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sábado, 14 de outubro de 2023

CEGOS, SURDOS E MUDOS

 






   A aldeia de Malcata à medida que cresceu as casas foram-se espalhando por cabeços, moitas, tapadas e barreirinhas? Se virmos a aldeia do alto ficamos com essa sensação. As pessoas quando se casavam, procuravam arranjar casa. Os primeiros habitantes começaram por ocupar os espaços mais próximos uns dos outros e com o crescimento do número de pessoas, as ruas começaram a ligar-se umas às outras, mantendo o nome que já lhes chamavam a esses sítios. A rua da Ladeirinha, rua da Moita, rua do Cabeço, Rua da Barreirinha, Rua da Tapadinha, Rua do Carvalhão. Todos estes nomes são os próprios topónimos pelos quais o povo os conheceu e conhece hoje? Tudo leva a crer que assim foi e manteve-se durante muitos anos.
   Geralmente as igrejas das aldeias portuguesas desenvolvem-se em volta da Igreja Paroquial ou alguma capela. No caso da aldeia de Malcata isso não aconteceu e continua a não aumentar a edificação à volta da igreja Matriz, nomeadamente nos terrenos que se situam atrás da sacristia. Eu só encontro uma explicação para esta singularidade da nossa aldeia, que muito cresceu e em contraposição aos costumes das outras terras, não se constrói nos campos que estão ali ao lado. Esses terrenos, chãos e lameiros, eram de boa terra para a agricultura e para o pasto dos animais. Por ali me lembro de ver bons campos de batatas, de milho, de centeio e verdejantes pastagens, lameiros como lhe chamamos na nossa aldeia. Esta característica relacionada com a qualidade das terras e o tipo de ocupação, terá sido tão forte que ninguém ousou construir por ali uma casa para morar? É uma particularidade que se pode constatar quando por ali alguém passar, à esquerda e à direita um vale extenso e plano, subdividido em campos delimitados por muros e arvoredo.
   Outra estranheza e particularidade da malha urbana da nossa aldeia e no que respeita ao nome das ruas, estranhamente, não existe uma rua com o nome de rua da igreja ou rua do cemitério. Mais um motivo para pesquisar as ruas da aldeia, que infelizmente,
a cada ano que passa, aumenta o número de casas vazias, acabando por ir caindo aos poucos. Algumas já foram recuperadas e outras ainda estão a ser.
   Aqui há que fazer uma pausa e perguntar se aquilo que não vemos ou não ouvimos falar não existe? Muitos dos habitantes da aldeia passam todos, ou quase todos os dias, numa determinada rua ou beco. Caminham lestos ou devagar e só olham para a frente e nada de distrações. Eu sempre que caminho pelas mesmas ruas e becos, olho em todas as direcções e por vezes, vejo cada fenómeno!  Desde mamarrachos, telhados que já não abrigam nada, paredes “grávidas” e outras sem barro e com pedras soltas, uma casa vazia, com portas e janelas entreabertas e a cair de podridão, muros de cimento colados às paredes de pedra de xisto, outros muros pequenos, que não descansaram até se encostar às pedras de granito trabalhado e que passaram de elemento principal a pedras vulgares, sem importância nenhuma, esquecendo que antes do muro e do cimento, já elas, as pedras, embelezaram o sítio. Quem as abandonou e as despromoveu continua a não se interessar por lhes dar uso, devolvendo a importância e o respeito que elas merecem e o património comum exige.
   Acreditem, se houvesse o prometido orçamento participativo, uma das ideias que eu sugeria seria a compra de alguns pares de óculos para os autarcas da nossa freguesia e fazer aprovar uma regra de obrigatoriedade do uso desses óculos, no mínimo, uma vez por mês, quando o trio fazia a verificação atenta do estado da coisa comum em Malcata.
   PS: Esta é uma opinião pessoal. Qualquer situação aqui retratada é pura imaginação minha e se alguém pensar que lhe diz respeito, é uma simples coincidência.

                                                     José Nunes Martins
                   

 

 

 

      

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A ENERTECH - Sabugal 2023 - PORQUÊ ?


 

ENERTECH-1ªEdição-Secretariado


   Hoje a marca ENERTECH-Sabugal é conhecida no nosso país de norte a sul e em algumas províncias espanholas. A Enertech-Sabugal é uma feira anual realizada no concelho do Sabugal, tendo como tema principal as Energias. Felizmente guardo boas memórias da primeira edição, a original feira da energia que provém da biomassa florestal. Esta feira partiu da iniciativa do engenheiro José Escada da Costa, pessoa formada e com grande experiência na área da biomassa, com funções de gestão de importantes empresas nacionais. 
   Quantas vezes nós não somos traídos pelas nossas memórias quando revisitamos as imagens das duas primeiras edições! Foi a Visão e a Estratégia que levou o engenheiro José Escada a apresentar ao executivo camarário a ENERTECH-Sabugal e nela participou activamente como especialista na área e nos conhecimentos das entidades nacionais mais influentes no mercado da biomassa. Sei que muita gente pensou que seria uma ideia sem sentido, sem qualquer interesse, com fim anunciado à nascença. Felizmente aconteceu que o engenheiro teve uma ideia boa e ainda hoje por aí anda, apesar de alterações feitas sem a concordância do principal visionário, pois a biomassa dilui-se em demasiadas fontes de energia também ditas verdes. Mas essa discordância não justificava o que se seguiu após a 2ª edição da ENERTECH. Ainda bem que há documentação, protocolos assinados entre a AMCF, Câmaras Municipais...em sessão pública realizada na ENERTECH e que hoje o executivo do Município do Sabugal ignora e ainda mete na gaveta um dos primeiros parceiros desta feira e que agora, a Câmara Municipal e a sua empresa satélite ADES, simplesmente despreza, ignora e apoderando-se completamente da ideia como se destas duas entidades tivesse saído. Nem sequer no filme de promoção da ENERTECH 2023 existe um segundo em que seja reconhecido o trabalho do passado. Fica aqui registado o meu protesto pessoal, não pedi sequer licença para o fazer, porque isso nunca é o meu sentir e forma de pensar. Se alguém devia ter vergonha na cara pela atitude assumida conscientemente, eu sei e eles também sabem quem são, pois trabalham todos para o mesmo "Dono" vaidoso, de semblante altivo e dominador, sem sequer se dignar respeitar a competência, o trabalho, a entrega, o tempo e a visão do bem comum. Hoje se a ENERTECH tivesse sido uma "ideia" má, não se estava ansioso para abrir as portas da feira de 2023 e uma simples tenda de "mercado" chegava para iludir o cidadão.
   Para uma verificação e confirmar o que escrevo, basta consultar a página oficial do Município:

                                 https://www.facebook.com/sabugal.concelho
                                        
                                               ... e da AMCF:

                                 https://www.facebook.com/malcatacomfuturo



                                                                                  José Nunes Martins

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

SABUGAL: FALTA CORAGEM PARA LUTAR POR MELHORES CUIDADOS DE SAÚDE

    

A rampa é para os veículos e quem vai a pé que suba as escadas !
Há anos que assim está e ninguém se incomoda com a situação.

   Na última sessão da Assembleia Municipal do Sabugal, realizada no passado dia 29 de Setembro de 2023, o senhor Presidente da Mesa, MANUEL AUGUSTO MEIRINHO MARTINS, eleito pela lista do PPD/PSD, votou contra o reforço de médicos no Centro de Saúde do Sabugal. Esta foi a minha conclusão, depois de ser apresentada, nesta sessão da Assembleia Municipal, uma Moção "Sobre a falta de médicos no Centro de Saúde do Sabugal", que foi apresentada pelo grupo municipal da CDU. Eu já li o documento e é bom que mais pessoas também conheçam a moção em causa. Cada leitor/cidadão, após a leitura tire as conclusões que quiser, mas quando um presidente do órgão autárquico e municipal  no momento de votar, anuncia aos presentes na sala onde se está a realizar a sessão, que vota contra, está ou não a dar indicação aos seus "amigos políticos" para o seguir e votar no mesmo sentido? 
   Os que são titulares de cargos de órgãos municipais, como é ser presidente da Mesa da Assembleia Municipal, têm a obrigação de se mentalizar que estão a exercer um serviço público, de conduzir e orientar os trabalhos e em representação de todos os cidadãos do concelho. 
   A moção sobre a falta de médicos, é mais uma iniciativa de mostrar o descontentamento do mau serviço nos cuidados de saúde primários que o Centro de Saúde do Sabugal presta aos que ali vão, principalmente pela falta de médicos... Ou será que, por se saber que a ULS da Guarda  já abriu concurso para remodelar o Centro de Saúde do Sabugal? Querem lá ver, que o concelho vai ter edifício remodelado e os gabinetes novos dos médicos mas vazios de doutores e doutoras? Outra razão do voto contra a moção sobre a falta de médicos, será que tem a ver com aqueles "protocolos de colaboração no âmbito dos cuidados de saúde primários entre a Câmara Municipal" e algumas aldeias do concelho? Basta ler a Acta da Reunião de 15 de Fevereiro de 2023 e encontramos lá alguma informação, como os nomes das freguesias e o valor que cada uma recebe da Câmara, para colmatar a falta de médicos no Centro de Saúde! Ficamos a saber que: a Aldeia do Bispo recebe 3000€; Águas Belas 1.500€; Alfaiates 3000€; UF Lageosa e Forcalhos 3000€; UF Pousafoles, Penalobo e Lomba 4.200€; Malcata 3000€.   Cada uma destas Juntas de Freguesia oferece,  uma vez por mês, consulta médica, com conhecimento do Centro de Saúde do Sabugal. Ora os cuidados de saúde primários devem chegar a todos os utentes que necessitam de cuidados. Não sei se este  protocolo é extensível a todas as freguesias e quintas ou lugares do Sabugal ou se apenas beneficiam um pequeno número de aldeias.         Estou a pensar nas razões que levaram o senhor doutor professor, político e presidente da Assembleia Municipal, a votar contra a moção. Sei que não reside no concelho e  não se tratando da presidência de um clube ou tuna académica, só porque a moção foi apresentada pelas mentes interventivas e inquietas, defensoras do bem e da saúde de todos, decide carregar no botão "on" do microfone que tem sempre à mão, e dizer que vota contra, porque às tantas, nem sequer teve o cuidado de escutar a leitura da moção e se lembrou do  vogal que entrou na administração da ULS Guarda, de nome António Robalo  e que ainda alguns lhe chamam presidente, que deixou de ser, tendo passado a vogal, sem experiência e provas das suas competências na área da saúde,  mas já toda a gente sabe que há se arranja um emprego sem ter que ir para a fila do IEFP. E como ainda não se manifestou publicamente sobre a falta de médicos no Centro de Saúde do Sabugal, nada de dificultar o caminho novo. 

   Agora vou deixar-vos a ler a moção sobre a qual me levou a escrever o que senti e sobre o estado a que está a chegar o cuidado de saúde das pessoas  no concelho ou que por ele andam.

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Sobre a falta de médicos no Centro de Saúde do Sabugal

1-Considerando que no Centro de Saúde do Sabugal há uma gritante falta de médicos, o que prejudica gravemente a população do concelho;

2- Considerando que o Ministério da Saúde tem a obrigação de fazer investimentos no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente valorizando os seus profissionais;

3- O Serviço Nacional de Saúde é uma das mais importantes conquistas resultantes da Revolução do 25 de Abril de 1974 e está consagrado na Constituição da República Portuguesa e em muita legislação;

- A Assembleia Municipal do Sabugal, reunida a 29 de Setembro de 2023, exige que o Ministério da Saúde promova a colocação de mais médicos no Centro de Saúde do Sabugal, no sentido de garantir o direito à saúde por parte dos habitantes do concelho.

- Insta a Câmara Municipal a mostrar a sua indignação com o que está sucedendo e que, no âmbito das suas competências, pressione o Ministério da Saúde a resolver a situação da falta de médicos.

Os membros da Assembleia eleitos pela CDU

João Carlos Taborda Manata e João Manuel Aristides Duarte

Aprovada com 2 votos contra: 1 do presidente da AM e outro 

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                                                                    José Nunes Martins

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

MONARQUIA, REPÚBLICA, DEMOCRACIA - EM MALCATA TANTO FAZ!

Na falta da bandeira, hasteei o galhardete

    

   

   O Cinco de Outubro de 1910 foi uma revolução organizada pelo Partido Republicano e que acabou com o regime monárquico para passar a uma República. Desde 1143 a 1910 o nosso país foi governado segundo a vontade dos Reis, tendo sido D. Manuel II o último a reinar. Foi para o estrangeiro porque o país estava ingovernável e no dia 5 de Outubro de 1910, pela manhã, foi proclamada a República Portuguesa.
   Este acontecimento acabou por se transformar num dia "feriado nacional". Mas é um dia que passa ao lado dos residentes na nossa freguesia. Até parece que na aldeia vivem noutra República, bem diferente da que é celebrada em Lisboa, Porto, Coimbra e outros locais do país. São muitas as pessoas que até sabem que hoje é feriado nacional, mas fazem de conta e que o que se passou há mais de cem anos pouco interesse lhes desperta. Provavelmente, quem trabalha na terra está a fazer o que faz todos os dias e o que pede é que o deixem em paz. 
   E à noite, quem sabe lhe apeteça ligar o televisor para ver as notícias e então sim, tem uns momentos disponíveis para ouvir falar do dia 5 de Outubro de 1910, porque o de 2023 lembra-se perfeitamente daquilo que andou a fazer. 
   Nada disto é coincidência e na nossa freguesia não se passa nada, nem sequer a Bandeira Nacional é hasteada num dos mastros da sede da Junta de Freguesia, a entidade institucional que representa o Estado Republicano Português. Quando os representantes legais do povo perante a presença das mais altas individualidades políticas e governativas tem atitudes assim, alguma vez os residentes estão motivados a celebrar dias importantes como o dia de hoje? Sou levado a crer que é mais provável ver num sítio bem alto e visível, seja numa janela ou numa varanda, uma daquelas bandeiras do Sporting ou do Benfica ou do Porto em vez da Bandeira Nacional onde até já colocaram três mastros!
   Enfim, se os mastros e os feriados são a fazer de conta, acabem com isso tudo.

                                                               José Nunes Martins

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

OIGP TERRAS DO LINCE - Malcata

       


   Está a decorrer até ao dia 3 de Novembro de 2023, a Consulta Pública da proposta para o projecto que a AIGP-Terras do Lince-Malcata vai implementar nos próximos tempos.
   Trata-se de um documento de interesse para a nossa freguesia. Apelo aos malcatenhos que leiam e procurem esclarecer alguma dúvida. E para além da leitura, se acharem que têm alguma sugestão a fazer, também o podem fazer. Podem enviar as sugestões para a Câmara Municipal do Sabugal de duas formas: pela internet ou escritas em papel e entregues no Balcão Único, na Praça da República, no Sabugal. Em Malcata deve estar acessível, para consulta, na sede da Junta de Freguesia. 

   

   A Consulta Pública decorre durante o período de 30 dias uteis, de 21 de setembro a 03 de novembro de 2023. Acompanhe as novidades no sitio da internet da Direção-Geral do Território.

   Todos os interessados podem consultar e apresentar sugestões, em suporte de papel, no Balcão Único do Município do Sabugal e no Município de Penamacor das 9H às 16h.

   As participações podem também consultadas nos sítios e internet dos municípios de Sabugal e Penamacor e enviadas, em suporte digital, para o email: opaflor@gmail.com

Para mais informações e esclarecimentos poderá contactar a Entidade Gestora: OPAFLOR – Associação de Produtores Florestais da Serra da Opa;

Rua Dr. João Lopes nº 17, 6320-420, Sabugal

E-mail – opaflor@gmail.com

   Também podem saber mais aqui:
   https://www.dgterritorio.gov.pt/Operacao-Integrada-de-Gestao-da-Paisagem-Terras-do-Lince-Malcata

 

domingo, 1 de outubro de 2023

EM MALCATA NÃO SE DEBATE POLÍTICA

 


   O debate político em Malcata está morto e há muito tempo. Na nossa aldeia a política não é assunto de conversa e muito menos de discussão, sendo os próprios autarcas, esses sim, exercem funções políticas, mas nenhum deles tem sido um divulgador das políticas que norteiam as suas acções. Na nossa terra não há pessoas que tenham coragem e iniciativa para um debate de ideias, de políticas locais. As eleições são para ir votar e a partir do dia seguinte só os vencedores celebram. Quem perde, desaparece e foge da política, que mais parece o diabo a fugir da cruz.
   Nestas últimas votações autárquicas a política foi mesmo maltratada por aqueles que dela parece precisar. A política em Malcata foi posta de lado pelos socialistas e nem sequer se apresentaram a votação. Por isso, a lista dos sociais-democratas (PPD/PSD)
tinham o caminho desimpedido para um segundo mandato.
   Chegados ao meio deste mandato, pelo rumo que a política está a ir, é quase certo imaginar o futuro político em relação ao poder local autárquico. A oposição foi de férias e ninguém sabe quando regressam à política. Alguns pensam que dois anos é ainda muito tempo e demasiado cedo para entrar em cena e no debate político. Os que defendem ou que simplesmente votaram, alguns nem sequer sabem em quem, também não estão para complicar ou para se maçarem e façam lá o que fizerem, a resposta é que “eles é que sabem”. E falar agora de estratégia é falar chinês, não entendem e nem querem entender.
   Em Malcata, pensar e falar em lugares públicos tem que manter-se vigilante e atento às movimentações em redor. Eles e elas veem e poem-se disfarçadamente à escuta para depois contar ao seu Senhor. E aquelas pessoas que só falam com quem concordam? Falam e ouvem tudo, mas nem a um bom-dia ou boa-tarde respondem? Falta de cultura e inteligência não é com toda a certeza o digo. São pessoas que sabem ler e escrever, com cursos e cargos em grandes empresas e algumas até acompanham a política nacional, a regional e a concelhia. A idade pesa cada vez mais e sem se darem conta,
são dominados por atitudes impróprias, incompreensíveis e incorrectas na forma como se relacionam com quem fala e pensa diferente, deixam simplesmente de saudar e em vez de olhar olhos nos olhos, fixam o olhar nas pedras da calçada.
   E assim vai o debate político na nossa freguesia…comer e calar, porque se houver atrevimento de perguntar, discutir, combinar a constituição de uma lista de outra cor que não a cor laranja, alguém se encarregará de lançar a confusão e não descansarão até acabar com as ideias de outras pessoas.
                                                                              José Nunes Martins

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

MALCATA: A PORTA DA JUNTA É SERVENTIA DOS FREGUESES DE MALCATA

 


   











   Esta semana
houve sessão ordinária da Assembleia de Freguesia da nossa aldeia. Não estive presente mas costumo marcar presença sempre que posso.     Desta vez, soube da dita reunião muito em cima da data e também por “impedimentos” de assistência à família não deu para me deslocar de Matosinhos a Malcata.
   Podem não acreditar no que eu estou a pensar, mas tenho um feeling que  as cadeiras reservadas ao público só ocuparam espaço e nem sequer aqueceram.
   Dessa reunião da Assembleia de Freguesia de Malcata, realizada, supostamente, na Junta de Freguesia, sei o mesmo que os fregueses que residem na nossa aldeia: nada! Ora antes da reunião, já eu sabia que o pato nada…a pescada já o é, mesmo antes de ser pescada…e como todos os peixes, também nada!
   E eu que esperava que, desta vez, alguém da Junta de Freguesia viesse dar uma palavra de esperança e de conforto a todos os malcatenhos, sobretudo aos emigrantes, sobre a verdade das contas da festa deste ano…esclarecer o que é verdade e o que é mentira e que tem andado a ser empurrada e ignorada sem qualquer mostra de preocupação do nome da nossa freguesia estar a ser enxovalhado pela região como uma terra de “amigos do alheio” e que não sabem fazer contas certas...foi apenas um sonho meu, porque moro longe daí e tanto gostava de ler notícias vindas de longe! Sonho meu!
   Sei que há assuntos muito mais importantes para se debater nas assembleias. Mas com uma Ordem de Trabalhos tão abrangente, também se arranjam uns minutos para a assembleia se pronunciar sobre as festas da freguesia, em especial a deste ano, ou não? E como está a água da barragem, a ruptura dos tubos que conduzem a água até às bicas da fonte? E então o bardo lá prós baldios já se encheu de mé més ou o rebanho perdeu-se por falta de orientação? E que diz a Junta e a Assembleia sobre a consulta pública que está a decorrer de 21 deste mês de Setembro a 3 de Novembro? Já resolveram o problema das bombas que abastecem o depósito localizado à Rasa?
   Ah, lembro ao senhor Presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia e aos restantes membros da dita, para ler com atenção o Regimento da Assembleia de Freguesia, nomeadamente o Artº. 25º-1,  é que eu não entendo o que lá diz. Para mim faria muito mais sentido que, neste ponto 1 do referido artigo, estivesse dito que as Assembleias de Freguesia são reuniões de porta aberta, por isso são públicas e fixar que, nos termos do Regimento da Assembleia, um período para intervenção e esclarecimento ao público. Agora regimentar no sentido de depois de terminada a sessão, os membros poderem continuar a trocar ideias e mimos, sugestões e outras coisas...que o tivessem feito durante a sessão! Os cidadãos do público presentes na sala para intervir na reunião têm de o fazer no seu período reservado à Intervenção do Público.  E os membros da Assembleia como não gostam de ouvir o público antes deles falarem, aprovaram um regimento que os obriga a aguentar em silêncio e de boca calada assistir ao desenrolar da reunião, ficando sem compreender metade do que eles dizem porque alguns membros da Assembleia estão sentados de costas para o Zé Povinho e depois admiram-se que quem está nas cadeiras reservadas ao público, perca muitas vezes o fio à meada e como não pode interromper o orador, membro por direito e primeiro a falar...a vontade é levantar-se e pela calada sair da sala para apanhar ar porque preciso dele para viver mas passa bem sem aqueles que estava a tentar ouvir. Ainda não percebi a lógica deste regimento da assembleia de freguesia. Ter um período reservado ao público no fim da ordem de trabalhos, no meu entender, é quase um pedido para não aparecer nas reuniões. Posso ir, sentar-me e ninguém me pede para sair ou falar, o regimento não permite. Tenho que aguentar que todos os outros assuntos sejam apresentados, discutidos e votados. Já dá para perceber um pouco as causas que afastam o cidadão do poder local. O cidadão cansa-se de tanto tempo à espera e desinteressa-se, aborrece-se e por isso não nasceu para ficar tanto tempo mudo e calado.  Alterem o actual Regimento da Assembleia de Freguesia tendo em conta o Artigo 25º, ponto 1 e coloquem a Intervenção do Público no início das sessões. Com esta alteração e uma sensibilização pública na freguesia, convocando uma vez por ano a sessão da Assembleia de Freguesia para fora da Junta de Freguesia, com espaço para pessoas, cadeiras, instalação sonora, e uma Ordem de Trabalhos ambiciosa, até a juventude vai estar lá! E para que isto seja real, precisamos da boa vontade dos membros da assembleia de freguesia.
                                                           José Nunes Martins

domingo, 24 de setembro de 2023

MALCATA: AS TARDES DOS DOMINGOS



                                                            
  
    Lembro-me do tempo em que havia baile aos domingos. De manhã o povo ia rezar a missa e depois do jantar (almoço) os rapazes iam aparecendo ao Rossio. As moças ficavam por casa a acabar de lavar os pratos e panelas, a varrer a cozinha e sempre com os ouvidos atentos para ouvir a concertina do Carlos Coelho ou do Fernando Cego (era invisual e daí esta alcunha) anunciando que ia haver baile.
   Missa, jogo de cartas e baile eram as três coisas mais importantes que se faziam aos domingos à tarde na nossa aldeia. O Rossio e os namoros no baile ao som da concertina aconteciam à vista de toda a gente, em especial à vista das famílias dos dançantes. O baile era um momento romântico, aceitado pelas mães das raparigas como uma prova de carinho, de respeito, mesmo que o par controlasse os sentimentos e um aperto ou um beijo, o par continuava a sua dança.
   Algumas vezes havia rapazes a quem as raparigas respondiam que não queriam dançar com eles. Às vezes o rapaz ficava envergonhado pela recusa retirava-se e os amigos faziam mangação dele porque tinha acabado de levar uma “tampa”. E nalguns casos,
acabavam em zaragata, com murros e empurrões, copos e garrafas partidas em cabeças, alguns pontapés e a certa altura os agressores desapareciam para nunca mais serem vistos no baile daquele domingo.
   Vale a pena voltar a lembrar as tardes do domingo na aldeia, se vale!

                                                                 José Nunes Martins



quarta-feira, 20 de setembro de 2023

AOS QUE PARTIRAM E AOS QUE PARTEM DE MALCATA BUSCANDO A SORTE NOUTRAS PARAGENS

                                                     


                               


GENTE QUE AMA A SUA TERRA

   Vou dirigir-me aos malcatenhos emigrantes. A sua presença na aldeia durante a semana da festa verificamos que os emigrantes continuam a marcar presença e então no domingo da festa fazem questão de passar o dia na aldeia. Quem não vem à festa, segue o desenrolar da festa através da internet. Quem vem, já não é como nos primeiros anos, vêm de carro, de avião ou apanham lugar nas carrinhas de transporte de passageiros, conduzidas por conhecidos e que também são da mesma terra.
   São os emigrantes que fazem transbordar a aldeia. Muita animação, boa disposição, enchem os cafés, a Zona de Lazer e há filas nos minimercados. No dia de mercado, vão todos para o Sabugal e os feirantes vendem tudo o que têm. O mês de Agosto é o melhor mês para quem tem um negócio. As comissões de festas anseiam pela chegada dos emigrantes e de bom tempo.
   Na nossa aldeia cada família teve ou tem gente emigrante. Os mais idosos já gozam a sua reforma francesa, bem mais recheada que os que não foram para longe trabalhar. Há dias no café os três homens falavam sobre a importância que os emigrantes tiveram e têm no desenvolvimento do nosso país, em particular da nossa freguesia. Longe vão as partidas à pressa, pela calada da noite e um meio retrato no bolso. Iam a “salto” e quando chegassem a França, procuravam a pessoa que tinha na sua posse o outro meio retrato e juntando as duas partes a pessoa via que tudo estava certo. Tinha valido a pena tantos sacrifícios para chegar ao destino. Há casos de pessoas que não tiveram a mesma sorte, foram apanhadas pelas autoridades e se não foram presos, eram recambiados para o buraco onde nasceram. Muitos emigrantes fugiam da guerra que Portugal estava a levar a cabo na África. Ou quem se casava, não conseguia enriquecer mesmo que trabalhassem de sol a sol. Tinham que sair da terra e procurar nas grandes cidades do país, indo a maioria para o estrangeiro em busca de uma vida melhor, onde pudessem ganhar dinheiro e mandá-lo para os bancos em Portugal. Os emigrantes dos anos 50, 60 e 70, tinham poucos estudos ou mesmo nenhuns. Uma das maiores dificuldades foi o não entender a língua francesa, depois também nem sonhavam como era a casa onde iam morar e com que companhia a partilhavam. Mas a razão que os levou a chegar à França, foi tão forte que aguentaram tudo. E foi focados nessa “vida melhor” para a família, aumentavam as possibilidades de oferecer educação aos filhos, construir uma casa e viver a vida sem depender das saias dos pais, que tantos decidiram emigrar.
   É para estes malcatenhos que vai a minha homenagem, o meu sincero abraço e mesmo que hoje tudo seja diferente para melhor, venham mais vezes à aldeia, fiquem por aqui mais uns dias porque quem vive na aldeia, gosta da vossa presença e do vosso
interesse pelas tradições e costumes da terra.
   Termino com um pedido feito em nome dos bons conterrâneos: rezem a Oração de São Francisco, também conhecida pela Oração da Paz…que lembra:

              Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa Paz.
              Onde houver ódio, que eu leve o amor.
              Onde houver discórdia, que eu leve a união.
              Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
              Onde houver erro, que eu leve a verdade.
              Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
              Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
              Onde houver trevas, que eu leve a luz.

                                   Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
                                   consolar, que ser consolado;
                                   compreender, que ser compreendido;
                                   amar, que ser amado.
                                   Pois é dando que se recebe.
                                   É perdoando que se é perdoado.
                                   E é morrendo que se vive para a vida
                                   eterna. Amén!


         Porque uma aldeia e um povo é muito mais que uma festa!

                                                 José Nunes Martins


                                                                                           

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

MALCATA PRECISA DE LIMPAR O QUE ESTA SUJO

 

   Espero que esta minha carta vos chegue à caixa do vosso correio cerebral. Eu fico bem, graças a Deus. Tenho a necessidade de desabafar convosco e espero ajudar a interpretar os acontecimentos que se passaram durante o mês de Agosto na nossa aldeia. Então lá vai:

   Muitas vezes quando uma festa corre mal, o povo procura encontrar uma espécie de válvula de escape para acabar com a insatisfação do povo. Noutras épocas e noutras terras o pau servia de arma de arremesso e varriam os impuros da sua terra. Mas para isso acontecer havia que primeiro encontrar o tal “bode”.
   É um pouco assim que eu descrevo o que se tem passado na aldeia onde nasci. Será que assim se consegue perceber as contas da festa? É um mordomo culpado de tudo?
Sim e a mordoma e o povo. E porquê o povo? E eu expondo: porquê a mordoma?
   Hoje estamos a acusar uma pessoa, amanhã estaremos a acusar outras pessoas, porque tem de haver sempre quem deve ser culpado de não ter chegado o dinheiro para pagar as despesas da festa. Encontrado o “bode expiatório” há que o condenar e depressa, não pode continuar sem castigo. E pensamos nós que se não for assim, mais aumenta a insatisfação e mais vingança pedimos. E com tanto ruído, acabamos a compreender mal o que se está a passar e ainda contribuímos para abrir mais a ferida, esquecendo-nos de que cada um de nós também tem a sua quota-parte da culpa e do estado a que se chegou. O mordomo que todos querem encontrar frente a frente acaba por ser o único que praticou os crimes, os abusos, os acordos com os fornecedores de bebidas, de espectáculos, de receber ofertas e deitá-las no mesmo saco preto e opaco.
Todos nós nos transformamos em juízes e rimos à farta uns com os outros daquele mordomo que já não tem uma casa na aldeia para se esconder e cheio de medo desaparece para longe da vista porque quer continuar a viver.
   É difícil provar a inocência e quanto mais tempo demorar a explicar, mais culpa as pessoas lhe atribuem. Eu interrogo-me porque deixaram o maquinista continuar a levar o comboio sozinho até esbarrar na última estação? Durante a viagem ainda alguns se mostraram insatisfeitos e na ausência de mudanças da linha, avisaram o maquinista que se ia esbarrar na última estação, mas a fé e o saber fazer, convenceu o maquinista que conseguia chegar ao destino e depois, direitinho para férias…Não foi assim que aconteceu e ainda hoje se desconhecem os verdadeiros motivos de faltar tanto dinheiro para pagar as contas da festa que bastava entrar o valor que havia a receber e pagavam a festa, porque a partir daí, seria só lucro. Estas foram as palavras que me lembro, de ter lido em Abril deste ano na página Mordomos 2023.
   E agora como vai a freguesia lavar a cara?
                                                        José Nunes Martins