17 março, 2025

OS ROSTOS DE MALCATA

       

Gente de Malcata
(Clicar na foto para ver melhor)


   Em 2014, estava na aldeia a passar uns dias. Esta fotografia foi tirada por mim, no mesmo dia em que a aldeia estava a ser pintada por um grupo de artistas dedicados à arte de pintar o que observam, o que sentem, ou outro motivo que lhes permita apresentar obra feita e relacionada com a aldeia onde estavam. 
   Onze anos depois, quando procurava uma outra imagem, encontrei esta no meio de outras que também são da mesma data. 
   Tenho muitas fotografias guardadas no meu arquivo pessoal. Quanto a esta imagem, é um pequeno tesouro, tendo em conta as pessoas que estão nela. 
   Não vou tecer qualquer comentário sobre estas pessoas, simplesmente vos deixo aqui estes rostos fotografados com todo o respeito que elas merecem. Ajudem-me a desvendar um pouco mais esta preciosidade: o lugar, o espaço, as conversas, as compras, os olhares das mulheres e os sorrisos dos homens a ver a Torrinha transformada numa praça dos pintores...e eu com máquina a tiracolo. Vamos lá desvendar. Obrigado.

                                         
José Nunes Martins


                                                          Desvendado o mistério:
     
Gente de Malcata
(Clicar na foto para ver melhor) 
Legenda da esquerda para a direita:
Lena, Ana, Ti Manel, Zé e Ti Santa
  

15 março, 2025

EM MALCATA HÁ MAIS MÁQUINAS E MENOS VIVO!

    O Mundo rural está a mudar e mais rápido daquilo que muitos pensam. 
    Recordo-me dos meus tempos de infância e adolescência e do mundo rural que fervilhava na nossa terra. Nós, as crianças e adolescentes, não sabíamos descrever uma ida à praia e muito menos falar das sensações provocadas pela água salgada e a areia que queimava os pés. Quem sabia e vivia junto ao mar é que falava do mar, das ondas e da praia. Nós, os garotos do campo, brincávamos uns com os outros, com os animais que havia em todas as casas. Nenhum nos assustava e desde cedo que estabelecíamos  boas relações de confiança e adecto, chegando a pegar nos filhotes das cabras ao colo, ou andar a tentar ensinar a galinha a jogar à macaca...na aldeia havia galinhas e pintainhos, cabras e cabritos, vacas e vitelos, burros, ovelhas, coelhos, patos, porcos, éguas e cavalos, muitas aves e raposas, lobos, javalis...nós, as crianças, crescíamos entre o reino animal irracional mas muito útil nas tarefas do campo. Todos os rapazes e raparigas sabíamos de onde vinha o leite que bebíamos ao pequeno almoço, sabíamos como era feito o queijo e porque alguns cheiravam tão mal, mas todos gostávamos de pôr por cima da fatia de pão.  

Vaca


Agora, o mundo está diferente. Estão coisas novas a acontecer e tudo o que é velho, vira lixo e atiramos com as coisas para dentro dos contentores de "resíduos domésticos". 


Ovelhas

O mundo parece estar a dar uma volta e está muita coisa a ficar ao contrário. Hoje, os meninos e as meninas das cidades é que nascem perto dos animais. Agora são os garotos das aldeias que têm que pedir aos pais deles para os levarem até às cidades ver ao vivo o gado: as vacas, os burros, as cabras, as ovelhas, os cavalos...salvam-se as galinhas e os porcos. Não sei por quanto tempo os vão poder ver ao vivo na aldeia, as mudanças estão a suceder muito mais depressa que há uns anos atrás...



JMAL-Sabugal(Sortelha)

Aprender andar na albarda do burro foi das primeiras experiências que eu tive quando era um jovem adolescente. Os pais ensinavam os filhos a equilibrar o corpo em cima da albarda. Quem não adorava ir às cavalitas do "Preto" ou do "Russo" ? Até as raparigas gostavam!

Estão a ver como o mundo está diferente!!!!

              José Nunes Martins



13 março, 2025

O QUE NOS IDENTIFICA EM MALCATA?


Posto da Guarda Fiscal
   

 
Sede da Junta de Freguesia




      O que nos ajuda a sentir que     pertencemos a determinada aldeia ou   cidade?
    Eu diria que, no caso concreto da nossa aldeia, existem alguns elementos espalhados pela área da freguesia que nos ajudam a sentir que somos malcatenhos, pertencemos a este povo: as casas, as ruas, os bêcos e as praças, as fontes, a torre do relógio, o antigo quartel, a antiga escola primária, a igreja matriz, o calvário, a capela, o moinho, o forno, o busto de Camões...o cemitério, a serra, etc. !
   Cada um destes elementos ocupa os espaços com os quais nos identificamos e que fazem parte da nossa aldeia. Há em cada um destes elementos algo com que nos identificamos, relacionamos e que para nós são importantes. Cada um de nós, cada malcatenho tem algo com que se identifica. Ainda bem que é assim!
   
Aldeia e a serra


   
Fonte das Bicas


Relógio

               



Igreja Matriz



Calvário



Sra. dos Caminhos

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03 março, 2025

MALCATA: 25 ANOS DE SUBAPROVEITAMENTO DAS SUAS POTENCIALIDADES.





Barragem do Sabugal
(Foto do Jornal do Fundão)


BARRAGEM DO SABUGAL


HÁ 25 ANOS INAUGURADA POR ANTÓNIO GUTERRES
E PARECE TER SIDO HÁ TRÊS DIAS!


      A cerimónia decorreu no dia um de Março de 2000, com a presença do primeiro-ministro de Portugal, António Guterres, o secretário de Estado da Agricultura, Capoulas Santos, António Morgado, presidente da Câmara Municipal do Sabugal, Manuel Rasteiro, presidente da Junta de Freguesia do Sabugal, muitas outras entidades e individualidades terão estado presentes...
   O contrato da construção da barragem foi assinado no ano de 1997, no dia 16 de Abril, no Salão Nobre da Câmara Municipal do Sabugal, que era presidida por José Freire. 

    

Notícia de 1ªPágina no jornal
"AMIGO DO SABUGAL"



      
   A Barragem do Sabugal armazena está ligada à Barragem do Meimão/Meimoa e é através do túnel de transvase, construído entre as duas albufeiras, que a água do Rio Côa e muitos dos seus afluentes, pequenas ribeiras e nascentes, chega à depois aos campos agrícolas da Cova da Beira. 

   A construção da barragem do Sabugal foi lançada num concurso internacional em 1995. Malcata, foi das freguesias do concelho do Sabugal, a mais sacrificada, tendo-lhe sido "retirados" muitos terrenos, havendo quem afirmasse que por causa da construção da barragem, a freguesia deixou ir os melhores "chãos" agrícolas, os melhores lameiros, moinhos de água, etc. . 
   Cortar a fita, no dia 1 de Março de 2000, foi o trabalho mais fácil e mais aplaudido por quem rodeava as entidades governativas. O primeiro enchimento só foi concluído em 2001. Começaram com as obras da construção do túnel de transvase e a água foi mantida bem longe da zona da obra. Só em 2007, sete anos após a sua inauguração, foi concluído o segundo enchimento. 
   Deixo aqui o vídeo da RTP sobre a inauguração:

   https://arquivos.rtp.pt/conteudos/inauguracao-da-barragem-do-sabugal/



 

27 fevereiro, 2025

MALCATA: É TEMPO DE FAZER PROVA DE VIDA

    

Malcata-Praça do Rossio precisa de ser arrumada

   A Câmara Municipal do Sabugal, de 2021 a 2024, não apresentou qualquer proposta de reabilitação urbana para a Freguesia de Malcata. E, agora, a poucos meses de irmos para as eleições autárquicas, que até podem vir a mudar as caras do poder e a distribuição de lugares, vem propor uma Área de Reabilitação para a freguesia de Malcata.
   Isto tem mesmo cara de propaganda política. Desde a sua aprovação pela Câmara Municipal, às idas e vindas dos organismos do Estado, que pode levar meses de espera, leva-me a pensar que se trata de mais uma promessa impossível de ser cumprida por estes dois executivos, o municipal e o da Junta de Freguesia de Malcata. É que passar do papel ao real, não se faz da noite para o dia ou do mês de Janeiro para Fevereiro. As etapas que têm de ser levadas a cabo vão demorar algum tempo a concretizar-se. Duas já estão concluídas, foram em Janeiro, assunto de deliberação na Reunião da Câmara e amanhã, 28 de Fevereiro de 2025, vão a votação na sessão da Assembleia Municipal do Sabugal. E tendo em conta a formação da actual Assembleia Municipal, a aprovação da ARU está garantida.  Depois seguem-se as etapas seguintes, a começar pelo envio do documento para publicação em Diário da República; depois irá parar ao Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (prazo máximo de três anos), para a seguir se proceder à elaboração da
ORU ( Operação 
de Reabilitação Urbana); para depois ser aprovado noutra reunião de Câmara, que ainda o terá de publicar e colocar em discussão pública e depois, voltar a enviar outra vez, à Assembleia Municipal, onde será apreciado e votado; se for aprovado, tem de ser enviado para publicação, em Diário da República e depois ficar disponível, para consulta, na página oficial da Câmara Municipal.

   Já se perderam em alguma das etapas? Pudera! Tantas voltas e reviravoltas, a confusão e as dúvidas não ficam por aqui. Então, se durante quatro anos de governação autárquica (Câmara e Junta de Freguesia) não apresentaram o tão importante plano de reabilitação da freguesia de Malcata, querem agora fazer os malcatenhos acreditar em milagres? A poucos meses das eleições, que até vão decidir quem ocupará as cadeiras do poder local, que será durante quatro anos, com fortes possibilidades de ocorrerem mudanças políticas ligadas ao poder autárquico, é que se lembraram desta visão futurista para reabilitar a freguesia de Malcata? Até ao contar das votações a possibilidade de as coisas mudarem é real e pode mesmo acontecer!
   Sabemos todos que, na nossa santa terrinha, já não há quem precise de tempo para vindimar. Mas a sabedoria popular lembra que, até à lavagem dos cestos, ainda a vindima decorre!
   Só se a populaça anda completamente atarantada é que se cortam as pernas a uma oposição e a uma verdadeira alternativa política. Não é bom para a democracia, é mau para a freguesia deixar que continuem os mesmos de sempre, agarrados ao poder e aos lugares e ficarem a rir-se tanto ou mais que em 2021.
   Haja espaço e vontade de intervir.
   Quem avança?
                                                  José Nunes Martins