Josnumar
( José Nunes Martins )
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Parque de Merendas de S. Domingos, foto de 2012, com painel caído por terra. |
Já gostei mais de ir à minha aldeia. As últimas vezes tenho vindo de lá com vontade de não voltar tão cedo. Era costume nas vésperas da ida andar entusiasmado e ansioso por chegar o dia da viagem. E depois de lá estar, não me apetecia pensar no dia do regresso à cidade. Agora, basta uns dias na terra e na casa onde nasci para ter vontade de meter tudo na carrinha vermelha e não voltar.
É estranho este sentimento e tenho andado a reflectir nas causas que estão a influenciar este afastamento e distanciamento. É verdade que não gosto de muitas situações com que me deparo quando estou na aldeia. Entristeço-me quando caminho por algumas ruas e reparo no número de casas vazias, com telhados podres e telhas partidas, outras têm janelas de madeira sem vidros, portas de madeira entre-abertas e com um monte de pedras que não deixam sequer entrar na loja. O perigo maior vem dos beirais dos telhados mais antigos, onde as telhas e lascas podem deslocar-se e colocar em perigo a segurança de animais e pessoas que ali passam. E que tristeza me dá olhar para as borradas cinzentas para segurar as pedras de xisto ou substituir telha antiga por chapas vermelhas, que protegem a casa da chuva, mas de belo nada têm. Talvez por isso lhes chamamAguardando a abertura |
CONHECE O ARTISTA?
João Cavalheiro nasceu em nasceu em Lille, França nos anos
90. Iniciou a pintura mural em meados de 2004 e define-se como autodidata. Com
o graffiti adquiriu a sua experiência e técnica com que hoje expressa
maioritariamente a sua arte em spray sobre murais e espera vir a ganhar mais
nome além fronteiras.
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Mural na cidade do Sabugal |
Para melhor conhecer a sua arte, que ele, com tanto génio,
vai deixando gravada por todo o lado, consulte as suas páginas. E fique atento
à Street Art de que Malcata e outras aldeias do Sabugal se podem orgulhar.
Um agradecimento ao
artista pela publicação das fotografias.
Faceboook: https://www.facebook.com/JoaoCavalheiroStyler/
Facebook: https://m.facebook.com/JoaoCavalheiroStyler/?locale2=pt_PT
Instagram: https://www.instagram.com/stylerone90/?hl=pt
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Lince da Malcata by Styler, em Malcata |
Desde 1976 que as
dinâmicas de transformação social, económica e cultural da nossa freguesia
estão a ocorrer no mesmo sentido político. O percurso feito até hoje é que nos
levou ao ponto onde nós estamos. Nestes 45 anos de democracia a inexistência de
verdadeiros debates de ideias
são para mim motivo de preocupação e inquietude, revelando o domínio do
pensamento único e comum a toda a comunidade. Esta realidade merece uma
reflexão longa, aprofundada e séria. Esta não é a democracia da liberdade, da
pluralidade, mesmo que ela pareça existir, é palpável a sua ausência.
A insatisfação sentida por alguns dos
cidadãos da nossa freguesia e aquela sensação de que faz falta mudar algumas
coisas para restabelecer uma democracia participativa, plural, respeitadora das
ideias de cada pessoa ou grupo.
O que acontece é o mesmo em todas as
eleições autárquicas. Independentemente das pessoas, dos projectos e das
ideias, independentemente das promessas feitas e dos resultados alcançados, é
muito mais importante e decisivo a cor do símbolo partidário. Malcata é uma
freguesia que vive resignada e num comodismo tal, que não é difícil adivinhar o
seu futuro. Preocupa-me a falta de ideias e de confronto dessas mesmas sem que
acabe em acusações e desavenças. Talvez por isso as alternativas tenham muitas
dificuldades em serem aceites. Esta forma de entender a democracia é diferente
da democracia da liberdade de pensamento e acção. Quando um povo, ou a sua
maioria, se acomoda e desiste de apresentar alternativas, aceita aquilo que determinado
grupo político apresenta, sem sequer colocar a mais pequena dúvida, sem
qualquer sentido crítico, é um povo aprisionado por livre vontade. Mesmo que se
sinta uma ligeira e legítima sensação e insatisfação e sentimento que alguma
coisa devia mudar e tentar restabelecer a confiança das pessoas na democracia
mais participativa e abrangente, os medos e as inseguranças deitam por terra
esses desejos.
Na nossa freguesia repetem-se as promessas
e não as acabam, insistem nos mesmos erros e o que nasceu torto não se
endireita e para espanto de alguns a escolha recai no mesmo na esperança de que
agora vai mudar.
A nossa freguesia já se acostumou a
viver assim e cresce a apatia e o desinteresse pelas políticas governativas.
Olharmos para o passado com um
pensamento crítico e focar o andar no caminho a seguir é o que deve ser feito.
Conhecer e compreender o passado, o que foi e não foi feito, deve fazer-nos
reflectir no que realmente desejamos e queremos ser, fazer e ter na nossa
freguesia.
A democracia vive da pluralidade e da liberdade,
do debate e do confronto de ideias. Respeitar as ideias de todos e escolher as
melhores em qualidade é o que nos espera daqui a uns meses. O passado é
importante e está muito para além dos acontecimentos que já passaram. Os
resultados e o valor acrescentado à nossa aldeia, beneficiando as pessoas é o
que realmente importa. Reconhecer erros e comunicá-los em vez de os esconder, reivindicar
e apresentar verdadeiras alternativas é a atitude que se necessita. Fazer melhor,
fazer mais e melhor é um bom princípio, mas tem que se juntar o compromisso e a
transparência devida.
por Josnumar
José Nunes Martins
Água que apetece beber todo o ano |
Tudo o
que nasce morre, diz o ditado.
Nós às vezes esquecemos que as aldeias
também envelhecem. Estou a referir-me ao seu património, ao seu mobiliário
urbano, ao seu edificado...casas que já foram habitadas, nelas se criaram os
filhos e hoje essas habitações são um monte de pedras ou para lá caminham. Paredes
com “barrigas” que podem romper a qualquer momento, janelas sem vidros,
carvalhos e sabugueiros nascem entre as paredes, enfim, um dó de alma olhar
para aquilo.
Vesti a roupagem de um turista e dei
uma volta pela nossa aldeia. Cheguei à Fonte Velha, ali reparo na nora, uma
relíquia de antigamente, arrepio-me ao ver tanta ferrugem e tanta degradação. Olho
para as paredes e a tinta onde ela já vai. Disse para mim mesmo: “Valha-me
Santa Engrácia! Então não seria possível arranjar a nora e pintar as paredes?”
Aqui deixo o pedido, como malcatenho, a quem de direito, que devolva a beleza e
a dignidade que aquela fonte merece.
Mas as coisas não acabaram, há mais
para contar. Na Rua da Moita há muitas casas desabitadas e abandonadas à sua
sorte. Não tenho palavras para descrever o estado de abandono que vi naquela
rua. A Junta de Freguesia devia continuar a seguir o mesmo critério que já
aplicou noutras casas abandonadas ou em ruínas existentes noutras ruas. Quando
um proprietário não quer saber da casa para nada, quem olha pela segurança do transeunte
ou mesmo os residentes que por necessidade, têm que passar naquela rua? Não
basta chamar a Autoridade da Protecção Civil Municipal, estender uma fita
vermelha e branca e lavar as mãos se ocorrer um acidente!
Hoje vou ficar por aqui. As duas
situações são gritantes e merecem ser
motivo de maior atenção por parte da Junta de Freguesia, pois penso que
dinheiro e soluções existem. E há que resolvê-las para não acontecer uma
desgraça a alguém que passe no local errado e à hora errada!!!!
Josnumar
(José Nunes Martins)
Quando não estamos na presença de
determinada pessoa, facilmente identificamos a quem nos estamos a referir usando
a alcunha ou apelido. E na nossa aldeia as alcunhas são diariamente utilizadas para
identificar determinada pessoa, mesmo sem dizer o seu nome próprio. A
utilização das alcunhas ajuda a conhecer a forma de pensar da nossa comunidade
assim como ela realmente é:
os seus valores, a sua maneira de viver, as ocupações que tem, os costumes e as
tradições. É também um meio que facilita a identificação e a comunicação.
Algumas alcunhas por vezes são a forma
mais rápida de identificar uma família, porque na aldeia essas pessoas
conhecem-se pelos apelidos mais do que pelo nome de baptismo.
Na nossa freguesia desconheço a
existência, até ao momento, de algum trabalho de recolha das alcunhas. Seria
importante fazer uma recolha das alcunhas usadas na nossa aldeia. Um apelido ou
alcunha constitui uma marca, um sinal com que instantaneamente se pode
identificar determinada pessoa de um determinado lugar, comunidade ou família.
Quem ri dos outros e com os outros pouco liga quando o chamam pela sua alcunha.
E também há quem fique melindrado se tal acontecer à sua frente. Por isto
acontecer, sei que também na nossa aldeia há pessoas que detestam ser
conhecidas por uma alcunha. Dado o número elevado de alcunhas conhecidas na
nossa aldeia e como contactar a todos é uma tarefa muito difícil, diria mesmo
impossível de alcançar, pensei na alternativa possível para avançar com a elaboração
desta lista de alcunhas. E a minha ideia foi a de publicar as alcunhas que
conheço, estando aberto à vossa colaboração para aumentar a recolha, a melhor
forma de o fazer seria escrever as alcunhas, mas com o cuidado de não referir a
pessoa ou família em concreto. Será uma maneira de evitar ofensas e mal-entendidos. Esta lista das alcunhas deve ser entendida
como parte importante da identidade do nosso povo, dos nossos costumes e nunca
se deve confundir com qualquer intenção de ofensa. As alcunhas são registos
importantes nas memórias da nossa terra e não ser motivo de chacota ou ataque
ofensivo.
Portanto, eu vou iniciar esta Lista de
Alcunhas e se mais alguém se lembrar de mais algumas, por favor envie, tendo
sempre o cuidado de não referir pessoas ou famílias em concreto.
LISTA DE ALCUNHAS EM MALCATA:
A- Albardeiro, Alfaiate
B- Bica,Bico,Borrachão,Barroco
C-Caldudo,Coxo,Cuco,Cagão,Canino
D-
E- Estrelado,
F- Fachó, Farrusco, Forneira, Faifai
G- Galo, Gaio, Galinho, Gravanço
H-
I-
J-
L-
M- Moleiro, Moedas
N- Nita
O-
P-Padre, Poleiro, Peneira
R- Rainho, Raninha
S- Sapateiro
T- Torto, Triste