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Banda da música na Festa da aldeia de Malcata, quando ia a casa dos mordomos dar as boas vindas. (Carvalhão, dois mordomos ali viviam) |
Então como foi a festa?
A resposta é tão variada e tão geral
que se resume a uma frase:
"Fala-se que...olha, não quero saber disso"!
Até agora, a Comissão de Mordomos de
2023, passados estes dias todos, ainda não apresentou todas as contas relativas
à festa em honra de São Barnabé (foi assim que o arraial foi divulgado como
podemos ler no cartaz).
A falha na apresentação das contas,
dar conhecimento do que se fez com o dinheiro da comunidade, está a ser um erro
grande. É que o dinheiro existente na conta e o que entretanto foi angariado,
não pertence à Comissão de Mordomos e muito menos é uma bolsa de crédito ao
dispor dos membros da comissão de mordomos. Todos sabem que, o dinheiro
está à guarda dos mordomos e que eles(as), aceitaram voluntariamente a missão de
organizar uma festa, contando para isso com o dinheiro. O que se espera das
comissões de mordomos, é que tenham e exerçam uma gestão responsável, na forma
como usam o dinheiro, o destino que lhe vão dando. É por isso que, é de suma
importância uma constante prestação de contas e das actividades que se vão desenvolvendo
nos meses anteriores à festa, dando a saber e publicar os diversos movimentos
de dinheiro. E como existe muita gente que vive fora da aldeia, é ainda mais
importante e necessário explicar como se está a usar! chegando mesmo
ao mundo das redes sociais, para informar. Todos têm o direito a essas informações periódicas,
porque quem vive na aldeia e ainda mais os que vivem fora, ao perceberem como os
mordomos vão gastando o dinheiro, como é o meu caso, que vivo muito distante daqui, se tiver acesso a informação séria e actualizada, acabamos por nos sentir mais parte
da comunidade, sentimo-nos acarinhados e sensibilizados por, mesmo longe,
contam connosco. A falta de prestação de contas tem como consequência o aparecimento de falatórios e de criticas negativas, arrastam sentimentos de desconfiança e incertezas,
aumentando o desânimo na aldeia.
Ver as contas, não é sempre sinal de
transparência e mesmo quando não há contas apresentadas, aumentam as
desconfianças, vêm os desânimos e cada vez maiores.
Quando há dinheiro envolvido, seja
muito ou pouco, a atitude a ter é, que se trata de dinheiro da comunidade, um
recurso que os mordomos precisam de usar respeitando os valores da
transparência e responsabilidade. É que não há outra forma de organizar uma
festa e no fim ter êxito. Fazer as coisas com transparência e não esquecendo as
obrigações legais quanto aos contratos de bens e serviços. Dando periodicamente
informação, mesmo quando não a pedem, é assunto que interessa a todos, porque
agindo nestes moldes tudo é mais fácil de controlar e ao mesmo tempo estamos a
fazer as contas aos poucos e com controlo apertado. Gerir bem o dinheiro é não
ter medo de apresentar as contas, nada para esconder, porque é tudo claro,
assinado e conferido. E sempre que surgem dúvidas, alertas e avisos, é
necessário parar para pensar e antes de continuar a ignorar, com o intuito de
no fim esclarecer, procurar deixar tudo claro, com o conhecimento de toda a
equipa. Ficar calado e não dizer nada, ou, fazer de conta e ficar à espera da
próxima escorregadela, é no meu entender, atitude irresponsável, porque o erro, ou a falha, quanto mais depressa se anular, melhor.
Viver o espírito de mordomo é
trabalhar em equipa.
Ora pensem comigo um pouco:
Uma Comissão de Festas organiza um
baile, procura apoios e encontra. Tudo pronto, divulga o programa, os preços e
os objectivos que quer alcançar. Para chamar gente, contratam quem anime e quem
cozinhe. Há trabalho, há mesas prontas e espaço preparado para receber os
convidados pagantes, pois o fim do baile é angariar dinheiro para pagar a festa
mais lá para a frente.
A festa/baile/caminhada/encontro ou o
que lhe queiram chamar, acontece e decorre no local indicado e na data
anunciada. Nunca mais se ouviu falar do baile, do dinheiro que conseguiram angariar…quanto
dinheiro fizeram??? Só depois de alguns “ais” e “diz-se que…fala-se que” e aparecem as contas, fica-se a saber que a organização, apesar das ajudas dadas, tiveram prejuízos. O que vai pensar o povo dessa freguesia?
A resposta é simples: “Assim, não
vamos a lado nenhum”
As coisas aconteceram e todos se
calaram. Porque se calaram todos? Quem percebeu que tinha havido má gestão,
porque não pediram a apresentação das contas?
Este foi o início do que mais tarde
viria a repetir-se?
O risco de assim acontecer, era enorme! Só não viu quem não
quis e nunca quis saber, salvando-se aqueles valentes e corajosos mordomos que
bateram a tempo com a porta e saíram.
Há valores na vida humana que nunca
devemos abdicar deles. E agora Malcata?
José Nunes Martins