossa região? Há tanto território por explorar, penso até que a nossa freguesia ainda não aprendeu a aproveitar a sua riqueza natural, a sua natureza, o petróleo que muitos procuram e não encontram.
   Malcata tem nome nacional e internacional porque criaram à sua volta a Reserva Natural da Serra da Malcata. Hoje a nossa aldeia possui dezenas de quilómetros de margem com água da albufeira e tem continuado a crescer de costas para o magnífico espelho de água. Malcata tem hoje nas suas mãos e ao seu redor mais condições para ser uma atração de investimentos.  Basta pensar nas potencialidades que a albufeira da barragem e da Reserva Natural, naquilo que é hoje e o que pode ser no futuro. É tudo uma questão de visão e estratégia para contrariarmos o imobilismo, o deixar andar e quem quiser que apareça e meta as mãos na massa.
   Sempre gostei de voltar a Malcata, de regressar às minhas origens, é a forma que eu encontrei para não deixar apagar as memórias do sítio onde nasci. É verdade que eu também abalei e deixei a aldeia. Cresci e tenho vindo a somar várias experiências profissionais, conheci muitas pessoas, andei por muitos lugares, molhei os pés na água do mar e brinquei com a neve lá para Espanha. Há pessoas que sabem onde vivo com a minha família e outras que nem sabem se trabalho ou se me reformei.
   Nasci em Malcata e foi o local onde tudo começou. A minha vida tem sido dividida pela aldeia e pela área em redor da cidade do Porto, Matosinhos e às vezes, Viana do Castelo.
   O novo ano começou com o acender da esperança de mudança e no querer acreditar que estamos bem orientados para a concretização dos dois investimentos que a Junta de Freguesia tem em mãos. Refiro-me ao rebanho das “Cabras Serranas” e ao “Centro Interpretativo do Lince”. E se a vontade não esmorecer, embalados pelo querer cumprir o prometido, agendamos uma visita à Sala das Memórias e entramos com mais largueza na Rua de Baixo.
   A ver vamos e o que desejo, é que seja feita a vontade do povo, vontade assumida e alicerçada no diálogo, na informação objectiva e clareza que se exige nestas coisas de administrar a coisa pública para o bem-estar da comunidade.

                                                                                  José Nunes Martins
 



20.1.20

MALCATA INTEGRA A UO7 DO PDM

Plano Director Municipal a necessitar de mudanças

   São muitas as diferenças que existem entre as cidades e as aldeias. E a forma de ocupação do solo é uma delas. Nas cidades existe um ordenamento e um planeamento muito mais cuidado, coisa que nas nossas aldeias é quase inexistente. Está aqui uma das razões de muitas aldeias se terem desenvolvido à vontade de cada um, muitas vezes sem preocupação com qualquer tipo de estudo ou planeamento. Contudo, as aldeias são parte do nosso país e precisam de ser preservadas, pois são parte da história de Portugal.
    A aldeia de Malcata é uma aldeia com a sua própria história, com as suas vias de comunicação, os seus campos, as suas tapadas e as suas hortas. A nossa aldeia tem que ser ela e compreender as suas origens, o seu desenvolvimento e com os olhos no futuro, pensar na aldeia que gostaríamos de continuar a desenvolver. 
   É à população de Malcata que compete envolver-se no planeamento do território e para que isso aconteça, precisamos que o poder local, nomeadamente a Câmara do Sabugal e a Junta de Freguesia, sejam os primeiros a esforçar-se por compreender as pessoas, as nossas tradições, os nossos costumes e envolvam a toda a população e a utilizem como parte fundamental para o desenvolvimento harmonioso da aldeia.
   Quem em Malcata já ouviu falar da sigla UO7 (Unidade Operativa 7)? 
    E quem já leu e compreendeu a Carta de Ordenamento para a aldeia de Malcata?
  Está disponível na página da internet da Câmara Municipal do Sabugal, mas merecia mais divulgação, não só esta parte como todo o Plano Director Municipal do Município do Sabugal.
  Acalmem-se e relaxem, tenho quase a certeza de que as pessoas das outras nove aldeias que fazem parte da nossa UO7 também desconhecem este documento. É um documento importante e orientador do que podemos e devemos fazer, ou não fazer, ao nosso território, aos recursos que nele existem e às potencialidades que ele oferece, dando-lhes bom uso, sem acabar com eles, com a consciência de deixarmos uma aldeia melhor para as gerações futuras.
                                                                                                           José Nunes Martins