ZONA BALNEAR DO MEIMÃO
(Fotos da Terras de Encanto)
Registo das contas da Confraria do Santíssimo em Malcata estão acessíveis no Arquivo Distrital da Guarda |
Todos têm a obrigação de prestar contas nas instâncias
próprias. Ora as festas das aldeias também envolvem verbas e as mordomias das
festas têm o dever de apresentar contas. E, regra geral, isso é feito, com a
consciência de terem prestado um serviço a toda a comunidade que em seu tempo
lhes atribuiu essa missão. Mas, aqui e ali,ouvem-se histórias do arco da velha. E a corrupção tem muitas caras, muitas formas e artimanhas sob a aparência da honradez. Há sempre quem pense que tem o direito de cozinhar o que lhe apetecer tendo em conta apenas a sua honestidade, o seu saber e sabores. Casos de enjoos e de estômagos enfartados por causa da comida desses cozinheiros, há muitos por todo o lado. E a má disposição não passa com nada, nem com água com bolhinhas, nem com "ricard" e muito menos com uma copita de aguardente.
Não vou atear mais a chama que anda aí pela nossa aldeia. Respeito as pessoas e os erros, só tenho de lamentar se alguém está a ser acusado injustamente e também lamento e condeno quem passe dos limites do respeito mútuo e da presunção da inocência, antes de serem conhecidas as provas e as circunstâncias dos factos.
É importante sim assumir que
precisamos de formar consciências. E quando existem contas a fazer, mais vale
fazer as contas de bem com os homens do que andar zangado com Deus e os santos.
Quem tem consciência madura não é qualquer cabra ou cabrão (bode) que lhe ferra os dentes a pensar que se trata de erva verde.
Tudo na nossa vida se resolve. Com diálogo,
boa fé e confiança mútua é o caminho a percorrer, porque todos desejamos viver
alegres e felizes.
José Nunes Martins
ACTUALIZAÇÃO DE VISITAS A ESTA PUBLICAÇÃO :
Hoje, uns dias depois do fim da festa deste ano, dou comigo a
recordar com alguma saudade as vivências do dia de festa na minha aldeia. Era
dia de festa, de alvorada com foguetes e “banda da música” ou filarmónica.
Neste dia a minha mãe preparava roupa nova, mesmo a estrear e havia mesa farta
ao almoço. Para este dia de festa o meu pai alegrava-se com a vinda de todos os
da família, havia sempre lugar para eles. Não era boa altura para receber
amigos, ele não tinha tempo livre nestes dias. A responsabilidade que assumira
de ser mordomo, estava sempre primeiro que tudo o resto. Ele e os outros
mordomos fartavam-se de trabalhar para que toda a festa corresse bem. Uma das
preocupações que os mordomos tinham era como ia estar o tempo no domingo.
Qualquer nuvem no céu lhes trazia preocupações e mesmo com as coisas preparadas
para a eventualidade da chuva, nem sempre as prevenções resultavam na sua
totalidade. A Missa e as procissões, o fogo, a música e o ramo concentravam toda
a atenção dos mordomos. Nesses primeiros anos, as receitas da festa eram obtidas
com peditórios à volta do povo, algum ou outro baile e muita contenção nas
despesas do fogo, que era onde eles podiam cortar alguma coisa. Depois havia um
apoio das famílias dos mordomos para abastecer o Ramo com bolos caseiros,
coelhos, cabritos, presuntos, chouriças, garrafas de bebidas…coisas feitas com
muito amor e suor durante a semana anterior ao dia da festa. E todas estas
ofertas iam parar ao Ramo da festa, o autêntico dinamizador dos apoios da
festa, era no Ramo que os mordomos apostavam para angariar dinheiro. Só mais
tarde veio a exploração do bar durante a festa.
Enfim, quando recordo estas coisas,
sinto o medo que eu tinha aos foguetes lançados muito próximo das pessoas, ali
na varanda da casa dos meus pais, enquanto tocava a banda da música e os
mordomos distribuíam nas bandejas os copos de vinho e doces.
No fim da missa do domingo a seguir à
festa, na altura dos avisos, os mordomos entregavam ao padre um papel com as
contas da festa e a lista dos próximos mordomos. E durante uns dias era o tema mais
falado na aldeia.
A festa tinha acabado.
Nota: dois dias após a festa deste ano ter terminado gostava de perguntar:
1-Como foi a festa deste ano?
2-Qual o verdadeiro sentido da
festa de Agosto, em Malcata, continuar a ser em
Honra de São Barnabé?
3- Se fosse mordomo(a) o que
propunha para uma Festa em Malcata?
Vamos então falar sobre as festas e como elas se enfarinham na vida de todos nós.
Esvaziar as nossas cabeças e dar tempo e tolerância é o que estamos a precisar. Agradeço todos os contributos e respostas.
José Nunes Martins
Considero e penso que é legítimo cada um de nós ter a sua
opinião sobre as garraiadas, gostar ou não das que se têm feito
nestes últimos anos em Malcata, nos dias próximos à festa. Também
penso e não aceito que se procurem falsas razões para expressar e impor qualquer tradição.
Em Portugal existe um Regulamento de
Espectáculos Taurinos (RET) aprovado pelo Decreto-Lei nº 89/2014. Não conheço
todo o documento, mas suponho que a organização do espectáculo se preocupou em
conhecer para realizar, promover e respeitar a legislação.
Tendo em conta que a participação na
garraiada é voluntária, a organização costuma mesmo assim, garantir a
assistência de socorro garantida pela presença em permanência dos Bombeiros Voluntários
e uma ambulância de apoio.
Em Malcata nestes últimos anos, está-se
a tentar “reavivar” uma tradição que nunca existiu, e ainda por cima com alguma
falta de condições, passando uma imagem errada das pessoas da terra. As duas
vezes que fui assistir a garraiadas na nossa aldeia, não fiquei até ao fim,
abandonei o recinto antes de terminar.
Lembro que todos somos livres e temos
cada um a nossa opinião. O que eu digo é que não pode valer tudo para contentar o
povo, porque os Santos não saiam da igreja para participar ou assistir a uma
garraiada. São santinhos, mas têm medo dos bois do diabo!
Eu tenho uma idade que me dá mais anos
de vida e de conhecimento sobre as tradições vividas em Malcata. E as “touradas”
ou “garraiadas” não me recordo assim de tantas e só aconteciam uma vez por ano
apenas até chegar aquele belo ano em que os homens disseram que não vieram a
este mundo para ser vítimas por causa das investidas dos bois ou das vacas das
touradas. Há tradições bem melhores e mais fáceis de manter…se há! Então porque
é que temos de promover e incentivar a participação voluntária em espectáculos
que nos podem causar perdas de vidas humanas?
Já alguém pensou em promover novos
eventos? Por exemplo, o “Dia do Cabrito”, reavivando e fazendo regressar a
tradição do cabrito assado, estufado, grelhado…que tão longe levou o nome da
nossa aldeia? Que tradições têm mais futuro em Malcata?
José Nunes Martins
À medida que os
dias se aproximam as pessoas andam na azáfama das reparações e das limpezas,
dos espaços públicos e dos contentores dos resíduos urbanos empurrando-os para
longe do recinto da festa. E até passar estes dias aqueles caixotes de latão
têm dali desaparecer porque dá uma imagem péssima e é melhor esconder dos
olhares estranhos, porque aos que moram habitualmente na aldeia, não os
incomoda.
Quanto custa a realização da Feira de
Artesanato?
Quem paga?
A Feira de Artesanato é organizada
pela Junta de Freguesia e a iniciativa merece aplausos e é a freguesia que
ganha mais vida e dinamismo, sendo bom e importante viver e saber que afinal
vale a pena ter uma feira como esta e perto da festa. Os expositores vão poder
vender os seus próprios produtos, o mel, azeite, bolos caseiros, compotas
variadas, bijutarias, sabonetes aromatizados, pequenas bonecas, panos e
toalhas, raízes com vida, ferros velhos decorativos, tripa doce e crepes,
momentos musicais e de dança…
Também é importante perguntarmos e
sabermos, afinal, que feira é esta, que se faz uma vez por altura do mês da
festa de Verão e que este ano vai para a número oito?
Durante estes oito anos de feira já
alguma vez perguntaram ou foram informados dos seus custos e quem paga a conta?
A iniciativa é para continuar sempre igual à primeira edição ou há intenções e
planos para a valorizar e alargar a mais expositores?
O facto de ter havido a preocupação de
aprovar o regulamento da Feira de Artesanato é um sinal muito positivo e mostra
o importante que é para os participantes e para a entidade que organiza a
regulamentação estar aprovada. É bom, com sabor a pouco e deve existir ainda mais apoios aos artesãos que em Malcata produzem as suas peças. É insuficiente as horas dedicadas à Feira e à promoção e apoio do nosso artesanato e dos sabores típicos da aldeia. Sei que não existem lanches/jantares/ceias grátis e que há gostos para tudo e mais não sei o quê! Olhando para o cartaz desta VIII edição da Feira de Artesanato e Sabores, o programa é igual às edições anteriores e o povo continua a comer o que lhes dá, sem sequer se questionar sobre o preço que a festa custa.
Quantos expositores vão lá estar desta vez?
Suponho que serão os mesmos dos anos anteriores. A organização informou que o número de bancas de exposição são poucas e que até pode haver necessidade de dividir o espaço por mais do que um expositor. Os artesãos da casa parece que têm prioridade.
Ainda no que respeita ao regulamento da Feira, será que foi dado a conhecer às pessoas?
O programa, já o referi e volto a ele para dizer, que a feira e os dois espectáculos de animação, têm os seus custos e precisam também da logística para o normal decorrer dos mesmos. Uma vez que estão associados à feira de artesanato, a feira já valeu pelos momentos de convívio, pelo que se conseguiu vender, tanto pelos expositores como pelo bar da Festa em Honra de São Barnabé.
Sei que é a Junta de Freguesia que vai pagar as despesas da feira de artesanato. Mais digo, que vão ser os cidadãos a pagar! Podem os cidadãos ser depois informados e ficar a saber o valor da conta?
José Nunes Martins