23.10.21

MALCATA: MEMÓRIAS COMUNITÁRIAS

 


  MEMÓRIAS quem as não tem?

  Em que canto da aldeia se escondem? Andamos tão consumidos com a pandemia e à espreita, para ver se vimos passar o vírus, que esquecemos o nosso passado. O que fica para lembrar depois? Para recordar depois? O que vai ficar para os mais novos assimilarem as raízes e a identidade malcatenha? O pouco que resta é a memória dos mais idosos. Até quando? É urgente ouvir e gravar as memórias das pessoas que ainda vivem e avançar com o tal projecto da Sala das Memórias. Se não fizermos nada, se continuarmos a fazer de conta, vamos mesmo perder muitas das memórias da nossa comunidade. É muito triste perder a história, perder o caminho de onde viemos. Se isso acontecer, se esquecermos de onde viemos, como vamos saber para onde vamos?
   
Este é um, entre outros assuntos com importância para a comunidade malcatenha, que aqui vou querer partilhar convosco.    
   A Memória Colectiva da comunidade de Malcata é algo mais abrangente que as ferramentas de trabalhar a terra ou o cântaro de barro. É através das memórias colectivas que os descendentes de malcatenhos podemos criar a nossa identidade comum. E como cada povo tem as suas memórias, são elas que alimentam o sentimento de pertença, de partilha e união fortalecendo os laços entre todos.   Escrever sobre o passado de Malcata, sobre o presente e perspetivar, na medida do possível, sobre o futuro, porque temos que ser nós, os malcatenhos, a fazer algo que salvaguarde para o futuro de uma forma digna e responsável. E é por isso que continuo a divulgar e a tornar público e acessível a todos os conhecimentos e as informações que possuo ou que me chegue às mãos.

                                                            José Nunes Martins

      

                                                    
    
            


                                                 

19.10.21

INFORMAR É UM DEVER

 

Tomada de posse na Assembleia Municipal do Sabugal de
João Vítor Nunes Fernandes, representante de Malcata
(Foto via facebook on line)

 

 

   O que queremos para a nossa freguesia para os próximos anos?
   Nas eleições de há quatro anos ganhou o PSD/PP, sob a batuta de um pai zeloso que muito trabalhou para o seu filho vencer. Em 2021, João Vítor candidatou-se novamente ao lugar de representante da freguesia. Sem adversários pela frente, facilmente conseguiu vencer e com maioria absoluta, pois não se esperava outro resultado dado o número de participantes nesta corrida ao trono autárquico.
   A tomada de posse dos novos órgãos políticos e administrativos da nossa freguesia, ocorreu no passado dia 11 de Outubro. Estamos a 19 de Outubro, oito dias se passaram e ainda não foi disponibilizada informação respeitante à tomada de posse dos elementos da Junta de Freguesia e os membros da Assembleia de Freguesia. Provavelmente foi afixado edital a informar do sucedido e mais nada. Seria maçador e pedir muito que divulgassem informação sobre a instalação dos dois órgãos da freguesia, através da página da internet, que a Junta de Freguesia diz ter aberto? Todos sabemos quem ganhou as eleições. E até podemos imaginar os lugares que cada um irá ocupar, mas não há melhor informação que a vinda da própria autarquia, pois os malcatenhos que vivemos afastados da freguesia, é através da internet que vamos estando ligados a essa terra e a essa gente.
   Mesmo sabendo que o PSD/PP ganhou folgadamente e imagino que a vitória nem teve um sabor divinal, o único que há a fazer é aceitar os resultados e respeitar a confiança depositada pelos 142 eleitores que neles voltaram a confiar para governar a freguesia de Malcata.
   É assim a vida e agora não adianta lamentar o sucedido. Fica para a história política de Malcata. A verdade, é que com este tipo de atitudes e de impasses em não apresentar mais candidatos interessados na gestão pública da nossa aldeia, não porque os não haja, porque os há e com competências, ideias e força para o exercício dos cargos, temo que a falta de valentia e coragem lhes vai custar a perda de alguma credibilidade, aumentando ainda mais o desinteresse por estas coisas e só contribui para que a abstenção aumenta ainda mais.
   Obviamente para quem não vive permanentemente na freguesia e a quem apontam a estrada de saída, porque não sou daqui, também não tenho que me queixar ou criticar o quer que seja, deixa-me triste, muito triste mesmo. É que, eu sei que eles sabem como eu sei, que nasci em Malcata.

                                                                   José Nunes Martins
                                                                        (Josnumar)


15.10.21

FREGUESIA DE MALCATA: OPOSIÇÃO PRECISA-SE!

 


  A vitória do PSD/PP na freguesia de Malcata era mais que esperada porque era a única força política que se tinha apresentado para a Assembleia de Freguesia. Toda a freguesia sabia quem ia ganhar, quando assim acontece, não há como mudar o sentido do voto. Talvez por ser conhecido antecipadamente o vencedor, a campanha eleitoral não passou de casa em casa, também não foi necessário tocar a reunir o maior número de eleitores,
não fossem as candidaturas à Câmara Municipal e Assembleia Municipal entrarem pelas ruas da nossa aldeia em caravana automóvel e teria sido um vazio eleitoral.
   Mais uma vez a história repete-se e a nossa freguesia devia ser um caso de estudo político, pois nem é preciso fazer campanha, apresentar um programa de trabalho para quatro anos, basta uma folha com o nome e fotografia dos candidatos. Bem, é a democracia que se respira na nossa terra. O vencedor nada fez para vencer, mas perante a ausência de alternativas, o povo limitou-se a votar no único candidato e que já em 2017 tinha sido atirado à água, cheia de crocodilos, que o fizeram nadar até 2021, pois não tinha como voltar atrás. Agora ganhou-lhe o gosto e o hábito de marcar presença nos dias em que a porta da sede da junta abre para atendimento geral, pode levantar o troféu durante mais quatro épocas, sem adversários que o possam incomodar.
   Foi dado um mal sinal nestas eleições autárquicas. Algo vai mal na nossa freguesia para que não tenha aparecido mais candidaturas à Junta de Freguesia. Que estamos a perder muitas pessoas é uma realidade e contra a morte ninguém vence. Se juntarmos a esta triste realidade, a juventude desinteressada pela política, os eleitores que só se lembram que o são, quando um candidato os mobiliza, os que votam porque “sempre assim foi”, “é o costume” ou contaram com ajuda, a situação é mesmo trágica.
   Desta vez, a oposição não apareceu. Eu pessoalmente, não sei as razões, se foi por demasiadas dificuldades na formação da lista, se essa dificuldade foi porque os malcatenhos estão satisfeitos com o trabalho feito de 2017 a 2021 e sentem-se embalados e convencidos que não há alternativas, pois não sei se tiveram medo das batalhas que teriam que vencer.
   A Assembleia de Freguesia foi empossada no dia 11 de Outubro. Para além do Edital que informava sobre este acto, não há qualquer informação visível no site da junta de freguesia. Situação a que já nos habituou durante quatro anos e parece ter continuidade, vamos continuar sem conhecer as decisões da Assembleia de Freguesia e da Junta de Freguesia. É que nem a força da lei os consegue obrigar a manter a página na internet actualizada e com informação útil e disponível ao cidadão.
   Quem se vai atrever a contrariar o “chefe”?
   Quem se ateve a pedir fiscalização do trabalho e das decisões?
   Lembram-se como foi imposto o cabeça de lista em 2017?
   É necessário alimentar a mente para não perdermos a memória. A democracia que vivem os residentes em Malcata está a transformar a nossa sociedade local e estamos a regressar ao tempo das famílias dominadoras, gente que exerce a sua influência e domínio com o pensamento único e certo.
   A oposição tem agora pela frente quatro anos de trabalho para reaparecer.
   E pode começar por saber a resposta a estas perguntas:
   Qual é a constituição da Assembleia de Freguesia?
   Qual é a composição da Mesa da Assembleia de Freguesia?

                                               José Nunes Martins
                                                     (Josnumar)

Propostas para 4 anos


13.10.21

É PRECISO CUIDAR DO PATRIMÓNIO

Cuidar é preciso

    

   A fonte-velha, é em certa medida, o exemplo concreto do desmazelo e abandono a que foi votada durante os últimos executivos de Junta, antes e depois de 2017.
   É certo que a água desta fonte há muito que só tem servido para regar os campos e as hortas e cada vez são menos os agricultores, mas sempre teve muita importância e como tal faz parte da história da nossa aldeia, uma memória colectiva que importa preservar.
   E como diria alguém, ainda sou do tempo em que diariamente se despejava a presa e muitas famílias dali levavam a água para dar a beber aos animais da loja, porque nesse tempo ainda não havia a rede de distribuição de água ao domicílio.
   Os tempo mudaram e os costumes também. Mas isso não explica o estado em que se encontra aquele lugar, pois sendo público, a autarquia tem a missão de zelar com limpeza e uma manutenção regular. É que nem sequer na altura das obras realizadas na Fonte de Mergulho, foram capazes de se interessar pelo embelezamento daquele espaço. Enfim, uma situação triste e que apenas vem dar razão aos que em surdina me dizem que a junta de freguesia não faz e pouco cuida do que já está feito.
   Com a tomada de posse da Assembleia de Freguesia, espero que se abra um novo ciclo, onde se exige mais respeito pelas coisas da comunidade. E há tanto para cuidar e arranjar!
                                           José Nunes Martins
                                           
              (Josnumar)

12.10.21

MALCATA: NÃO, NÃO FICOU TUDO IGUAL COMO ESTAVA!

   


   


Começo por falar sobre as últimas eleições, aquelas em que fui delegado pela primeira vez.

   Foram muitos os que votaram e muitos nem sequer documento de identificação apresentaram. Para esses é normal e costume não apresentar o bilhete de identidade, ou cartão de cidadão, muito menos a carta de condução. Como é uma aldeia, toda a gente se conhece e nem é preciso nada destes documentos. E como a Lei diz que se pode votar sem qualquer documento de identificação, basta que as pessoas presentes na mesa da assembleia a reconheçam como eleitor, sem confirmar nome e número de cidadão, de carta de condução ou outro...mesmo que se confunda algum nome, tudo é normal e está-se a cumprir a lei. O problema e a confusão surgem, mas sob protecção legal, logo nada atrapalha.
   A realidade que vivi é gritante e reveladora de um total desrespeito e aceitação da excepção como regra e nunca o contrário.
   Pela primeira vez participei numas eleições no papel de delegado de uma candidatura. Foi uma experiência que me enriqueceu e me fez compreender muitas situações vividas nos meios rurais. Só vos digo que foi cansativo e passei o dia a tomar notas. Descobri, ao fim de tantas eleições, que para votar basta entrar e tudo se resolve, mesmo aos que perante o pedido de identificação, respondem não ser preciso, aqueles que agarram nos boletins de voto e vão perguntar aos autarcas como fazer a cruzinha, outros que ficam zangados porque são avisados para sair depois de votar, mesmo que se trate de assuntos que têm a ver com saúde, perguntar por fulano e cicrano, etc.
   Vi muita cara conhecida por trás da máscara e sei que muitos não conheci e nem eles a mim. Outros sabiam que desta vez não podiam falar, estava lá eu para fiscalizar e as regras eram para cumprir.
   Foi uma experiência à qual voltarei a falar sobre ela. Até porque vi alguns boletins com bonecos, mensagens, recados para a assembleia de freguesia, até daqueles símbolos das Caldas havia e até com a cruz no partido que nem sequer candidatura havia, mas o eleitor acrescentou com a lapiseira e fez o quadradinho para a cruzinha no seu partido.
   
   Dos 388 inscritos no caderno eleitoral, votaram 187, ou seja, menos 50 pessoas que nas eleições autárquicas de 2017. Dos 187 eleitores que votaram nestas últimas eleições autárquicas ficaram assim distribuídos: 28 votos em branco e 17 votos nulos. Há a registar que a maior parte dos votos nulos continham “recados” que revelaram o descontentamento dos que assim votaram.

   Com estes números e sem grandes e profundas análises aos resultados, podemos concluir que metade dos malcatenhos optaram por ficar lá por casa ou lá pelas terras onde habitam e passaram a desinteressar-se pelo acto eleitoral, pois só podia haver um vencedor no que toca à Assembleia de Freguesia. E claro. Em vez de irem votar e lutar pela defesa dos seus interesses e os dos seus filhos e primos, tios, madrinhas e padrinhos, deixaram-se ficar quietos.
   Também é graças a estes eleitores de ocasião que Malcata vai continuar nos próximos quatro anos, em direcção a nenhures e rumo ao definhamento.
   Para os 142 malcatenhos está tudo bem e para os restantes também está, porque nem se atreveram a apresentar uma lista alternativa. Assim sendo, os próximos quatro anos vão ser sossegados, sem membros da oposição na assembleia de freguesia para querer saber, reclamar das ruas sujas e com buracos, das faltas de água na fonte da Torrinha ou da piscina que não pode ser utilizada...etc., etc.
    Concluindo...porque carga de água é que, agindo estas pessoas da mesma forma do costume, esperam obter resultados diferentes do costume? 


                                                                                   
                                                                                                  (Josnumar)
                                                                                                  José Nunes Martins