24.7.14

ROUPA NOVA PARA A FESTA


 Festa de Malcata 2014



  A festa da aldeia está a aproximar-se. Este ano será dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Nos idos anos cinquenta, à medida que o dia festivo se abeirava havia o costume de ir comprar roupas novas e bonitas. Um dia, Sabino foi a Valverde Del Fresno comprar um par de meias para cada irmã. Ele sabia que as tinha que acautelar, o mais possível, porque os carabineiros eram intransigentes e não deixavam passar nada na fronteira, apesar de ser "cura".
   Vivia-se naquela altura em Espanha, fruto da guerra, um certo anticlericalismo exacerbado. Por isso, quis acautelar-me, não fosse o diabo tecê-las, pensou.
   No regresso a casa, parou para matar a sede, numa fonte manhosa e foi atrás de umas canaveiras, aproveitando para urinar e atar os três pares de meias de vidro à cintura.
   Mal se pôs de pé apareceram dois carabineiros que lhe colocaram a espingarda à cara, para denunciar todo o contrabando que trazia. Para além das meias atadas à cintura trazia um trigo espanhol e uma caixa de galhetas, tendo o Sabino de jurar ali mesmo que não trazia mais nada. O padre perante as várias ameaças e insultos dos carabineiros lá confessou:
   "Bem, bem de facto, da cintura para cima não trago nada...da cintura para baixo, tenho um presente que as mulheres gostam muito"...(tratava-se das meias, claro)!

in "Três Vidas Ao Espelho", de Manuel da Silva Ramos
 
Tem alguma história interessante para contar e partilhar? Venha lá essa história!

10.7.14

MALCATA: PASSADO E PRESENTE COM FUTURO


Crianças na Fonte da Torrinha



Malcata é uma terra cada vez mais conhecida e o seu nome vem quase sempre ligada à serra com o mesmo nome e ao Lince da Serra da Malcata.
As recentes mudanças e melhorias ocorridas na pacata aldeia do interior têm contribuído enormemente para manter viva uma aldeia bem portuguesa e as pessoas que nela vivem, ainda acreditam num futuro melhor.
Muitos de nós recordamos aqueles tempos, não muito longínquos, em que se ia à Fonte da Torrinha ou à Fonte Velha com os cântaros de barro buscar a água para cozinhar, para lavar o corpo, para beber e claro, também para o gado.
Agora a aldeia tem saneamento básico e água nas torneiras, as curvas perigosas da velha estrada para o Sabugal desapareceram e a viagem faz-se com mais segurança e conforto, graças às obras de requalificação da via. Com a construção da barragem, surgiu uma enorme albufeira que até agora só tem servido os agricultores da Cova da Beira e leva a água às casas de muita gente. Os Caminhos Rurais de Malcata para o Meimão e de Malcata para Quadrazais foram arranjados e permitem uma ligação bem melhor. Também as comunicações telefónicas e a internet são agora uma melhoria sentida por aqueles que quiseram ligar-se ao mundo. Mas apesar de ser uma ajuda para vencer distâncias, por si só, não estão a ser capazes os custos da interioridade manifestada num êxodo das suas gentes e que levou ao encerramento da creche-infantário, da escola primária, de comércios, da queijaria e agora o desemprego está a atingir quem trabalhava na construção civil. 




 Cemitério de Malcata(ampliação)


Lar da Assm-pólo a ser inaugurado brevemente


A triste sina de Malcata é assistirmos às obras de ampliação do cemitério e do Lar de idosos. As consequências desta realidade estão à vista: as crianças e os jovens são obrigados a sair da aldeia e acabam por ficar pelas cidades que lhes proporcionam um melhor futuro. Com a escola está desactivada e servindo agora para outros fins,  os pais das crianças têm que deixar levar os seus filhos para outras escolas abertas noutra terra e acabam por lá ficarem todo o tempo da escolaridade obrigatória, que são muitos anos, levando-as inconscientemente a optar por “esquecer” a sua aldeia e viver a sua vida em qualquer outro lugar que lhes ofereça melhores empregos e um futuro  mais risonho.
Perante tantas dúvidas e tantas incertezas pergunto:
 Malcata tem futuro?
O passado de Malcata é ou não importante para compreender o presente e projectar o futuro?

4.7.14

O PÃO DAS BOCHAS




Bocha de pão ainda em crescimento

      Todos conhecemos a importância do pão na alimentação. Conheço até quem não coma a refeição se faltar pão na mesa. Hoje para comer uma fatia de pão não dá lá assim muito trabalho, há muitas padarias próximas de Malcata que diariamente nos levam o pão a casa. Antigamente era necessário pôr mãos à obra e começar a trabalhar em  Novembro para em Junho ou Julho se poder ceifar o pão, malhá-lo, entregar as sacas ao moleiro e depois marcar um dia para o cozer no forno do povo.
   Sendo eu filho de Malcata e não sendo a minha família muito abastada em terras agrícolas nem por isso deixou de semear pão e trigo, nomeadamente ao Poceirão e na Relva das Casas, terrenos cuja área e clima eram propícios para cereais.
   José Rei, no seu livro "Malcata e a Serra" no capítulo "As actividades de subsistência" na página 44 dedica a sua atenção à Ceifa. Durante os meses de Junho e Julho poucas horas de descanso havia para as gentes da nossa aldeia. Quase todas as famílias semeavam a sua bocha com pão ( centeio ) ou trigo.
   A ceifa era uma actividade que dava trabalho a muita gente. Em Malcata apareciam pessoas vindas de outras terras, vindas do lado de Castelo e que trabalhavam em grupo até acabar a ceifa. Mas em Malcata acontecia algo que merece ser lembrado e que mostra uma característica singular da vida comunitária da aldeia: como alguns agricultores não tinham dinheiro para pagar a esses ranchos de ceifeiros, "o mais comum era o rancho ser feito em modo de torna-dia, sendo o dia pago com outro dia de trabalho".("Malcata e a Serra, pág.44,José Rei).
   E então pelo raiar da manhã, todos se reuniam à porta do lavrador e após o matabicho partiam para o trabalho. 

        Os ceifadores iam para o campo bem aviados levando ferramentas, roupas e outros acessórios que lhes garantiam segurança e bons resultados no seu trabalho e em que destaco estes:



Dedeira e foice

Chapéu de palha

   "Chegados à bocha depois de verificada a direcção do vento e o trajecto do sol, os ceifeiros colocavam-se lado a lado, de acordo com as suas preferências  e começavam a ceifa. Alguns, metiam dedeiras na mão esquerda, a fim de se protegerem de eventuais cortes. que poderiam ocorrer a qualquer momento, dada a rapidez com que cortavam o cereal que agarravam com aquela mão". pág.46 do livro "Malcata e a Serra,de José Rei.


   
   

30.6.14

DIA MUNDIAL DAS REDES SOCIAIS


DIA MUNDIAL DAS REDES SOCIAIS
   Hoje, 30 de Junho, celebra-se o Dia Mundial das Redes Sociais. Estas redes sociais fazem parte do dia a dia de muitas pessoas e de muitas instituições públicas, privadas, sociais e religiosas. Sempre me interessei por este tipo de comunicação e há muito que mantenho três canais sociais:
BLOG 
 Blog com ligação ao Facebook


FOTOGRAFIAS

 
FERRAMENTAS POUCO UTILIZADAS:


Página oficial da Junta de Freguesia de Malcata:


 
Páginas oficiais da Associação Cultural e Desportiva de Malcata:




 
Página oficial da ASSM ( Lar de Malcata ):




   Por experiência pessoal posso afirmar que estas redes sociais ligadas a Malcata têm contribuído para a aproximação das pessoas que, por esta ou aquela razão, estão ligadas a esta terra. E cada vez mais as pessoas fazem questão de visitar e utilizar estas redes sociais para obter informações diversas. Mas como qualquer outra ferramenta, se estas páginas não forem minimamente utilizadas e actualizadas pelos seus criadores, as pessoas não vão beneficiar com a sua existência.
   É necessário tirar benefícios destas novas ferramentas e aproveitar mais o potencial que elas podem trazer para o bem pessoal e social.
   


27.6.14

UMA AVENTURA PELA SERRA DA MALCATA

Serra da Malcata, no sítio da Machoca
 
    Acompanhado por um geocacher infantil, cujo gosto, ainda tem que ser devidamente alimentado, eis-nos, montados no cachemobile, a passar pela primeira vez na estrada repavimentada de Quadrazais - Malcata. Chegados às proximidades do Vale da Ussa ainda lhe chamei a atenção para o posto de vigia do Alto da Machoca. E o garoto, que como todos já fomos, vendo as coisas ampliadas, proporcionalmente ao seu tamanho, deixou passar uma interjeição de espanto!

   De facto por aí passámos, revisitei eu e mostrei-lhe a cache aí existente (de boa saúde, de resto), chamei-lhe a atenção para a paisagem e para os "placards" informativos aí existentes (O da fauna e flora, ainda está razoável, embora apresente buracos de eventuais tiros; o relacionado com a paisagem, esse, está uma lástima, o que aliás é característica comum a outros que vimos).
   Visitada a Machoca foi de ir em direcção a esta. Desconhecedor das diferentes vias, em que caminhos se confundem com corta-fogos servindo estes, também, em alguns casos de caminhos, optámos por uma das vias. Chegámos a 600 metros do GZ mas verificámos que ele ia ficando à n/esquerda. Pelo que, atingida a distância mínima, foi de fazer corta-mato, com o puto a portar-se lindamente.
   À cautela, marquei um ponto para nos servir de referência no regresso. O puto, por sugestão minha, memorizou o número. Passados alguns 400 metros, surge uma estrada. Caminhámos por ela abaixo. O GZ continuava a ficar à esquerda, mais ou menos a SE. Descobrimos um cruzamento mais abaixo e, aí, continuando com as orientações do aparelho, cortámos à esquerda, descemos em direcção a um pontão sobre uma ribeira, vendo, a partir daí, as infra estruturas existentes pertencentes , ao que nos pareceu, a uma empresa de celulose.
   Entretanto a internet havia falhado. Com um erro de 10 metros o aparelho apontava exactamente para uma das portas da maior das casas ali existente. Pus a descansar o aparelho e, tentando descansar eu e o puto, lá encontrou o recipiente no seu esconderijo. Recipiente esse que tinha água no fundo, com o livro de registos bastante húmido o que, dado o desejado bom tempo, se vier, não resultará em problemas de maior.
   O regresso?  O ponto marcado pouca ajuda nos deu. Continuámos em frente, no cruzamento atrás referido.
   Andámos umas centenas de metros e, de repente, o caminho embocou no corta-fogos onde havíamos deixado o cachemobile. Só que ele não se via. Convencidos de que estava a seguir à curva, lá ao cimo, o puto arranjou energias para fazer mais um pedaço de caminho. Porém não foi preciso tanto quanto eu - e ele - pensava:  o cachemobile encontrava-se escondido numa depressão do corta-fogo uma centena de metros à frente. E então foi de ver o garoto a fazer os cem metros para, algum tempo depois, adormecer profundamente.
   O resto do percurso? Uma aventura pelo interior profundo da Serra da Malcata antes de voltarmos ao trajecto inicial.
IMAGENS DO REGISTO DESTA AVENTURA PELA MALCATA:
 A casa mor...

 Inspiração para um quadro...



 Um óptimo sítio para passar um dia de Verão
 A casa pequena...
Pr'a matar a sede

   A RNSM ( Reserva Natural da Serra da Malcata ) situa-se nos Concelhos de Penamacor e Sabugal. Toda a área da RNSM insere-se nos distritos de Castelo Branco e Guarda; nas freguesias de Penamacor, Meimão, Malcata, Quadrazais, Vale de Espinho e Fóios.
   O Geocaching é um desporto praticado ao ar livre e serve também de passatempo e dessa forma as pessoas passeiam enquanto procuram encontrar uma pequena caixa deixada por outro "cacher" que deverá ser aberta e descobrir o seu conteúdo, deixando depois no seu interior novos registos, novas informações na esperança de que outros praticantes deste desporto os encontrem e partilhem através das redes informáticas.
   Sabem mais aqui:http://www.geocaching.pt/