21.8.22

MALCATA: NÃO BASTA TER BELEZA NATURAL PARA SE DESENVOLVER!

 


Nesta aldeia eu nasci e cresci

      Nasci no meio rural, numa casa humilde, construída em pedra de xisto, com umas escaleras também de pedra e por baixo do primeiro piso havia a loja, onde os meus pais guardavam o gado, isto é, uma vaca, um burro, duas cabras e às vezes criavam coelhos. Tudo isto para dizer-vos que sou uma pessoa do campo, como muitos que agora estão a ler o que este malcatenho está a pensar.
    É claro que os meus pais eram agricultores, ambos filhos também de agricultores e, já os meus avós eram filhos de agricultores ou lavradores se assim quiserem chamar.


                                               Topónimos de algumas ruas da aldeia
     Sendo de origem rural, o mais natural é sentir alguma ligação às coisas do campo e a tudo o que estiver relacionado com ruralidade. Lembro-me da era da minha infância, à minha volta eramos um bom grupo de garotos e garotas.
     As crianças davam vida à aldeia, por todas as ruas e na escola havia novos povoadores, que iam brincar e aprender a ser pessoas a saber ler e a escrever.
     As mães não se cansavam de mandar recadinhos e avisos. 


Rua onde nasci



Vista parcial da aldeia com a serra aos pés

       E quando a brincadeira nunca aborrecia, até nos esquecíamos da merenda e para ir jantar, só quando ouvíamos a nossa mãe que na varanda chamava por nós. 

   As pessoas adultas passavam os dias nos "chões" a trabalhar. Chegavam a casa ao fim do dia, vinham cansados, muito cheiro a suor, mas satisfeitos pelo trabalho que realizaram. Eram tão felizes assim que depois da janta ainda se juntavam para conversar, sentados à porta de casa, no pátio dos vizinhos. As mulheres gostavam de colocar a conversa em dia. As tabernas às noites enchiam-se de homens e alguns rapazes e entre um meio-traçado, meio-quartilho ou uma mini, jogavam uma "suecada" ou à bisca, também cheguei a assistir a umas partidas de "lerpa" , um jogo e não doença! Como no dia seguinte era dia de jorna, a taberna encerrava por volta da meia-noite. Todos regressavam às suas casas, melhor dizendo, a maioria entrava na casa certa e não se enganava na porta. Alguns, coitados, viviam sozinhos numa casa sem mais alma humana, como não havia electricidade, nem os calores do vinho os alumiava e algumas vezes custava a atinar com o buraco da fechadura. Mas ao fim de algumas tentativas lá entravam porta dentro. Outras vezes não entravam mesmo na casa,  porque a chave não foi feita para abrir a porta da casa do vizinho. Na manhã seguinte, tudo voltava ao lugar e tudo vivia na santa paz e o importante era viver o dia alegre e bem disposto. 
Caminho rural até Quadrazais

    O mundo mudou e as aldeias também. Na freguesia onde nasci é hoje uma terra de passagem para Quadrazais, Vale de Espinho, Fóios...Espanha; ou de ida até ao Meimão, Penamacor...Lisboa...França...Argentina e muitos outros lugares deste mundo. Hoje é uma aldeia que não tem tabernas, tem cafés e minimercados, tem um lar de idosos e um grande cemitério. Tem tudo aquilo que fazia falta quando eu era criança, menos a escola. Tem água ao domicílio e saneamento básico, electricidade e gaz raramente falta, tem uma albufeira grande que nesta altura do ano, esvazia de água e sobram lamas barrentas.
Não tem rio, nem moinhos de água, nem lameiros que tanto jeito davam para estender as toalhas e depois as mantas das merendas. 
   
   

Zona de lazer


   Mesmo com tanto, falta criar estruturas que fixem pessoas, negócios, respostas que precisamos para desenvolver a freguesia e a região.
   Está visto que a beleza natural e o que a natureza oferece, para além de ser bonito de ver e apreciar, não é suficiente para cativar as pessoas. Até podem vir com a conversa das obras já feitas para criar interesse na visita à nossa freguesia. É assim, se as pessoas vierem a Malcata para ir até à praia, comer uns petiscos e uma imperial, vão ficar satisfeitas e até podem repetir a visita.
   E eu pergunto: o que ganha a aldeia com esta visita de uma tarde? Quem tira felicidade e rendimento financeiro destas pessoas? Será que a freguesia só tem este destino para criar interesse em que visitem a aldeia? Quando a oferta é maior, quando se criarem estruturas âncora de restauração, alojamento, comércio de produtos locais e condições para ir a Malcata e passar na aldeia dois ou três dias, conhecer e experimentar tudo o que se oferece, então sim, o desenvolvimento e a riqueza será distribuída por todos os parceiros.

José Nunes Martins

   

Albufeira da barragem tem forte potencial
para bons projectos


Dois dos símbolos que identificam o espírito malcatenho:

Busto de Camões, em homenagem ao emigrante
                                                       
Nicho Senhora dos Caminhos, 
fé e esperança pelo caminho da vida


   




   

13.8.22

BORBOLETAS, FEIRINHA, BAILARICO = FESTA EM MALCATA

 



   


   Durante este fim de semana Malcata fervilha e divertem-se até quase o sol acordar. A presença dos emigrantes, viraram a aldeia de pernas para o ar e rumam todos até ao Rossio, o ponto mais importante da festa. É fácil sentir a presença dos jovens luso-franceses que não precisam da companhia dos pais para “se divertirem à grande e à francesa”, ou seja, com asas para voar por onde desejam, porque na nossa aldeia ainda é seguro para todos. Aos emigrantes unem-se todos os malcatenhos que estão este mês de férias e que trabalham fora da aldeia. Estes chegaram mais rápido e menos cansados da viagem. Os que vêm lá de Paris e arredores, têm de conduzir muitos quilómetros com a regueifa nas mãos e as paragens deviam ser obrigatórias, mas há quem tenha pressa de chegar...

   No momento em que escrevo estas linhas, já aconteceu um dos momentos surpresa da festa deste ano. Refiro-me á Sessão de Apresentação de um livro. Manuela Vidal é a autora do livro “A História de Uma Borboleta Que Não Tinha Nome”.  Joana, filha de Manuela Vidal, gosta de fazer passeios pelos caminhos da pequena aldeia dos avós maternos, juntos, mãe e filha, sempre que estão aos pés da Serra da Malcata, partem à descoberta e à aventura. Assim e com mais uns pozinhos como de uma poção mágica se tratasse, nasceu a linda história da borboleta que ainda não tinha um nome...A apresentação decorreu hoje, 13 de Agosto, ao meio da tarde, no largo do Rossio. A Junta de Freguesia de Malcata está de parabéns e sim, mostra que quando quer, sabe oferecer programas que valorizam, enaltecem e educam as pessoas, oferecendo cultura e alternativas para se viver feliz.
   Termino com uma palavra de apreço a todos os malcatenhos que se encontram em Malcata, um louvor à Junta de Freguesia que patrocina a Festa e aos mordomos que também andam animados e tudo estão a fazer para que a Festa seja fantástica.
   Por fim, uma saudação carinhosa e especial para a Manuela e a Joana e ao marido e pai Rui.

                                                                José Nunes Martins

10.8.22

MALCATA: ÁGUA DA FONTE DAS BICAS, SÓ PARA REGAR E APAGAR INCÊNDIOS !


    

      A Junta de Freguesia de Malcata, no dia 8 de Agosto de 2022, pelas 21:57 horas, colocou um aviso na sua página das redes sociais, informando que mandou efectuar a análise microbiológica e físico-química à água da Fonte das Bicas (Fonte da Torrinha). A análise efectuada deu como relatório que a água se encontra imprópria para consumo humano.
   A autarquia aconselha e alerta a população e visitantes para restringirem ao máximo a utilização da água que ainda brota na bica do fontanário.

  

Freguesia de Malcata

 · 8 de agosto às 21:57  · 

AVISO À POPULAÇÃO

O mais recente relatório de ensaio à água do fontanário público situado na Praça do Rossio - Malcata foi considerada como "água microbiologicamente imprópria para consumo humano".

Desta forma alertamos toda a população para a não utilização desta.

A Freguesia irá reforçar a realização das análises e qualquer alteração será comunicada à população.

Freguesia de Malcata

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Uma nota pessoal: 
Aos que estejam interessados em conhecer e a saber mais informação sobre este fontanário,
basta clicar no link a seguir:

https://aldeiademalcata.blogspot.com/search?q=fonte+da+torrinha

                                                                         José Nunes Martins



  

                                               

6.8.22

OS ACOSTUMADOS NÃO SABEM A SORTE QUE TÊM

Placas de fibrocimento à espera do vento!


    Ai aquele telhado e aquelas paredes a cair de podres! Olhamos para o telhado e pensamos que por ali passou um vento ciclónico que levantou as placas de fibrocimento e só não derrubou árvores porque graças à flexibilidade do tronco e dos seus ramos ainda jovens.
Muitos olham e observam sem parar, outros acostumaram-se a ver e apesar de dar mau aspecto aquela área, que muitos turistas amantes de Auto caravanismo
dali fazem o seu miradouro preferido.
   As pessoas da aldeia acostumam-se a estas situações e costumam ficar mudas
para não incomodar os responsáveis. O dia em que aconteça um acidente, não faltarão 
opiniões e lamentos.

                                                                                            José Nunes Martins


 

5.8.22

DE MALCATA PARA O MUNDO

Desde 1959 a dar horas


Ponto de encontro
entre residentes, emigrantes, 
imigrantes e turistas, amigos, a Praça do Rossio localizada na zona central da freguesia, é o ponto de passagem e paragem obrigatória para quem chega a Malcata.

 





                                                                                                   

2.8.22

FALTA DE CADASTRO ESTÁ A AFASTAR O LINCE IBÉRICO DA MALCATA?

                            

Só quem joga é que pode ganhar

   No nosso país, há muitos proprietários que desconhecem os terrenos que dizem ser seus, seja por heranças recebidas ou outros meios.
   É por isso importante elaborar o cadastro por todo o país. Assim, o Governo decretou que todos os donos de terrenos têm que fazer o cadastro. Para que o processo seja menos complicado, mais rápido e mais aceite, criou o BUPi
(Balcão Único do Prédio). O concelho do Sabugal é já um dos municípios que aderiu a este banco de registo.
   Ontem, 1 de Agosto, em Malcata, decorreu uma sessão de esclarecimento sobre o tema do cadastro dos terrenos. Segundo o que consegui apurar, poucas pessoas apareceram no salão da Freguesia e sede da ACDM, na Rua da Escola Primária.
Será que em Malcata já está feito o cadastro dos terrenos?
As pessoas não estavam ao fim do dia de ontem na freguesia?
A comunidade foi devidamente informada e sensibilizada para participar?
Agora que a reunião passou, o que se aprendeu?
Que compromissos ficaram escritos?
Que outras acções vão ter lugar?

Estou surpreendido, pela indiferença, das gentes da freguesia no que diz respeito ao património comum e particular.
Não meus caros, assim não saímos do estado em que está a floresta e a vida de toda a comunidade! Assim nem o lince ibérico desejará vir. Mas, quando a tragédia chegar, nem Cristo nos vai valer, pois está fartinho de nos enviar uns avisos!

                                                                      José Nunes Martins

29.7.22

A LIBERDADE DE VIVER

 

As duas Malcatas

   Há quem pense e persista naquela ideia de que para uma pessoa estar de boas relações com todos e com o mundo ficar quieto e em silêncio é mesmo indispensável, ou devia ser obrigatório. Eu felizmente não sou mudo, os meus olhos ainda veem mais ou menos bem e também escuto razoavelmente. Então qual a razão de auto submeter-me ao silêncio? Louvado seja Deus por me concederes o dom de pensar pela minha mente, de ver com os dois olhos, de ainda escutar com ambos os ouvidos e também dizer palavras em frases com sentido e mais ainda, agradeço-Te a Liberdade de utilizar todos estes dons, porque sem eles, iria ter uma vida mais difícil.
   Tenho sempre um motivo para escrever: dar utilidade ao talento que Deus me
concedeu e viver livre, em pensamentos e palavras.
                                                                                                  José Nunes Martins

27.7.22

QUE SONS GOSTAMOS DE OUVIR EM MALCATA ?

Sinos com bom som


   Os sons da aldeia serão diferentes dos sons das cidades?
   Os mais idosos que sons recordam mais? Os seus netos continuam a ouvir os mesmos sons ou há alterações?
   Quando eu era garoto ouvia o som do sino da torre que repetia as horas e as meias horas, todos os dias e todas as noites. Olhando para o mostrador podemos ver que existem uma série de números que vão de 1 a 12; então como é que as pessoas sabiam que horas eram às tardes  e às manhãs? Sabiam, raramente se enganavam e muitos dos nossos avós e pais eram analfabetos. Eram bem-falantes e tinham inteligência, faziam contas simples e outras coisas do dia a dia, alguns tinham uma cabeça que metia inveja a alguns doutores.
   Outro dos sons que se ouvia no povo eram os sinos que estavam no campanário da nossa igreja. Claro que ainda hoje lá estão dois sinos, um maior que o outro. Tenho para mim a ideia de que o som dos sinos da igreja já não tem o mesmo timbre, quando os ouço refugio-me naquelas sonoridades limpas, de eco prolongado, que é completamente distinto do que hoje se ouve. Dizem que o sino pequeno está com fissuras e isso prejudica imenso o toque. O outro, é maior e devia ouvir-se ainda melhor e não é assim. O seu tamanho esconde, ao que parece, a causa da sua rouquidão que a acompanha desde que ali foi colocado.
   Lembram-se dos profetas que anunciavam a chuva? Pois claro, os amoladores que apareciam na aldeia armados em técnicos no arranjo de varetas soltas dos guarda-chuvas, deixavam as meninas costureiras satisfeitas e felizes porque a tesoura ficava a cortar como nova...e faziam todo o trabalho sem gastar um escudo de electricidade, mas ao fim do dia a perna mostrava-se cansada de tanto dar ao pedal para que a correia fizesse rodar a pedra de amolar.
   O som das galinhas, do gado na loja ou na rua, os chocalhos e as campainhas que os lavradores penduravam ao pescoço das cabras, das vacas e nunca vi burro ou cavalo com este tipo de albercoques. Não tenho explicação!
   Hoje os sons que se ouvem na nossa aldeia são bem diferentes daqueles que eu me lembro de ouvir há pelo menos 50 anos atrás. Mesmo que alguns sons se pareçam e tenham ainda o mesmo significado, continuo a ter melhores recordações dos sons que ouvia de pequenino.
   Que sons se ouvem neste Verão pelos ares de Malcata? 


                                                                                                              José Nunes Martins

    
Tocar os sinos em dia de festa
A concertina do Fernando
Capoeira com galinhas
Burros, cabras, vacas...
Sons raros

Sons de concertos


14.7.22

BEM VINDO A MALCATA

Foto de António F. Rato


 

      É ponto de encontro entre as pessoas residentes e visitantes. Também os conterrâneos que chegam de fora para uns dias de descanso, sabem que ali é o melhor sítio para encontros, conversas e outras combinações. Aqui, na sala de visitas da aldeia, é também o ponto de início de cinco ruas, por sinal, as mais movimentadas da freguesia. Uma torre com um relógio de ponteiros, um forno de cozer pão, uma fonte de duas bicas e os seus três tanques, uma paragem, onde as pessoas esperam por transportes, bancos de um lado e do outro, um minimercado e também a existência de um desfibrilhador externo (DAE), compõem esta sala.
   É nesta Praça do Rossio que muitos malcatenhos “tomam o pulso” à vida da nossa aldeia de Malcata. Bem Vindos todos a casa!
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4.7.22

ELES SABEM O QUE FAZEM, MAS O POVO NÃO!

 


   Uma junta de freguesia que trabalha com transparência em tudo o que faz, divulga e dá a conhecer o que anda a fazer.  Ora bem, o historial da nossa junta de freguesia é precisamente esconder o máximo de informação, mesmo quando se trata de assuntos do interesse dos malcatenhos.
   Quantas actas das reuniões da junta de freguesia estão publicadas na página oficial da freguesia de Malcata na internet?
   Alguma vez o executivo publicou informação sobre as obras que vai fazer?
   Já informou alguma vez o ponto da situação da obra da construção das instalações para as cabras sapadoras?
   A resposta é “não” a todas estas perguntas. Este estado de coisas é revelador da falta de transparência que reina na junta de freguesia. Por muito que se pergunte, ninguém dá qualquer explicação. Em Malcata, a democracia fica terminada no dia seguinte às eleições. Será que os malcatenhos não podem saber o que é discutido e decidido nas reuniões da junta?
   E o que se passa com a junta de freguesia, para nossa desilusão, também se passa com as reuniões da Assembleia de Freguesia.
   Mas alguém em Malcata ou noutro canto deste planeta se preocupa com merdices destas? Gostam de viver numa aldeia que é governada como se de uma república das bananas se tratasse. Na nossa terra, quem tem um olho, é rei e senhor dos seus súbditos.
   Continuem assim a “dormir na forma” e a bater palmadinhas, mas depois não se queixem ou me enviem mensagens a pedir socorro. Já me bastou o caso da antena dos telemóveis!