08 agosto, 2017

ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM MALCATA SEM PRESSÃO

 

   O abastecimento de água é um serviço de carácter estrutural, essencial ao bem-estar, à saúde pública, à segurança da população, às actividades económicas e à protecção do ambiente.
   Este serviço deve ser universal e todas as pessoas a ele devem ter acesso, com continuidade e qualidade de serviço, de preço justo.
   Nesta época do ano, há pessoas na freguesia de Malcata que ficam sem água nas torneiras. Essa falha de abastecimento já vem de outros anos e é sentida pelos habitantes que vivem nas zonas mais altas da aldeia. Ao fim da tarde o consumo de água aumenta bastante e à medida que chegam mais pessoas á terra, a situação agrava-se e prolonga-se por mais tempo. Quem desespera com a falta de água ou pouca pressão na rede são aquelas pessoas que desejam tomar um duche, cozinhar as refeições, lavar a loiça. O que dizem as pessoas é que a água sai da torneira com pouca pressão e há casas que não sai gota!
   Era conveniente fazer-se uma campanha de sensibilização para a necessidade de poupar água e alertar o município para encontrar uma solução válida e duradoura para este problema da água.
   Será este o preço a pagar por ter construído a casa na parte alta da aldeia?
   O que é verdade é que o preço da água é o mesmo para todos e uns pagam e  bebem, outros pagam e nem gota.
   Senhores das águas do concelho do Sabugal venham a Malcata e resolvam lá esta situação.
                                                                                               José Nunes Martins

A IMPORTÂNCIA DA PRAÇA DO ROSSIO EM MALCATA

   


   Este ano a Junta de Freguesia organiza a IV Feira de Artesanato e Sabores de Malcata, que será nos próximos dias 9 e 10 de Agosto, no antigo Quartel da Guarda Fiscal, na Rua do Cabeço. Tal como tem acontecido nos anos anteriores, também este ano haverá animação com música e teatro. São dois dias, ou melhor dizendo, são duas noites em que os artesãos de Malcata e outros que vêm de fora, têm oportunidade de mostrar e comercializar os seus produtos.
   Ainda bem que a feira de artesanato tem continuação. É uma actividade que causa interesse por toda a aldeia e os artesãos ganham vontade de mostrar os seus trabalhos ao público que os quer conhecer, observar nos seus afazeres e sempre compram algo que lhes interesse.
   Nas últimas edições estive presente e andei um pouco atento ao desenrolar do certame, tentando analisar os prós e os contras da feira, ou seja, as causas e os efeitos provocados.
   Ao ler o cartaz desta IV Feira de Artesanato e Sabores de Malcata, depois de fazer umas contas de somar e subtrair, conclui que são quatro horas por dia, num total de 12 horas, durante o qual funciona a feira. Tendo em atenção que os visitantes da feira também querem ver e aplaudir os artistas convidados e estes vão actuar nos dois dias, restam 5 horas de verdadeira feira de artesanato, pois no primeiro dia teremos um grupo e no último dia para além da música popular, vamos ver e ouvir uma peça de teatro. Ou seja, a feira abre das 20:00 às 0:00, com uns intervalos pelo meio ficam umas 5 horas de feira.
   Agora vamos pensar um pouco sobre a escolha do local para a realização desta feira. Para tal temos que recuar no tempo e regressar aos anos de 2001 e 2013. Se bem se lembram, em 2011 a Assembleia Municipal do Sabugal na reunião realizada a 29 de Abril desse mesmo ano, declarou que o Quartel da Guarda Fiscal em Malcata, era de Interesse Público. Na mesma reunião, o presidente da Junta de Freguesia, Vítor Manuel Fernandes, deu a conhecer uma candidatura ao programa de financiamento PRODER para a recuperação do edifício e adaptá-lo com as condições para exposição de produtos locais, servir de local de apoio aos diversos desportistas que apareçam por Malcata, podendo funcionar como balneário e de espaço para guardar as tralhas dos desportistas e/ou turistas. O projecto incluía também uma sala para exposição de produtos locais, provas gastronómicas e até algumas refeições ligeiras. O projecto da obra foi enviado para os serviços técnicos da Câmara e foi aprovado.
    Desde que foi inaugurado, tem sido utilizado para a actividade “Mãos na Massa” e no seu interior permanece uma exposição de artesanato e alguns quadros da actividade “Pintar Malcata” e é neste espaço que tem decorrido a feira de artesanato. Nesta obra de recuperação, que diga-se, veio dar uma nova cara ao edifício e foi uma valorização patrimonial para a aldeia. A obra custou 80.186,92 € e teve apoios do PRODER. Pergunto se alguma vez foi usado por turistas ou desportistas, se o espaço serviu para alguma actividade cultural, divulgação da nossa gastronomia, etc. (para além da feira anual de artesanato, claro).
   Sabem, fico surpreendido pela atitude tão despreocupada da população em relação ao papel que o antigo quartel tem desempenhado. Com as obras ali realizadas, com a falta de instalações com condições dignas, dói-me a alma não ver aquele edifício mais vezes de portas abertas à comunidade e aos artistas de todas as artes e saberes.
   Atrevo-me a perguntar ao povo de Malcata se pensam que o antigo quartel é o melhor e o mais funcional local para a realização das feiras de artesanato, em detrimento, por exemplo, da Praça do Rossio. Aqui há espaço para o palco, para instalar as barraquinhas, para integrar o Forno Comunitário no espírito da própria feira, sendo uma excelente oportunidade para dar a conhecer o “pão” da nossa aldeia, o bar da festa aberto, mais facilidade de acesso a todos, o próprio ambiente parece-me mais acolhedor e menos frio que lá para o Cabeço.
   É importante ter consciência do que se vai passando na aldeia. A obra do quartel está acabada e ponto final, dirão alguns de vós. Mas essa não é a minha opinião, pois soube da obra e algumas informações do fim a que se destinavam para os tempos vindouros. Lembro que a obra foi dada por concluída em 2013, ano de eleições para a Junta de Freguesia. Há quem tenha colocado um “ponto final” neste assunto. Eu prefiro substituir esse ponto final por uma pergunta: porque não preservaram a história, as memórias, o interior do quartel devidamente recuperado e dele fazer um ponto único, marcante e atractivo e honrar todos os que de uma forma ou de outra, nasceram, sobreviveram, combateram aqueles tempos do contrabando?
   É para evitar erros de planeamento, de estratégias e de debate das coisas públicas, que há necessidade de maior participação do povo na gestão da coisa pública, sejam obras novas ou de recuperação, quando implica dinheiro e recursos públicos, há que ir mais além da decisão tomada apenas nas paredes das juntas de Freguesia.
   Desenganem-se todos aqueles que não se incomodam ou aqueles que só passam palmadinhas nas costas e contra nada dizem.
   Pensem lá um pouco, um pouquinho mais que até agora, vejam lá se, unidos e juntos conseguimos transformar a aldeia de Malcata numa comunidade auto-sustentável, uma aldeia ribeirinha e de montanha.
   Acreditem que Malcata vai mudar! Está nas nossas mãos realizar esse sonho e se nós quisermos mesmo, Malcata transformar-se-á na melhor aldeia para viver uma vida com todo o sentido.
   As decisões são todas importantes. Mais digo, as minhas decisões não as podem tomar outras pessoas. Qual será a sua decisão? Viver e lutar simplesmente para sobreviver, para ter a comida que o mantenha vivo para lutar pelo amanhã, ou viver desafogadamente? A decisão é sua, é minha, é de cada um de nós. O destino é meu, é vosso e cada um pode escolhê-lo e vivê-lo. Se não fizermos a nossa escolha, corremos o perigo de viver condicionados pela escolha dos outros.
  
  






07 agosto, 2017

CAUSA E EFEITO

    Não há arma que corte a raiz ao pensamento que se esconde na mente de cada pessoa. Tudo começa com um pensamento, uma ideia que progressivamente se torna real. Vivemos num mundo em que as ideias, boas ou más, têm resultados bons ou maus. Qualquer problema com que nos temos que enfrentar, qualquer que seja a nossa situação em que nos encontremos, é o efeito de uma causa. E para encontrar a causa devemos procurar dentro de cada um de nós, dentro da comunidade os nossos pensamentos mais dominadores e persistentes. 
 


Em Malcata as coisas funcionam assim: se questionas ou discordas da condução da gestão pública, seja qual for o assunto, és logo rotulado como sendo do contra. Bem podes perguntar por quê que nunca te vão responder. Nada de espantar, até porque na maior parte dos assuntos são muito poucos aqueles que te sabem dar uma resposta. Porque desconhecem o tema ou porque já estão de pé atrás contigo. E também porque ao não responder às tuas perguntas sentem-se leais ao poder dominante e dessa forma podem manter e assegurar tachos e outros benefícios, mesmo que lá bem no íntimo até discordem de algumas das atitudes e decisões.
     Alguns neste momento já devem estar a roer-me na casaca e a murmurar para o vizinho do lado que lá estou eu a deitar abaixo o que os outros fazem com tanto amor e dedicação. Ou então a dizer que se eu critico o que fazem ou deixam de fazer, por que não vou eu para Malcata e mostrar obra melhor!
    Tenho uma resposta para essas gentes que é esta: não custa trabalhar, custa mais é saber e ter capacidade para fazer e trabalhar melhor! Mais, reconheço e aplaudo o trabalho, o empenho e a dedicação às causas públicas de muitas pessoas da nossa aldeia, bem como dos que por ela vão andando ou estão ligados. Bem-haja por tudo o que têm feito. Mas como não sou cópia de ninguém, sou um ser único, logo sou eu e só eu, penso por mim e tenho ideias boas e outras menos boas com a boa intenção de contribuir para o desenvolvimento socioeconómico e de bem-estar das nossas gentes. Sei que nem todos acreditam no que acabo de dizer, mas é com esse propósito que escrevo estas minhas crónicas.


    

TODOS OS CUIDADOS SÃO POUCOS


   Na minha última visita a Malcata houve uma pessoa que insistiu para que fosse com ela ver o que lhe parecia ser uma situação perigosa, principalmente para as crianças mais atrevidas e traquinas que passassem naquele local. Como vão poder observar pelas imagens seguintes o nosso cuidadoso conterrâneo tem algum motivo para se preocupar e de facto há que fazer alguma coisa para que nada de grave venha a acontecer neste local tão movimentado da nossa aldeia. A situação retratada é na Rua da Moita, um poste que serve de apoio a cabos da EDP e telefones tem alguns cabos pendurados e de tão baixos que estão, com facilidade uma criança numa das suas brincadeiras em grupo pode ser vítima de acidente.





    Os mais idosos lembram-se com certeza dos donos desta casa na Rua da Moita. Há uns anos atrás alertei para a eminência do desmoronamento das paredes. O problema foi resolvido com o derrube das mesmas. Desta vez os perigos estão nos cabos pretos que estão a preocupar algumas pessoas e solicitam que sejam tomadas medidas correctivas para que não aconteça aquilo que ninguém deseja.




   Fica aqui este alerta e aguardamos que as entidades responsáveis tomem as devidas medidas preventivas e executem as devidas medidas de segurança.

LAZER E CONVERSAS À SOMBRA







   Quem vem das cidades e não conhece a aldeia de Malcata, diz que entrou no paraíso. A tranquilidade e o sossego moram por toda a aldeia e o visitante fica surpreendido com o cantar dos pássaros, encantado com as "freirinhas" de manto preto e branco voando e pousando no barro do ninho ali meio escondido no beiral do mini-mercado. 
   Amélia nasceu em Malcata e todos os dias vai trabalhar para o lar de idosos que há na aldeia. Hoje há mais velhinhos que crianças e também já cá chegou esta coisa de depositar os nossos seniores no lar da Associação de Solidariedade. Como a Amélia, mais uma dezena de pessoas têm o seu trabalho nesta instituição que é o ganha pão para muitos.





 



"Há muitas pessoas que vêm para cá nesta altura do ano porque gostam do ambiente, gostam de ir até à piscina da barragem, está-se lá bem, é um sítio óptimo para relaxar, tomar um banho e as crianças podem divertir.se no parque infantil", diz-me a Margarida que está de mãos dadas à pequenita Maria que tem uns olhos azuis da cor do céu e está num nervoso miudinho para chegar depressa ao baloiço.

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   É no Verão que a aldeia se transforma, mesmo com mais barulhos e desassossegos, quem cá vive durante todo o ano não se importa, pois dizem que renasce a vida na aldeia.



  Este ano as pessoas estão a gostar imenso do Parque de Lazer da Rebiacé e durante todo o dia não deixa de estar com gente. A piscina flutuante, as canoas e gaivotas, o desafio de subir aos insufláveis por parte da juventude, vieram ajudar ao bom funcionamento do Bar que este ano o Luís explora. "Este ano vou estar aqui de Julho a Setembro. Vamos lá ver como corre o negócio. Tudo estou a fazer para que dê certo e lá vai rodando, uns dias pior outros melhor. Fui o único que concorreu e aqui estou, tudo o que aqui está dentro é meu, excepto o lavatório. Fiz um investimento grandito e agora há que trabalhar e olhar para o futuro" disse-me o Luís sem parar de tirar mais uma imperial.

   Há que reconhecer e felicitar a Junta de Freguesia pelo investimento que tem levado a cabo no Parque de Lazer da Rebiacé. Aos poucos está a nascer um verdadeiro e acolhedor parque  de lazer e bem-estar.
           

 

 



 



 

   Mas ainda há muito a fazer. Faltam criar as condições para que este parque funcione durante todo o ano, mesmo nos dias ou anos de seca extrema. Sendo o elemento "água" fundamental é necessário encontrar forma de manter um volume de água que permita tirar todo o potencial deste lugar, pois sem água não funciona a piscina, não se anda de canoa ou de gaivota, ou seja, há que encontrar forma de conter ali a água.
   Também seria benéfico a construção de um parque para automóveis e outros veículos. Nos dias de muita gente a falta de condições para estacionamento leva a alguma confusão e em caso de uma retirada apressada e urgente as saídas podem demorar.
   A aldeia entrou já nas suas festas de Verão. Por estes dias e até ao dia 13 de Agosto a tranquilidade e o sossego vai dar lugar a churrascadas, bailaricos e feiras de artesanato, jogos tradicionais, caças ao tesouro, sorteios de rifas, bifanas no pão ou frango assado pelos mordomos para comer sentado em casa. É assim por estas alturas do ano e mesmo com todo este alvoroço, ainda vive gente em Malcata que diz viver num paraíso.
"Olha João, o que te digo é que oxalá não falte de vez a água na torneira da minha cozinha. Nesta altura do ano, há alturas do dia que só sai um fio de água e o esquentador não liga porque a pressão é pouca" desabafou a Gracinda que foi logo interrompida pelo Quim a contar que "há dias fiquei todo ensaboado de espuma no chuveiro, a minha mulher foi à loja buscar uma  botija nova de gás e afinal, era falta de pressão no cano da água"!
   Pois, pois porque acontecem estas coisas que não deviam acontecer no paraíso?
   Não há água no cano porque a pressão é pouca?
   "Uns reclamam da pouca pressão da água, eu desespero com a lentidão da internet que a junta diz estar a funcionar bem, é pressão a mais e não dá para todos"-atalhei eu!
   Como todos nos encontrávamos a conversar à sombra da figueira, alguém se saiu com esta:
   - " Uns são filhos de uma mãe, outros há que são filhos do pai e da outra, mas deixai-os andar que ainda um dia me vão dar razão".
   - Deus o ouça compadre. Vamos jantar que já é hora!
    Uns para cada lado e outros diálogos de rua virão.