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terça-feira, 16 de maio de 2023

MALCATA: BEM-VINDO

Bem-Vindos



    Se entrar na freguesia de Malcata, encontrará umas placas a assinalar que está a chegar. A ideia foi boa e quem não conhece a aldeia, fica a saber o que nela existe de maior relevância.


   Deixo aqui as fotos das duas placas que foram colocadas nas duas entradas da nossa freguesia. 
                   José Nunes Martins

  

Bem-Vindos

                                    

domingo, 14 de maio de 2023

RECUPERAR PARA BEM SERVIR



Uma fonte que está cada vez mais descaracterizada.


   Na nossa aldeia, ainda vão existindo alguns lugares que em tempos idos testemunharam a vida diária dos que habitavam a freguesia ou a visitavam.
   Ainda nos nossos dias são locais importantes e mesmo que estejam quase sem vida, é urgente conservá-los e transformá-los em sítios de interesse e fazer com que o povo continue a sentir que fazem parte do viver e do sentir da nossa aldeia.
   Um exemplo do que acabo de afirmar é o fontanário das duas bicas, mais conhecido pelo nome da “Fonte da Torrinha”, a Torre do Relógio, a Fonte de Chafurdo, a Fonte Velha, toda a Praça do Rossio, antigas escolas e respectivos espaços de recreio…isto é, dar a importância devida ao nosso território e ao património.
   Estes exemplos que referi são apenas alguns das estruturas públicas que há na nossa aldeia. E cada um desses lugares ou edifício devem servir e estar ao serviço da comunidade. Cabe a cada um de nós estar sensibilizado e atento e valorizar, desenvolver e fazer com que toda a gente viva feliz.
   E neste nosso mundo da aldeia é necessário e faz falta, na minha opinião, as pessoas viverem com liberdade, com “à vontade” de falar e criticar ideias, obras, que se vão, ou não, executando na freguesia. Dar sugestões, ideias audazes, positivas e destinadas ao bem comum. É isto que eu desejo!


Aqui falta qualquer coisa importante!
                                                     

                                                      

Há muito que aqui não deviam estar!



 

Uma praça vazia de quase tudo!


sexta-feira, 5 de maio de 2023

OLHARES SOBRE MALCATA

                     


Malcata-antiga escola primária

   Quando estou na aldeia gosto de calcorrear os caminhos e os recantos da freguesia. Trago sempre comigo a câmara fotográfica e vou fotografando paisagens, lugares e objectos que vou encontrando, já que fotografar pessoas, parece ser uma espécie de crime cometido pela minha pessoa e sempre com más intenções! Então porque todos publicam fotografias nas redes sociais e nunca as pessoas fotografadas reagiram da mesma forma quando sou eu a divulgar precisamente os mesmos cenários? Será que a minha máquina dispara alguma bala assassina? A recente festa da carqueja fez-me recordar aquele triste e lamentável episódio que aconteceu numa festa da carqueja. Lembram-se? Talvez já se tenham esquecido, mas eu não e lembro-me bem das ameaças que recebi e só não fui agredido fisicamente porque o agressor foi maniatado por quem estava perto. Toda a briga aconteceu por eu estar a fotografar o evento que estava a decorrer no Espigal e nem sequer era minha ideia fotografar determinado fulano que se encontrava a encher o copo com água da fonte. O meu foco era um ramo de carqueja, portanto, bem diferente de estar a focar essa dita pessoa, que depois me pareceu estar mesmo fora de si mesmo, com reacções violentas sobre a minha pessoa e ao mesmo tempo que vociferava ameaças provocou risotas em alguns dos presentes.

   Por estas razões e por respeito aos malcatenhos de bom coração, este ano apesar de estar a passar uns dias na aldeia, por minha decisão, não participei nesse grande evento que o malcatenho parece continuar a festejar e a celebrar. Daí não existir qualquer fotografia sobre a festa da carqueja deste ano, porque não estive lá! Sim, alguém fotografou quem foi ao Espigal e ninguém se indignou e nem terá havido aborrecimentos por se terem divulgado nas redes sociais. Quem fica a perder não sou eu, quem perde é Malcata porque deixa de ser divulgada pela pessoa que mais tem espalhado o nome da aldeia pelo Mundo. A google já me enviou os agradecimentos e os parabéns por ter alcançado o Top 5 de animador local!
E agradeceu porque tem sido graças ao meu trabalho, que milhares de pessoas pesquisam o tema “aldeia de Malcata”. Lembro que desde 2006 que mantenho o blog Malcata.net (www.aldeiademalcata.blogspot.com ) 
e continuarei a manter.
   

   Coloco agora algumas fotografias da nossa aldeia que retratam uns dias de Abril e os primeiros de Maio. Espero que apreciem.




  

   


                                           

Rua Bairro Camões

Casa dos Avós

Beleza natural


Loiça de esmalte


                                         





  





Sede da JFM




Rasa

                                                                   
                                                                                 

                                                                         Vale da Fonte

Chapéus 



Apartadeira

Teatro na aldeia

sábado, 29 de abril de 2023

RESUMO DA ÚLTIMA SESSÃO DA ASSEMBLEIA DE FREGUESIA DE MALCATA

   Na passada segunda-feira, 24 de Abril de 2023, teve lugar mais uma reunião da Assembleia de Freguesia de Malcata, a segunda deste ano.


   Nesta reunião, realizada na Junta de Freguesia, com apenas  uma pessoa no público, foram apreciados todos os assuntos da ordem de trabalhos.
   Como não cheguei à hora marcada, não assisti à leitura e votação da acta da sessão anterior. Quando entrei, os membros da Assembleia de Freguesia estavam a tratar dos assuntos diversos e apenas me lembro da informação dada pelo senhor presidente da junta acerca do antigo quartel, pois já tem o alvará de AL (Alojamento local) e em breve será dado início à aceitação de hóspedes. O tema do ponto 2 da agenda Antes da Ordem do Dia e pouco depois o senhor presidente da mesa iniciou a apreciação dos pontos da Ordem do Dia:
   1º- Apreciação do inventário de todos os bens, direitos e obrigações patrimoniais e respectiva avaliação;
   Daquilo que consegui ouvir, foi revelado pelo senhor presidente de junta, João Vítor, que o inventário de bens da freguesia continua a aumentar e graças aos cuidados e às manutenções, a freguesia possui uma lista apreciável e que o deixa tranquilo, pois a freguesia tem sabido tratar dos seus bens. O assunto foi colocado à discussão pelo presidente da mesa da Assembleia de Freguesia, senhor Carlos Nabais e como não houve intervenções, colocou-o à votação e foi aprovado por unanimidade.
   Entrou-se de seguida no ponto 2 para: apreciar e votar os documentos de prestação de contas do ano de 2022. O senhor presidente do executivo, João Vítor, informou que há um saldo positivo nas contas, o seu executivo executou 90% do orçamento previsto, não houve necessidade de recorrer ao fundo! As contas foram aprovadas por todos!
   O ponto nº 3, constava a 1ª alteração modificativa ao orçamento e ao Plano Plurianual 2023. Foi aceite que se fizesse essa alteração.
   No tempo de intervenção do público, o senhor presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia, deu a palavra ao cidadão presente para expor o assunto que desejava apresentar. Primeiro fez um elogio ao executivo porque agora sim, o site da nossa Junta de Freguesia está com mais vida, mais apelativo e vistoso. Quem ganha é o cidadão e também a freguesia. Em seguida solicitou um esclarecimento acerca do futuro Centro Náutico que a Câmara Municipal do Sabugal anda a preparar e que irá ser instalado na albufeira da barragem. O cidadão também disse que trouxe este assunto à assembleia dado que é um investimento considerável, a nossa freguesia deve manter-se alerta e atenta às movimentações e desenvolvimentos desta obra, pois a margem esquerda da barragem está do lado da nossa freguesia e Malcata não pode deixar de se interessar em puxar parte desse empreendimento para a nossa freguesia. É necessário estar vigilantes, não adormecer ou acreditar nas promessas da Câmara, para não se repetir o mesmo que aconteceu com o badalado projecto Ofélia Clube.
   Em resposta, tanto o senhor presidente da Mesa da AF, como o senhor João Vítor, transmitiram ao cidadão presente, que estariam vigilantes e atentos. Tratando-se de obras da Câmara Municipal, cabe ao município responsabilizar-se pelo bom encaminhamento dessa obra.
   Não havendo mais intervenções, o senhor presidente da Mesa da Assembleia deu por encerrada a sessão.

                                                                     José Nunes Martins

quinta-feira, 27 de abril de 2023

TARDA MAS LÁ SE VAI ANDANDO

Um ar de bem cuidar do património


   
 

   A Junta de Freguesia de Malcata procedeu recentemente à limpeza e pintura da Fonte Velha. Há bastante tempo que aquele local se encontrava num estado deplorável. Tardou, mas chegou aquele embelezamento tão simples, mas que faz toda a diferença. Cumpre, assim, com o seu dever e responsabilidade de cuidar e reparar o património da freguesia. Que esta acção demonstrativa do respeito pela coisa pública, sirva de exemplo e seja o início de outras obras de valorização do património histórico e cultural da freguesia. Esperemos que, em breve, outros locais também recuperem a sua dignidade e sejam parte da harmonia da paisagem da nossa aldeia.
                                                                                 José Nunes Martins

quarta-feira, 26 de abril de 2023

OS SÍMBOLOS DA FREGUESIA DE MALCATA

 

              

   

    O dia 25 de Abril é um dos feriados nacionais obrigatórios. Há 49 anos Lisboa foi palco de uma revolta militar, que se espalhou por todo o país. Já nesse ano e nesse dia, na nossa aldeia, reinava a calma, toda a gente andava nos campos a trabalhar e provavelmente as crianças foram para a escola como noutro dia normal. Estou a escrever sem certezas, porque nessa data eu encontrava-me em Vila Nova de Gaia.

    Este ano faz 49 anos. A revolução do 25 de Abril parece que não passou pela região do Sabugal. Então na nossa freguesia, celebrar a Revolução dos Cravos vermelhos nunca por cá foi vivida pelo poder local e o povo foi ignorando a importância do acontecimento.
  
 Não sei se é por não acreditarem nos valores e ideais do 25 de Abril, ou se por ligar este dia a alguns partidos políticos de esquerda.  Mas será que o fim de um regime ditatorial e a chegada da democracia é insignificante? É verdade que após 49 anos, muitos não tinham nascido, viviam em ambientes calmos, sem grandes sobressaltos com a PIDE, não sofreram o que passaram os mais idosos e as pessoas que viviam nas cidades,  porque na aldeia sempre tiveram a liberdade de pensar, de discutir, de criticar e opinar. sem medo de serem presos. Portugal nesses tempos, era Lisboa e o resto só paisagem!
   Antes do 25 de Abril, as professoras primárias tinham de ter uma autorização especial para se poderem casar. Quem fosse enfermeira, telefonista ou hospedeira da TAP, também não se podiam casar. As mulheres para saírem sozinhas para fora do nosso país, se fossem casadas, precisavam da autorização do marido. 
   Mas por aqui, no interior profundo, as pessoas viviam focadas nas tarefas do campo, a informação era diminuta, o analfabetismo era dominador e nunca tivemos uma autarquia progressista. 
   Hoje foi mais um feriado obrigatório. Sem qualquer símbolo alusivo, como testemunha a imagem deste texto. Tem sido assim e não devia ser assim, porque se não têm utilidade, atrevam-se a retirar esses dois tubos inúteis. E se continuarem a guardar na gaveta a bandeira nacional e a bandeira da freguesia como o têm feito, não é bom exemplo de quem administra a freguesia e os cidadãos cada vez mais vão desvalorizar a importância da heráldica que em tempos foi aprovada e publicada em Diário da República. 

                                           José Nunes Martins

  

   

  

sábado, 22 de abril de 2023

O QUE FALTA EM MALCATA?

    

CMS a classificar uma zona balnear sem conhecimento da APA.
Uns anos depois, acordaram tarde e foi um "ai meu Deus e agora?"



   O espaço é amplo e tem muita relva, sombras, mesas e churrasqueiras, um recreio infantil, um bar, instalações sanitárias, espaço com areia e alguns chapéus de palha, tudo gratuito e uma vista deslumbrante que conquista quem ali chega.
 Tudo isto é visível e está ao dispor de todos.



   



   
 Então o que falta aqui?    
    
O que estavam a pensar em Malcata quando decidiram pela colocação da piscina nas águas da albufeira da barragem?
   Hoje já se referem aquela área da freguesia como "área de lazer" e não “praia fluvial”.
   Será que cabe na cabeça de alguém que viva na aldeia ou que periodicamente, visite aquela zona tão arranjadinha, com uma piscina, o recreio das crianças e o bar tal como foram apregoados pela Junta de Freguesia, foram lá instalados sem as devidas licenças e autorizações? Tendo a Câmara Municipal suportado as despesas e se tivermos em conta que a decisão foi aprovada em reunião de Câmara, para os cidadãos tratava-se de instalações devidamente licenciadas. E ainda agora, tudo o que ali foi 
construído, muita gente pensa que está conforme as leis e as regras.
   O nosso povo ficou rendido e agradecido com a piscina, o parque infantil, o bar, as instalações sanitárias, as churrasqueiras e as mesas, a relva e a areia com os chapéus de palha. Ai de quem escrevesse ou diga alguma coisa contra aquelas estruturas! É que desde que a Junta de Freguesia ali decidiu fazer a “praia fluvial” não pararam os elogios á obra!
   Em que país vivem alguns autarcas?
   Eu sei que a Câmara Municipal socorreu-se do POAS (Plano de Ordenamento da Albufeira do Sabugal), para justificar os atrasos da construção do projecto Ofélia-Clube. E tudo fez para conseguir que se pudesse encurtar a distância de edificação até ao nível da água e dos 250 metros, baixou para os 150 metros. (Lembro que esta foi uma das exigências da Existence-Ofélia Clube, para poder construir!!!). Portanto, tanto a Câmara Municipal, como a Junta de Freguesia, sabiam da existência de legislação relativa à área que envolve a albufeira. E como não vivemos numa república das bananas, aprovaram-se leis e regras, planos e directrizes, para regulamentar a ocupação do território e quando se quer construir é necessário consultar o POAS e respeitar as leis vigentes.  
   

   Desde que a Agência Portuguesa do Ambiente notificou a autarquia com uma contraordenação, foram colocados uns avisos no recinto a informar os visitantes daquele espaço para não irem a banhos e o facto de ter que ser retirada a piscina flutuante, estes factos levaram a nossa autarquia a meditar e nasceu a “Zona de Lazer”, deixando cair no esquecimento a “Praia Fluvial”.
   O que mudou desde estes acontecimentos?
   As águas já foram classificadas como “águas balneares”?
   A piscina flutuante já pode regressar à água?
   É que já se percebeu, que ter ideias e obra feita não basta.  Talvez seja o momento de parar de continuar a sonhar com uma praia fluvial e piscina naquele lugar da albufeira. Porque ter água e não poder utilizar a piscina, nem mergulhar em total segurança, água apenas para olhar e usufruir da sua presença e frescura…
   Já se sabe, que na época balnear de 2023, as águas junto à Zona de Lazer 
vão continuar sem classificação para banhos. Também se sabe que o POAS(Plano de Ordenamento da Albufeira do Sabugal) não foi alterado e é o “manual de instruções” do que se deve construir e onde se deve fazer a obra. Não basta a autorização do presidente da câmara ou a vontade da Junta de Freguesia.
   E com uma sessão da Assembleia de Freguesia aí à porta, nada melhor que trazer alguns temas à reflexão e olhar para o futuro.
                                        
                                                                                    José Nunes Martins


quinta-feira, 20 de abril de 2023

VAMOS OUVIR OS POLÍTICOS DA NOSSA ALDEIA?

 

   Está agendada para o dia 24 Abril uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia de Malcata.
   Eu não sei se é desta vez que os residentes na nossa freguesia vão querer estar presentes. Sei é que não é costume, não gostam, dizem que não é com eles, mas com quem está na Junta de Freguesia e esses é que lhes pertence ir a essas reuniões. Também não sei se algum malcatenho pensa e reflecte sobre os assuntos da nossa freguesia, mas acredito que pelo menos alguns já constataram e já pensaram sobre o estado actual da nossa aldeia. Mas esses(as) não se mostram e têm medo de revelar o que pensam e ainda menos o dizer nas assembleias de freguesia.
   O que mudou na nossa aldeia desde 1974? Muita coisa!
   E nestes últimos dez anos? Tem sido mais do mesmo! A verdade e a democracia está sempre do lado de quem ocupa a cadeira do poder autárquico, associativo e institucional, desde que se deixem submeter aos caprichos de quem governa o município. Nestes anos que passaram a correr pouco se fez para valorizar, para aproximar, defender e respeitar as diferenças. O slogan de mandato para mandato tem sido “Fazer Melhor” ou “Fazer Ainda Melhor”, ou ainda “Malcata Primeiro”, nada mudou porque o modo de operar é o mesmo:  silêncio! E o povo consente o silêncio porque assim também não se incomoda.

   Isto é, obviamente, uma reflexão minha, que na medida do possível, faço a minha parte de cidadania longe da nossa aldeia. Aceito e compreendo que outros tenham uma visão diferente da minha e eu gostava de a saber.
Desafio quem mora na freguesia a dar a cara e a avançar para a criação de um grupo para ser alternativa ao poder. Porque ver, ouvir e ler, não dá para simplesmente ignorar. E ir à Assembleia de Freguesia da nossa aldeia  é indicativo do interesse pelo estado da coisa pública.
                                  

                                                                 José Nunes Martins
  

sexta-feira, 7 de abril de 2023

MALCATA: O ENTERRO DE J.N.R.J.

 


   Que memórias tenho da Sexta-feira Santa em Malcata?
   As minhas são as de um jovem, nascido nos anos 60, que até aos 11 anos vivia na comunidade malcatenha.
   Nesses tempos, a religião católica é que determinava e orientava os comportamentos dos aldeões, pessoas trabalhadoras, respeitadoras das leis da Igreja e dos políticos que mandavam no nosso país. Quem sabia escrever e ler, por vezes entendia a vida de modos diferentes da maioria, por eles não saber ler e escrever.
   O povo era muito crente e muito devoto. A igreja, aos domingos e nas festas religiosas, enchia-se de fiéis, rezavam, cantavam, iam às procissões e às confissões. Eram tempos bem diferentes!
   E na Sexta-Feira Santa, tudo era escuro e triste. Os adultos cumpriam os preceitos decretados pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, mesmo os mais ricos, que não se importavam de pagar a bula e assim ter carne na mesa. Já nessa época, o pobre obedecia e o rico buscava forma de mostrar quem mandava na vida dele. Eu, nunca entendi essa diferenciação de religiosidade e de catolicismo.
   Nesta Sexta-Feira Santa, entrar na igreja matriz era como se estivesse a entrar numa catacumba escura e só de ver o caixão em cima do altar-mor, assustava qualquer um que ali fosse sozinho ao meio da tarde. Não se via nenhum dos santos dos altares, porque estavam cobertos com panos escuros, penso que roxos. O enorme caixão preto e os véus rendilhados de tecido também preto e umas rendinhas brancas, parecia mesmo que estávamos a participar no enterro de Cristo.
   E as mulheres? Lembro a figura da minha mãe e das outras santas mulheres, vestidas de roupas negras, da cabeça aos pés, algumas seguravam nas mãos, o seu terço de contas preto e crucifixo prateado, entravam devagar, paravam junto à pia de água benta e mergulhavam nela os dedos da mão direita e benziam-se para depois seguir pela coxia central e sentarem-se no banco.
   As cerimónias marcavam ainda mais a celebração e à medida que a narração da História se ia desenrolando, aumentava o desconforto emocional dos participantes. E a procissão do enterro? Tudo se tornava difícil de levar até ao fim. Os homens que levavam o caixão sabiam o quanto ele era pesado e tinham que parar várias vezes para colocar uns paus que lhes permitia ganhar fôlego para continuar. Dar voltas à aldeia era doloroso e a entrada na igreja faziam-no num silêncio sepulcral. As pessoas iam para as suas casas de cabeça baixa, de cara tapada com o xaile preto, subiam as escaleras e entravam mudas. Os lavradores ainda passavam pela loja, ver como estava o ambiente e depois de dar um jeito na cama do gado, despejam um punhado de feno para a manjedoura e iam descansar para junto da mulher.
   Mas que dia este de Sexta Feira Santa!
   E hoje, ainda será assim ?

domingo, 2 de abril de 2023

CHINESES E FRANCESES NÃO SÃO BOBOS

      

Capa de Jornal Cinco Quinas 
e não estávamos no dia das mentiras!

   Ontem foi dia 1 de Abril, o Dias Das Mentiras!
   Existem muitas explicações para esta tradição que, por exemplo, em França também lhe chamam o Dia dos Bobos.
   Segundo os historiadores, até 1564, festejava-se o Ano Novo a 25 de Março, era o começo das festas de Primavera, que terminavam com a troca de presentes a 1 de Abril. Até que o Rei Carlos IX trocou as voltas ao ano quando adoptou o calendário gregoriano obedecendo a uma exigência manifestada no Concílio de Trento de 1563.
  Como não há mudança sem resistência. Alguns franceses ridicularizaram o acto real com brincadeiras, presentes muito estranhos e convites para falsas festas. E desde aí, o dia 1 de Abril é conhecido por se fazerem partidas e mentiras inofensivas a colegas, a amigos, aos familiares e a comunicação social aproveita para divulgar falsas notícias, normalmente de cariz humorístico e muito improváveis de serem verdadeiras.

  Por isso, o anúncio dos chineses que querem comprar os terrenos em Malcata, foi a mentira escolhida. Era bom que um dia se revele como notícia verdadeira, que algo de inovador e importante seja erguido nos terrenos do tão badalado “Ofélia Club”… Malcata Life !
  Lembram-se destas notícias no Jornal Cinco Quinas?   Vale a pena ler: