18.12.13

M a l c a t a . n e t: OS LABURDOS

M a l c a t a . n e t: OS LABURDOS

OS LABURDOS




 

Dia festivo, de grande comesaina e promissor

Manuel Leal Freire - © Capeia Arraiana
Quadro bárbaro, a matança do porco, é, no quadro familiar, um significativo acontecimento. É que o porco, chegado ao chambaril, garante tempero anual para o caldo, peguilho para almoços, jantares e merenda e ainda meia dúzia de refeições de arromba.
Leia mais aqui:

http://capeiaarraiana.pt/2013/12/18/dia-festivo-de-grande-comesaina-e-promissor/

5.12.13

EM DEFESA DO PATRIMÓNIO

   O Cruzeiro que não fala



A Barragem do Sabugal concluiu-se no ano 2000 e desde esse ano que se criou uma albufeira que funciona como reservatório de água que será transferida para a Barragem da Meimoa sempre que for necessário para regar os campos da Cova da Beira. A Albufeira do Sabugal localiza-se num troço do rio Côa, na sua maioria alagou os melhores terrenos cultiváveis pertencentes a pessoas da aldeia de Malcata. Esta albufeira está parcialmente inserida na Reserva Natural da Serra da Malcata e dispõe de uma enorme capacidade de armazenamento.
   O património é um elemento de ligação do passado com o presente. O património é o testemunho que os nossos antepassados nos legaram e nós como fieis depositários desse bem, temos a obrigação de defender e valorizar aquilo que nos confiaram. Esse património deve condicionar o ordenamento do território e todas as construções que queiram edificar.
  Aqueles que  pensaram em unir a cidade do Sabugal a Malcata,  ao longo da albufeira da barragem a ideia foi e continua a ser válida e é uma boa ideia. O caminho não é um caminho como os outros caminhos existentes. O Percurso ( Caminho ) pode ser uma forma de rentabilizar o património existente e até valorizá-lo, bem como criar um caminho com estruturas e equipamentos para apoiar as pessoas que por lá queiram e desejem caminhar. Os amantes da natureza, os turistas e as gentes que vivem nesta região com certeza que irão desfrutar deste novo caminho.
   São 27 quilómetros entre a entrada da cidade do Sabugal e a aldeia de Malcata. O objectivo é “potenciar e permitir o usufruto da envolvente da Albufeira do Sabugal. O percurso ficará perfeitamente integrado na paisagem e será absorvido pelo seu contexto natural”, lê-se no Boletim Municipal da Câmara do Sabugal, em Abril de 2012.
   Parece que alguém se está a esquecer de integrar na paisagem algumas das obras que estão a executar neste projecto. Refiro-me concretamente à estrutura que está a ser construída na aldeia de Malcata, junto à Capela de São Domingos. Nada do que se escreveu está a ser cumprido e está à vista de todos que desrespeitaram o património que já lá existia desde 1960. Pergunto a quem souber responder qual é a sensação e a atenção dos visitantes que chegados à Capela de São Domingos, lhes transmite e qual o fio condutor entre aquela “estação” de cimento pintado de branco e o CRUZEIRO em pedra de granito?
   Não bastaram as confusões e os erros descobertos só após o início das obras, provocando atrasos na execução e talvez aumento de custos, para agora sermos novamente confrontados com o incumprimento de alguns dos objectivos desta importante obra. E agora que fazer?
  Apresento alguma informação sobre este percurso que acompanha a água da albufeira:
  
    Anúncio do concurso para o Percurso de Interpretação ao Longo da Margem Esquerda da Albufeira do Sabugal foi publicado no D.R. n.º: 253 Série II de 2010-12-31, link:
http://www.directobras.pt/lercp.php?id=25603

“A obra fora consignada em Maio de 2011 à empresa Albino Teixeira Lda, e os trabalhos iniciaram-se a 21 de Janeiro de 2012, logo que foi aprovado o respectivo plano de segurança pela Câmara Municipal do Sabugal. A suspensão aconteceu por decisão camarária tomada da reunião do executivo do passado dia 14 de Fevereiro de 212, numa altura em que os trabalhos já estavam em pleno andamento, nomeadamente ao nível da remoção de terras. Só após o avanço desses trabalhos se verificou que os mesmos não poderiam continuar porque parte do percurso a executar estava afinal projectado para terrenos submersos ou em terrenos particulares.” Noticiava o Capeiaarraiana (http://www2.uab.pt/news/recortes/upload/28_03_2012_Capeia_Arraiana_wordpress.pdf)













4.12.13

SABER FAZER

   Um dos meus passeios pela nossa aldeia foi até à Capela de São Domingos. Estava curioso por ver as obras que têm andado a executar naquele emblemático lugar, um espaço de devoção e de lazer. Falaram-me que havia para lá umas pedras grandes e altas e lá fui eu caminho acima. Eis o cenário que observei e captei com a minha máquina fotográfica:
   Tanto espaço para a obra ficar afastada do cruzeiro...e está a dois passos de distância!

   Aqui era a entrada para o recinto. As vigas de cimento estão orientadas para o povoado e não para a capela de São Domingos, aquela casinha branca que vemos lá ao fundo.





                       O cruzeiro está a dois passos destas placas de cimento pintadas de branco

E o património existente não é respeitado? O cruzeiro está a dois passos desta nova obra. Como podemos ler este monumento está ali desde 1960 e apesar do seu pequeno tamanho trata-se de um símbolo importante para o povo de Malcata. A inexistência de informação respeitante a esta obra é total. Depois desta visita, pedi ajuda a algumas pessoas que encontrei e pouco me disseram. Um senhor falou que se tratava de alguma coisa que tinha a ver com "as pessoas que por aqui vêm a pé" e que "lá para o campo da bola estão a fazer outro "!



FILME DA OBRA E DO ESPAÇO ENVOLVENTE


E AGORA POVO?

27.11.13

CASTANHAS






  Na aldeia o tempo passa lentamente e quem comanda a vida das pessoas é o dia, a noite, a chuva, a neve, o vento, o sol e a lua. Aqui os minutos e os segundos pouco importam e quase não têm sentido.
   Pelo Outono de outros tempos, apareciam as primeiras castanhas e com elas apareciam os magustos um pouco por todo o lado. Também na escola primária o magusto não era esquecido. As professoras pediam às crianças para irem aos pinhais próximos apanhar caruma e trazê-la até à escola para depois fazerem o magusto.
   Os castanheiros sempre existiram em Malcata e quase todas as famílias tinham castanha de boa qualidade. A doença da tinta varreu a maior parte destas árvores e as pessoas começaram a desinteressar-se     pela renovação da espécie   mantendo apenas os castamheiros que já existiam.   A castanha era apanhada manualmente para umas cestas de verga e despejadas nas sacas para depois serem levadas para casa do lavrador. Comiam-se assadas, cozidas e também eram incluídas no caldudo. Os assadores eram feitos de caldeiros velhos a que se furavam dos lados e no fundo e depois eram despejadas as castanhas no interior e eram pendurados nas cadeias em ferro e ali permaneciam a apanhar o calor do lume até as castanhas ficarem assadas.

  Para secar as castanhas, deitavam-se nos caniços e ali permaneciam duas a três semanas a apanhar calor e fumo. O caniço era uma espécie de estrado feito de varas ou ripas em madeira, separadas ligeiramente entre si, de forma a entrar o calor e sem deixar as castanhas cair.                                                                                                                                                             
Depois de secarem, eram recolhidas para dentro de um cesto de verga e os homens calçavam um par de tamancos próprios para  pisarem a castanha e retirarem as duas camadas de casca. Esses tamancos, uma espécie de sapatos com o peito do pé em couro e a base em madeira,  cravada de pregos em ferro que com o peso da pessoa e os pregos, de tanto pisarem as  castanhas, acabavam por lhes retirar a casca e deixá-las piladas. Era com as castanhas piladas que se fazia o caldudo, que é uma sopa forte e um prato bastante cozinhado durante o Inverno.
Com a emigração ocorrida na segunda metade do séc. XX e consequente alteração dos hábitos alimentares, o consumo de castanha quase que desapareceu. Esta tendência está, contudo, a inverter-se e o caldudo parece sobreviver. Trata-se afinal de um prato rústico, muito nutritivo e de sabor incomparável, seja ele consumido quente ou frio. 

RECEITA DE CALDUDO:
 1. Cozer bem, em panela de ferro, as castanhas secas previamente 
 2. Esmagar, a garfo, as castanhas.
 3. Juntar açúcar e/leite a gosto.

Bom proveito.