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terça-feira, 17 de maio de 2022

MALCATA : A MINA

         Pá, picareta e muita força de braços foram necessários 
        para levar a água até à Torrinha!

Fonte da Torrinha 


   

 
 Em 1935, as pessoas que viviam em Malcata, iam até à Fonte de Mergulho e aí enchiam as vasilhas de água para o sustento da família e do gado. Entre 1935 e 1937, a água escasseava e a população ia aumentando. Com a escassez de água potável, a população mobilizou-se e em conjunto com a Junta de Freguesia de Malcata, presidida na altura pelo senhor António Nita, arregaçaram as mangas e construíram manualmente uma mina e o respectivo canal para o transporte da água até ao povo. Viviam-se tempos difíceis, a aldeia ainda não tinha rede de electricidade, não havia rede de esgotos, criavam-se muitos animais. A água era indispensável para a vida de todos e as culturas necessitavam dela para se desenvolver. Portanto, a água dentro da povoação existia, mas não estava devidamente aproveitada. Havia poucos poços e a água servia mais para regar a horta ou as culturas como as batatas, o milho, os feijoeiros, precisando de burras (picotas), noras e mais tarde, motores a petróleo. Daí a importância de a água na povoação ser tão necessário a construção de fontes.
   

                                                                  Amigo da Verdade - Malcata
                                         António Nabais da Cruz ( Ti António Nita ) e a história da fonte

      A construção de chafarizes e fontes foi uma das apostas do Estado Novo nos anos 40. O abastecimento de água fazia parte das obras importantes e era normal e vulgar a presença de gente do governo na inauguração de uma fonte numa das aldeias do nosso concelho. Nessa altura, o Sabugal foi daqueles que maior número de inaugurações fez no que respeita a chafarizes e fontanários. Entre 1930 e 1940 muitas foram as aldeias que ficaram com abastecimento público de água assegurado por fontes e chafarizes. A Câmara do Sabugal, sempre que podia, aproveitava a vinda das equipas de engenheiros e de técnicos a uma freguesia para executarem medidas, estudos, medidas e visitavam todas as obras, bem como a compra de materiais necessários, poupando em dinheiro e em tempo.

    O caso das obras do abastecimento de água à nossa freguesia tem alguns contornos que não são conhecidos de todos vós. A construção da mina demorou e todo o trabalho foi feito à pá e picareta. Contaram-me que quando surgiu a água, foi uma alegria e alguns pensavam que o trabalho tinha terminado. Mas isso não foi o que o senhor António Nita pensou e ainda quis continuar os trabalhos com a ideia de aumentar ainda mais o volume de água a jorrar da nascente. Não foi fácil fazê-lo parar e avançar para a abertura da vala para conduzir a água até ao povo. A distância que vai das Eiras à Torrinha não é mais do que uns 3000 metros, mas sendo o trabalho todo feito à mão, os homens tiveram que organizar-se em equipas. A forma encontrada pelo presidente da junta foi a de ir uma equipa por cada rua e durante uma semana de trabalho.
   Foram semanas duras de muito trabalho, muita terra, pedras e lama até chegar à Torrinha. A data “1937” que hoje se pode ler numa das pedras da fonte, confirma que pelo menos a Junta de Freguesia trabalhou há volta de dois anos até a obra ficar pronta. O velado (túnel) foi com certeza a parte mais difícil de construir. A fonte, feita toda em cantaria, foi desenhada com muita simplicidade, mas satisfazia as necessidades de fornecimento de água potável a toda a freguesia. A fonte é um dos ex-libris da nossa aldeia, que nem sempre tem sido bem cuidado. Foi um lugar importante durante muitos anos, um lugar que guarda inúmeras histórias de namoro, de lutas pela água do tanque, de algumas indisposições nos dias de muito calor, etc.
(continua...)

                                                     José Nunes Martins
 





quarta-feira, 11 de maio de 2022

MALCATA: CONTRIBUTO PARA A SUA HISTÓRIA

 


Data das obras levadas a cabo
pela Câmara Municipal do Sabugal, em Malcata



       A Fonte da Torrinha (das Bicas)


   Poucos serão (infelizmente) aqueles que, não sendo naturais ou não residam em Malcata, conheçam a Fonte da Torrinha (Fonte das Bicas ).
   É uma fonte que merece ser visitada e conhecer um pouco a sua história, que começou antes de 1937.
   Como curiosidade, e para a história desta fonte, existem documentos em arquivo que registam que esta fonte foi assunto discutido em várias reuniões da Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Concelho do Sabugal, realizadas em 1935, 1936 e 1937.
   A inscrição “1937” que ostenta um das pedras de granito  é, no meu entender, referente ao ano civil de início da entrada em serviço de abastecimento público de água potável à freguesia, isto tendo presente que, a obra da fonte fez parte dos assuntos tratados em anos anteriores pela Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Sabugal, que nos dá alguma informação do decorrer da obra. Ver cópia da acta de 1935:
   




Livro de actas da CMS em 1935
                                                                                +++
+
       As fontes noutros tempos tinham enorme importância na vida quotidiana das pessoas, particularmente as populações das nossas aldeias. E em Malcata essa forma de olhar para uma fonte grande ou fontinha bem mais pequena, permitiram garantir o abastecimento de água às pessoas e aos animais que com eles trabalhavam. 
       Na nossa freguesia a água é tão importante como ter boa saúde. E apesar desta importância que têm por este recurso natural, permanecem alguns maus hábitos no seu uso, caindo algumas vezes em atitudes contrárias ao respeito que este escasso recurso merece.
       Porque a água é indispensável, cada vez mais escassa, devemos ver  nas fontes, nas torneiras e nas diversas estruturas que conduzem a água até onde precisamos dela, bem como aqueles locais emblemáticos e tão característicos da nossa aldeia, onde sabe bem beber um copo de água fresca e limpa, com respeito e tudo fazer para os manter e preservar, procurando dessa forma dar continuidade às coisas boas que nos legaram aqueles que nos antecederam e que, por necessidade e amor à coisa pública, tanto trabalharam gratuitamente.
PS: Tema a continuar com ... António Nita e a sua luta pela água ao povo!
        Não deixe de ler!

  

Quem tiver mais informações que o diga!
   

                                                      José Nunes Martins


domingo, 8 de maio de 2022

MALCATA: Cabras sapadoras nos baldios

    

   As obras continuam lá para os baldios da Freguesia de Malcata. Em 2019, foi a grande conhecida a aceitação e aprovação do projecto e da sua inclusão nos programas PDR-2020. Só quem tem meios próprios para se deslocar até aos baldios e tiver bom sentido de orientação, encontra o lugar e observar a obra. José Escada da Costa, em 2019, na sua habitual coluna no Jornal Cinco Quinas, presenteou-nos com um texto sobre este importante investimento que está agora a ser realizado. Dada a importância do tema e também a experiência profissional e como gestor de muitos projectos, alguns de enorme impacto e importância nacional, penso que é essencial ler o que este "conterrâneo" reflectir acerca do presente e principalmente do acautelar o crescimento sustentável no futuro, tendo em conta, por exemplo, as ideias expressas neste texto. Boa leitura e partilhem também as vossas ideias.



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sábado, 7 de maio de 2022

OS CÃES TAMBÉM MORDEM EM MALCATA





 

      Segundo a lei se um cão atacar uma pessoa ou outro cão/animal é considerado perigoso.
      Hoje foi notícia em vários jornais mais um caso grave que envolveu uma criança de 3 anos e um cão. A menina ficou muito maltratada na face e na cabeça, pelo cão que pertence ao vizinho. A mãe da menina também ficou com mordeduras nos braços quando tentou ajudar a filha.
      No Jornal de Notícias vêm reproduzidas as declarações do presidente da junta de freguesia onde o autarca conta que tudo aconteceu no momento em que o pai da menina abriu o portão da garagem e a filha correu em direcção dele que o cão atacou!

      No caso que aconteceu na nossa aldeia foi que o cão do vizinho atacou o cão de um familiar meu. Uns dias depois desse ataque ouvi algumas histórias de outros ataques com o dito animal e outros que andam soltos pelas ruas da freguesia.  E naquela tarde de Verão a mulher andava no seu passeio habitual na companhia do cão, um animal de porte pequeno e com trela e quando ia a chegar à Zona de Lazer. o portão daquela moradia abriu-se e saíra de forma brusca o cãozarrão que costuma estar no jardim protegido pela rede da vedação que disparado se lançou ao pequenote. A minha prima foi em seu socorro e foi uma desgraça aquilo que se seguiu. Só houve tempo de pegar no cãozito ao colo e fugir, não sem antes, sentir os maxilares do cão perigoso a rasgar a carne do cão e da sua dona. Ambos tiveram que receber cuidados de saúde para evitar males bem mais graves.
      Há uns anos atrás ninguém punia os donos dos animais que atacavam pessoas ou outros animais. Apesar de ser um facto gravíssimo, estes acidentes indesejáveis, têm que ser levados mais a sério e punir os responsáveis. Quem tem dois cães para guardar a sua propriedade fez uma escolha e ao optar pelos cães tem que também saber tomar conta deles, tratá-los muito bem,

manter a sua saúde e as suas vacinas sempre em dia e não lhes deixar rédeas soltas para fazer tudo. E todos os animais podem atacar, pois eles são irracionais e agem por instintos, eles não pensam, ao contrário dos donos.
      As leis que estão em vigor determinam que quando um cão ataca e provoca lesões a pessoas ou outros animais, automaticamente o cão é retirado ao dono e é levado para um canil e será avaliado pelas autoridades veterinárias e o seu futuro terá em conta esses mesmos exames e investigações.
      Estes incidentes devem ser comunicados às autoridades e aguardar pelo decorrer do processo penal, sendo que o dono pode ainda ser alvo de um processo cível.
      O que podemos concluir é que os cães como animais irracionais que são, principalmente aqueles que atacam, são perigosos. E tal como os cães que são de raças já de si potencialmente perigosas, têm que obedecer a determinadas regras e condutas como um treino obrigatório de obediência numa escola de formação especializada.
      E na nossa aldeia ataques de cães contra pessoas e contra outros animais são bem do conhecimento das pessoas e da autarquia. Desconheço o número de cães perigosos que tenham sido declarados como perigosos à Junta de Freguesia ou tenham sido considerados pelas autoridades competentes como um risco para a segurança de pessoas e outros animais, devido ao seu comportamento agressivo.
      Estamos a entrar na época do calor e da ida das pessoas até à Zona de Lazer e outros lugares aprazíveis da aldeia. Compreendo que às vezes as pessoas não apresentem queixa, por medo de represálias e alguns dos donos contam com isso mesmo e continuam a não cumprir a lei; mas é uma das maneiras legais de resolver os problemas. Aconteceu em Março deste ano comigo também na rua de acesso à Zona de Lazer. Não aconteceu nada porque, por coincidências do destino, tinha acabado de me sentar no banco e fechado a porta da carrinha e o cão bateu com o focinho no vidro que já tinha fechado!


 

 

 

domingo, 1 de maio de 2022

A LENDA DAS MAIAS

 

   Hoje, dia 1 de Maio, há uma tradição que ainda se mantém viva em algumas aldeias e cidades do país, é os enfeites com as maias, as giestas floridas, nome por que são conhecidas na nossa terra.
    Diz a lenda que Herodes soube que a Sagrada Família quando fugia para o Egipto ficou alojada numa aldeia. E Herodes já estava decidido a mandar matar todas as crianças do sexo masculino. Houve alguém que foi ter com Herodes e disse-lhe que não valeria a pena, mas também não lhe ia revelar onde estava o Menino Jesus, mas que colocaria um ramo de giesta florida na casa onde ele estivesse a passar a noite. Assim, bastaria aos soldados encontrar essa casa e, pronto!
   Na manhã seguinte, os soldados foram em busca da tal casa. Para espanto de todos, todas as casas daquela aldeia tinham à vista um raminho de giesta florida!
   Os soldados voltaram sem a missão ser cumprida!

   Todos os anos, da noite de trinta de Abril para um de Maio é costume colocar à porta de casa ramalhetes de giestas amarelas, também chamadas maias, por florirem em Maio.
   Todas as casas ficavam protegidas dos “diabos” e afastadas do mau-olhado, da fome, dos bruxedos...




sábado, 30 de abril de 2022

CONTRATOS E COMPETÊNCIAS PARA A FREGUESIA DE MALCATA

 


     NEM TUDO O QUE NOS OFERECEM É O MELHOR

 

    É na Assembleia Municipal que se aprova o que se deve fazer no Concelho, consequentemente, nas freguesias do concelho.
   Nestas reuniões da Assembleia Municipal, as Juntas de Freguesia podem propor muita coisa para discutir, aprovar ou rejeitar. E são os representantes presentes na Assembleia Municipal que aprovam ou rejeitam. As coisas não se podem fazer se não forem aprovadas nas reuniões da Assembleia Municipal.
   Saberão os cidadãos da nossa freguesia disto? Pois é aqui que se vê a importância de eleger uma Junta de Freguesia que, nas Assembleias Municipais, transmitam e façam fazer valer os interesses da nossa freguesia.

   A Assembleia de Freguesia de Malcata é composta por um único partido político, portanto o Executivo não tem oposição. O cenário da Assembleia Municipal com maioria PSD, a oposição não tem força suficiente para alterar o sentido de voto.
   E a verdade é que nestes dois órgãos políticos do poder local reside o poder de decisão que marcará inevitavelmente o futuro do nosso concelho e claro, das freguesias, marcará o futuro das próximas gerações.

   E todos sabem que para muitos dos membros das assembleias de freguesias está tudo bem, se a Câmara e a Junta concordam, há que deixar andar...só que às vezes o deixar andar e tudo fazer, resulta em acordos enganadores, isto é, a ausência de discordância e de verdadeira discussão do conteúdo do acordo, acaba por se assinar um documento aceitando o que a Câmara deseja e quer e não o que a freguesia reclama ser mais importante e necessário.
   E quando se discutem propostas é porque os intervenientes se mostram responsáveis e conscientes. Cada uma das partes defenderá o melhor para o seu prato da balança e não será motivo para se zangarem uns com os outros.
   Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Cada representante autárquico tem de ter capacidade de saber distinguir filiação política, amizade política da vida particular de cada interveniente. Fazer contratos, assinar acordos de execução ou interadministrativos é um trabalho complicado e ingrato. Mas a política tem estas dificuldades e há que aprender a ultrapassá-las.

   Fico por aqui com mais estas palavras, que são mais uma pequena reflexão pessoal de um cidadão que continua a acreditar num amanhã melhor para a nossa freguesia.

                                           José Nunes Martins



 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA? Até quando?

  



     Está marcada para o próximo dia 30 de Abril uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia de Malcata.

   Já alguma vez imaginaram a nossa aldeia sem Assembleia de Freguesia?
   Pois se não lhes passou pela cabeça talvez esteja muito perto de a junta de freguesia contar com uma assembleia de cidadãos, em substituição da Assembleia de Freguesia! Fixem o número 150 e depois digam lá se o número das pessoas que votam efectivamente, em todas as eleições, tem andado muito próximo deste número que marca a linha vermelha e mandar constituir uma assembleia de cidadãos.
   A nossa freguesia corre esse risco. E porque está isso a acontecer ou em risco de acontecer? Porque cada vez há menos eleitores e os que votam, no dia seguinte às eleições nunca mais querem saber de coisa alguma no que respeita ao trabalho da autarquia. E o que têm feito as diversas juntas de freguesia e assembleias de freguesia para alterar este alheamento político? O mínimo, ou seja, anunciar através de Edital a convocação da Assembleia de Freguesia.
   Pergunto a quem me saiba responder, porque será que os cidadãos residentes na nossa freguesia e também aqueles que vivem e trabalham longe, não são merecedores de umas linhas respeitantes aos assuntos apresentados e debatidos, apresentados e aprovados ou reprovados pelos membros da Assembleia de Freguesia quando se reúnem? Uma palavra que fosse publicada na página oficial da freguesia que diz ter na internet e ser uma ferramenta para fortalecer as boas relações entre a junta e os seus cidadãos, por breve que fosse, mostrava e sensibilizava para a importância de participar na vida e nas decisões importantes para quem vive na aldeia. Custa dizer isto, mas a afixação de editais não basta e se não alterarem a forma de agir, não vai demorar muito para a freguesia ficar sem Assembleia de Freguesia...
   Para que isso seja só um receio meu, sugiro que, conjuntamente com todos os membros da actual assembleia de freguesia, o senhor Presidente da Mesa da Assembleia apresente ou faça o que achar que deve fazer para que a Junta de Freguesia inicie a gravação das sessões da Assembleia de Freguesia e das Reuniões da Junta. Depois, aprovadas que sejam as respectivas actas, ou minutas, que sejam publicadas na página oficial que a Junta de Freguesia dispõe na internet.
  A segunda sugestão é a de propor a alteração da Ordem de Trabalhos das Assembleias de Freguesia, nomeadamente e de modo particular, a intervenção do público, que devia ser colocado na parte de Antes da Ordem do Dia.  Se esta alteração fosse proposta e aprovada, estava-se a dar a palavra ao povo (público) no início das assembleias, tentando desta forma atrair o maior número de cidadãos a participar nas reuniões, pois como passavam a ser ouvidos no início e uma vez que durante o outro tempo e assuntos que os membros da assembleia têm obrigação de discutir, aprovar, suspender, reprovar, adiar, aprovar por unanimidade, etc., aqueles cidadãos que estivessem nas assembleias ganhavam mais vontade e mais interesse em participar e não abandonar a sala mudos e calados, porque quando chegar a sua vez de expor as dúvidas e perguntas, todos estão cansados e com pressa de terminar a assembleia o mais rápido possível. Quando se coloca o povo, o eleitor, no seu devido lugar e com o destaque que todo o cidadão(público)merece, estamos todos a construir uma comunidade mais democrática e mais participativa.
   Penso que me fiz entender quanto à importância das Assembleias de Freguesia e o quão importante é a participação e interesse dos residentes na freguesia.
    Vão pensar e informar sobre este assunto? Aguardo então por notícias brevemente.



terça-feira, 19 de abril de 2022

MALCATA: PROCURAM-SE NOVOS PASTORES

 

   Há 50 anos havia vários rebanhos na nossa aldeia e eram uma fonte de rendimento para as famílias.   
  Hoje já não há pastores e também já não há praticamente quem tenha cabras. Conheço três famílias que possuem algumas ovelhas e nenhuma delas vive exclusivamente desse trabalho.
   As cabras e as ovelhas ajudaram a manter os terrenos limpos à volta da nossa freguesia. O pastor saía todos os dias com o rebanho e os animais percorriam montes e vales, alimentando-se das muitas espécies que existiam. Sem que as pessoas se dessem conta, estes ruminantes ajudaram a manter os terrenos limpos, mesmo naqueles lugares mais difíceis para o homem, estes animais trepavam para todos barrancos porque lá havia boa comida.
   Nesses tempos, os pastores saíam de manhã cedinho e regressavam ao fim da tarde aos bardos.   Depois de muitos quilómetros percorridos, tinham de arranjar forças para tratar das ordenhas, das cabras prenhas e dos seus cabritos. Era uma actividade muito cansativa e tinha que ser realizada todos os dias, mesmo naqueles que a vontade não era nenhuma.
   O pastor era muito respeitado na aldeia e o seu trabalho foi sempre valorizado, mas nunca recompensado economicamente. Ser pastor era trabalhar sem horários, sem férias, sem folgas ou sem pausas para café. O pastor contentava-se com o bornal e a borracha espanhola, pão e vinho para todo o dia.
   A família tinha as cabras e a obrigação era tratar do rebanho, aproveitar o leite, vender algum cabrito ou cabra e conservar as peles para depois as vender no dia em que o comprador aparecesse lá em casa.
   Penso que é esta a imagem que as pessoas de Malcata mantêm nas suas memórias e que ser pastor é mesmo assim.
   Que dirão os mais velhos quando ouvirem falar de jovens engenheiros zootécnicos, biólogos ou com outros cursos universitários, que querem dedicar-se ao pastoreio de animais nas nossas serras? Já pensaram quem e como se vai desenvolver o rebanho de cabras que a junta de freguesia anda já a construir? É urgente e importante sensibilizar toda a população para o que está a nascer. A instalação daquele rebanho não é um passatempo, não é uma brincadeira e só fará sentido se for feito para criar novos postos de trabalho, novas fontes de rendimento económico, se desenvolver o próprio turismo rural, no fundo, o rebanho ser uma das alavancas do desenvolvimento económico e social da freguesia, aumentando o bem-estar e a felicidade dos malcatenhos, como comunidade e povo unido e não apenas a alimentação de egos pessoais. A freguesia tem nas mãos uma forma de mostrar ao mundo e aos senhores doutores de gabinetes que os malcatenhos aprenderam a investir, a produzir e a acreditar no futuro.

                                                                          
José Nunes Martins


segunda-feira, 18 de abril de 2022

O QUE VAI ACONTECER AQUI?

  

Perigo para pessoas e bens
                                         

Caso 1- Não há aviso nenhum para alertar os condutores do perigo que ali existe. Nas duas vezes que estive na aldeia vi o que se passa na Rua Braz de Carvalhão. Quando comentei com um conterrâneo a situação, fiquei informado que «só vão arranjar aquilo quando deixarem de passar os camiões com materiais para as obras lá para cima»!
    «Aquilo são pedras soltas da calçada e areia e já toda a gente sabe que está assim»! - atalhou outra pessoa que ali descia a rua, contornando o perigo.
   Para mim, a situação está clara e mostra a forma como a autarquia trata destas questões. Não haverá uns sinais que usam nas obras ou nas vias públicas para alertar o cidadão e os motoristas que passam ali? Os autarcas até podem pensar que só um maluco passa de forma a calcar os paralelos soltos, a sua obrigação é desviar-se e continuar viagem como se nada fosse. A verdade é que se trata de uma via pública, sendo dever da junta manter a rua em total segurança. A junta de freguesia tem a obrigação de resolver aquela situação perigosa, quanto mais rápido melhor, nem que deixe para mais tarde a atribuição e responsabilização dos custos da intervenção.

                                                                       +++


Caso 2 - Porquê a pedra e naquele sítio?
     Será para impedir uma ida do automóvel a banhos,
nas águas desaconselhadas para os veraneantes?
   
Numa situação de socorro e emergência, quem vier socorrer ainda vai ter que
 partir a pedra ou pedir ajuda para a arrastar? 





     Caso 3 - A falta de informação quando se começa uma obra é uma prática generalizada. Claro que qualquer pessoa percebe que andam a fazer obras na freguesia, porque vemos máquinas, ferramentas e materiais de construção que os operários precisam para trabalhar.   Onde está o painel de informações relativas às obras em curso?
 Esburacar ruas, colocar uma ou outra barreira metálica e sinais de informação de obra na via pública não chega. Eu tenho a certeza que a autarquia sabe que em todas as obras têm que ser respeitadas e cumpridas as normas de segurança, higiene e em todas deve ser colocado em local visível ao cidadão, um painel informativo sobre a obra em causa.

Mas esta falta de informação encontro-a pelo concelho todo. Dá para perguntar, se a mentalidade dos políticos e dos construtores pode ser posta em causa? Informação à vista, sem necessidade de perguntar mas apenas encontrar e ler, saber o objecto da obra, o preço que vai custar, os prazos de execução que foram acordados para acabar a obra, etc. . . .
E se aos particulares obrigam a colocar avisos com informação sobre a obra, sendo de lei, também as obras públicas devem respeitar.
   Termino como comecei: a informação nas obras é útil e faz falta ao cidadão. Senão vejamos estes três exemplos onde a falta de informação (AVISO) está em falta:




Foto A - Obra da Estrutura Caprina ?



Foto B - Obras de pintura? 




Foto C - Escritório para promotora de obra?

    Será que eu sou a única pessoa que fica escandalizado com a pouca-vergonha de algumas construções e obras no nosso concelho, em especial na nossa freguesia? A falta de informação quando começa uma obra é uma prática generalizada e como isso se repete em muitas das obras, o cidadão comum acha normal e nem se dá ao trabalho de saber de informações a que tem direito e até para o caso de ter necessidade de intervir na defesa da coisa pública ou pessoal.
   Eu estive lá e vi que nestes casos estava em falta informação relevante. Parabéns ao dono da obra particular que está devidamente avisada!
   O que vai acontecer aqui?
           
                             
    José Nunes Martins

domingo, 17 de abril de 2022

AINDA ONTEM...LHE SORRI!

 

   Hoje quero lembrar-me do Tó ( António), um primo ainda que de forma afastada, pertence aos membros da minha família. É que ao lembrar-me dele, lembro-me também do seu filho, o rapaz com quem me divertia e que na igreja ajudávamos o padre Lourenço a limpar os dedos das mãos e no fim de tudo, pegar na cana e ir de altar em altar, de vela em vela para as apagar, deixando que a luz da lua entrasse pelos vidros dos caixilhos das janelas.
   O pai do meu amigo foi homem de trabalho, de ir para o campo e levar com ele o burro e as cabras. Há uma imagem que me ficou gravada e um dia até registei para memória das minhas paixões de andar com máquina de fotografias. Aquela terra foi tantas vezes cavada, lavrada, tractorada e ali passou muito do tempo da sua vida de agricultor.
   Quando me encontrava na rua da Fonte, dirigia-me sempre a palavra:
   - Então João, como andas tu? Bem, não é? 
Olha, o Augusto lá anda pela França! Ele assim quis...a vida...não é aquilo que muitas vezes pensamos, mas foi o que ele quis! O mal foi dele... 
     
  As gentes da aldeia conheciam bem este ser humano, simplório, trabalhador e que durante anos agarrou as rédeas deste povo. Como presidente de junta não lhe conheço grandes obras, não porque não tenha feito nada, mas simplesmente por eu estudar longe, naqueles anos era tudo mais distante e as notícias não havia tantas como há agora.

  
  O Ti Tó Peneira, assim foi conhecido na aldeia,  ontem, foi ter com o Augusto Afonso, o seu filho mais velho. Este homem, coisa que nunca teve foi "peneiras", foi o pai do rapaz aventureiro e sonhador que andou por onde foi mandado ir e por lugares que ele escolheu. 
   É dia de Páscoa, sim é verdade. Sei o que as pessoas pensam do Natal e outras festas religiosas, como esta da Páscoa. Depois dos acontecimentos deste ano, a Páscoa passa a ser sentida de forma diferente, assim como aconteceu comigo naquele Natal de 2018. Mãe e filho sabem melhor que eu como é importante continuar a viver.
   Aleluia!