16.8.23

MALCATA : ESTAR DENTRO DA FESTA OU FICAR DE FORA?

                             ACTUALIZAÇÃO DE VISITAS A ESTA PUBLICAÇÃO :

               Tantas pessoas que por aqui passam e não há uma única resposta às perguntas feitas!!!
                        As perguntas são estas:
                   
1- Como foi a festa deste ano?
                         2-  Qual o verdadeiro sentido da Festa em Honra de S. Barnabé?
                             3-  Se fosse mordomo o que propunha para a festa?

   Hoje, uns dias depois do fim da festa deste ano,  dou comigo a recordar com alguma saudade as vivências do dia de festa na minha aldeia. Era dia de festa, de alvorada com foguetes e “banda da música” ou filarmónica. Neste dia a minha mãe preparava roupa nova, mesmo a estrear e havia mesa farta ao almoço. Para este dia de festa o meu pai alegrava-se com a vinda de todos os da família, havia sempre lugar para eles. Não era boa altura para receber amigos, ele não tinha tempo livre nestes dias. A responsabilidade que assumira de ser mordomo, estava sempre primeiro que tudo o resto. Ele e os outros mordomos fartavam-se de trabalhar para que toda a festa corresse bem. Uma das preocupações que os mordomos tinham era como ia estar o tempo no domingo. Qualquer nuvem no céu lhes trazia preocupações e mesmo com as coisas preparadas para a eventualidade da chuva, nem sempre as prevenções resultavam na sua totalidade. A Missa e as procissões, o fogo, a música e o ramo concentravam toda a atenção dos mordomos. Nesses primeiros anos, as receitas da festa eram obtidas com peditórios à volta do povo, algum ou outro baile e muita contenção nas despesas do fogo, que era onde eles podiam cortar alguma coisa. Depois havia um apoio das famílias dos mordomos para abastecer o Ramo com bolos caseiros, coelhos, cabritos, presuntos, chouriças, garrafas de bebidas…coisas feitas com muito amor e suor durante a semana anterior ao dia da festa. E todas estas ofertas iam parar ao Ramo da festa, o autêntico dinamizador dos apoios da festa, era no Ramo que os mordomos apostavam para angariar dinheiro. Só mais tarde veio a exploração do bar durante a festa.
   Enfim, quando recordo estas coisas, sinto o medo que eu tinha aos foguetes lançados muito próximo das pessoas, ali na varanda da casa dos meus pais, enquanto tocava a banda da música e os mordomos distribuíam nas bandejas os copos de vinho e doces.
   No fim da missa do domingo a seguir à festa, na altura dos avisos, os mordomos entregavam ao padre um papel com as contas da festa e a lista dos próximos mordomos. E durante uns dias era o tema mais falado na aldeia.
   A festa tinha acabado.
  
Nota: dois dias após a festa deste ano ter terminado gostava de perguntar:
           1-Como foi a festa deste ano?
           2-Qual o verdadeiro sentido da festa de Agosto, em Malcata, continuar a ser em
                Honra de São Barnabé?
           3- Se fosse mordomo(a) o que propunha para uma Festa em Malcata?
          
   Vamos então falar sobre as festas e como elas se enfarinham na vida de todos nós.
   Esvaziar as nossas cabeças e dar tempo e tolerância é o que estamos a precisar. Agradeço todos os contributos e respostas. 
                                                        José Nunes Martins
   
           


11.8.23

QUE TRADIÇÕES TÊM MAIS FUTURO EM MALCATA?

 


   Considero e penso que é legítimo cada um de nós ter a sua opinião sobre as garraiadas, gostar ou não das  que se têm feito nestes últimos anos em Malcata, nos dias próximos à festa. Também penso e não aceito que se procurem falsas razões para expressar e impor qualquer tradição.
   Em Portugal existe um Regulamento de Espectáculos Taurinos (RET) aprovado pelo Decreto-Lei nº 89/2014. Não conheço todo o documento, mas suponho que a organização do espectáculo se preocupou em conhecer para realizar, promover e respeitar a legislação.
   Tendo em conta que a participação na garraiada é voluntária, a organização costuma mesmo assim, garantir a assistência de socorro garantida pela presença em permanência dos Bombeiros Voluntários e uma ambulância de apoio.
   Em Malcata nestes últimos anos, está-se a tentar “reavivar” uma tradição que nunca existiu, e ainda por cima com alguma falta de condições, passando uma imagem errada das pessoas da terra. As duas vezes que fui assistir a garraiadas na nossa aldeia, não fiquei até ao fim, abandonei o recinto antes de terminar.
   Lembro que todos somos livres e temos cada um a nossa opinião. O que eu digo é que não pode valer tudo para contentar o povo, porque os Santos não saiam da igreja para participar ou assistir a uma garraiada. São santinhos, mas têm medo dos bois do diabo!
   Eu tenho uma idade que me dá mais anos de vida e de conhecimento sobre as tradições vividas em Malcata. E as “touradas” ou “garraiadas” não me recordo assim de tantas e só aconteciam uma vez por ano apenas até chegar aquele belo ano em que os homens disseram que não vieram a este mundo para ser vítimas por causa das investidas dos bois ou das vacas das touradas. Há tradições bem melhores e mais fáceis de manter…se há! Então porque é que temos de promover e incentivar a participação voluntária em espectáculos que nos podem causar perdas de vidas humanas? 
   Já alguém pensou em promover novos eventos? Por exemplo, o “Dia do Cabrito”, reavivando e fazendo regressar a tradição do cabrito assado, estufado, grelhado…que tão longe levou o nome da nossa aldeia? Que tradições têm mais futuro em Malcata?
                                               José Nunes Martins

5.8.23

A FEIRA DE ARTESANATO E SABORES NO ROSSIO TEM (AINDA) MAIS GRAÇA


 

  À medida que os dias se aproximam as pessoas andam na azáfama das reparações e das limpezas, dos espaços públicos e dos contentores dos resíduos urbanos empurrando-os para longe do recinto da festa. E até passar estes dias aqueles caixotes de latão têm dali desaparecer porque dá uma imagem péssima e é melhor esconder dos olhares estranhos, porque aos que moram habitualmente na aldeia, não os incomoda.
   Quanto custa a realização da Feira de Artesanato?
   Quem paga?
   A Feira de Artesanato é organizada pela Junta de Freguesia e a iniciativa merece aplausos e é a freguesia que ganha mais vida e dinamismo, sendo bom e importante viver e saber que afinal vale a pena ter uma feira como esta e perto da festa. Os expositores vão poder vender os seus próprios produtos, o mel, azeite, bolos caseiros, compotas variadas, bijutarias, sabonetes aromatizados, pequenas bonecas, panos e toalhas, raízes com vida, ferros velhos decorativos, tripa doce e crepes, momentos musicais e de dança…
   Também é importante perguntarmos e sabermos, afinal, que feira é esta, que se faz uma vez por altura do mês da festa de Verão e que este ano vai para a número oito?
   Durante estes oito anos de feira já alguma vez perguntaram ou foram informados dos seus custos e quem paga a conta? A iniciativa é para continuar sempre igual à primeira edição ou há intenções e planos para a valorizar e alargar a mais expositores?
   O facto de ter havido a preocupação de aprovar o regulamento da Feira de Artesanato é um sinal muito positivo e mostra o importante que é para os participantes e para a entidade que organiza a regulamentação estar aprovada. É bom, com sabor a pouco e deve existir ainda mais apoios aos artesãos que em Malcata produzem as suas peças. É insuficiente as horas dedicadas à Feira e à promoção e apoio do nosso artesanato e dos sabores típicos da aldeia.   Sei que não existem lanches/jantares/ceias grátis e que há gostos para tudo e mais não sei o quê! Olhando para o cartaz desta VIII edição da Feira de Artesanato e Sabores, o programa é igual às edições anteriores e o povo continua a comer o que lhes dá, sem sequer se questionar sobre o preço que a festa custa.
   Quantos expositores vão lá estar desta vez?
   Suponho que serão os mesmos dos anos anteriores. A organização informou que o número de bancas de exposição são poucas e que até pode haver necessidade de dividir o espaço por mais do que um expositor. Os artesãos da casa parece que têm prioridade.
Ainda no que respeita ao regulamento da Feira, será que foi dado a conhecer às pessoas?
   O programa, já o referi e volto a ele para dizer, que a feira e os dois espectáculos de animação, têm os seus custos e precisam também da logística para o normal decorrer dos mesmos. Uma vez que estão associados à feira de artesanato, a feira já valeu pelos momentos de convívio, pelo que se conseguiu vender, tanto pelos expositores como pelo bar da Festa em Honra de São Barnabé.
   Sei que é a Junta de Freguesia que vai pagar as despesas da feira de artesanato. Mais digo, que vão ser os cidadãos a pagar!  Podem os cidadãos ser depois informados e ficar a saber o valor da conta?
                                                   José Nunes Martins

 
  

 

2.8.23

FESTA EM HONRA DE SÃO BARNABÉ EM MALCATA

 

Festas de Malcata 2023

   Nas aldeias portuguesas os meses do Verão há muito tempo que estão marcados pelas festas populares e religiosas. E Malcata não é diferente das outras terras no que respeita às Festas de Agosto. Durante muitos anos e gerações a nossa freguesia celebrou as suas festividades de Verão em honra de várias imagens santas: Senhora do Rosário, Coração de Jesus, São Domingos e Senhora dos Caminhos. Em 2015 ficou acordado que a festa de Varão passava a ser em honra de Barnabé, o santo padroeiro da paróquia e freguesia.
A esta mudança veio juntar-se outra alteração na forma de organizar as festas e desde então o programa religioso fica à responsabilidade da Fábrica da Igreja. Todo o programa não religioso continua entregue aos mordomos. E estas foram mudanças que para muitas pessoas foi de compreensão um pouco difícil de entender. No primeiro ano que esta espécie de “divórcio” se materializou, foi normal e natural o surgimento de algumas dúvidas, de incertezas e até uns desconfortos interiores, que nunca resultaram em movimentos de protesto. Até porque as festas pagãs continuaram a realizar-se nos moldes que tinham sido assumidos nos anos anteriores.
   As festas de Verão na nossa terra sempre foram promovidas e organizadas pelos mordomos, mesmo após a cisão entre o religioso e o pagão. A Fábrica da Igreja é conhecida por todos os cristãos e também por todas as pessoas que não praticam o catolicismo. Já no que diz respeito aos mordomos, cada ano é um grupo diferente e às vezes nem os próprios se conhecem uns aos outros, sabendo que todos têm uma coisa em comum: Malcata.
   Não pretendo denegrir ou desvalorizar as Festas de Malcata, nunca o fiz e não vou fazer. Muito menos a mordomia que este ano de 2023 assumiu a responsabilidade de as organizar. Também quero deixar bem claro que não há e não tenho nada em concreto contra quem quer que seja. Escrevo umas palavras sobre os valores e os princípios, sobre o espírito das festas, das tradições e dos costumes que todos conhecemos. A história das festas e as tradições do nosso povo, da nossa aldeia mostra que existem algumas regras quando voluntariamente se aceita uma missão para fazer parte da equipa, da comissão dos mordomos. E cada vez estamos mais próximos de vivenciar uns dias de alegria, de diversão, de confraternização e também de oração. Os programas já são conhecidos e penso que todos desejamos que corra como planearam. Muito trabalho, sacrifícios, menos horas de descanso porque o objectivo principal é organizar bem a festa, proporcionando alegria às pessoas que nela participam.
   O que desejo à Comissão de Mordomos 2023 é que a crença e a fé, o trabalho e a aceitação de colaboração, esteja sempre em linha de conta e presente nas acções que fomentam a harmonia e entreajuda com todas as instituições e com todos os cidadãos.
   Sabemos que não há festas iguais, não há uma melhor ou maior, porque o tempo também nunca é o mesmo, as dificuldades também nunca são as mesmas e até as circunstâncias que envolvem a festa são as mesmas. Esquecer aquele espírito competitivo e os juízos de comparar com outras festas.
    Antes de pousar a caneta de escrever gostava que os Mordomos de Malcata 2023 divulgassem os nomes dos seus elementos. Este meu apelo penso que também vai ao encontro e ao esclarecimento desejado por mais pessoas.
    Parabéns aos Mordomos de Malcata 2023 por tudo, mas sobretudo pela vontade que mostram de levar em frente este belo projecto para o povo de Malcata.

                                      José Nunes Martins


30.7.23

MALCATA TEM ONDE COMER E ONDE DORMIR E MUITO MAIS

    

Ainda pode comer nos Minimercados Armindo e Cantinho do Ludo,
ou no Bar da Zona de Lazer, naturalmente!

Alojamentos locais e espaço para autocaravanas



   Na aldeia os cafés e os largos sempre desempenharam um papel importante para a vida social das pessoas. E apesar de todas as dificuldades económicas, de contínua saída de gente para fora, mesmo com o que se aguentou por causa da pandemia, das guerras e a subida dos preços em tudo, sejam em bens e/ou serviços, na nossa terra continuam todos com as portas abertas. Como nem toda a gente vai até à Zona de Lazer, na falta de outros espaços com condições para conviver descansadamente resguardados do calor, vão para os cafés a fazer o que é costume. Os homens jogam às cartas, seja ao “jogo da sueca”, à “bisca de 3 ou de 9” e quem sabe, joga ao “invido” ou “imbido” que os emigrantes argentinos espalharam pela terra. Como não jogam a dinheiro, os que perdem pagam os copos que ao longo da tarde se vão despejando.
 Já 
com as mulheres, que costumam as mais novas ir com os seus maridos tomar o café, juntam-se ali a uma mesa a conversar de tudo e mais não sei o quê…é conversas engatadas umas às outras, porque como só se encontram por altura das festas, já podemos imaginar a quantidade de matérias a revisar!
   Portanto, lá pela aldeia está tudo bem, tudo como de costume, haja saúde e dinheiro para as coisas essenciais não faltarem, venha a festa que o resto em Malcata, está como está em Abrantes, tudo como dantes!

   Boas férias.
                               José Nunes Martins