A História faz
parte da identidade do nosso território, da nossa identidade. Os factos que
aconteceram não se podem apagar. A única coisa que podemos apagar diz respeito
ao nome das coisas, ou seja, o nome pelo qual as conhecemos.
Há uma década, na Assembleia de
Freguesia de Malcata foi aprovada uma proposta que alterava o nome de duas ruas
da nossa aldeia: Rua de Baixo e Bêco da Corela. A dita proposta foi enviada
para a Comissão de Toponímia Municipal do Concelho do Sabugal que após uma
análise ao assunto, foi rejeitada.
O assunto morreu ali e nunca mais se
ouviu falar dessas coisas de mudar-lhes o nome.
As ruas continuam na nossa freguesia
estão a precisar de mais atenção, designadamente as placas toponímicas. Ao
contrário do que se pode pensar, as placas
das ruas têm muita importância na organização da freguesia. E na nossa aldeia é
urgente fazer uma revisão séria a todas estas coisas ligadas à toponímia.
A freguesia cresceu, mudou o seu
aspecto, surgiram novas ruas, novas casas e houve benefícios em algumas dessas
ruas. É triste viver numa rua sem a placa com o seu nome, afixada no início e
no fim da via. Quem tem competência
para aprovar o nome de uma rua, de uma praça ou largo em Malcata é a Comissão
Municipal de Toponímia do Concelho do Sabugal. Esta comissão foi criada para
apreciar as propostas que lhe forem apresentadas. Depois de analisada a
proposta e tomada uma decisão, enviam essa mesma proposta para a Câmara
Municipal do Sabugal a fim desta poder deliberar e decidir o que fazer. A
Comissão de Toponímia é constituída por pessoas com conhecimentos alargados,
com memórias sobre o território do Sabugal e que se reúnem para reflectir sobre
a atribuição dos topónimos no concelho.
Reconhecer a qualidade da Comissão de
Toponímia é confiar nas decisões que tomam. A atribuição de um nome a uma rua, a uma
praça ou a outra coisa, significa que existe um reconhecimento público do nome
que se está a analisar, que esse nome se identifica com a cultura das pessoas,
da história do lugar. Quando está em análise a atribuição do nome de uma pessoa
os pressupostos são os mesmos, ou seja, tem de ser uma pessoa reconhecida por
todos como digna de lhe ser atribuída a placa toponímica porque a sua cultura,
a sua vida, a sua história e os seus actos assumidos durante a sua vida, contribui
com o seu bom exemplo e trabalho, para a construção do presente da terra. É
também
uma das formas que um povo tem nas suas mãos para reconhecer publicamente todo
o trabalho que essa pessoa realizou para o bem comum.
Todas as ruas, bêcos, vielas, largos e
praças, são parte integrante da freguesia, são como que uma espécie de veias por
onde caminha a gente que dá vida à aldeia. E aqui incluo o carteiro, o vendedor
ambulante, os bombeiros, as ambulâncias de socorro, os visitantes…
Cuidar do nome das coisas é cuidar da
aldeia e da vida dos que nela vivem.
Perguntar e alertar as pessoas que residem na freguesia sobre a mudança das placas e da toponímia é necessário envolver o povo, promover e defender a preservação da aldeia.
Vamos deixar apagar a história da aldeia de Malcata? As mudanças de nomes, o aparecimento de outros, alguns sem sentido e lógica, desrespeitando até o nome antigo dado pelos nossos avós e bisavós, sem primeiro consultar a população, estamos a assistir ao esquecimento da história comum.
Concordam com o que a Junta de Freguesia de Malcata andou a fazer quando substitui as placas toponímicas por outras novas? Acham justo que este tipo de decisões sejam tomadas sem envolver a população, sem ter promovido uma reunião pública para esclarecer e ajudar a compreender as intenções da Junta de Freguesia ( que são pensadas com boa intenção)?
E vós malcatenhos, o que dizeis?
José Nunes Martins