8.4.21

MALCATA: É PRECISO ABRIR A JANELA


                    MALCATA: É PRECISO ABRIR A JANELA

   A página oficial da Junta de Freguesia de Malcata, ver aqui:
https://www.freguesiamalcata.pt/ tem estado desaparecida.  
   Graças a Deus hoje voltou a estar visível e assim como desapareceu voltou a aparecer, igualzinha a ela própria: muito pobre!
       Ontem o município do Sabugal apresentou a sua nova imagem digital
https://www.cm-sabugal.pt/municipio-do-sabugal-apresenta-nova-identidade/

e pensei que talvez, quem sabe, a página de Malcata também tenha sido renovada. Mas não, não aconteceu nada, por motivos que desconheço, andou desaparecida das autoestradas digitais.
   Para que serve uma página ( site ) assim? Informação incompleta e desactualizada, pois a última notícia no separador NOTÍCIAS, é de Setembro de 2019! Pasmem-se, onde estamos nós hoje!
   A acreditar no site, em Malcata não pode visitar a Fonte de Mergulho, não existe nenhuma associação e não aconteceu nada de relevante.
   Já não me refiro à publicação de documentos do executivo e da assembleia de freguesia, nunca o fizeram. Será que aguardam a aquisição do sistema de gravação sonoras das reuniões para mais tarde serem transcritas para texto e posterior publicação no site?
   E a mesma miséria acontece com a página oficial no Facebook.
   Aqui: https://www.facebook.com/freguesiademalcata
 Quem quiser ficar a conhecer as actividades da Câmara Municipal, ainda encontra o que fazem e o que dizem que vão fazer. O resto, seja na freguesia ou no interesse da freguesia, mesmo acontecendo não querem que apareça, apesar de existir e de o presidente do executivo participar.
   Para que serve uma ferramenta que não querem aprender a utilizar? E se o que interessa é propagandear as actividades do município e não os da Junta de Freguesia, afinal para que serve uma Junta de Freguesia assim? Qual o valor acrescentado pelas páginas que a freguesia tem neste momento?
   E porque razão isso tem acontecido?
   Se é para isto que têm a página na internet, mais vale poupar os malcatenhos a esse trabalho e deixar de fazer uma má promoção da freguesia.

5.4.21

MALCATA JUNTA É MAIS FORTE

                                              

"Temos todos de pensar
uns nos outros". 
                   Rui Nabeiro

 



   Hoje, o primeiro dia a seguir á Páscoa, em muitas localidades é guardado para estar com a família e divertir-se, passear, comer ou receber a cruz.

    Mas estes dois últimos anos, por causa da pandemia do Covid 19, não se realizaram os rituais religiosos habituais.
    Cá para o norte, dada a falta de padres e seminaristas, são homens e mulheres, enquanto leigos, que fazem a Visita Pascal. É uma tradição já muito antiga. As famílias abrem as portas de suas casas ao compasso para assim receber a bênção. A cruz entra e todos os que estão em casa a beijam. Abençoam a casa ungindo-a com água benta. As pessoas sentavam-se à mesa que costumava ter amêndoas, doces da Páscoa, licores e vinho para oferecer aos membros do compasso.
   Na época da Páscoa, havia o costume de fazer limpeza à casa, caiá-la e deixar tudo arrumado.
      
   Mas, afinal o que nos está a acontecer?
   Porque aconteceu?
   Para onde nos estão a levar?
  
   Como povo, como comunidade e como cidadãos responsáveis, temos que continuar a proteger-nos a nós mesmos, porque esta é a forma de proteger também os outros. Estamos fartos das máscaras na cara, estamos cansados de não andar livremente. Temos que tomar consciência da importância do nosso comportamento e da responsabilidade das acções que levamos a cabo no nosso dia a dia e no espaço da nossa freguesia. Lembro que juntos somos mais fortes e pensar no próximo é pensar no outro e o outro pensar em nós.
  
   Hoje, 5 de abril, segunda-feira de Páscoa, começou a segunda fase do plano de desconfinamento, com a reabertura das escolas do 2.º e 3.º ciclos, esplanadas, feiras, mercados e lojas até 200 m2 com porta para a rua, mas é proibido sair do concelho de residência.

   Com certeza que as esplanadas em Malcata também abriram.
   Como foi o regresso?                    

              Josnumar   
        (José Nunes Martins



2.4.21

MALCATA: MEMÓRIAS E RAÍZES

  

 

 

                 MALCATA:  MEMÓRIAS E RAÍZES DA IDENTIDADE

  




   A Sexta Feira Santa era a noite mais triste do ano em Malcata. Ao princípio da noite todos iam ao enterro de Jesus Cristo. Lá dentro da igreja o ambiente ficava muito pesado, altares tapados de um tecido roxo,
sacrário aberto e vazio, um enorme caixão de madeira, em cima do altar era o foco central. Lá dentro jazia o corpo de Cristo, aquele que estava o ano todo no altar-mor da nossa igreja, nesta noite de Sexta-feira Santa, retiravam-no da cruz e era depositado dentro do caixão que seria transportado em procissão pelas ruas da aldeia. A procissão saía da igreja e entrava na Rua da Ladeirinha, seguia pela Rua da Moita, descia pela Rua da Tapadinha e ao chegar à Rua da Fonte, voltavam em direcção à Torrinha, Rua de Baixo e entravam na igreja. Tudo nestas cerimónias eram muito tristes, as mulheres vestiam-se de roupas escuras, pretas mesmo, cobriam a cabeça com lenços e até os cânticos eram de morrer.
   Penso que a procissão parava duas ou três vezes para marcar alguns passos desta cerimónia. Numas escadas ao início da Rua da Moita, paravam o enterro e acontecia aquele doloroso encontro entre uma Mãe que vê o Filho a caminho do túmulo. Tudo era difícil e o povo sentia piedosamente aquela trágica e incompreensível morte, os homens que transportavam o caixão, tinham que descansar várias vezes com a ajuda de umas galhas de pau, dado o peso que levavam aos ombros.
   Neste dia não há missa, não se tocam os sinos. As pessoas foram avisadas pelas matracas tocadas três vezes à volta do povo.
   As pessoas saíam da igreja num silêncio assustador e sem grandes conversas recolhiam às suas casas. Ele morreu e há que respeitar!
   Em Malcata, uma aldeia muito religiosa e tradicional, obedecia piamente às orientações do senhor prior.

30.3.21

MALCATA: A PÁSCOA DAS MATRACAS E MARTÍRIOS

 

  




   Quando tenho saudades de um sítio é porque em algum momento da minha vida lá estive e vivi experiências boas e marcantes. Esta é uma das minhas crenças em acreditar que se deve voltar aos lugares onde já me senti bem.
   Malcata é para mim um desses lugares e portanto, sei que logo que possa, irei voltar. Para já e enquanto a pandemia nos condicionar as viagens e nos aprisionar em casa, resta-me apenas recordar alguns desses momentos bem vividos por terra beirã. Já que o confinamento não me deixa regressar à aldeia, faz todo o sentido partilhar aqui algumas memórias vividas noutras épocas pascais. Sabem que isto do Covid 19 está difícil de estar resolvido e nada como dar a volta por cima e aproveitar bem o tempo. Parar e reflectir sobre o Mundo, a Vida, a Morte, o Sabugal, a nossa terra, pode bem ajudar a passar o nosso tempo.
   Sei que muitos de nós estamos mortinhos para andar em total liberdade. A Páscoa este ano está a ser complicado para muitas pessoas. Entrámos na Semana Santa e tudo está parado, diferente, não se vão realizar procissões e este ano não vou com outro malcatenho percorrer as ruas da aldeia a tocar campainha.
   Mas mesmo assim, caminhamos para o domingo da Ressurreição. E o que importa é como que cada um de nós vamos viver a Páscoa. Como vamos viver hoje, este ano, a festa sem festa? A tradição já não está a ser como era e de ano para ano há sempre mudanças, mas a fé mantém-se.
   Vamos imaginar que este ano Cristo foi a Malcata celebrar a Páscoa. Que esperam que Ele diga e que Ele faça de diferente? Irá juntar-se ao coro das vozes femininas e cantar os martírios ou a encomendar as almas?
                                      
   

27.3.21

MALCATA: AI SE AS PEDRAS FALASSEM

 


   Nos últimos 16 anos, Malcata tem assistido impávida e serena a sucessivas promessas, algumas megalómanas, que não têm fim à vista.
   Os malcatenhos dizem que sabem tudo e tudo se vai passando como se nada lhes diga respeito, quem se mete nas aflições e imbróglios políticos é que se têm que se desenrascar. Continuamos com os cotovelos apoiados no parapeito da janela, vemos e ouvimos o que se vai passando, enquanto os cães ladram e a caravana vai andando.
   Há uns tempos fiquei a saber que, António, um dos primeiros presidentes da Junta de Freguesia de Malcata, meteu as mãos na massa e de forma apaixonada, combativa, mostrando grande vontade, conseguiu mobilizar todo o povo na defesa dos interesses da freguesia e sem medo de vozes do contra, mesmo da Câmara Municipal, conseguiu que a aldeia passasse a ter uma fonte e com duas bicas a jorrar água.
   Olhando para a nossa freguesia, seja em que ponto for, deparo-me com situações já esquecidas, outras mal explicadas e outras ainda que explicadas, parecem ter interesses um pouco estranhos e duvidosos, mas como satisfazem as carências de quem necessita de ter determinadas coisas e serviços, acabam por aceitar a ajuda e entram no jogo. Aqui nesta terra, quem tem um olho de esperteza, torna-se facilmente num rei que só olha para o que pode ganhar e aposta forte na falta de memória e discernimento do cidadão comum.
   Estamos muito próximos das eleições autárquicas. Um povo sem medo, sem vergonha de qualquer espécie, deve exigir aos partidos políticos, que escolham aqueles cidadãos que acrescentem e não diminuam a freguesia.
   Recuar 20 anos é lembrar promessas, projectos ambiciosos e porta bandeira dos políticos e que nunca saíram dos gabinetes. Já nos basta! Mas vou lembrar alguns:
a barragem e a construção do açude, o Ofélia Club, em que, ao contrário do que nos disseram, não foi a distância em metros da água, a que devia ficar o “hospital” , porque o pedido da alteração da distância foi aprovado e a obra não se fez; os terrenos estão hoje na posse da Câmara Municipal e nunca mais se falou do assunto; o Núcleo Identitário de Malcata, há uma dezena de anos que o povo espera poder visitar e recordar tempos passados, objectos e memórias que se estão a perder;  as indefinições quanto ao antigo quartel, o abafado e silenciado Centro Interpretativo do Lince, tanto segredo estão a fazer e que não compreendo; e o alargamento daquela rua principal, quando acontece? E as cabras lá para a serra? A Exploração Caprina está a mexer, pelo menos no número de ajustes directos e em euros. Algum cidadão comum de Malcata, tirando os membros da junta, viu o projecto e os pormenores da obra? Já disseram como vai ser gerido e por quem?
    E se não bastasse, dou-vos a saber que, ainda este mês, no passado dia 17 de Março, a Freguesia de Malcata foi tema de uma Aula Aberta na Universidade da Beira Interior, na cidade da Covilhã. O silêncio incompreensível, da participação da nossa freguesia, com participação directa do senhor presidente da Junta, e a participação directa de uma associação com sede na freguesia, que naquele dia celebraram o lançamento de uma publicação de enorme qualidade e valor, fruto de um protocolo de colaboração com a Universidade da Beira Interior, a associação e a Freguesia de Malcata, representada  na pessoa do senhor presidente do executivo, cooperação que tem elevado o bom e o melhor das potencialidades da nossa terra, não merecesse sequer uma simples divulgação, informação à comunidade, dando conta dos frutos dessa magnífica cooperação, que a acreditar nas palavras do senhor presidente de junta, são para continuar e reforçar. A verdade é que nem uma letra encontro nas páginas oficiais da internet e redes sociais.
   A população de Malcata tem direito à informação e divulgação de todos os acontecimentos, projectos, obras, documentos...e os políticos têm que perceber que não podem continuar a governar assim. Como cidadão e malcatenho, estou cansado.

                                                                  José Nunes Martins