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16.3.13

A ALDEIA DO SOSSEGO E DO VAGAR


   Há lugares neste país em que ficamos com a sensação que o tempo anda a uma velocidade mais lenta. Quando deixo a confusão da cidade e ando pelos campos e caminhos da aldeia, fico convencido que em Malcata os ponteiros do relógio andam mais devagar, as horas parecem mais longas e os dias nunca mais acabam.

   
Pequenos jardins, onde ouvimos o vento e os pássaros, levam-nos a olhar para as águas calmas da albufeira e dou comigo a olhar e não vejo senão água e mais água e mais água. Ó Senhora dos Caminhos, para onde estamos a caminhar?

 

   Na aldeia é assim o trânsito nas ruas. E cada vez passam menos e o silêncio perdura durante horas e horas e raramente se ouvem as campainhas das cabras a descer a rua e aqueles inúmeros "caraços pretos de azeitona", mas que até nem eram assim tão mal cheirosos.


Os caminhos vêm da serra e vão para a serra. São caminhos ideais para esquecer os problemas e admirar paisagens de cortar a respiração. Lá do alto da Machoca, em dias claros e azuis celeste, os olhos conseguem alcançar a outra serra, a Serra da Estrela, a aldeia de Quadrazais, imaginamos os Fóios e as terras de Espanha e pensamos se por lá, as montanhas se encheram de ventoínhas que com a ajuda do vento fabricam electricidade. E até com sorte conseguimos ver a torre do Castelo de Cinco Quinas que há muitos séculos defende a história deste povo raiano.
   
   Olhando para a imagem nem parece que é o que é. Ah meu povo, olhai para esta magnífica paisagem e digam lá se nos enche a alma! Claro que sim. Hoje Malcata proporciona estas maravilhas e muitas outras.

30.11.12

MEMÓRIAS DE MALCATA: JORNADAS DO CARVÃO

Cartaz da Jornada do Carvão

OS CARVOEIROS DE MALCATA
   
Quem ainda se lembra dos carvoeiros de Malcata?
Em termos económicos, por volta dos anos sessenta, o negócio do carvão foi uma actividade que teve bastante importância na freguesia. Eram célebres os carvoeiros que exploravam a serra da Malcata e que se deslocavam de burro para comercializarem o seu produto nas freguesias vizinhas, e tinham como alvo preferencial os ferreiros. Antes do fenómeno da emigração na década de 60, que afectou bastante a freguesia e toda a região, era frequente o contrabando de alguns produtos, como azeite, ferramentas, tecidos e outros, comprados em Espanha e vendidos em Malcata por habitantes da aldeia, geralmente com grandes dificuldades económicas. O transporte dos produtos era feito a pé ou utilizando o burro. Além do caminho ser muito árduo, havia ainda o perigo de serem apanhados pela guarda fiscal. A mercadoria apreendida aos contrabandistas era leiloada em praça pública.
                                                               Braseira a carvão
                                                            (Museu de Malcata)

   Eram tempos em que a aldeia ainda não tinha electricidade e o carvão era muito utilizado no Inverno, tempo sempre frio e chuvoso. Para além do carvão que vendiam aos ferreiros, em quase todas as casas havia uma braseira que era alimentada a carvão. Lembro-me ainda vagamente de algumas mortes causadas pelo mau uso deste método de aquecer as casas e os serões passadas com os pés em cima da braseira e o candeeiro de petróleo aceso.
   O meu avô, o Ti João Pires, chegou ainda a falar das viagens que ele fazia com o seu burro carregado de carvão. Tive ainda a feliz oportunidade de assistir um dia ao fabrico do carvão. Lembro-me de termos ido lá para os lados da Porqueira, arrancou uns toros, fez um buraco na terra e despejou lá a lenha dentro. Deitou-lhe o fogo e lentamente tapou tudo com terra. A lenha ali ficou a queimar e eu a ver o fumo a sair debaixo da terra. Mais tarde, não sei depois de quantas horas, o meu avô retirou a terra e ali estavam os troncos negros, sujavam as mãos todas de preto e vai de meter nas sacas de pano e depois do burro carregado regressámos a casa.
   Esta é uma memória minha, talvez até nem tenha sido mesmo assim, mas por alguma razão eu tenho estas imagens na minha mente. Outras pessoas terão outras memórias e que seria importante recolher e guardar para memórias futuras. Louvo esta iniciativa da Associacção Cultural e Desportiva de Malcata, que com a ajuda da Junta de Freguesia decidiram organizar esta jornada.
   Mais uma vez não vou poder estar a participar, com muita pena minha. Contudo, bem que adorava que algum dos participantes recolhesse fotografias, vídeos e até histórias de pessoas que viveram estas coisas e que ainda estão entre nós.
   Desejo que corra tudo  bem e que o reviver desta jornada dos carvoeiros contribua para uma maior aproximação das pessoas da aldeia. Por Malcata, sempre!







31.10.12

JORNADA MICOLÓGICA EM MALCATA

III JORNADAS MICOLÓGICAS em Malcata

COM A PARTICIPAÇÃO DO ENGENHEIRO GRAVITO HENRIQUES,
técnico da DRAP Centro e especialista em cogumelos.



Engº.Gravito Henriques

16.8.12

CAMINHADA NOCTURNA DE MALCATA

Caminheiros da noite

   




Na noite de 4 de Agosto de 2012, a Associação Cultural e Desportiva de Malcata organizou mais uma Caminhada Nocturna. O início da caminhada estava marcada para as 21 horas, na sede da associação. Fui dos primeiros a chegar e aos poucos outros também apareciam, novos, maduros e mais idosos que me deixaram a pensar nas razões que a razão desconhece.   







           O amigo Gael, cidadão francês que uns amigos de Malcata convidaram a conhecer a nossa aldeia.



         















Rui Chamusco, presidente da ACDM, dá as boas vindas aos caminheiros e o seu vice-presidente,
José Manuel atento às suas palavras.




Novos e menos novos escutam as explicações



  
   Com o tempo a passar o largo da sede da associação ia-se enchendo com pessoas com vontade de ir passar uma noite de sábado bem diferente, mas nem por isso menos divertida.
   E a caminhada começou com o grupo a dar as primeiras passadas a descer a Rua da Escola Primária, seguindo pela Rua da Fonte, descemos a Rua de Baixo e pela Rua da Capela continuámos a caminhada, passando pelas Relvas das Casas, subimos até aos Chãos da Serra e sempre a abrir até à Machoca. Aqui, um grupo de amigos da ACDM esperava-nos para nos oferecer chá quente, leite quente, chocolate quente, bebidas refrescantes, biscoitos, sandes, chocolates de cereais e muita alegria.




A caminho da Fonte Velha












Caminheiros na Rua da Fonte

    
A chegar à Torrinha


Entrar na escuridão da Rua da Capela




A entre-ajuda é de louvar









Os flashes das máquinas assustavam alguns caminheiros





















































Os caminhos estavam cheios de pó e o nariz sentia-se sufocado...


















 Na ausência do luar, esta luz forte indicava que estávamos a chegar à Machoca, ponto mais alto da caminhada e também o local escolhido pela ACDM para nos aquecer as barrigas.























































































   E depois de retemperar as forças, é chegada a altura de reiniciar a caminhada. Enquanto que a primeira parte foi sempre a subir, agora vai ser sempre a descer até ao fim.


















As fotos enganam, o que os parece gotas de água, não são mais que pequenas partículas de pó que os caminheiros faziam levantar enquanto caminhavam!






    "Anda daí Zé, estamos quase a chegar!"




















  


O cansaço começa a aparecer....








E o jipe do Joaquim António serve de "botas"para os mais cansados...



















Mariana está a fotografar algum lince?








 







E chegámos ao fim com a oferta de caldo verde quentinho...e com chouriça!



























A nossa amiga holandesa aguentou até ao fim




   E como depois de caminhar 12 quilómetros e ainda por cima de noite, deu nisto, todos com fome e cansados mas com vontade de um dia voltar a repetir a caminhada.