20.6.19

AS FESTAS E TRADIÇÕES EM MALCATA

Malcata, adro da igreja Matriz em dia de festa

    Hoje vou deixar-vos aqui a celebração do Corpo de Deus na nossa aldeia, celebração que aconteceu hoje de manhã e voltando a procissão apenas às ruas da Ladeirinha, Praça do Rossio, Rua de Baixo e volta à igreja matriz. Como é tradição, as ruas por onde passou a procissão, foram ontem à noite decoradas com flores e ramos de outras plantas. A tradição já não é como era e com a opção de escolher o percurso mais curto para a procissão, as famílias que noutros tempos decoravam as suas varandas com flores e colchas, enfeitavam também as ruas da Moita, Tapadinha e da Fonte, a cada ano que passa mais desinteressadas ficam e sente-se alguma tristeza pelo facto da procissão não passar por onde durante tantas vezes já passou.
   Que povo o nosso! Aos poucos tiram-lhe tudo, aceitam tudo porque o tempo não dá para se esticar, nem os sacerdotes conseguem fazer o que deve ser feito com tempo, com pompa e circunstância e andam sempre numa correria para que nenhuma alma fique revoltada com eles. Sou levado a pensar que actualmente, possuir carta de condução e automóvel, é uma condição para ser pároco.
   A origem desta festa teve início no século XIII e tudo porque uma freira teve umas visões de Deus e esta mostrou o desejo de comemorar a Eucaristia. Foi o Papa Urbano IV que em 1264, oficialmente instituiu a data desta festa.

                                                         DIA DE CORPO DE DEUS-Procissão












































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31.5.19

SAPADORES FLORESTAIS DE MALCATA TÊM NOVA VIATURA










Ainda vai deixar saudades, mas tudo tem um fim.


SAPADORES FLORESTAIS DE MALCATA
TÊM NOVA VIATURA
   Foi entregue, esta quinta-feira, pelo ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Engº. Capoulas Santos, ao responsável da Equipa de Sapadores   Florestais da Freguesia de Malcata, Bruno Garcia, a chave da nova viatura que vai equipar esta equipa de sapadores. Na Protecção Civil Nacional, a equipa destes sapadores é conhecida pelo código SF 18-168, tendo sido criada em 2004.
   A nova viatura vem mesmo na altura certa para substituir o rodado e bem rodado, Land Rover amarelo. As cores mantêm-se, as ferramentas de apoio são novas, o conforto é maior e apresenta-se ligeiramente mais baixa em relação à altura a que estavam habituados com o Land Rover. Como se trata de um modelo fornecido por outra marca fabricante de viaturas, é natural existirem algumas variações. Oxalá que o brilho das barras de protecção frontal, em cromado reluzente e o aumento de conforto para quem nela viaja a caminho de trabalhos florestais ou de vigilância, contribua para também aumentar a motivação e a qualidade dos diversos trabalhos e serviços desta equipa de sapadores florestais.
                                                                                    José Nunes Martins
                                                                                       ( Josnumar )

28.4.19

ACABAR COM A CORJA


  
Quem está certo?
   Nasci em Malcata, mas até poderia não ter nascido sequer, nasci no lugar onde a minha mãe vivia. Como ela vivia na aldeia de Malcata, foi lá que eu nasci. Desde os meus onze anos que abalei da aldeia para estudar, mas nem por isso me considero estrangeiro ou um estranho quando estou em Malcata. Sinto orgulho e honra de ser malcatenho, filho de gente honrada, trabalhadora, humilde e eu apesar de estar a viver há muitos anos na cidade, sempre me interessei pela aldeia onde nasci, procuro conhecer melhor as suas gentes, os seus modos de vida, os seus lugares e a história que os acompanha e procura tudo o que seja importante para a sua própria identidade, a actual, a que já foi e que em muitos momentos da minha vida eu mesmo vivi, senti e até já transmiti às minhas filhas Inês e Sara. Da história desta aldeia recordo-me de algumas vivências de infância, outras que me foram contadas pelo meu pai e pela minha mãe. Foram tempos difíceis, alguns muito difíceis mesmo e nem o frio, a chuva e o vento conseguiram até hoje fazer desaparecer o lugar onde tudo começou para mim.
   Todas estas palavras são a minha resposta a algumas pessoas, tão malcatenhos como eu ou até menos, que continuam a acreditar nas histórias que lhes contam ao ouvido, como o grupo da “Corja”, enquanto caminham por ruas e bêcos da aldeia ou se sentam na praça atentos a tudo o que mexe à sua frente, portas e janelas que abrem ou fecham e não se dão sequer ao trabalho de verificar se a história que lhes contaram é falsa ou verdadeira. Eu não tenho vergonha das minhas origens e tenho um carinho especial por Malcata, pelas gentes e os lugares. Como sou pessoa que penso e não acredito em todas as histórias que me contaram e me contam ou pelo passarinho que pousou no meu ombro, tenho mostrado o outro lado da história e muitas vezes tenho sido criticado e enxovalhado apenas por mostrar que nem todas as histórias são como as contam e até estão cheias de falsidades e omissões.
   Continuarei a mostrar o bom e o mau e a contar histórias para cada um de nós tenha a oportunidade de se questionar, de se dar ao trabalho de verificar se a história é verdadeira ou falsa.
   Não esqueço os sacrifícios que viveram os meus pais e muitos dos vossos. Tempos difíceis que eles viveram. Na aldeia não havia água canalizada, nem luz eléctrica, nem todos podiam ir para a escola a aprender a ler e a escrever, viveram uma vida inteira a assinar com o dedo indicador borrado com tinta, iam aos mercados montados em burros, tinham que semear para comer e criar animais se queriam leite, queijos, carne, estrume e dinheiro sempre que vendiam. Vivia-se numa pobreza e numa simplicidade que ainda hoje muitos de nós não conhecemos. Foi a sua resiliência e a sua fé, o trabalho onde o houvesse, acreditaram e quiseram que os seus filhos fossem para a escola e não passar a infância a guardar gado, ou tomar conta dos irmãos mais novos. Na escola aprendemos a escrever e a ler e muitos pais projectaram o seu futuro nos êxitos escolares dos filhos que hoje são médicos, engenheiros, advogados, juízes, tesoureiros, motoristas, electricistas, investigadores, gestores…que na sua grande maioria, deixaram o lugar onde tudo começou e ainda hoje lá habitam, já idosos, sozinhos ou no lar, passam os dias a olhar para o azul do céu e a ouvir a missa e o terço. Não compreendo muitos deste filhos que mal se viram com o canudo debaixo do braço, apagaram o seu passado, não querem saber das suas origens e
a aldeia já nada lhes diz ou lembra.
   Tudo isto para deixar aqui o meu testemunho, a minha história e o meu desabafo para com os que dizem que pertenço a um grupo de “corjas”.  Sou filho de família honrada, não sou ladrão nem vadio, nem desordeiro. Amo e não esqueço ou escondo as minhas origens e perdoem-me aqueles que não se revêem nos maus malcatenhos.
                                                                            José Nunes Martins
                                                                                   josnumar@gmail.com