17.3.10

ESCREVER DIANTE DA SERRA DA MALCATA












NOME: Manuel da Silva Ramos
Profissão: ESCRITOR
Naturalidade: COVILHÃ






   Manuel da Silva Ramos, é um escritor português, nasceu em 1947, na Covilhã, onde estudou até completar os estudos do liceu.
   Foi para Lisboa estudar Direito, mas acabou por exilar-se em França, para fugir ao fascismo.
   Tem obras publicadas e aos 21 anos foi o vencedor do Prémio de Novelística Almeida Garret ( em 1968) com "Os Três Seios de Novélia". Outras obras do escritor:Café Montalto, Ambulância, Contos Para a Juventude e a Ponte Submersa.
   O seu livro mais recente tem este título: "Três Vidas Ao Espelho"
                                                                     Editora: D.Quixote
                                                                     Colecção: Autores de Língua Portuguesa

Este livro relata uma história magnífica com contrabandistas e emigrantes. Mostra de forma detalhada, a vida nos finais dos anos quarenta da aldeia de Bismula, uma pequena aldeia do Sabugal.
       Três Vidas Ao Espelho é uma reabilitação dos contrabandistas e dos emigrantes. É um elogio aos emigrantes e aos contrabandistas da raia, que tiveram um importante papel na vida desta região raiana.

  

15.3.10

O PADRE QUE TAMBÉM É BOMBEIRO

  O hábito não faz o padre

Os tempos de infância são propícios para os sonhos. Ser bombeiro fez parte do imaginário de César Cruz. Para além de concretizar esse sonho, César Cruz é também pároco em

várias paróquias da Diocese da Guarda.

Apesar de ter o uniforme, o padre César Cruz não se considera bombeiro a tempo inteiro. “O meu cargo é mais moralizar e incentivar a malta” – confidenciou à Agência ECCLESIA. Tudo começou na paróquia de Meimão… “Decidimos criar uma corporação de bombeiros, ligados à secção de Penamacor”. Como tinha um grupo de jovens a preparar-se para o sacramento do Crisma, “fizeram-me o pedido para os incentivar a inscreverem-se nos bombeiros”.


Os cerca de 30 jovens ouviram o pedido e, juntamente com o Pe. César, entraram para a corporação. “Não cruzei os braços”, mas reconhece que “tenho faltado muito à escala de trabalho” – lamenta. Estas ausências são compreensíveis visto que tem várias paróquias - Casteleiro, Malcata, Meimão, Sto Estêvão e Póvoa – e é professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). Na festa de inauguração benzeu os carros e o quartel na presença do Secretário de Estado que achou “piada um padre fazer parte da corporação”. Quando toca a sirene dos bombeiros “nem sempre estou disponível” – confidencia.


No Verão passado, a zona do Sabugal foi bastante fustigada com incêndios. Mesmo desfardado, “estive com os meus colegas bombeiros”. Apesar de ser um dia de reuniões na escola e de missas, no final de uma delas foi ajudar um grupo de jovens de Santo Estêvão na eliminação do fogo. “Meti mãos à obra com uma pá”.


Quando as labaredas proporcionam cenários dantescos, os bombeiros e as pessoas que observam os seus bens a desaparecer “consideram-se muito pequenas junto daquelas chamas” – esclarece. Aparecem também as questões: “como acabar com o fogo?; como é possível isto acontecer?...”. Há uma sensação de revolta quando “sentimos que foi fogo posto” – afirma o padre da diocese da Guarda.


Todos os anos desaparecem muitos hectares de floresta. Perante esta verdade irrefutável, o Pe. César Cruz alerta: “é necessário olhar para a floresta como um bem imprescindível”. Vive na zona da Reserva Natural da Malcata que outrora era verdejante, mas, actualmente, o concelho do Sabugal tem pouca floresta. “Os incêndios das últimas décadas destruíram quase tudo”. E aconselha: “é importante reflorestar…”


Para se chegar a bombeiro é necessário tirar um curso e depois as especialidades. “Devido a minha ocupação é impossível tirar essas especializações porque são quase sempre ao fim-de-semana”. “Não é bombeiro quem quer, mas quem quer pode chegar a bombeiro” – sublinhou o Pe. César Cruz. Ao falar do seu escalão naquela corporação, o padre bombeiro afirma que é “aspirante com orgulho e prazer”.


Nunca andou vestido com a farda de bombeiro na luta contra o fogo porque “quase sempre ando ocupado noutros serviços”. No entanto já fez “serviços de ambulância, nomeadamente no transporte de doentes”. E relata: “As pessoas quase ganharam uma nova alma quando souberam que eu era padre”.


O quartel de bombeiros de Meimão tem cerca de 40 voluntários (homens e mulheres) e o padre bombeiro considera que “existe um ambiente saudável”. Com o aumentar da confiança entre as pessoas “podemos evangelizar no quartel”. E adianta: “não se consegue evangelizar só e apenas na igreja”.


Sabe manusear os utensílios dos bombeiros. “O que me faz falta é a formação porque não tenho disponibilidade”. Mesmo com a escassez de tempo “fiz piquetes e dormir no quartel” – realça. Os paroquianos “aceitaram bastante bem” este serviço à comunidade. Ao som das sirenes, tanto das ambulâncias como dos carros de bombeiros, as pessoas devem “questionar-se sobre o que podemos fazer para ajudar”.


Ser bombeiro “é um estado de espírito”, mesmo que D. Manuel Felício, bispo da Guarda, o transferisse para outra paróquia “teria todo o gosto em inscrever-me na corporação dessa terra”. No entanto reconhece que “teria de ver primeiro a minha disponibilidade”.


Nascido em 1974, o Pe. César Paulo foi para o seminário com 11 anos de idade. Esteve no Seminário do Fundão até ao 9º ano, no Seminário da Guarda até aos estudos teológicos e, posteriormente, na Universidade Católica do Porto. Ao relatar a sua experiência sacerdotal, o Pe. César Cruz frisou que, actualmente, “não é fácil ser pastor em lado nenhum”.


Nesta região serrana onde a palavra rebanho é comum, o padre bombeiro utiliza a metáfora para explicar a relação entre o pastor e o rebanho. O concelho raiano tem “uma vivência muito própria da religião”. “Há ovelhas que me acompanham e outras nem tanto”. Perceber os modos de caminhar das pessoas “é de extrema importância” – disse.


Como professor de EMRC, o Pe. César Cruz sente que há “uma luta constante para que o ensino religioso esteja nas escolas”. E completa: “é muito complicado implementarmos a nossa disciplina nas escolas”. Neste diálogo, o Pe. César Cruz concluí que, diariamente, “apago «fogos» na escola”.
Copiado daqui:
http://www.fregmeimao.com/index.php?option=com_content&view=article&id=98:cesar-cruz-padre-e-bombeiro&catid=3:destaques
 

A CULTURA DAS TOURADAS

   Umas centenas de pessoas, parte delas totalmente nuas, reuniram-se no centro da cidade de Madrid para protestarem contra o projecto do Governo Regional em transformar a tourada num Bem de Interesse Cultural.
   "Ninguém pode estranhar o pedido,
    já que a cultura tauromática é algo que faz parte
    da cultura espanhola desde tempos imemoriáveis"
afirmou Esperanza Aguirre Dixit, presidente da Comunidad de Madrid.
Foto: Yves Logghe-AP
   No concelho do Sabugal também se fala em apresentar um projecto para considerar a "Capeia" um Património Imaterial. Alguma tinta já se escreveu e muita ainda vai ser escrita.
   As capeias da raia sabugalense, para muitos que vivem aqui ou noutros lugares do Mundo, são parte da  sua história. Para essas pessoas, as capeias enobrecem e exaltam o orgulho  e para elas, as touradas à moda da raia, estão para eles como as festas de Santo António ou as Festas de São João estão para as pessoas das cidades de Lisboa e do Porto. As festas são uma tradição para quem as vive e as recorda. O mesmo acontece com as touradas com o forcão, uma tradição popular que remonta a tempos esquecidos.
  

11.3.10

REDE WIRELESS EM MALCATA E NO CONCELHO DO SABUGAL


                                       
   
          
Com que então as aldeias do concelho do Sabugal estão a usufruir de rede wireless e as pessoas estão satisfeitas, apesar de muitas vezes surgirem pequenos problemas?!!
    As fotografias mostram as três antenas instaladas na aldeia de Malcata. Não sei se existe mais alguma, mas por experiência própria e não efectuada no mês de Agosto, conclui que aceder à internet  em Malcata é só para os muito pacientes e vagarosos, para quem gosta de ir para a sombra do castanheiro do Centro de Dia, ou para algumas escadaria por ali perto. Para ler um "mail" o melhor é desistir e quanto a falar por Web Camara nem vale a pena tentar. Ás vezes lá se consegue, mas depois de muito aguardar e desesperar para que a coisa funcione. Fico a duvidar das palavras dos senhores da empresa que anda a instalar a rede wireless pelas freguesias do Sabugal. Primeiro, a intalação resultou de um acordo entre os presidentes de junta e uma empresa sabugalense, sem concurso e sem escolha dos melhores sistemas e ninguém sabe os termos desse acordo. Limitaram-se  à colocação de antenas e um rooter e dizerem às pessoas que bastava ter uma placa de rede, solicitar a palavra passe e pronto...voilá internet. Na realidade, as coisas não se estão a passar dessa forma, pois não? Qual é afinal o objectivo desta rede wireless? Que toda a região do Sabugal tenha uma janela para o mundo à distância de um clique, ou a oportunidade para vender rooter's a quem não lhe ensinaram nada de informática? As pessoas ficaram entusiasmadas com a internet, mas toda a gente se queixa que é lenta, às vezes muito lenta mesmo e lá se vai o entusiasmo de aprender com o uso da internet. Porque raio é que uma antena a cerca de 100 metros de distância, ou até 50 metros, envia um sinal tão fraco e tão lento? E estes problemas técnicos são constantes...logo não são pequenos problemas. A internet veio para democratizar ainda mais a informação e a sua força transforma o bom em mau e o mau em bom.
   Vale a pena pensar nisto.
  

8.3.10

MULHERES DA ALDEIA

   Hoje as mulheres celebram o seu Dia Internacional. Algumas recordam aquele grupo de mulheres, operárias numa fábrica de tecidos em Nova Iorque, gritavam por melhores condições de trabalho, incluindo a redução da carga horária de 16 horas para 10 horas, um ordenado igual ao que pagavam aos homens e serem tratadas com dignidade no local de trabalho. Estas operárias foram reprimidas violentamente e trancadas dentro da fábrica que depois foi incendiada. Aproximadamente, morreram carbonizadas 130 tecelâs.
   Em todo o Mundo, comemora-se hoje, o Dia Internacional da Mulher, data recordada desde 1910, mas que somente em 1975, através de um decreto, foi oficializado pela ONU.

Mulher camponesa
   

Em Portugal, o dia de trabalho para muitas mulheres continua a começar muito mais cedo e termina mais tarde do que o dos homens. Nas aldeias vivem mulheres puras e imaculadas, sem maldades escondidas por apitos de metais preciosos. São mulheres que continuam a desconhecer a vida das outras mulheres que vivem nas cidades. Tratam da casa, do gado, das batatas e das couves, não têm geito para pintar os lábios, nem costumam ir ao cabeleireiro uma vez por semana, mas são belas e singelas, mesmo com unhas riscadas e rugas nos rostos. Para elas vai a minha lembrança e o meu apreço.


A Gentil Camponesa






Tu és pura e imaculada,

Cheia de graça e beleza;

Tu és a flor minha amada,

És a gentil camponesa.





És tu que não tens maldade,

És tu que tudo mereces,

És, sim, porque desconheces

As podridões da cidade.

Vives aí nessa herdade,

Onde tu foste criada,

Aí vives desviada

Deste viver de ilusão:

És como a rosa em botão,

Tu és pura e imaculada.

És tu que ao romper da aurora

Ouves o cantor alado...

Vestes-te, tratas do gado

Que há-de ir tirar água à nora;

Depois, pelos campos fora,

É grande a tua pureza,

Cantando com singeleza,

O que ainda mais te realça,

Exposta ao sol e descalça,

Cheia de graça e beleza.

Teus lábios nunca pintaste,

És linda sem tal veneno;

Toda tu cheiras a feno

Do campo onde trabalhaste;

És verdadeiro contraste

Com a tal flor delicada

Que só por muito pintada

Nos poderá parecer bela;

Mas tu brilhas mais do que ela,

Tu és a flor minha amada.



Pois se te tenho na mão,

Inda assim acho tão pouco,

Que sinto um desejo louco:

Guardar-te no coração!...

As coisas mais belas são

Como as cria a Natureza,

E tu tens toda a grandeza

Dessa beleza que almejo,

Tens tudo quanto desejo,

És a gentil camponesa



António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."