30.11.21

O DIABO QUE OS CARREGUE

 

 

Caiu e nunca o levantaram


 
 Hoje vou relatar-vos o que tenho visto pela nossa aldeia. Em Agosto e Setembro tive a oportunidade de percorrer todo o concelho do Sabugal, tendo visitado vários lugares e sítios, castelos e igrejas, restaurantes e cafés, artesãos e outras pessoas que diariamente trabalham neste nosso canto português.
   A aldeia onde eu nasci e que visito várias vezes durante o ano, está a caminhar para o precipício e cuja queda trará danos difíceis de reparar, isto se houver quem os repare. A cada ano que passa, as mudanças são cada vez mais preocupantes e em nada contribuem para a tomada de consciência do caminho que estamos a percorrer, pois mesmo com os avisos que nos são diariamente dados, existe uma total despreocupação e falta de planos para salvar a nossa aldeia da sua agonia e da sua morte.
   Andar pela aldeia e olhar à nossa volta, preocupa-me o enorme número de habitações de janelas e portas fechadas. Casas relativamente recentes e que aparentam ter boas condições de habitabilidade, onde se gastaram muitos milhares de euros, com boa garagem, dois pisos e muitas com três e águas-furtadas. Sinais mais que evidentes daquelas famílias um dia ocuparem toda a casa. Mas isso só acontece uma vez por ano e durante três ou quatro semanas, no mês das férias. Tantos sacrifícios e tanto querer construir uma casa para toda a família, para todos se sentirem agradecidos e poder mostrar o que os anos lá fora lhes permitiu ganhar, para agora responder à pergunta impensável: valeu a pena?
   Em Malcata, as ruas mantêm-se mais ou menos limpas, mas em algumas estou cansado de ver montes de areão e pedras à espera de transporte para um lugar mais útil. Aquele terreno no entroncamento da Rua da Moita com a Rua da Barreirinha, podia estar mais apresentável e não continuar ali um amontoado de pedras e terra dos restos da derrocada. Se a uns obrigaram a segurar as paredes, a outros ignora-se o estado de abandono. Não está certo e também quando limparem as ruas, preocupem-se na remoção do lixo, das areias e caso haja necessidade, façam uso da caixa aberta das viaturas da autarquia.
   Malcata é uma aldeia que me afeiçoei facilmente e quando eu nasci, vivia-se com menos dinheiro, com menos conforto, sem electricidade e sem água canalizada em casa. Tinha sim, pessoas e algumas delas trabalhavam bem quando se tratava de servir o povo e eram pessoas com objectivos e grandes sonhadores. Quando tinham uma dificuldade, um problema, uma necessidade, reuniam-se e decidiam o que fazer para continuar a vida sem esses contratempos. E que grandes obreiros, desde água para todos, uma torre com um relógio que dá horas a todos, uma escola primária, uma igreja e uma capela, uma estrada e posto de correio, moinhos de água e fornos de cozer pão. Viesse quem viesse, se a freguesia estava em causa, batiam o pé, exigiam e faziam.
   Hoje a aldeia está diferente, muito diferente da minha aldeia quando eu nasci. O dinheiro ajudou a fazer boas casas, mas também serviu para construir autênticas aberrações e a reconstruir sem regras. Não se aprendeu quase nada e o ter dinheiro não é sinal de ser cidadão respeitador da história, da tradição e da vizinhança comum.  
Continua... 

26.11.21

ARQUIVOS SOBRE MALCATA

     Quartel da Guarda Fiscal em Malcata, em 2010.
 
    Lendo a documentação podemos registar que há 64 anos, em 18 de Novembro de 1957, em Malcata estavam em curso as obras de canalização para o prédio ( Quartel da Guarda Fiscal, na Rua do Cabeço), só que... "haviam começado, mas foram interrompidas pela Junta de Freguesia". 
                    



                                                                E a coisa não ficou por aqui:

   

 

                                                                                     
                                                          Doc. datado de 26-11-1957

   E o problema da canalização da água para o quartel, mereceu por parte da Guarda Fiscal, alguns esclarecimentos: " Esta Guarda Fiscal não pretende privar o povo da água que lhe pertence, mas somente aproveitá-la. dentro da medida em que ela não faça falta á povoação".
   Não bastaram as dificuldades encontradas, pelas autoridades, a começar pelo preço exigido pelo proprietário dos terreno, esta demora na ligação da água ao edifício, fez com que a obra, começada em 1955, se arrastasse no tempo. E em 11 de  Dezembro de 1957, finalmente há boas notícias:
                            "Canalização da água para o prédio n 595-A-Malcata...depois de várias insistências junto dos membros da Junta de Freguesia de Malcata, conseguiu que as obras de canalização continuassem, sem qualquer embargo e condições". 

                                          
                                                     O Comandante que não desistiu!

     A história continua...


                  

21.11.21

APESAR DE HAVER REDE DE FIBRA ÓPTICA E WIFI GRATUITA EM MALCATA A JUNTA PARECE NÃO QUERER RENTABILIZAR!

 

Página Oficial da Freguesia de Malcata em 21 de Novembro 2021
    

   Os malcatenhos há muito que se acostumaram a uma junta de freguesia movida a carvão, ainda trabalham devagar, não estão para se apressar e tal como o carvão, que os carvoeiros faziam lá em cima na serra de Malcata, numa época que tinha bastante procura e por isso se vendia bem,  com a chegada da electricidade foi o fim dos carvoeiros, também a junta de freguesia está a ser ultrapassada e lenta, porque apesar de existir fibra óptica na freguesia, ainda não se ligaram como deviam para alargar o seu raio de comunicação e melhorar significativamente os serviços prestados à população. Quem tem burro e anda a pé...aplica-se na perfeição a esta junta de freguesia. Tem uma autoestrada para caminhar e informar, para servir mais depressa e bem, que é a internet. Prefere esperar que o cidadão procure, pergunte, deixe os assuntos para aqueles quatro horas semanais em que a porta está aberta, desprezando os canais da internet. Eu não compreendo esta aversão à utilização da internet para comunicar com o cidadão e este poder responder de igual para igual e em minutos.
   O tempo de ir todos os dias, às três da tarde, para o comércio da Ti Deolinda e do Ti Varandas, para ouvir a quem se destinava a carta ou a encomenda postal, onde já vai esse tempo!!!
   De nada adiantou a junta de freguesia ter mudado a página e ter anunciado que se ia aproximar mais ao freguês. Ainda pensei que desta vez eu me ia enganar e que a página ia ser mais dinâmica e actualizada. Mas não, regressámos ao passado e ao marasmo a que já estávamos acostumados. A Freguesia tem fibra óptica e cidadãos com internet e computadores e telemóveis para lhes dar acesso. Há até internet WIFI gratuita (dizem eles) ! Então se existem as estruturas principais e as ferramentas, porque razão estamos como estamos? Abrir e manter a página da junta de freguesia actualizada e também a outra página nas redes sociais, é prestar um serviço público, tal como estar com a porta aberta da sede da junta, às quartas e aos sábados. E lembrem-se que somos todos malcatenhos, vivamos em Malcata, no Porto, em Lisboa ou nos arredores de Paris. Todos gostam de uma junta aberta, acolhedora, pronta para trabalhar pelo bem da comunidade e ver esse esforço e dedicação reconhecido. Sim, mas é necessário trabalhar bem e aperfeiçoar os procedimentos, lutar diariamente pelos objectivos que querem alcançar e então sim, o povo reconhecerá os feitos alcançados.
   É desta vez que vamos poder consultar e ficar informados quando abrimos a página oficial da Freguesia de Malcata, que o executivo da Junta de Freguesia, tem obrigação de manter aberta e actualizada?

20.11.21

MALCATA: REBANHO DO SÉCULO XI

 

     QUEM QUER SER GUARDADOR DE CABRAS E DE SONHOS?





   O projecto do rebanho das cabras sapadoras, que os Baldios estão a levar a cabo nos baldios da freguesia, já está no terreno, as máquinas e os homens lá andam para a serra a construir as estruturas de apoio: armazéns, sala de ordenha, escritório, instalações sanitárias, vedações, etc.
  A entidade responsável pela gestão e acompanhamento da obra é a Junta de Freguesia, na pessoa do senhor presidente. Como é do conhecimento de todos, o rebanho vai ser instalado num terreno baldio. Como o conselho directivo dos compartes está entregue à Junta de Freguesia, entidade que já vem empurrando este empreendimento de há uns anos atrás, foi-lhe atribuído a responsabilidade de acompanhar permanentemente a obras contratada.
  Para além das obras relacionadas com a construção das instalações de apoio, pouco mais sabemos sobre o próprio projecto e como é que se vai desenvolver no futuro.
  Sabemos que se trata de um projecto financiado pelo Estado e que esse dinheiro não vai suportar todas as despesas necessárias. É uma enorme ajuda, sem dúvida que sim, mas há necessidade de ir procurar mais capital.
  Trata-se de um investimento avultado e se for bem gerido, pode muito bem ser um caminho que leve a freguesia e os seus habitantes a desenvolverem-se e a obter grandes benefícios. Há que fazer tudo o que estiver ao alcance e se necessário, pedir auxílio e adoptar os procedimentos correctos e mais capazes de alcançar o êxito.
  Atempadamente e com o desejo de colaborar, uma associação com sede em Malcata, apresentou numa reunião pública, uma proposta concreta, séria, objectiva e potenciadora de ajudar a desenvolver o rebanho principalmente quanto à fórmula de financiamento de capital, que com toda a certeza irá ser necessário possuir, isto se todos ambicionem obter rendimentos e depois serem distribuídos pelos seus habitantes. A proposta foi dada a conhecer e nunca mais se ouviu falar dela, o assunto parece não ter interessado e dada a sua importância trouxe-a aqui novamente, porque eu e outros como eu ainda acreditamos que se podia aplicar no projecto em curso. Quem sabe...Vamos imaginar que há pessoas interessadas em querer participar com dinheiro no desenvolvimento deste projecto, que mais não é que querer ajudar a fazer crescer o rebanho de cabras, com o crescimento e aumento das cabeças de gado, nascem cabritos, produz-se leite, faz-se queijo ou vende-se leite, vende-se cabrito ou ficam para aumentar o rebanho, vem a necessidade de renovar e vendem-se os animais mais velhos...ou seja, a fileira do pastoreio de cabras a funcionar assim só pode vir a dar rendimento. E agora imaginemos que a cada malcatenho que invista ( ajuda e dá dinheiro ) tem direito a adquirir uma cabra, ou duas ou outros quatro ou dez, paga o valor acordado, acompanha a evolução das suas cabras e as do rebanho, que hoje alguns até as poderiam seguir via internet, ou até acompanhando os pastores a pastorear todo o rebanho, ou simplesmente aplicar dinheiro no rebanho, na condição de anualmente lhe ser dado a sua quota parte de lucro a que teria direito! Está aqui a tal fórmula inovadora, transparente, esclarecedora, democraticamente aceite e que iria beneficiar quem tivesse investido no projecto. O projecto encontraria uma via de financiamento, envolveria o povo de Malcata, pois se lá tiverem cabras ou dinheiro metido, interessar-se-iam mais pelo rebanho e pelos resultados a alcançar no futuro.
  Ah, e os que não são de Malcata não podem investir? E achas que isso é boa ideia? Respondo que se devia marcar reuniões de esclarecimento, de consulta e de reflexão sobre este tema. Atempadamente e com clareza, convidar as pessoas a um debate e com certeza que se acenderá alguma luz. Já imaginaram um malcatenho a viver em França, em Lisboa, em Viseu, no Porto ou no Brasil, ser parte e também dono do rebanho? O rebanho é comum, é de todos e a todos beneficiaria...é sonho, mas o que é a nossa
vida e a realidade se não a realização progressiva de um sonho?
  E como sonhar não custa dinheiro...


17.11.21

HOMENAGEAR OS NOSSOS

 

  A todos os que nasceram na nossa freguesia ou que a ela se encontram ligados por vários tipos de afinidade, lanço um desafio. Com certeza que nomes não faltam e o desafio sendo só um, as respostas poderão ser muitas e todas importantes e a ter em conta.   Há  aquelas pessoas que conhecemos ou ouvimos falar e por elas passou a vida de muitos de nós, desde um quilo de arroz, um litro de petróleo ou de leite, a um cântaro cheio de água fresca, a um registo de nascimento ou até uma cura e a uma simples injecção, que ajudou a salvar vidas. É tempo de pôr a mão na consciência e acabar com o medo de escrever a nossa história verdadeira e lembrar quem nela participou e deixou marcas. É tempo de homenagear os nossos heróis e pessoas com valor na nossa aldeia.
  Pergunto eu:
 Quem são os malcatenhos merecedores de uma homenagem pública ?