2.3.10

SER BEIRÃO. SER DO SABUGAL

Um beirão do Sabugal quando regressa à sua aldeia revive emoções e sensações. José Carlos Lages, "beirão do sabugal" empossado recentemente como Vice-Chanceler da Confraria do Bucho Raiano, fundador e administrador do blogue "Capeiaarraiana", concedeu uma entrevista ao jornal "A Guarda" que merece ser divulgada. Os sentimentos, as emoções e as inquietações deste raiano são a voz de muitos beirões do Sabugal com dificuldade em expressar o que lhes vai na alma, mas que sentem a necessidade de que é mesmo necessário e urgente fazer alguma coisa para que o Sabugal não morra.
Transcrevo parte dessa conversa:
A Guarda: Quem é José Carlos Lages?
José Carlos Lages: «Sou Beirão. Sou do Sabugal».Acrescento, agora, neto e filho de naturais da freguesia de Ruivós. O meu avô paterno foi contrabandista e o materno tinha um rebanho de ovelhas.



A Guarda: Que ligação tem ao Sabugal?
José Carlos Lages: As minhas ligações , as minhas raízes...estão na freguesia de Ruivós, estão no som único e inconfundível dos sinos do «meu» campanário. As minhas ligações estão na Raia, estão nesta imensa e saborosa relação dos cheiros, dos sons, dos sabores, das palavras e das nossas gentes. Sou presidente da Associação dos Amigos de Ruivós, integro a Mesa da Assembleia Geral da Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa e como gosto de dizer faço muitas milhas por mês na A23.
A Guarda: Qual a importância do bucho e de outros produtos da gastronomia raiana, para a economia do concelho do Sabugal?
José Carlos Lages: Os enchidos e o bucho são os melhores. Saborear um bucho em família ou com os amigos transporta-nos para os tempos da nossa meninice e da nossa infância...A importância comercial é actualmente, de reduzida importância. A Confraria tem autoridade legal para certificar a qualidade dos produtores e restaurantes e vai aproveitar essas competências para incentivar a produção, venda e oferta na restauração do bucho raiano.



A Guarda: A gastronomia, associada a outras potencialidades, pode contribuir para o desenvolvimento do concelho?
José Carlos Lages: Todas as tentativas são válidas. A região raiana tem uma gastronomia rica e variada onde se destacam os enchidos e o bucho, a truta do Côa, o mel da Malcata, os queijos e o cabrito. O desenvolvimento do concelho passa por convencer os turistas a visitarem a região e a ficarem mais do que um dia ou uma tarde. Mas é preciso acreditar, é preciso empreendedorismo porque escasseiam as oportunidades para inverter um cenário por onde se vão escoando as opções de vida e em lugar de regresso das nossas gentes assistimos ao abandono das nossas terras. Tem faltado muita sensibilidade cultural e política na Câmara e na Empresa Sabugal+. Os discursos e as obras têm sido feitos para dentro para aqueles que já estão convencidos esquecendo que é igualmente importante cativar os que são de fora. Felizmente sentem-se ventos de mudança com o novo executivo liderado pelo Engº.António Robalo, com uma vice-presidência feminina e uma oposição rejuvenescida e mais interventiva.

A Guarda: Como considera o Sabugal do ponto de vista do turismo e do património?
José Carlos Lages: O sabugal tem um património arquitectónico, gastronómico e histórico invejável. A Capeia Arraiana, os cinco castelos, o rio Côa com os viveiros de trutas e a barragem do Sabugal, as Termas do Cró, a Serra da Malcata e o lince que teima em voltar, o bucho e os enchidos, a história única do contrabando e da emigração a salto nesta zona da raia são marcas que não têm sido aproveitadas por falta de sensibilidade dos dirigentes políticos.

A Guarda: Que potencialidades existem e que, em sua opinião, ainda não estão devidamente valorizadas?
José Carlos Lages: Acima de tudo a Capeia Arraiana. Falta assumir como marca registada a Capeia Arraiana como património imaterial da Humanidade e como tradição com origem na raia sabugalense. Depois devia ser criado um grupo amador(tipo forcados) orientado pela Câmara Municipal do Sabugal ou pela Associação «Oh Forcão Rapazes» para que fosse possível actuarem em todos os lugares do mundo promovendo as terras do forcão. No passado mês de Janeiro, finalmente, a Câmara Municipal do Sabugal solicitou no INPI o registo das marcas «Capeia» e «Capeia Arraiana» para diversas actividades.
Para quando nas estradas que levam ao concelho do Sabugal a indicação: «Capital do Bucho Raiano»
«Terras do Forcão»
Penamacor tudo tem feito para promover a Serra da Malcata e os produtos que lhe estão associados como o lince, o mel, o queijo, etc...o Sabugal tem tido uma participação muito discreta. Belmonte apostou, em boa hora, nos vestígios e nas rotas relacionadas com os judeus. O Sabugal de acordo com um extraordinário trabalho de investigação do historiador Jorge Martins que está a ser publicado semanalmente no «Capeia Arraiana» tem imensos registos de famílias judias a residir no concelho.Infelizmente ficou de fora da aposta nos roteiros de turismo judeus. Aproveito para destacar o investimento privado «Casa do Castelo» que tem andado a pregar no deserto alertando para as potencialidades, enquanto alternativa de turismo sazonal, do investimento na investigação dos vestígios religiosos.
Apenas destaco mais duas: a fraca promoção que tem sido dada à truta das cristalinas águas do Côa e a incapacidade dos políticos e cidadãos influentes para saberem ouvir as ideias dos sabugalenses que sentem as suas origens mesmo não vivendo no concelho.
A Guarda: Como surgiu a ideia para a criação do seu blogue Capeia Arraiana?
José Carlos Lages: Começou por ser um desafio familiar da minha mulher e transformou-se na necessidade de alimentar uma paixão.O Paulo Leitão, além de primo, é um bom amigo e em conjunto temos investido o nosso saber e o nosso tempo livre para promover e destacar as terras raianas da Beira ( Alta e Baixa). O primeiro post, datado de 6 de Dezembro de 2006, diz apenas:«Castelo de cinco quinas, há só um em Portugal, fica à beira do Côa, na Vila do Sabugal».



A Guarda: Que balanço faz deste projecto que divulga o Sabugal na Internet?
José Carlos Lages: Costumo dizer que «acredito em pessoas, não acredito em projectos». Sinto que é um balanço muito positivo.
«Capeiaarraiana»mais do que um projecto é a alma de quem lá escreve e de quem o lê. O futuro inventa-se e como disse Fernando Pessoa: «Cultura não é ler muito, nem saber muito;é conhecer muito. Viver não é necessário. Necessário é criar.»




SOMOS BEIRÕES. SOMOS DO SABUGAL

23.2.10

A NEVE EM MALCATA VISTA PELO MARCO PAULO

A neve é sempre uma beleza. Aqui vão uma fotografias que o Marco Paulo me enviou:

21.2.10

MALCATA VESTIU-SE DE BRANCO

A neve veio reforçar a beleza da aldeia de Malcata. Durante a noite, caiu tão levemente que poucos deram pela sua chegada. A neve quando cai não bate como a chuva. Para além de branca e leve, ela é fria e fofa, ao contrário da chuva que é mais barulhenta e molha quem anda nas ruas.
Os telhados brancos denunciaram que a neve tinha vindo pelo silêncio da noite. A varanda e as escadas estavam escondidas por baixo da brancura da neve e as ruas tinham-se transformado em enormes tapetes brancos e reflectiam tanta luz que iluminava toda a aldeia. A neve, branca e fofa, visitou Malcata nestes dias de folia.


18.2.10

CÂMARA MUNICIPAL DO SABUGAL INTEGRA "A MINHA RUA"

O município do Sabugal aderiu, no passado dia 17 de Fevereiro, ao projecto



“A Minha Rua”, um sistema interactivo que permite aos cidadãos reportar ocorrências relativas a espaços públicos e sugerir melhorias à autarquia. Com esta nova adesão, são já 26 os municípios que integram o projecto.


Disponível a partir do Portal do Cidadão, “A Minha Rua” é um projecto de participação cívica que permite aos cidadãos comunicar as mais variadas situações relativas a espaços públicos (desde iluminação, jardins, veículos abandonados, etc.) e sugerir melhorias directamente à respectiva Câmara Municipal.


O Sabugal é a mais recente autarquia neste projecto que tem vindo a crescer, contando actualmente com 26 municípios. Ao utilizar “A Minha Rua”, os cidadãos podem assinalar directamente as ocorrências no mapa, através de uma nova aplicação que utiliza a tecnologia Google Maps, designada de georeferenciação, juntar fotografias da ocorrência e serão informados através de e-mail assim que a situação fica resolvida.


Esta autarquia vem juntar-se a Abrantes, Alcanena, Ansião, Arganil, Batalha, Braga, Borba, Campo Maior, Évora, Figueira da Foz, Figueiró dos Vinhos, Lousã, Mangualde, Miranda do Corvo, Murça, Óbidos, Oeiras, Ourém, Ovar, Pombal, Portalegre, Sobral de Monte Agraço, Sousel, Trofa e Vieira do Minho, municípios já abrangidos pela iniciativa.
Veja aqui: http://www.portaldocidadao.pt/PORTAL/aminharua/situationReport.aspx
e aqui:


http://www.portaldocidadao.pt/PORTAL/pt

17.2.10

MALCATA DO FORCÃO OU DO LINCE?

MALCATA: TERRA DE FORCÃO OU TERRA DO LINCE?

O entrudo já passou. A folia e as brincadeiras vão ficar ensacadas durante 40 dias. Contudo, as conversas do adro continuam a ser faladas. Na verdade, as pessoas da aldeia parece que nada sabem e não têm opinião porque não conhecem o assunto e isso é coisa para quem sabe.Mas, para mim as coisas têm outra importância. Vamos então começar:
O desafio partiu do Presidente da Câmara Municipal do Sabugal. A criação das Associações de Freguesias serviriam para “qualificar e tornar mais célere os serviços de proximidade que as delegações de competências permitem”. E surgiram alguns nomes para essas associações:



-Terras do Forcão, Terras do Cró, Terras do Lince, Terras Quentes.


Para já, a Associação «Terras Quentes do Concelho do Sabugal» já foi constituída e é integrada pelas freguesias do Casteleiro, Bendada, Moita, Santo Estevão e Sortelha.


Malcata é uma das freguesias convidadas a integrar a associação «Terras do Forcão».


Pois, sendo eu nascido em Malcata, também digo que há muitos anos que não se realizam touradas na aldeia. As duas últimas que eu vi parecem que serviram para afastar ainda mais as pessoas das touradas. Medo, falta de coragem, ausência de juventude atrevida e que não deseja morrer com uma “cornada” como acontecia nas aldeias vizinhas? Sim, penso que são estas algumas das razões e outras que acabaram com as touradas na aldeia de Malcata. De facto, pelo que me contam, o Ti Zé Marrão foi um grande impulsionador das touradas daí que cavalos, touros e vacas o acompanharam durante toda a sua vida.


Dito isto, a ideia de criar várias associações de freguesias do concelho do Sabugal, ” para qualificar e tornar mais céleres os serviços de proximidade”, que papel vai exercer a Mesa das Juntas? Se uma associação tem as dificuldades que sabemos ter para funcionar e obter ganhos, como é que o aparecimento de mais 4 associações vem dar mais força às freguesias? E essa de “para não ferir susceptibilidades” é um mau começo e um mau pronúncio, mesmo sabendo que a adesão ou não à «Terras do Forcão» é livre e cada freguesia é que decide fazer parte ou não.


Hoje, Malcata de facto não tem grande tradição das touradas com forcão. E quando se sugere «Terras do Forcão» é porque o forcão e tudo o que ele simboliza estará sempre presente nesse grupo de freguesias. As touradas e o forcão são um património imaterial do nosso concelho, mas Malcata necessitará de sangue novo e único para poder interiorizar e defender essa cultura, esse património tão genuíno das aldeias da raia.


Por tudo o que disse, para mim a Mesa das Juntas devia assumir-se como a grande e forte associação de todas as freguesias do concelho do Sabugal. Uma associação que lute e trabalhe para a qualificação e a celeridade de tudo o que a Câmara Municipal tem e deve delegar para melhor servir a todos.


E os outros malcatenses que pensam deste assunto?