16 janeiro, 2022
ANTES QUE A TAMPA SEJA A CULPADA
Estes e outros contentores, que estão espalhados pelas ruas da nossa aldeia, possuem uma tampa pesada e com um sistema de abertura bastante perigoso que pode tornar-se numa tragédia a quem ali for depositar o saco do lixo lá de casa. O movimento que é preciso fazer para abrir a dita porta tem que ser feita com bastante força e até por vezes, a pessoa tem que o fazer com as duas mãos. Este abrir da tampa até pode ser um gesto muito fácil de eu fazer ou um jovem. Mas se for um idoso? O nosso/vosso pai ou avô/avó, que com 70 ou 80 anos vai depositar o lixo no contentor feito de chapa e com tampa pesada e com arestas por vezes vivas? O mercado dispõe outros modelos de recipientes muito mais práticos e seguros para os consumidores. Quem não chora também não mama!
E se lá para a ponte nova existe contentor mais leve, podem e devem substituir os velhos e perigosos. E não estão a fazer nada de extraordinário, os malcatenhos apenas pedem melhores contentores e é para isso que pagam as taxas de impostos sobre os resíduos urbanos!
José Nunes Martins
14 janeiro, 2022
CANTAR AS JANEIRAS
Cantar as janeiras
Durante o mês de Janeiro, na nossa aldeia,
era costume cantar as Janeiras. Tal como em muitas outras terras do nosso país,
cantar era uma das formas conhecidas de dar as boas-vindas às famílias que viviam
na freguesia. Uma tradição popular com muitos anos de história, que como outras
tradições populares estão a esquecer-se e tendem a desaparecer para sempre.
E esta tradição de cantar as janeiras,
vai para lá da música e das canções. E a espontaneidade com que se formavam os
grupos de cantores e tocadores, era mais profundo e mais sério que aos nossos
olhos nos parece. A simplicidade e a humildade, a franqueza com que as pessoas
conviviam e se agrupavam faziam as coisas acontecer.
Por isso era muito fácil formar um
grupo de pessoas para cantar as janeiras e percorrer as ruas da aldeia.
Marcavam o dia, hora e local para se juntar e cada um trazia alguma coisa que
fizesse algum ritmo e barulho controlado. Uns traziam concertinas, outros a
guitarra, a pandeireta, os ferrinhos e claro havia sempre um tambor.
Daquele lugar combinado saíam a cantar e a tocar cantigas populares e
agradáveis ao ouvido de toda a gente. O grupo percorria as ruas da freguesia e
iam de porta-em-porta dar as boas-festas espalhando alegria e boa disposição.
Só esperavam que alguém da casa viesse ter com o grupo e lhes oferecesse comer
e beber, eles em troca cantavam, depois continuavam para a próxima casa.
É uma daquelas tradições populares que
mesmo sendo populares, está condenada a desaparecer. Está difícil criar
interesse nas pessoas para se juntar e simplesmente alegrar e sempre com o
cuidado e o respeito pelos sentimentos das famílias, por exemplo, respeitando
sempre os períodos de luto.
No íntimo de muitos de nós guardamos
estas lembranças e sabemos que hoje o mundo e as tradições já não se celebram
como noutros tempos. Lembram-se com alguma saudade e nostalgia de ver o grupo
de sócios da ACDM que todos os anos alegravam as janeiras?
As instituições e cada um de nós é
parte da nossa cultura e da nossa freguesia. Os malcatenhos, independentemente
do lugar onde vivam ou trabalhem, são malcatenhos e é a nós todos que nos cabe
manter e divulgar o verdadeiro espírito que é ser malcatenho.
Cantar as janeiras e organizar outras
tradições é aprender a alimentar a criatividade, a espontaneidade e o respeito
pelo legado dos nossos antepassados e
fazermos nós a mesma passagem aos vindouros, para assim a nossa história não
terminar.
José Nunes Martins
09 janeiro, 2022
AS ÁRVORES DO MEU DESCONTENTAMENTO
E definitivamente, a autarquia de Malcata não se dá bem
com as árvores! Depois do corte das árvores
no jardim da sede da Junta de Freguesia, uma ao lado das escadas e o pinheiro
manso,
seguiu-se o salgueiro-chorão à entrada da ponte nova e por causa de uma
queda de um raio,
abateram o majestoso mostajeiro ao lado da rua da Moita. De
todas as árvores referidas
e que foram cortadas o pinho manso mereceu resposta
da autarquia, a um pedido de esclare-
cimento que enviei. Quanto aos outros casos, falei sobre eles e foram ignorados por todo o mundo malcatenho.
Infelizmente, há outras entidades e
cidadãos que parece também não se darem bem com as
árvores idosas, centenárias,
como são os castanheiros.
As árvores são seres vivos, não são apenas
árvores que o homem um dia plantou na terra. São óptimas para dar sombra e
frutos e quando alcançam a idade de velhas, em caso de obras nos
espaços à sua
volta, o mais fácil de fazer é amputar a árvore e cota-se um ou dois ramos ou
todos
até que alguma ordem seja dada para parar de cortar.
Durante a vida normal estas criaturas
vegetais crescem e abrem os braços com toda a liberdade.
Na época da queda da
folha os homens só se preocupam com a recolha das folhas e nada mais.
Só que as
árvores, como seres com vida e enquanto a seiva circular pela sua estrutura,
não param
de crescer e depois, algumas invadem espaços que o homem diz ser dono
e ai de quem se atreva a
invadir ou perturbar a vida humana!
Durante anos e anos, não lhe ligaram,
não as vigiaram no seu crescimento natural, cresceram e
esse foi o único erro, nunca
foram ajudadas a ficar adultas. Sabem, eu sou defensor das árvores
e não faço
obras sacrificando as árvores quando ainda têm vida e alguma saúde. Há obras
que o Homem pode fazer dispensando o abate de árvores.
Posso estar errado, mas hoje acredito
que o Tempo e as obras me vão dar
razões para esta minha estranha forma de tratar deste problema que é a importância
das árvores
na nossa freguesia.
José Nunes Martins
OS ASSUNTOS MAIS FALADOS EM MALCATA DURANTE 2021
2021 TERMINOU.
CONTEM-NOS COMO FOI...
No início de
cada ano é costume fazer uma reflexão sobre aquilo que vivemos ou ouvimos falar
durante o ano acabadinho de terminar. Este exercício de relembrar o passado
mais recente ajuda-nos a pensar um pouco sobre aqueles assuntos que nos
marcaram mais ou menos, das coisas boas e menos boas que vivemos ou sentimos
nestes meses de 2021. Rever os percursos realizados e que valeram o esforço e
também aquelas experiências que nos deixaram de rastos, tristes e preocupados.
Olhar para trás não é ficar parado no presente. O tempo que usamos a pensar no
passado vai tornar-se importante e funciona como marca do caminho que estamos a
fazer nesta vida e é uma oportunidade de corrigirmos alguns percursos, tomar
outras decisões que com certeza trarão resultados diferentes e quem sabe, bem
melhores para todos e cada um de nós.
Em 2021, a pandemia continuou a ocupar
o lugar de destaque e foi assunto de conversa, de jornais e redes sociais, de
preocupação e também nos trouxe esperança de vivermos neste planeta. A
massificação das doses de vacinas parece estar a fazer minorar os efeitos do
vírus. Continuar a cumprir as indicações dadas pelos profissionais de saúde é o
mínimo que cada um deve e pode fazer.
Para além da Covid 19 e suas variantes,
que outros assuntos marcaram este 2021 e que merece uma reflexão? Seria muito interessante partilhar também as
vossas escolhas e as vossas reflexões. Fico à espera. Comentem sem receios.
Bom ano.
José Nunes Martins
07 janeiro, 2022
QUERO VOLTAR PARA MALCATA
E num abrir e piscar de olhos estamos a terminar mais uma semana deste 2022. Leio e ouço todos os dias notícias sobre o que se vai passando no mundo e no meu país. Fazem-me falta notícias animadoras, a começar por aqueles acontecimentos que vivem os malcatenhos.
Mas quem sou eu para pedir notícias da aldeia? Bem, vão perdoar a minha curiosidade sobre a vida da comunidade malcatenha, espero que compreendam e não fiquem aí a cuscar pelos cantos e mesas dos cafés perguntando o que eu ando a tentar saber. Eu sei que a curiosidade por vezes traz maus resultados, que será por isso que se costuma dizer que "a curiosidade matou o gato"! E que notícias vindas da aldeia mais enrolada na sua conchinha eu estou curioso por saber? Têm todos o direito à sua privacidade e eu só devo respeitar a vida particular e familiar dos outros, malcatenhos, timorenses ou chineses. Estejam vossas senhorias descansados e tranquilos, pois não estou minimamente interessado em vos conhecer quando não há nenhum interesse recíproco. Contudo e sabendo todos as dificuldades que estamos a passar por causa da pandemia, tendo muitos de nós os meios e o conhecimento básico no uso das ferramentas mais avançadas de comunicação, mesmo vivendo distanciados uns dos outros, aqueles que como eu, vivem longe da aldeia onde nasceram e que transportam nos corações, quando se gosta não desejamos esquecer e daí esta necessidade de saber o que se vai passando aí por Malcata. Mas são tão poucas e raras as notícias das gentes e sobre a nossa terra que me deixam tristonho e pensativo. Porque não gostam de falar sobre a aldeia, as suas riquezas, as suas gentes, os seus heróis, os projectos programados para mais adiante, as histórias do nosso passado...tanto que existe, sem termos que vasculhar a vida íntima de cada habitante, mas que sempre nos podem dar alegrias, matar algumas saudades e enterrar até algumas incompreensões.
Uma das minhas maluqueiras quando comecei esta página foi a possibilidade de entusiasmar, de chamar e alertar, de partilhar ideias e esperar que alguém as pudesse concretizar um dia. Ando com uma interrogação na cabeça há algum tempo e em certos momentos transporto-me num veículo imaginário e em segundos dou comigo nas ruas da nossa aldeia e a pensar e a conversar com os meus botões. que bom é ver crianças a brincar na rua, que alegria ouvir as "carvoeiras" vindas da concertina tão bem tocada pelo Carlos, pelo Fernando e mais acima, a caminho da serra, parar para ouvir o Rui e o Zé a ensaiar para o espectáculo logo à noitinha...e tantas coisas boas encontro por essas calçadas.
Agora que há quase tudo, mesmo assim com quase tudo, ainda falta o essencial, o mais importante de cultivar, o amor.
Vou continuar à espera do envio de notícias da minha aldeia.
Continuação de um ano bom.
José Nunes Martins