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3.3.24

MALCATA: AS TRADIÇÕES NA QUARESMA

 


   Estamos na Quaresma, tempo que antecede a celebração da Páscoa.
   São 40 dias de jejum e penitência que os cristãos iniciam na Quarta-Feira de Cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa.
   Durante a Quaresma era proibido realizar bailes e outras actividades que provocassem muito barulho, quem não respeitava estes preceitos, estava a pecar, era apontado como pecador e se não parasse, o seu destino final estava traçado, ia para o inferno ou purgatório. Para o céu estava fora de questão…
   Eu ainda gostava de compreender como viviam a Quaresma antigamente. Há na nossa aldeia gente que se recorda dos costumes nesta quadra carregada de enorme paixão, dor e sofrimento. O que vos marcou mais? Têm saudades desses dias e dias de jejum, só a pão e água? Antigamente, durante a Quaresma, a minha mãe pedia para ir às cruzes, rezar as 14 Estações da Via Sacra. Para mim o ter que ouvir por 14 vezes, o mesmo rosário, numa igreja escura e iluminada só com as luzes das velas de cera, as pessoas vestidas da cabeça aos pés, com roupas negras, lenços pretos nas cabeças, xailes pretos pelas costas, dava mais para chorar que rezar…
   Dos tempos, em que a nossa aldeia pertencia ao Concelho de Sortelha, já não há quem possa testemunhar como passava a Quaresma. Talvez as rezas e orações passassem de geração em geração e é certo que em Malcata, como na maioria das outras terras, a Quaresma celebrava-se mais ou menos da mesma maneira. Seria bom que alguém partilhasse aqui as suas “Quaresmas”, os rituais em que ainda participaram. Não só os costumes e rituais religiosos, mas também os outros costumes, como não podia realizar-se o baile ao Rossio, alguma coisa faziam para passar o tempo!
   Alguém se lembra como era a encomendação das almas? Quem podia ir?
   E que cerimónias mais ficavam marcadas?
   Já quanto aos párocos (senhor prior) do Padre José Miguel não tenho qualquer memória. Seguiu-se o Pe. Lourenço que acompanhei até falecer, pois paroquiou
a paróquia de São Barnabé de Malcata durante a minha infância e juventude, tenho recordações dos rituais quaresmais e outros. Uma tradição muito enraizada nas paróquias do Norte do país e que nunca presenciei em Malcata, foi a Visita Pascal.
   Mesmo depois de terem passado muitos anos, mesmo que o que se faz hoje já nada tem a ver com as tradições antigas, mesmo assim, seria bom reunir estas coisas e tradições, que durante muitos anos foi o orgulho dos nossos antepassados, dos nossos avós e pais. É que se não se fizer nada, lá se vão as tradições para o cemitério e daqui a alguns anos já ninguém se lembra de nada disto. Há coisas que importa preservar, mesmo que seja para arquivo e memória futura, pois devemos continuar a guardar o legado que nos foi transmitido.





 

2.2.24

MALCATA, QUE TE ESTÁ A ACONTECER?

 




                            M 1937 - Fonte das duas bicas ( Torrinha) na aldeia de Malcata há 87 anos


                                                                                  ++++++++++


      Na praça principal da freguesia existe a melhor fonte de água da aldeia. É paragem obrigatória para quem visita a terra e para os que nela vivem. Durante muitos anos foi considerada a fonte dos namoros, dos encontros ao fim do dia para encher os cântaros e as bilhas de barro. O seu aspecto foi sofrendo pequenos remendos e poucos benefícios teve desde 1937 aos nossos dias de hoje. Todos os melhoramentos que ali foram feitos não trouxeram mais fama à fonte. Sim foi importante terem substituído os antigos canos por outros novos. E sim, têm sido importantes as pequenas obras na manutenção da fonte e dos tanques, assim lá se vai mantendo a coisa a funcionar. Sejamos francos e sinceros quando falarmos da fonte da Torrinha, nome que mais é conhecida dos malcatenhos. É que quando olho para esta fonte fico um pouco nostálgico e triste. O seu aspecto actual contrasta bem com o que via há uns anos, quando ali toda a gente ia encher os cântaros de água para consumir em casa. A água nessa altura saía bem mais viva, as duas bicas tinham a sua graça mesmo com toda a simplicidade dos canos. Toda a gente bebia daquela água com toda a confiança e certeza que ficava saciada e bem alimentada, sem receio algum de “passar pelas passas do Algarve” ou soltar o desabafo “que mal fiz eu a Deus, se só bebi água da fonte”! Apesar desses indesejados sintomas de mal-estar e desarranjo intestinal se vem verificando nos meses de mais calor, muitas são as pessoas que continuam a consumir da água desta fonte. E muita gente continua a dizer que aquela água mata a sede a quantos dela beberem, seja Inverno ou Verão, mas eu já não acredito nessa verdade porque o mal-estar é muito difícil de aguentar.

   Tenho pena que nestes últimos anos se repitam perturbações  e outros sintomas graves por que sentem as pessoas logo após dois ou três dias de permanência na aldeia, sendo os meses de Verão as épocas de maior número dos casos deste tipo de ocorrências. E embora não haja provas concretas da origem do mal-estar das pessoas, muitos apontam sem duvidar, que se sentiram pessimamente depois de ingerir a água da fonte das duas bicas na Praça da Torrinha.
   Todos ou quase todos nos lembramos da ocupação do solo no lugar das Eiras, onde até há poucas décadas, eram solos exclusivamente agrícolas, sem qualquer casa de habitação. E também não me lembro da existência de avisos a informar que a água se encontrava imprópria para consumo humano!
   Hoje a nascente que fornece a água à fonte das bicas está envolta de muitas habitações e a ocupação do solo está alterada. A povoação cresceu à volta da mina das Eiras e nunca ninguém se preocupou com o futuro e da qualidade das águas subterrâneas, mesmo sabendo toda a gente e as autarquias da necessidade de se cuidar da água.
   Já lá vão 87 anos e a fonte lá continua, graças à influência e determinação das pessoas como o senhor António Nita, pessoa importante e que depois de viver fora da terra a ela regressou e presidiu à Junta de Freguesia, com coragem e persistência conseguiu obter os  gratuita, sem taxas escondidas. Infelizmente ele e outros como ele já partiram e eu interrogo-me: Malcata, que te está a acontecer?
   Sei que esta gente de antigamente eram notáveis e influentes. O que não entendo é porque os que estão no presente não conseguem suster e manter o legado que nos deixaram e, aos poucos a freguesia vai sendo privada de tudo o que resta de útil às pessoas que nela vivem.
   Enfim, oxalá que o futuro comece a ser menos ingrato para os mais novos e despertem a tempo de lembrar aos autarcas as promessas feitas quando precisaram de ser eleitos.

    Seguem-se umas imagens da Fonte das Bicas/Torrinha ao longo do tempo:

    

  


Sempre se fez assim e nunca se perguntam da razão deste procedimento, 
nem há vontade de experimentar outras soluções para obter resultados diferentes!



Um legado com 87 anos que merecia ser mais cuidado.





14.10.23

CEGOS, SURDOS E MUDOS

 






   A aldeia de Malcata à medida que cresceu as casas foram-se espalhando por cabeços, moitas, tapadas e barreirinhas? Se virmos a aldeia do alto ficamos com essa sensação. As pessoas quando se casavam, procuravam arranjar casa. Os primeiros habitantes começaram por ocupar os espaços mais próximos uns dos outros e com o crescimento do número de pessoas, as ruas começaram a ligar-se umas às outras, mantendo o nome que já lhes chamavam a esses sítios. A rua da Ladeirinha, rua da Moita, rua do Cabeço, Rua da Barreirinha, Rua da Tapadinha, Rua do Carvalhão. Todos estes nomes são os próprios topónimos pelos quais o povo os conheceu e conhece hoje? Tudo leva a crer que assim foi e manteve-se durante muitos anos.
   Geralmente as igrejas das aldeias portuguesas desenvolvem-se em volta da Igreja Paroquial ou alguma capela. No caso da aldeia de Malcata isso não aconteceu e continua a não aumentar a edificação à volta da igreja Matriz, nomeadamente nos terrenos que se situam atrás da sacristia. Eu só encontro uma explicação para esta singularidade da nossa aldeia, que muito cresceu e em contraposição aos costumes das outras terras, não se constrói nos campos que estão ali ao lado. Esses terrenos, chãos e lameiros, eram de boa terra para a agricultura e para o pasto dos animais. Por ali me lembro de ver bons campos de batatas, de milho, de centeio e verdejantes pastagens, lameiros como lhe chamamos na nossa aldeia. Esta característica relacionada com a qualidade das terras e o tipo de ocupação, terá sido tão forte que ninguém ousou construir por ali uma casa para morar? É uma particularidade que se pode constatar quando por ali alguém passar, à esquerda e à direita um vale extenso e plano, subdividido em campos delimitados por muros e arvoredo.
   Outra estranheza e particularidade da malha urbana da nossa aldeia e no que respeita ao nome das ruas, estranhamente, não existe uma rua com o nome de rua da igreja ou rua do cemitério. Mais um motivo para pesquisar as ruas da aldeia, que infelizmente,
a cada ano que passa, aumenta o número de casas vazias, acabando por ir caindo aos poucos. Algumas já foram recuperadas e outras ainda estão a ser.
   Aqui há que fazer uma pausa e perguntar se aquilo que não vemos ou não ouvimos falar não existe? Muitos dos habitantes da aldeia passam todos, ou quase todos os dias, numa determinada rua ou beco. Caminham lestos ou devagar e só olham para a frente e nada de distrações. Eu sempre que caminho pelas mesmas ruas e becos, olho em todas as direcções e por vezes, vejo cada fenómeno!  Desde mamarrachos, telhados que já não abrigam nada, paredes “grávidas” e outras sem barro e com pedras soltas, uma casa vazia, com portas e janelas entreabertas e a cair de podridão, muros de cimento colados às paredes de pedra de xisto, outros muros pequenos, que não descansaram até se encostar às pedras de granito trabalhado e que passaram de elemento principal a pedras vulgares, sem importância nenhuma, esquecendo que antes do muro e do cimento, já elas, as pedras, embelezaram o sítio. Quem as abandonou e as despromoveu continua a não se interessar por lhes dar uso, devolvendo a importância e o respeito que elas merecem e o património comum exige.
   Acreditem, se houvesse o prometido orçamento participativo, uma das ideias que eu sugeria seria a compra de alguns pares de óculos para os autarcas da nossa freguesia e fazer aprovar uma regra de obrigatoriedade do uso desses óculos, no mínimo, uma vez por mês, quando o trio fazia a verificação atenta do estado da coisa comum em Malcata.
   PS: Esta é uma opinião pessoal. Qualquer situação aqui retratada é pura imaginação minha e se alguém pensar que lhe diz respeito, é uma simples coincidência.

                                                     José Nunes Martins
                   

 

 

 

      

 

 

 

 

 

 

27.4.23

TARDA MAS LÁ SE VAI ANDANDO

Um ar de bem cuidar do património


   
 

   A Junta de Freguesia de Malcata procedeu recentemente à limpeza e pintura da Fonte Velha. Há bastante tempo que aquele local se encontrava num estado deplorável. Tardou, mas chegou aquele embelezamento tão simples, mas que faz toda a diferença. Cumpre, assim, com o seu dever e responsabilidade de cuidar e reparar o património da freguesia. Que esta acção demonstrativa do respeito pela coisa pública, sirva de exemplo e seja o início de outras obras de valorização do património histórico e cultural da freguesia. Esperemos que, em breve, outros locais também recuperem a sua dignidade e sejam parte da harmonia da paisagem da nossa aldeia.
                                                                                 José Nunes Martins

16.2.23

CUIDAR DO PATRIMÓNIO DE MALCATA

Um património bem cuidado e respeitado
pela Junta de Freguesia de então.

        

   Quando é que a Junta de Freguesia olha para o património que existe na aldeia com mais cuidado e dignidade? Já nos esquecemos que este local esteve bem cuidado e as obras que a então Junta de Freguesia ali realizou e perante a situação que hoje existe, não tem termo de comparação. Olhando para as imagens não há mais nada a dizer. O que era aquele lugar e o estado em que está hoje, é mau para ser verdade, mas é assim que se encontra. Que justificação terá a Junta de Freguesia para ter esquecido a fonte velha? Há anos que aquelas paredes não são restauradas! Quando é que olham para o legado que lhes foi entregue para ser bem cuidado?

Estado em que hoje se encontra dá pena.
E isto já dura há tempo demais!
                                             
                                                                               José Martins





31.8.22

SE É BOM É PARA SE VER E CONHECER

    

   
Promessas levadas pelos ventos. Pergunto mas ninguém me diz...

 

   O mês que muitos de nós gostamos está a acabar. Termina a época dedicada às festas populares e as aldeias vão voltar ao seu ritmo normal de vida.
   A festa do mês de Agosto, no segundo domingo, é a festa grande, é a festa que a maioria dos malcatenhos gostam de marcar presença. Lembro-me da alvorada logo de manhã cedo e que me fazia saltar da cama. Chegada a banda da música, as crianças corriam até ao cimo da estrada e acompanhavam os músicos pelas ruas da aldeia e de vez enquando, desapareciam a correr tapadas abaixo e acima à procura das canas dos foguetes. Voltavam a juntar-se ao desfile da banda exibindo com cara de vencedores a molhada de canas. Terminada a volta às casas dos mordomos e à aldeia, a banda mantinha-se em descanso até à hora da procissão com os santos nos andores e seguido de missa cantada por alguns elementos da “música” e acompanhadas as vozes com alguns instrumentos musicais tocados pelos músicos.
   Pois a festa já foi e consequentemente acabou também a enchente de gente nos locais mais emblemáticos da nossa terra. Este ano, ainda por causa da pandemia que nos atacou a todos, houve festa, um pouco mais contida e menos dias de folia, graças aos mordomos e aos muitos voluntários malcatenhos, tudo correu bem. Foi importante o apoio oferecido pela Junta de Freguesia durante a preparação do recinto da festa e dos eventos realizados na Praça do Rossio, que vieram engrandecer e dignificar os festejos: apresentação do livro “A Borboleta Que Não Tinha Nome”, da autoria de uma nossa conterrânea, enfermeira Manuela Vidal, tendo aceitado o convite feito pela Junta de Freguesia para este evento; também a realização da Feira de produtos artesanais animou durante duas noites o arraial.
  Lamentavelmente alguns dos locais de interesse na freguesia, partes importantes do património público, mantiveram-se encerrados ao público todo o Verão. Existem só que não são utilizados nem os damos a conhecer a quem nos visita e gostava de usufruir. Por exemplo, a Torre do Relógio, o Forno Comunitário, o Moinho, a albufeira da barragem é mais do que a Zona de Lazer e uma estrutura que flutuava na água, que deixou de atrair os banhistas que se habituaram a vê-la em pleno serviço de apoio aquele magnífico recanto de lazer. Para desgraça dos malcatenhos, as belezas naturais são desaproveitadas e por falta de ambição da nossa comunidade e falta de visão, a longo prazo, dos responsáveis do poder local, estamos como estamos porque assim aceitam que deve Malcata estar. Um céu muito negro e carregado de incertezas costuma ser revelador de maus dias...afastamento e reorientação de rumo apoiado na experiência e no conhecimento, se Malcata quer chegar a um porto seguro.
   A festa do mês de Agosto, no segundo domingo, é a festa grande, é a festa que a maioria dos malcatenhos gostam de marcar presença. Lembro-me da alvorada logo de manhã cedo e que me fazia saltar da cama. Chegada a banda da música, as crianças corriam até ao cimo da estrada e acompanhavam os músicos pelas ruas da aldeia e de vez enquando, desapareciam a correr tapadas abaixo e acima à procura das canas dos foguetes. Voltavam a juntar-se ao desfile da banda exibindo com cara de vencedores a molhada de canas. Terminada a volta às casas dos mordomos e à aldeia, a banda mantinha-se em descanso até à hora da procissão com os santos nos andores e seguido de missa cantada por alguns elementos da “música” e acompanhadas as vozes com alguns instrumentos musicais tocados pelos músicos.
   Pois a festa já foi e consequentemente acabou também a enchente de gente nos locais mais emblemáticos da nossa terra. Este ano, ainda por causa da pandemia que nos atacou a todos, houve festa, um pouco mais contida e menos dias de folia, graças aos mordomos e aos muitos voluntários malcatenhos, tudo correu bem. Foi importante o apoio oferecido pela Junta de Freguesia durante a preparação do recinto da festa e dos eventos realizados na Praça do Rossio, que vieram engrandecer e dignificar os festejos: apresentação do livro “A Borboleta Que Não Tinha Nome”, da autoria de uma nossa conterrânea, enfermeira Manuela Vidal, tendo aceitado o convite feito pela Junta de Freguesia para este evento; também a realização da Feira de produtos artesanais animou durante duas noites o arraial.
  Lamentavelmente alguns dos locais de interesse na freguesia, partes importantes do património público, mantiveram-se encerrados ao público todo o Verão. Existem só que não são utilizados nem os damos a conhecer a quem nos visita e gostava de usufruir. Por exemplo, a Torre do Relógio, o Forno Comunitário, o Moinho, a albufeira da barragem é mais do que a Zona de Lazer e uma estrutura que flutuava na água, que deixou de atrair os banhistas que se habituaram a vê-la em pleno serviço de apoio aquele magnífico recanto de lazer. Para desgraça dos malcatenhos, as belezas naturais são desaproveitadas e por falta de ambição da nossa comunidade e falta de visão, a longo prazo, dos responsáveis do poder local, estamos como estamos porque assim aceitam que deve Malcata estar. Um céu muito negro e carregado de incertezas costuma ser revelador de maus dias...afastamento e reorientação de rumo apoiado na experiência e no conhecimento, se Malcata quer chegar a um porto seguro.

                                                                 José Nunes Martins

13.10.21

É PRECISO CUIDAR DO PATRIMÓNIO

Cuidar é preciso

    

   A fonte-velha, é em certa medida, o exemplo concreto do desmazelo e abandono a que foi votada durante os últimos executivos de Junta, antes e depois de 2017.
   É certo que a água desta fonte há muito que só tem servido para regar os campos e as hortas e cada vez são menos os agricultores, mas sempre teve muita importância e como tal faz parte da história da nossa aldeia, uma memória colectiva que importa preservar.
   E como diria alguém, ainda sou do tempo em que diariamente se despejava a presa e muitas famílias dali levavam a água para dar a beber aos animais da loja, porque nesse tempo ainda não havia a rede de distribuição de água ao domicílio.
   Os tempo mudaram e os costumes também. Mas isso não explica o estado em que se encontra aquele lugar, pois sendo público, a autarquia tem a missão de zelar com limpeza e uma manutenção regular. É que nem sequer na altura das obras realizadas na Fonte de Mergulho, foram capazes de se interessar pelo embelezamento daquele espaço. Enfim, uma situação triste e que apenas vem dar razão aos que em surdina me dizem que a junta de freguesia não faz e pouco cuida do que já está feito.
   Com a tomada de posse da Assembleia de Freguesia, espero que se abra um novo ciclo, onde se exige mais respeito pelas coisas da comunidade. E há tanto para cuidar e arranjar!
                                           José Nunes Martins
                                           
              (Josnumar)

19.6.20

EM DEFESA DO PATRIMÓNIO DA FREGUESIA DE MALCATA

Abriu-se a caixa de pandora...o monumento
é património público!
       



Um Sim e um não

                                                       


Na ASA é o sítio certo
                                                 
   As imagens também falam e revelam o que os olhares viram no dia em que cheguei à nossa aldeia.
   Na Praça do Rossio ( Torrinha ), cada ano que passa aparece mais uma borrada na paisagem e no património. Quando é que isto termina? Há no ar demasiados fios e cabos, uns esticados, outros enrolados e pendurados em postes, caixa de telefone solta, placas informativas danificadas, um monumento engalanado com antenas, cabos eléctricos, uma porta que raramente abre e fecha, mas serve de painel informativo e nela são expostos avisos, cartazes de convívios, de diversos eventos e até editais oficiais das autarquias locais. Incompreensível porque ao lado, a Junta de Freguesia tem à disposição o seu quadro preparado para afixar toda a informação que pretenda e considere importante divulgar aos cidadãos. E eu próprio me penitencio, no que se refere á colagem de cartazes na porta do monumento, pois tenho seguido os maus hábitos das outras instituições. Penso que chegou o momento de acabar com esta forma de olhar para o nosso património, a começar pela Torre do Relógio. Cartazes naquela porta, eu não vou colar. Sugiro à Junta de Freguesia que tome posição clara e democrática em relação à importância que tem o património da freguesia e aos cuidados que todos os cidadãos e visitantes devem ter em conta quando circulam pela povoação. Aquela ideia do cartaz com o mapa da freguesia até é boa. O sítio onde o cartaz foi recolocado já é uma péssima opção, por se tratar da torre do relógio, por aquele mapa mencionar os pontos de interesse do empresário. E se amanhã mais dois ou três empresários da freguesia elaborassem também um cartaz e decidissem também usar as paredes daquele monumento? Entendem o perigo e onde isto pode chegar?
   Vou deixar mais uma sugestão dirigida à Junta de Freguesia: elaboração de um mapa da freguesia, com estes elementos principais: ruas e bêcos, monumentos públicos, áreas públicas, negócios existentes na freguesia e outros serviços, instituições...e procurar um local à entrada da freguesia para a sua colocação, instalando outros espalhados pela povoação ( mapa informativo de um lado e do outro lado, painel para colocação de outras actividades e eventos ).
   Tenhamos todos presentes que nós, os humanos, um dia morreremos e as instituições, monumentos...ficam, quando bem cuidados!
                                                                                                      José Nunes Martins

17.6.20

AS PLACAS E UM CÓDIGO QR DESLIGADO

                                       
                                                 

   A Junta de Freguesia de Malcata instalou um conjunto de placas informativas junto aos principais edifícios da aldeia. O objectivo é servirem de orientação para as pessoas que visitam a freguesia, valorizando o património existente, pois era uma necessidade detectada há bastante tempo. Como já se devem ter apercebido, colocaram uma placa junto à porta do Forno Comunitário, ao lado da Fonte da Torrinha e da Fonte Velha, outra ali ao Calvário, na Rua da Ladeirinha, no adro da Igreja e na Capela de São Domingos, ao lado do Cruzeiro ali existente desde os tempos do padre Miguel. Em cada placa as pessoas podem ler uma breve descrição do monumento ou lugar e está disponível em quatro línguas: português, francês, inglês e espanhol. A esta breve descrição, o visitante também pode ligar à página oficial da Junta de Freguesia disponibilizada na internet. Basta que utilize o telemóvel e apontar a máquina de fotos para o Código QR inserido nas placas e seguir as indicações dadas. Não sei se me esqueci de referir alguma das placas que foram espalhadas por toda a aldeia.
   Sem dúvida que a Junta de Freguesia deu a entender que há necessidade de oferecer mais informação a quem nos visita. Estas placas tiveram um custo e são para alargar a informação, dignificar e valorizar o património da freguesia. Até aqui, estamos de acordo. O trabalho já está terminado? Para que serve o Código QR se depois não consigo a ligação à página da Junta de Freguesia? Há que concluir o que ainda não está feito e devia estar. Outra acção a desenvolver é informar a população residente na freguesia a utilidade destas placas e porque as colocaram onde estão e não noutros lugares, bem como chamar Fonte das Bicas e não Fonte da Torrinha, como vulgarmente ela é mais conhecida no povo.
   Já agora, que estamos a falar sobre placas, o que pensa a Junta de Freguesia fazer em relação às restantes placas informativas existentes na freguesia, algumas apresentam erros ortográficos e riscos, outras com informação e indicação de serviços que já não existem, outras a precisar de reescrever as palavras que entretanto descolaram e voaram com o vento? Para além do aspecto de desleixo e desactualização, transmite uma imagem negativa da freguesia no seu interesse pela conservação e preservação da freguesia.
            Dois bons exemplos de valorização do património da freguesia e respeitando
   a cultura popular dos malcatenhos que nos legaram estes nomes e estes lugares.
           

                                                                                                                     
   

1.3.20

O EMBELEZAMENTO DUMA ALDEIA TAMBÉM SE FAZ COM PEQUENAS CONTRIBUIÇÕES

Uma obra simples e barata mas valorativa
para o embelezamento da aldeia
 
   Sempre que venho a Malcata, gosto de percorrer as ruas para observar, conhecer e perceber algumas alterações na paisagem. Ainda vou encontrando pessoas preocupadas pela sua aldeia, pelo seu lugar e pelo respeito dos moradores no que respeita ao embelezamento da aldeia.
   Hoje trago ao conhecimento de todos uma obra simples, barata e bem valorativa em termos de contribuição para o embelezamento da nossa aldeia.
                                                                                                        José Nunes Martins

14.11.19

O ESTADO DAS COISAS

 
        Parque de Merendas de São Domingos-Malcata
                                                                 


    
Ao longo dos anos venho dizendo muitas coisas sobre a nossa aldeia, o nosso concelho e, por diversas vezes, alertar para uma realidade que tem contribuído para a descaracterização da aldeia, nomeadamente no que diz respeito ao património edificado, ao património público e ao património imaterial.
   Malcata, no tempo em que os emigrantes iam para França ganhar dinheiro e deixavam os filhos por causa da escola, era uma aldeia cheia de crianças e juventude. Os primeiros que abalaram e por lá andaram a trabalhar e muitas vezes a comer o pão que o diabo amassou, acabaram por regressar e aqui têm vivido os seus dias à custa da “retrete” vinda de França. O mesmo já não aconteceu com os filhos desses emigrantes. Aqueles que partiram depois dos seus pais ou aqueles que já nasceram em território francês, só no tempo das férias é que vêm a Malcata. Durante o ano a maioria dos residentes na aldeia são pessoas envelhecidas, que passam os dias no Lar ou nas suas casas. Com a ausência dos garotos e raparigas, encerraram a creche e a escola primária. Construiu-se o lar com Centro de Dia, Apoio Domiciliário e Estrutura Residencial Permanente. Ou seja, aumentou-se a capacidade do lar e também se aumentou a área do cemitério. Neste momento os dois edifícios das escolas primárias estão cedidas a associações e Junta de Freguesia. Bem, com esta decisão ambos os edifícios estão em boas condições de conservação. Entretanto, a maior parte das casas abandonadas, como são os antigos palheiros e aquelas casas cujos donos já faleceram e os herdeiros ainda não fizeram as partilhas do património, muitas delas já caíram ou estão a cair aos poucos e poucos. Tanta casa vazia, sem alma humana no seu interior, transformou as ruas numas calçadas ruidosas e assustadoras porque ouvimos os nossos próprios pés a pisar o chão porque caminhamos sós e com pressa de chegar ao destino.
   É visível ao nosso olhar o enorme desleixo e desinteresse pelo património edificado, tanto o particular como o público. Os particulares empurram a responsabilidade para a junta de Freguesia e nela depositam o poder de intervir, muitas vezes sem recurso ao bom senso comum, passando a ter em conta os interesses dos que votaram a favor, deixando os outros fora das preferências. Com estes procedimentos acabamos por viver na mesma freguesia, mas em dois grupos: o grupo a favor da coisa e o grupo do contra a coisa. 
   Hoje até aquelas coisas que sempre todos se interessavam por preservar, manter asseadas e esmeradas, estão a ficar abandonadas, cheias de mato ao redor, placas de identificação destruídas e a apodrecer no chão, ali estão esquecidas, mas à mostra de quem ali passa. Muito se prometeu e nada ou pouco se vê de animador. Em tempos, quando para além das quatro paredes pintadas de branco e a porta de azul e espreitava lá para dentro através daquela janelinha, via que ali permaneciam os guardiões junto ao altar. Nesses tempos passados e em sinal de respeito, os homens tiravam o chapéu ou a gorra que voltavam a pôr na cabeça continuando o seu caminho. Falo-vos da Capela de São Domingos e do Parque de Merendas. A capela é património religioso, logo está fora da gestão política. Mas o Parque de Merendas é da responsabilidade política e carece de mais cuidado, mais interesse pela sua limpeza e estruturas de apoio para poder ser um local de lazer e fruição dum verdadeiro Parque de Merendas.
                                                                                                       
                                                                                                                 
José Nunes Martins

14.8.19

A IMPORTÂNCIA DO PATRIMÓNIO EDIFICADO DE MALCATA


 


  
A fachada de uma casa é um pouco a imagem que o proprietário quer fazer passar a quem olha de fora. Eu penso e é apenas a minha opinião, que quando uma casa de habitação tem uma fachada bonita, optaria pela construção de muros que valorizassem e mostrassem ainda mais a fachada da minha casa. Estou a pensar na colocação de grades, vidros, pedra igual aquela com que revesti as paredes da casa e num jardim simples.
   Para mim a parte frontal da casa é a principal, é aquela parte que todos vêem e que nos transmite o que podemos encontrar por dentro, ou simplesmente, aquela fachada de mau gosto que por muito dispendiosa que ela tenha sido, é apenas uma fachada.
   Lembro-me de olhar para aquela casa reconstruida, sem muro de cimento pintado de branco. Gostava muito das escadas e das grades em ferro pintado naquele tom verde-escuro. Quando ali passava, aquela casa destacava-se das outras porque podia ver a beleza da pedra de xisto combinada com a pedra de granito. Agora está tudo escondido e dá dó olhar para aquele lado da rua. Ainda não compreendi como foi possível tamanho desrespeito pela harmonia e beleza alcançada com as obras anteriores. Lá diz o povo que no "melhor pano pode cair a nódoa!"
                                                                          José Nunes Martins

1.8.19

PEDRA COM HISTÓRIAS PARA CONTAR

  

   A fotografia mostra-nos uma pedra. É de granito, tem a forma de um cubo e para além de ter uma cova, que me parece não ser obra do acaso, tem nas faces um conjunto de letras que até hoje não consegui decifrar.
   Pela curiosidade que me despertou, para além do sítio onde ela se encontra, esta de estar gravada e com uma cova, que pela sua configuração, tudo indica que já serviu para apoio de qualquer coisa ali encaixada e dado o peso da pedra, permitia segurar bem, por exemplo, um barrote de madeira na vertical.
   Ao observar esta pedra, penso tratar-se de uma pedra com uso e desempenhou uma função de alguma importância e com certeza tem que ter história. Talvez o seu elevado peso tenha contribuído para que lá continue e ninguém lhe dê valor ou se preocupe em guardar aquele pedação de cantaria. Por isso, apelo à Junta de Freguesia o favor de recolher aquela pedra, para a preservar e protegendo-a de um possível roubo ou simplesmente ser destruída aos poucos. Uma pedra como esta não deve e não pode continuar naquele espaço que funciona como lugar de espera das camionetas, é que mesmo para servir de banco, a sua dureza e rugosidade não convida a pessoa a nela sentar as nádegas. Mesmo sendo apenas uma pedra, aquela pedra não podemos relega-la ao seu esquecimento.
                                                        José Nunes Martins