31.10.08

PORQUÊ?




"Acabava de lhe levar uma chávena de café com leite.

Já estava melhor! Mas quando voltei à enfermaria, já tinha morrido"- disse o auxiliar de acção médica.

Porquê? Ainda era tão novo!

Cada dia, a cada momento, há pesoas que, no hospital, mergulhadas em profundo desespero, levam as mãos à cara e choram por um sofrimento inesquecível; choram, impotentes e desesperados, a morte inexorável.

Porquê o sofrimento?

Porquê a paralisia parcial ou total?

Porquê o cancro?

Porquê esse acidente que me vai impedir de voltar a andar?

Porquê morrer na primavera da vida?

Porquê?

Porquê? Quem me responde?

Quando penso nos mortos, na minha própria morte, nosofrimento dos inocentes, sinto-me envolvido pelo mistério.Posso intentar não pensar nisso, mentir aos outros ou a mim próprio.

Enquanto tiver cérebro e coração, este mistério há-de perseguir-me.

Quando chegar a minha hora e eu próprio penetrar na noite do sofrimento e da morte, que me restará?

Espero poder rezar então,gritando a Deus:


"Porque apagaste os sóis que Tú próprio acendeste?"


Sei que, com o coração, entenderei coisas que a minha

inteligência não me pode explicar.


Deus é amor.


Ele ama-me. Apoia-me.

Morrerei para viver para sempre num amor imortal.


Texto adaptado do livro "Amar", de Phil Bosmans, Ed.Perpétuo Socorro.

26.10.08

AI CRISTO, ANDA CÁ REPETIR O MILAGRE DAS BODAS DE CANAAN

As Bodas de Canaan
Portugal reúne todas as condições para ser o study-case da política europeia que os nossos dirigentes, de vez em quando, sugerem que já é. Estamos muito mais endividados do que aquilo que ganhamos (é o que diz a nossa dívida externa) e não estamos a pagar as prestações do que devemos (é o que diz o défice).
Somos o parente pobre daquelas famílias ricas que às vezes é divertido, conta anedotas e diz "porreiro, pá" em festas onde se bebe muito, mas é incómodo porque não quer trabalhar. "O tio deu-lhe um bom emprego e ele continua a gastar tudo em mulheres e agora foi comprar um carro descapotável".
A continuar assim, Portugal poderá ser protagonista da resposta a uma pergunta histórica: será que a União Europeia deixará falir um país membro pelo acumular de erros de gestão, ou o "nacionalizará" como fazem aos bancos que, por ganância, incompetência e pilhança caem no vermelho? Se nos deixarem falir ficamos como o Kosovo. Um antro de oportunistas, traficantes e vigaristas tolerados na vizinhança por correcção política, a cujos filhos se dá um eurito de vez em quando com um "portem-se bem", mas onde queremos a Polícia de choque a manter as coisas longe de nós. Se nos nacionalizarem, a condição para a solvência é mandar para cá gestores profissionais que, tal como a força de paz do Kosovo, dialogam pouco.
Apenas dizem aos locais quais as ruas onde se pode transitar em sentido único, nos dois sentidos ou onde o trânsito está interdito. Depois, esses gestores vão transformar a nossa banca privada em balcões de um banco público pan-europeu de capitais mistos com sede regional na Culturgest, que reporta directamente a Berlim, Londres e Paris.
Vamos deixar de nos preocupar com coisas como o Orçamento de Estado, essa obra literária anual cujo estilo ainda não se conseguiu definir em três décadas de democracia porque hesita de ano para ano entre o absurdo e a ficção. Este ano, os dois géneros ombreiam em íntimo concubinato. Na área do absurdo, ressalta a proposta de transformar o crédito imobiliário malparado em sisudas parcelas de arrendamento que os devedores passariam a honrar com a religiosidade que já não temos. A proposta é tão mais absurda quanto diz que só é candidato a este milagre quem não tiver "mais de três meses" de incumprimento na prestação. Ou seja, o que o Orçamento de Estado para 2009 diz é o seguinte: Não pague durante três meses a prestação da casa porque o Estado socialista toma conta da sua dívida e vai poder continuar a saldá-la em suaves prestações de cerca de metade daquilo que hoje o esmaga e não o deixa dar largas à sua expressão pessoal tão bem traduzida em plasmas, playstations, telemóveis e tunning de automóveis baratos. E a casa continua sua. E ninguém diz para onde vai o resto da dívida nem quem é que a vai pagar.
Na área da ficção, o Orçamento prevê crescimentos para além de tudo o que já crescemos e diminuições de défices para aquém de tudo o que já descemos. E tudo isto no ambiente da maior crise financeira da historia da humanidade em que o dólar vale menos do que o bíblico shekel, que serviu de moeda de troca às tribos judaicas durante o êxodo. E é esta gente republicana e laica. Tanta fé no futuro não se via desde as bodas de Canaan.
Artigo escrito por Mário Crespo, publicado no Jornal de Notícias. O negrito é colocado por mim. O jornalista sabe bem o que escreve.

25.10.08

MEMÓRIAS QUE NÃO SE APAGAM

Quem se recorda deste monumento?
Com a construção da Barragem do Sabugal e o enchimento da albufreira ficou tudo debaixo de água. Ora bem, tudo menos a imagem da Sra.dos Caminhos.





Se olharmos para o lado direito desta fotografia conseguimos ver o nicho da Sra. dos Caminhos, ainda antes da construção da barragem. Hoje, esta área está toda submersa pela água da albufeira.

23.10.08

QUEM DEFENDE O RIO CÔA ?






Nascente do Rio Côa




Clicar nas fotos para ver melhor













Aqui nasce um rio. As fotografias são da minha autoria e recordam um passeio que fiz à Nascente do Côa com as minhas filhas. Fomos de automóvel até ao início do caminho de pedras que nos leva ao sítio onde o rio nasce. Lá chegados ficamos a olhar para a água que ali aparece e tranquilamente vai descendo o monte em direcção ao mar. Só ouviamos o vento e a água. É um local que merece a visita dos portugueses e dos amantes da natureza.




Hoje, ao dar uma espreitadela no " Cinco Quinas"dei com estas imagens e com um vídeo sobre a realização de um passeio Todo o Terreno por terras do Sabugal e que "passou por locais tão emblemáticos do concelho como a Barragem do Sabugal e a nascente do Côa" , "o ponto mais alto da viagem", "combinaram outra edição, rumo à liberdade".




Meus queridos, o passeio TT foi patrocinado por uma companhia de seguros, a Liberty e pelo Jornal Cinco Quinas. É triste que permitam estes amantes dos jipes destruirem a natureza.


Este veículo, um dos participantes do "TT Liberty Seguros/Cinco Quinas" está em cima do rio côa. Atrás da pessoa que está a fotografar pode ver-se a pedra onde alguém ( e muito bem ) escreveu "NASCENTE DO RIO CÔA".

E estes senhores, para aí uma meia dúzia de jipes, invadiram o local sem dó nem piedade. Onde está o espírito de verdadeira aventura e a verdadeira adrenalina dos amantes do TT?

17.10.08

OS POBRES, AI OS POBRES!


Hoje falou-se da erradicação dos pobres no mundo. Os jornais noticiam que o nosso país foi o que mais reduziu a pobreza na Europa. No Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, em Portugal dizem que há 1,8 milhões de pobres e o objectivo é reduzir para 1,6 milhões.

Eu vivo num país onde um terço dos pobres trabalham e recebem um salário. A verdade, é que ganham um salário insuficiente para satisfazer todas as necessidades da família. E isto é ser pobre no nosso país. Apesar de trabalhar e ganhar dinheiro estas pessoas a meio do mês já estão a contar os dias que faltam para voltar a receber. Como o salário é baixo e muitos dos contratos de trabalho são precários, a realidade é negra e triste. O trabalho já não representa que deixaram de viver na pobreza.

O que é ser pobre em Portugal?

O Dr.Bruto da Costa dá-nos esta definição: "O pobre é alguém que não consegue satisfazer de forma regular todas as necessidades básicas, assim consideradas numa sociedade como a nossa."

A pobreza é um fenómeno social, não apenas individual. Ser pobre, é quando não tenho recursos para participar nos hábitos e costumes da sociedade onde estou inserido.

E num dia em que falamos de pobres e insuficiência de recursos, ficamos a saber pelos jornais que as três campanhas eleitorais previstas para 2009 ( europeias, legislativas e autárquicas ), o Governo orçamentou-as com um custo previsível de 70,5 milhões de euros. Para além desta despesa com as campanhas eleitorais, o Orçamento para o próximo ano prevê que se gastem 167,7 milhões de euros em estudos, projectos e pareceres encomendados a gabinetes de advogados, de engenheiros e consultores privados.

Quando em Portugal há dois milhões de portugueses que vivem em risco de pobreza, porque sobrevivem com 366 euros, esta distribuição dos dinheiros públicos faz-nos pensar nos métodos, nas prioridades e na escolha das opções tomadas pelos governantes deste país.

As necessidades são maiores do que os recursos económicos que o Governo dispôe. Mas enquanto o dinheiro continuar a ser distribuido conforme as conjunturas políticas e os interesses partidários e enquanto o trabalho não for pago a melhor preço, os pobres continuarão pobres.