6.8.17

"PROMOÇAOZÃO" AS NOSSAS OBRAS AQUI ESTÃO!


 


   A estratégia que está a ser seguida pela actual Junta de Freguesia de Malcata, na minha opinião de mero cidadão, que sigo o seu trabalho à distância e de perto sempre que tenho oportunidade de lá ir, é uma estratégia já conhecida e praticada por muitas outras juntas de freguesia, que de ingenuidade nada tem e é daquelas estratégias erradas, uma vez que se baseia no fazer uso dos mais variados expedientes públicos para influenciar a opinião dos cidadãos em seu favor e não em prol do bem comum.
   Hoje trago-vos alguns exemplos de como as obras públicas são usadas por esta junta mais em proveito da campanha política e do assegurar uma vitória eleitoral nas próximas eleições, que do bem comum. Todos sabemos que o senhor presidente esgotou o seu tempo e
não é neste tempo que ainda resta que as coisas vão mudar.
   Após três mandatos, ou seja, treze anos, ainda não aprenderam que não devem e nem podem colocar os recursos públicos, os recursos da junta ou do município, ao serviço da sua estratégia partidária e eleitoral. E só quem anda pela aldeia de cabeça perdida e muito distraído com cerveja e tremoços não repara na forma súbtil e dissimulada com que esta junta exerce o poder autárquico.
   Comecemos pela obra na rua da Moita, num espaço com cerca de 20 a 30 metros de comprimento, que é normalmente utilizado como serventia às duas habitações ali existentes, bem como ao quintal. No final do mês de Julho estive na aldeia e subi pela rua até ao dito lugar para ver a obra. Num tom de brincadeira olhei para a pessoa que estava ao meu lado e disse-lhe que a razão da calçada tinha a ver com a vinda à freguesia do prestigiado prémio Nobel da Paz em 1996, até porque quase de certeza que passasse ali. É claro que ambos sorrimos e os dois sabíamos que nada disto era verdadeiro, pois conhecemos bem e a seriedade das pessoas que trataram de convidar e bem receber essa tão ilustre pessoa. Ou seja, por alguma razão foi feita aquela obra e naquele lugar. No dia seguinte fui informado que os donos do dito terreno sabiam da existência da obra e que tinham dado autorização para que ela fosse executada. Pois, meus caros, a pergunta que me apraz fazer é esta: com que intenção e com que propósito a Junta de Freguesia, esta junta de freguesia que teve tempo para lançar esta mesma obra, veio escolher esta altura, tão próxima de eleições, dar este ar de preocupação com o bem comum? Tenho uma outra pergunta a fazer: então por que não calcetaram o acesso até ao primeiro portão, logo ali quase no princípio, para facilitar também o acesso aos terrenos existentes nas traseiras das casas de habitação? E a partir de agora, como vamos chamar aquela nova calçada? É pública ou não?
   Ora, bem fizeram os donos daquelas terras em aceitar a oferta feita. Outros cidadãos da mesma terra já não tiveram essa sorte. Um porque antecipou-se e como sabia que a terra era sua, puxou dos cordões à bolsa e lá tem agora também a calçada até à porta de casa! Outro, o homem andava distraído, atrasou-se na apresentação do seu pedido e a junta, dizem as gentes, recomendou-lhe que para a próxima vez faça o pedido a tempo e horas!
   Outro exemplo da estratégia errada, a meu ver, desta mesma junta de freguesia, trata-se do Vídeo publicado pela Junta de Freguesia. Já viram do início até ao fim, mas com olhos de ver e ouvidos limpos? Eu já! Tenho a comentar que a ideia está excelente, mesmo boa e louvo todo e qualquer trabalho que tenha por missão a divulgação e promoção da nossa Malcata. Para os malcatenhos, que conhecemos bem a nossa terra, o que é apresentado nesse vídeo já não é novo, já todos sabemos que em Malcata temos tudo o que lá se fala e mostra e o que não se mostra.
    Mas se é assim,  então qual é agora o “algueiro” que encontrei no meio deste vídeo que é descrito na página do Facebook da Freguesia de Malcata como sendo uma “reportagem sobre a freguesia de Malcata, que apresenta a Praia Fluvial….”
   Quem vir o vídeo até ao fim, vai concordar com o que vou dizer. Em geral, trata-se de um trabalho bem executado e como não sou técnico ou realizador de cinema, aplaudo o trabalho realizado. Agora, para uma pessoa que conhece a aldeia, interrogo-me porque não há uma imagem sequer da Queijaria Valfrades, muito menos um queijo ou cabrito, não é identificado o “Calvário”, não há uma única imagem ou referência ao movimento associativo existente e ao trabalho desenvolvido pelas associações; também esqueceram que em Malcata já existe fibra-óptica; ainda estão cafés e comércio abertos. Valha-nos o destaque para o "caldudo" do nosso conterrâneo Carlos Morais; e lembrem-se que para além do chá, faz-se um saboroso arroz de carqueja...
   A estratégia está lá e só a não percebe quem anda distraído com os turistas do Luxemburgo e da Alemanha que gostam de repousar no Parque de Auto-caravanas e que andam pelas ruas da aldeia em busca de um queijo ou sítio para comer e não encontram.
   Afirmar que existe “um parque de auto-caravanas com todas as condições para ter uma boa estadia”; “no Parque de Lazer onde há bangalows”!!!
   Depois vamos até ao Quartel da Guarda Fiscal, passamos pelo Forno e Museu do Pão, ali no Rossio. E é no museu do pão que o senhor presidente lança um desafio que é “convidava os visitantes a fazer uma visita à queijaria, porque vai valer a pena experimentarem o queijo tradicional de Malcata, feito todo de leite de cabra”. Espero pela imagem das mãos das queijeiras a fazer o queijo, mas nada aparece, com muita pena minha e mais do senhor que a explora.
   Ainda há tempo para mostrar o moinho a trabalhar e lembrar a actividade “Mãos na Massa” que numa parceria com o município e escolas, periodicamente a Junta realiza, diga-se com bastante aceitação.
   Subimos do Moinho para a Capela de São Domingos, mostra-se o Parque de Merendas e enquanto se vêem imagens da capela e da igreja Matriz, escutamos atentamente as explicações do pároco da freguesia.
   O filme acaba com a subida da Rua da Ladeirinha; “Calvário“ explicado o rito religioso por um cidadão; Largo do Rossio e Torre do Relógio.
   E chegámos ao FIM do vídeo. Mais ainda poderia escrever. O que escrevi revela como o executivo está a usar o exercício das suas funções autárquicas para promover a sua estratégia eleitoral. O dinheiro é dos cidadãos de Malcata, o proveito parece ser para quem vestir camisola da mesma cor. Ganhar eleições com os recursos dos outros torna-se mais fácil. Sou levado a pensar nesta frase:
“PROMOÇAOZÃO” AS NOSSAS OBRAS AQUI ESTÃO!

                                                                                                             José Nunes Martins,
                                                                                                        um malcatenho de 56 anos

20.7.17

NEM SÓ DE BOLOS SE CELEBRAM OS ANIVERSÁRIOS

   No próximo domingo, 23 de Julho, assim que forem as 18:00, vai ter início um concerto musical na igreja Matriz de Malcata.
   A Associação Malcata Com Futuro volta este ano a celebrar o seu 2ºaniversário proporcionando aos seus associados e a todos os malcatenhos momentos de elevado nível cultural e artístico, prestados mais uma vez, pelo Virtuoso Soloists Of New York. Sendo a AMCF um dos parceiros do Bendada Music Fest, cuja direcção artística está a cargo da jovem artista Inês Andrade, Malcata vai poder uma vez mais desfrutar de momentos de elevado nível artístico e tal como no ano passado, será uma experiência que vai ficar gravada na memória dos malcatenhos.
   Este ano, na abertura do concerto vamos poder ver e ouvir uma jovem que nos é muito familiar e que tem as suas raízes na nossa aldeia, berço da sua mãe e avós. Os artistas, para além de tocar o que gostam, estão ainda numa fase de amadurecimento e aperfeiçoamento constante da sua perfomance artística. Todos eles sonham com uma vida ligada à música. A presença do público para ouvir e ver estes jovens artistas a entregarem-se de corpo e alma à música, prima pela criação de momentos de verdadeira emoção e de reconhecimento dos seus talentos e através das palmas dos presentes e das vénias de agradecimento dos artistas, vamos todos viver esta festa de aniversário invulgar, mas que faz tanto sentido realizá-la na nossa aldeia.
   Então no próximo dia 23 de Julho lá nos encontraremos todos.

15.7.17

EU QUERO IR À SERRA VER O LINCE DA MALCATA

                                       Inês, Sara e Sofia, à procura do lince da Malcata


   - Mãe, Carmo, eu quero ir ver um lince! Quando é que vamos à serra ver o lince?
   Esta foi a pergunta que a Sofia fazia à Olga, mãe da criança e que naquele mês de Agosto aceitou o nosso convite para deixar o Porto e ir até Malcata. A verdade é que eu sabendo que já não havia linces na Reserva Natural da Serra da Malcata, mas a insistência da Sofia em ir à serra e talvez encontrar um lince pelo caminho levou-nos a ir à procura daquilo que não íamos encontrar.
  Depois de umas horas a subir e descer, de olharmos para tudo o que mexia e andava, a Sofia um pouco desanimada disse:
- Zé vamos para casa! Sara e Inês o lince está escondido, ele deve ter medo de nós e não aparece. Vamos regressar e vimos amanhã mais cedo. Está bem?
- Tens razão Sofia. Vimos amanhã outra vez, quem sabe o lince apareça!
  Depressa chegámos a casa, porque a descer todos os santos ajudaram a andar mais depressa e o burro não tropeçou.
  Chegados a casa a Sofia disse-me ao ouvido:
- Ó Zé, prometes que amanhã vamos encontrar um?
- Sim Sofia, vamos lá amanhã outra vez!

2.7.17

O QUE FAZER COM TANTA ÁGUA?


Albufeira da barragem
   
   Desde os anos sessenta, setenta e seguintes a aldeia de Malcata está bem diferente nalguns aspectos e igual noutros. Quando vamos hoje a Malcata, basta deixarmos a EN233 e entrar na M542 e as mudanças ocorridas na paisagem do nosso território estão à vista de todos. Ao nosso lado direito surpreende o Parque Eólico que se estende ao longo das Ferrerias e até quase à Machoca. A água da albufeira da barragem quase nos faz desviar por um daqueles caminhos em terra à nossa esquerda, pois o calor faz suar e a água hidrata e mata a sede.
   Longe vão os tempos em que conheci essas terras cheias de espigas douradas de centeio e trigo. Vinham ranchos de homens e mulheres e de foice na mão direita, dia após dia, entre cantigas e merendas, lá ceifavam até à última espiga.
   Poceirão, Ferrerias, Gorgulão, Chãos da Serra, Rasa, Ninho das Corças, Curral dos Porcos e outros lugares cheios de “pão e trigo” (centeio e trigo).
   Hoje todas estas terras deixaram de produzir cereal e encheram-se de pinhos bravos e carvalhos, outros são autênticos matagais totalmente improdutivos. 
   Em 1997 começaram as obras da construção da Barragem do Sabugal e em 2000 a água começou a sua subida até fazer cobrir os terrenos de muitas famílias da aldeia. Quem tinha terras na Fontacal, Ribeiro Grande, Várzea, deixaram de poder cultiva-los. Boa terra para produzir batata de excelente qualidade, lameiros com erva verde e fresca, moinhos movidos com a água do rio Côa, pontões e poldras para atravessar as margens de um lado para o outro, freixos, sabugueiros e amieiros, altos e frondosos, ao longo das duas margens do rio, sem dó nem piedade, foram literalmente engolidos pela subida das águas. 




                                                               Pego-Rio Côa

   Foi assim que se acabou aquela boa tradição de “ir para a ribeira tomar banho”, carregados de mantas e boas merendas. Nem o pó que se apanhava no regresso a casa, subindo a pé aquele caminho de pedra e muito pó, até chegar ao princípio da rua da Moita, fazia desistir de viver esta aventura de Verão em Malcata. Há uns tempos desci por este caminho, agora mais largo e menos poeirento e senti-me num pego invisível e irreconhecível. Muita água, mas não é a mesma água do pego, nem sequer os velhos amieiros deixaram e os barrancos também desapareceram.
   Malcata mudou e ainda hoje me pergunto se valeu o sacrifício. Hoje a maioria das pessoas que vive na aldeia são de idade avançada. Poucos são os que ainda vão para os campos trabalhar. A falta de saúde e a idade já não os ajuda a sair para os campos.
Os filhos e netos foram para longe ganhar a vida. Por isso há muitos terrenos ao abandono e não produzem riqueza.
   Como vamos mudar o estado destas coisas?
   A construção da barragem foi um alívio ou a oportunidade que Malcata precisa para se desenvolver?
   São perguntas que faço a mim mesmo e a cada um dos malcatenhos. Como vêem, vou a Malcata e dou comigo a pensar nestas coisas.
   A vós também vos acontece o mesmo?  

   

11.6.17

PONTOS DE VISTA

 



Será que tenho que odiar aquelas pessoas ou instituições com as quais não estou de acordo? E as pessoas e instituições a mim?
   Parece que as minhas palavras escritas têm incomodado algumas pessoas. Ultimamente, quando ando por Malcata parece que a minha presença se torna suspeita e sinto que algumas pessoas já não olham para mim como olhavam há uns tempos atrás. Chegou-se ao ponto de se bloquear ou simplesmente não interagir nas redes sociais. E muito só porque penso ou estou em desacordo com algumas pessoas.
   Nos meus escritos e nos meus pensamentos apenas exprimo a minha ideia acerca de como gostaria que fosse a aldeia onde nasci e a ela me sinto ligado afectivamente. Felizmente para mim, quando apareceu um grupo de malcatenhos que concordavam comigo em muitas ideias e noutras não tanto, mas que havia espaço para todos, lançámo-nos ao trabalho. O povo é constituído por pessoas e cada cabeça sua sentença. Claro que é uma utopia conseguir que todo o povo acredite no mesmo e que concorde em tudo o que se diga, em tudo o que aconteça ou se planeia construir. Portanto, como sei que não acreditamos e nem concordamos todos no mesmo, lá vou trabalhando naquilo que acredito ser benéfico para a nossa aldeia e aos poucos entender a sensibilidade do povo, esforçando-me sempre por criar uma certa empatia com toda a gente.
   Acredito no valor dos malcatenhos, também não ignoro que tenho uma missão a desenvolver como malcatenho. É do conhecimento de alguns que há coisas com as quais não estamos de acordo e que às vezes, ao defender o meu ponto de vista e o dos que pensam como eu,  possa até magoar alguém com palavras mais azedas, todos nós desejamos  o melhor para o povo da aldeia e sabemos que existem muitos assuntos em que pensamos da mesma forma. Eu falo por mim e tenho estado disponível para encontrar a melhor solução ou soluções para resolver alguns dos problemas da nossa comunidade.
   Se reflectirem um pouco sobre as coisas em que discordo de algumas decisões na nossa aldeia, na verdade contam-se pelos dedos e não se trata de combater e contrariar só porque sim, só porque sou do contra. Não, longe disso! Quando discordo, é porque não estou convencido que é a melhor opção para a comunidade aquilo que outros defendem e nunca por ódio ou teimosia.