22.4.23

O QUE FALTA EM MALCATA?

    

CMS a classificar uma zona balnear sem conhecimento da APA.
Uns anos depois, acordaram tarde e foi um "ai meu Deus e agora?"



   O espaço é amplo e tem muita relva, sombras, mesas e churrasqueiras, um recreio infantil, um bar, instalações sanitárias, espaço com areia e alguns chapéus de palha, tudo gratuito e uma vista deslumbrante que conquista quem ali chega.
 Tudo isto é visível e está ao dispor de todos.



   



   
 Então o que falta aqui?    
    
O que estavam a pensar em Malcata quando decidiram pela colocação da piscina nas águas da albufeira da barragem?
   Hoje já se referem aquela área da freguesia como "área de lazer" e não “praia fluvial”.
   Será que cabe na cabeça de alguém que viva na aldeia ou que periodicamente, visite aquela zona tão arranjadinha, com uma piscina, o recreio das crianças e o bar tal como foram apregoados pela Junta de Freguesia, foram lá instalados sem as devidas licenças e autorizações? Tendo a Câmara Municipal suportado as despesas e se tivermos em conta que a decisão foi aprovada em reunião de Câmara, para os cidadãos tratava-se de instalações devidamente licenciadas. E ainda agora, tudo o que ali foi 
construído, muita gente pensa que está conforme as leis e as regras.
   O nosso povo ficou rendido e agradecido com a piscina, o parque infantil, o bar, as instalações sanitárias, as churrasqueiras e as mesas, a relva e a areia com os chapéus de palha. Ai de quem escrevesse ou diga alguma coisa contra aquelas estruturas! É que desde que a Junta de Freguesia ali decidiu fazer a “praia fluvial” não pararam os elogios á obra!
   Em que país vivem alguns autarcas?
   Eu sei que a Câmara Municipal socorreu-se do POAS (Plano de Ordenamento da Albufeira do Sabugal), para justificar os atrasos da construção do projecto Ofélia-Clube. E tudo fez para conseguir que se pudesse encurtar a distância de edificação até ao nível da água e dos 250 metros, baixou para os 150 metros. (Lembro que esta foi uma das exigências da Existence-Ofélia Clube, para poder construir!!!). Portanto, tanto a Câmara Municipal, como a Junta de Freguesia, sabiam da existência de legislação relativa à área que envolve a albufeira. E como não vivemos numa república das bananas, aprovaram-se leis e regras, planos e directrizes, para regulamentar a ocupação do território e quando se quer construir é necessário consultar o POAS e respeitar as leis vigentes.  
   

   Desde que a Agência Portuguesa do Ambiente notificou a autarquia com uma contraordenação, foram colocados uns avisos no recinto a informar os visitantes daquele espaço para não irem a banhos e o facto de ter que ser retirada a piscina flutuante, estes factos levaram a nossa autarquia a meditar e nasceu a “Zona de Lazer”, deixando cair no esquecimento a “Praia Fluvial”.
   O que mudou desde estes acontecimentos?
   As águas já foram classificadas como “águas balneares”?
   A piscina flutuante já pode regressar à água?
   É que já se percebeu, que ter ideias e obra feita não basta.  Talvez seja o momento de parar de continuar a sonhar com uma praia fluvial e piscina naquele lugar da albufeira. Porque ter água e não poder utilizar a piscina, nem mergulhar em total segurança, água apenas para olhar e usufruir da sua presença e frescura…
   Já se sabe, que na época balnear de 2023, as águas junto à Zona de Lazer 
vão continuar sem classificação para banhos. Também se sabe que o POAS(Plano de Ordenamento da Albufeira do Sabugal) não foi alterado e é o “manual de instruções” do que se deve construir e onde se deve fazer a obra. Não basta a autorização do presidente da câmara ou a vontade da Junta de Freguesia.
   E com uma sessão da Assembleia de Freguesia aí à porta, nada melhor que trazer alguns temas à reflexão e olhar para o futuro.
                                        
                                                                                    José Nunes Martins


20.4.23

VAMOS OUVIR OS POLÍTICOS DA NOSSA ALDEIA?

 

   Está agendada para o dia 24 Abril uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia de Malcata.
   Eu não sei se é desta vez que os residentes na nossa freguesia vão querer estar presentes. Sei é que não é costume, não gostam, dizem que não é com eles, mas com quem está na Junta de Freguesia e esses é que lhes pertence ir a essas reuniões. Também não sei se algum malcatenho pensa e reflecte sobre os assuntos da nossa freguesia, mas acredito que pelo menos alguns já constataram e já pensaram sobre o estado actual da nossa aldeia. Mas esses(as) não se mostram e têm medo de revelar o que pensam e ainda menos o dizer nas assembleias de freguesia.
   O que mudou na nossa aldeia desde 1974? Muita coisa!
   E nestes últimos dez anos? Tem sido mais do mesmo! A verdade e a democracia está sempre do lado de quem ocupa a cadeira do poder autárquico, associativo e institucional, desde que se deixem submeter aos caprichos de quem governa o município. Nestes anos que passaram a correr pouco se fez para valorizar, para aproximar, defender e respeitar as diferenças. O slogan de mandato para mandato tem sido “Fazer Melhor” ou “Fazer Ainda Melhor”, ou ainda “Malcata Primeiro”, nada mudou porque o modo de operar é o mesmo:  silêncio! E o povo consente o silêncio porque assim também não se incomoda.

   Isto é, obviamente, uma reflexão minha, que na medida do possível, faço a minha parte de cidadania longe da nossa aldeia. Aceito e compreendo que outros tenham uma visão diferente da minha e eu gostava de a saber.
Desafio quem mora na freguesia a dar a cara e a avançar para a criação de um grupo para ser alternativa ao poder. Porque ver, ouvir e ler, não dá para simplesmente ignorar. E ir à Assembleia de Freguesia da nossa aldeia  é indicativo do interesse pelo estado da coisa pública.
                                  

                                                                 José Nunes Martins
  

7.4.23

MALCATA: O ENTERRO DE J.N.R.J.

 


   Que memórias tenho da Sexta-feira Santa em Malcata?
   As minhas são as de um jovem, nascido nos anos 60, que até aos 11 anos vivia na comunidade malcatenha.
   Nesses tempos, a religião católica é que determinava e orientava os comportamentos dos aldeões, pessoas trabalhadoras, respeitadoras das leis da Igreja e dos políticos que mandavam no nosso país. Quem sabia escrever e ler, por vezes entendia a vida de modos diferentes da maioria, por eles não saber ler e escrever.
   O povo era muito crente e muito devoto. A igreja, aos domingos e nas festas religiosas, enchia-se de fiéis, rezavam, cantavam, iam às procissões e às confissões. Eram tempos bem diferentes!
   E na Sexta-Feira Santa, tudo era escuro e triste. Os adultos cumpriam os preceitos decretados pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, mesmo os mais ricos, que não se importavam de pagar a bula e assim ter carne na mesa. Já nessa época, o pobre obedecia e o rico buscava forma de mostrar quem mandava na vida dele. Eu, nunca entendi essa diferenciação de religiosidade e de catolicismo.
   Nesta Sexta-Feira Santa, entrar na igreja matriz era como se estivesse a entrar numa catacumba escura e só de ver o caixão em cima do altar-mor, assustava qualquer um que ali fosse sozinho ao meio da tarde. Não se via nenhum dos santos dos altares, porque estavam cobertos com panos escuros, penso que roxos. O enorme caixão preto e os véus rendilhados de tecido também preto e umas rendinhas brancas, parecia mesmo que estávamos a participar no enterro de Cristo.
   E as mulheres? Lembro a figura da minha mãe e das outras santas mulheres, vestidas de roupas negras, da cabeça aos pés, algumas seguravam nas mãos, o seu terço de contas preto e crucifixo prateado, entravam devagar, paravam junto à pia de água benta e mergulhavam nela os dedos da mão direita e benziam-se para depois seguir pela coxia central e sentarem-se no banco.
   As cerimónias marcavam ainda mais a celebração e à medida que a narração da História se ia desenrolando, aumentava o desconforto emocional dos participantes. E a procissão do enterro? Tudo se tornava difícil de levar até ao fim. Os homens que levavam o caixão sabiam o quanto ele era pesado e tinham que parar várias vezes para colocar uns paus que lhes permitia ganhar fôlego para continuar. Dar voltas à aldeia era doloroso e a entrada na igreja faziam-no num silêncio sepulcral. As pessoas iam para as suas casas de cabeça baixa, de cara tapada com o xaile preto, subiam as escaleras e entravam mudas. Os lavradores ainda passavam pela loja, ver como estava o ambiente e depois de dar um jeito na cama do gado, despejam um punhado de feno para a manjedoura e iam descansar para junto da mulher.
   Mas que dia este de Sexta Feira Santa!
   E hoje, ainda será assim ?

2.4.23

CHINESES E FRANCESES NÃO SÃO BOBOS

      

Capa de Jornal Cinco Quinas 
e não estávamos no dia das mentiras!

   Ontem foi dia 1 de Abril, o Dias Das Mentiras!
   Existem muitas explicações para esta tradição que, por exemplo, em França também lhe chamam o Dia dos Bobos.
   Segundo os historiadores, até 1564, festejava-se o Ano Novo a 25 de Março, era o começo das festas de Primavera, que terminavam com a troca de presentes a 1 de Abril. Até que o Rei Carlos IX trocou as voltas ao ano quando adoptou o calendário gregoriano obedecendo a uma exigência manifestada no Concílio de Trento de 1563.
  Como não há mudança sem resistência. Alguns franceses ridicularizaram o acto real com brincadeiras, presentes muito estranhos e convites para falsas festas. E desde aí, o dia 1 de Abril é conhecido por se fazerem partidas e mentiras inofensivas a colegas, a amigos, aos familiares e a comunicação social aproveita para divulgar falsas notícias, normalmente de cariz humorístico e muito improváveis de serem verdadeiras.

  Por isso, o anúncio dos chineses que querem comprar os terrenos em Malcata, foi a mentira escolhida. Era bom que um dia se revele como notícia verdadeira, que algo de inovador e importante seja erguido nos terrenos do tão badalado “Ofélia Club”… Malcata Life !
  Lembram-se destas notícias no Jornal Cinco Quinas?   Vale a pena ler:                                                     
 



                                             

1.4.23

MALCATA: EMPRESÁRIO CHINÊS QUER COMPRAR TERRENOS "OFÉLIA CLUB"

 

 




    Um empresário chinês, residente em Macau, terá feito uma oferta à Câmara Municipal do Sabugal para comprar os terrenos do antigo
 "Residências Assistidas Ofélia Club" a construir na freguesia de Malcata e que o município do Sabugal aprovou em reunião de câmara de 23 de Janeiro de 2009, que se o investimento se não concretizasse, da indemnização que a Câmara receber (valor em dobro), 50% desse valor seria distribuído por todos os proprietários dos terrenos vendidos, sendo que os terrenos ficarão sempre propriedade da Câmara. As árvores e as benfeitorias seriam objecto de avaliação caso a caso, por 2 avaliadores, sendo um da Câmara e outro da Junta de Freguesia de Malcata...".
   Não foi capaz de levar até ao fim. O projecto do grupo chinês apresentado, no mais completo segredo, aos responsáveis camarários, prevê a construção de um centro de negócios, uma residência para seniores e um restaurante de comida chinesa.

   O negócio, a concretizar-se, poderá ser a solução há muito esperada pela Câmara Municipal do Sabugal, já que o empreendimento Ofélia, previsto de 45 milhões de euros, apresentado pelo empresário António Reis, que prometia muitos postos de trabalho e a vinda de muitos seniores para tratar da sua saúde, mas a Existence, S.A., acabou por desistir, justificando a decisão com a demora das autorizações necessárias e problemas no financiamento, que se prendeu com desvios no fundo de investimentos. 
                                                J.N.M.