03 junho, 2022
02 junho, 2022
FONTE DA TORRINHA EM PERIGO?
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Fonte da Torrinha(foto de 24-02-2019) |
Na nossa aldeia existem memórias que correm
o sério risco de serem destruídas, alteradas e que merecem ser alvo de maior
cuidado. Estas memórias são-nos oferecidas pelos testemunhos vivos que existem
na freguesia e como são públicos, encontram-se em espaços públicos, mais ou
menos resguardados, estando alguns ainda ao serviço de todos. E o estatuto de
público significa que é usado por todos e está ao serviço de todos. Ora esta
posse tão ampla vem conferir-lhes uma importância ainda maior para que se
cuidem bem deles.
E por falar em memórias e testemunhos,
vou continuar a contar um pouco da história da Fonte da Torrinha, ou a Fonte
das Bicas. Já sabemos que a sua água era a melhor água de todas as fontes que
havia dentro do povo. Também já sabemos que a sua construção deu muitas dores
de cabeça ao presidente da junta de freguesia. O senhor António Nita não tinha
panos quentes para aparar as nicas da Câmara do Sabugal! Defendia os interesses
da freguesia com todas as forças e estratagemas que criava, pois, só lhe satisfazia
ver o povo bem servido e com os mesmos direitos que as outras terras gozavam.
Mesmo o facto de à sua frente estar um presidente de Câmara, um engenheiro de
obras e responsável por muitas canalizações, mesmo sendo pressionado por
comandantes da Guarda Fiscal, as obras de abastecimento ao novo quartel, canos
que ligavam os tubos vindos da mina para a fonte e que a Guarda Fiscal também
queria receber, foram mandadas parar. O problema ficou resolvido uns tempos
depois e depois de as partes assinarem um documento com as condições impostas
pela Junta de Freguesia.
A história da Fonte da Torrinha não
fica toda contada. Esta é uma ínfima parte e tratou-se de avivar as nossas
memórias. A história deste monumento e de outros que há na nossa aldeia, a sua
importância na história do povo e de muitas pessoas que ali iam diariamente,
são motivos suficientes para conservar a todo o custo estes testemunhos ainda
visíveis.
Nota: sendo eu malcatenho, defendo a
freguesia sempre que há necessidade. Há situações
que pela sua interferência
no espaço público, à vista de toda a gente, mesmo que os
intervenientes não tenham
más intenções, sujeitam-se ao julgamento público.
E na última vez que estive
em Malcata, vi o que muitos também viram e o pequeno
muro foi o tema mais
falado nos bancos da Torrinha. Cada pessoa e cada uma das
que vive em Malcata tem uma opinião,
uma sugestão, um apontamento a escrever
e depois esclarecer ou
simplesmente não querer ver, não falar e remeter ao silêncio
porque se fosse ele,
fazia o mesmo ou até pior...
Vivemos em democracia, não
é verdade? Se a democracia nos dá a liberdade de cada
um comentar, aqui vos
deixo espaço para tornar pública a vossa opinião.
26 maio, 2022
OLHAR E IMAGINAR MALCATA MELHOR
Logradouro da antiga escola primária, em Malcata |
Eu acredito que aqui é possível criar um espaço de vivência e de utilização pelas pessoas da freguesia e quem nos visita. Por exemplo, criar naquele lugar sobranceiro à aldeia, de onde se tem uma vista fantástica da freguesia e da serra, um miradouro, um jardim bonito, com uns bancos e passeios, uma espécie de ramada apoiada numa pérgula, criando um lugar de repouso e contemplação.
Há quantos anos o logradouro está assim? Aquele terreno e naquele lugar, tem muita utilidade e não deve ser apenas o depósito ou armazém da junta, como tem sido, desde que a escola primária encerrou. Eu tenho outras ideias para aquele espaço, contudo vou deixar em banho-maria e esperar os vossos comentários e desejos para o mesmo espaço que é o antigo recreio da escola primária.
Algumas imagens do logradouro que estou a referir atrás:
Entrada para o recreio |
Coberto a servir de armazém |
José Nunes Martins
21 maio, 2022
OUVIR, ASSINAR E CALAR ?
QUEM ESTÁ A SALTAR À CORDA?
Todos os Municípios assinam contratos interadministrativos
com as freguesias e Uniões de freguesias que integram o respectivo concelho.
Encontro Câmaras Municipais que seguem estes passos:
Foto 1 |
Também encontro Municípios que também assinam Contratos Interadministrativos com as suas respectivas Juntas e Uniões de Juntas de Freguesia. A diferença, não estão nas cláusulas do contrato.
O caminho para chegar a um acordo e ser assinado é que é bem diferente!
Foto 2 |
As perguntas que aqui deixo são estas:
1- Há uma leitura errada da minha parte?
2- Qual dos dois municípios está a respeitar mais a lei ?
19 maio, 2022
É PRECISO MAIS DO QUE A BELEZA NATURAL
Ainda me passou pela minha cabeça que, com a mudança de equipa na autarquia, a chegada de gente jovem, as coisas começassem a levar-nos para um futuro diferente. A realidade está à vista de todos e ainda nos falta muita informação sobre o que não está assim tão perto. Daí que...
Uma caminhada em passo lento pelas ruas da nossa aldeia ou por becos e travessas
dá para observar muitas coisas e fico com vontade de escrever sobre aquilo que
vejo.
E o que mais predomina é um silêncio
longo, apenas perturbado pelos voos rasantes e livres das andorinhas. E junto
com os silêncios e as andorinhas vejo paredes de antigas casas em derrocada
desregulada, talvez forçada pelas raízes dos sabugueiros e carvalhos que ali
vivem e se ocupam das manjedouras de outros animais.
Na rua principal da aldeia abundam
abusos e o cimento agora já não consegue disfarçar o abandono a que isto chegou.
Se numas paredes era preciso para dar um ar de habitação cuidada e habitada,
sobram colheradas em escadas e paredes que já tiveram escaleras. Bem, ao menos
este mês deu-lhes para lavar a cara e a sede da nossa freguesia que bem fica
vestida novamente de branco! Oxalá a Fonte Velha seja a próxima a beneficiar
obras de restauro, porque a cara tem mesmo que ser mais bem cuidada. Por muito
bonito que aquele lugar é, como ele se encontra, nem as andorinhas ali vão
beber da água. E mesmo com árvores e copos que com todo o gosto as recebem,
tanto desleixo é sinal de desinteresse e sendo assim, os beirais são mais
práticos para criar família. São as andorinhas e sou eu que esperamos um dia, dentar
no banco e à sombra da pérgula descansar, mesmo que por breves momentos, as
pernas e a cabeça. Mesmo com a Fonte de Mergulho ali ao lado, não convida a
descer aquela catacumba moderna e cinzenta, não é natural e à vista de toda a
gente é que ela gostava de estar. Lá onde ficou, foi onde se criou, mas os seus
anos fizeram sentido enquanto esteve descoberta, todos a viam e dela se serviam,
gostavam de lá ir encher os cântaros, até as vacas, os burros que de nabos não
tinham nada, só de nome e tanto eles trabalharam, puxaram mais cargas de milho
e aguentaram a vagarosa vaca leiteira, sem nunca deixarem de ser burros.
Eu não conheci a fonte de chafurdo, que à
fonte de mergulho também lhe chamavam fonte de chafurdo! Alguém que tenha
paciência e quem sabe venha aqui explicar a origem e as razões de lhe chamarem
a esta fonte, a Fonte de Chafurdo!
E já que está com as mãos na massa, pode também, se souber é claro, contar-nos
a história desta fonte.
E como as crises vêm, na Fonte Velha
tenho saudades do Minimercado a Fonte e de ser sempre bem servido. Ainda hoje gosto
de usar aquelas facas pequenas que lá comprei. Foi um sonho e cá para mim, aquela
história que venderam e que muitos acreditaram vir a ganhar com o futuro
hospital, provocou alguns danos colaterais neste e noutros negócios. Mas isto
são contas de outro rosário. Ainda não foi bem rezado, mas a fé é inabalável e
a sua história um dia será do conhecimento de todos.
E como a estrada me apareceu limpa,
sem regos e altinhos de cimento para desviar a água das chuvas, ao caminhar em
direcção ao poeta da pala num dos olhos, aquele olhar do lince quase me faz
cair. Mas à medida que me aproximo cada vez mais do poeta e do bicho gato, fico
tranquilo porque vejo que um é cego e o outro tem um cadeado que o prende da
boca à pedra de cantaria que ali espetaram. Agora a aldeia também pode exibir a
sua arte urbana. A terra que tem a serra com o mesmo nome, passou a estar
presente na rota da arte urbana e dizem que é mais um ponto a favor da aldeia e
mais um motivo para as pessoas visitarem a nossa aldeia. Poesia e pintura é
arte, é cultura e quem não gosta, tem bom remédio, deixa na borda do seu prato.
Olha o que eu agora me lembrei de escrever, mas eu estava só a fazer uma
caminhada pela rua principal da nossa aldeia. Bem, vou terminar neste ponto e
um dia destes continuo a caminhada. Preciso de parar para descansar os pés. Vou
sentar-me numa das cadeiras da esplanada do Café Camões, ser bem servido e saborear
um bom café. Entretanto, vão olhando para estas imagens e quem sabe tenham alguma ideia de mudar a situação!
José Nunes Martins