14.10.23

CEGOS, SURDOS E MUDOS

 






   A aldeia de Malcata à medida que cresceu as casas foram-se espalhando por cabeços, moitas, tapadas e barreirinhas? Se virmos a aldeia do alto ficamos com essa sensação. As pessoas quando se casavam, procuravam arranjar casa. Os primeiros habitantes começaram por ocupar os espaços mais próximos uns dos outros e com o crescimento do número de pessoas, as ruas começaram a ligar-se umas às outras, mantendo o nome que já lhes chamavam a esses sítios. A rua da Ladeirinha, rua da Moita, rua do Cabeço, Rua da Barreirinha, Rua da Tapadinha, Rua do Carvalhão. Todos estes nomes são os próprios topónimos pelos quais o povo os conheceu e conhece hoje? Tudo leva a crer que assim foi e manteve-se durante muitos anos.
   Geralmente as igrejas das aldeias portuguesas desenvolvem-se em volta da Igreja Paroquial ou alguma capela. No caso da aldeia de Malcata isso não aconteceu e continua a não aumentar a edificação à volta da igreja Matriz, nomeadamente nos terrenos que se situam atrás da sacristia. Eu só encontro uma explicação para esta singularidade da nossa aldeia, que muito cresceu e em contraposição aos costumes das outras terras, não se constrói nos campos que estão ali ao lado. Esses terrenos, chãos e lameiros, eram de boa terra para a agricultura e para o pasto dos animais. Por ali me lembro de ver bons campos de batatas, de milho, de centeio e verdejantes pastagens, lameiros como lhe chamamos na nossa aldeia. Esta característica relacionada com a qualidade das terras e o tipo de ocupação, terá sido tão forte que ninguém ousou construir por ali uma casa para morar? É uma particularidade que se pode constatar quando por ali alguém passar, à esquerda e à direita um vale extenso e plano, subdividido em campos delimitados por muros e arvoredo.
   Outra estranheza e particularidade da malha urbana da nossa aldeia e no que respeita ao nome das ruas, estranhamente, não existe uma rua com o nome de rua da igreja ou rua do cemitério. Mais um motivo para pesquisar as ruas da aldeia, que infelizmente,
a cada ano que passa, aumenta o número de casas vazias, acabando por ir caindo aos poucos. Algumas já foram recuperadas e outras ainda estão a ser.
   Aqui há que fazer uma pausa e perguntar se aquilo que não vemos ou não ouvimos falar não existe? Muitos dos habitantes da aldeia passam todos, ou quase todos os dias, numa determinada rua ou beco. Caminham lestos ou devagar e só olham para a frente e nada de distrações. Eu sempre que caminho pelas mesmas ruas e becos, olho em todas as direcções e por vezes, vejo cada fenómeno!  Desde mamarrachos, telhados que já não abrigam nada, paredes “grávidas” e outras sem barro e com pedras soltas, uma casa vazia, com portas e janelas entreabertas e a cair de podridão, muros de cimento colados às paredes de pedra de xisto, outros muros pequenos, que não descansaram até se encostar às pedras de granito trabalhado e que passaram de elemento principal a pedras vulgares, sem importância nenhuma, esquecendo que antes do muro e do cimento, já elas, as pedras, embelezaram o sítio. Quem as abandonou e as despromoveu continua a não se interessar por lhes dar uso, devolvendo a importância e o respeito que elas merecem e o património comum exige.
   Acreditem, se houvesse o prometido orçamento participativo, uma das ideias que eu sugeria seria a compra de alguns pares de óculos para os autarcas da nossa freguesia e fazer aprovar uma regra de obrigatoriedade do uso desses óculos, no mínimo, uma vez por mês, quando o trio fazia a verificação atenta do estado da coisa comum em Malcata.
   PS: Esta é uma opinião pessoal. Qualquer situação aqui retratada é pura imaginação minha e se alguém pensar que lhe diz respeito, é uma simples coincidência.

                                                     José Nunes Martins
                   

 

 

 

      

 

 

 

 

 

 

11.10.23

A ENERTECH - Sabugal 2023 - PORQUÊ ?


 

ENERTECH-1ªEdição-Secretariado


   Hoje a marca ENERTECH-Sabugal é conhecida no nosso país de norte a sul e em algumas províncias espanholas. A Enertech-Sabugal é uma feira anual realizada no concelho do Sabugal, tendo como tema principal as Energias. Felizmente guardo boas memórias da primeira edição, a original feira da energia que provém da biomassa florestal. Esta feira partiu da iniciativa do engenheiro José Escada da Costa, pessoa formada e com grande experiência na área da biomassa, com funções de gestão de importantes empresas nacionais. 
   Quantas vezes nós não somos traídos pelas nossas memórias quando revisitamos as imagens das duas primeiras edições! Foi a Visão e a Estratégia que levou o engenheiro José Escada a apresentar ao executivo camarário a ENERTECH-Sabugal e nela participou activamente como especialista na área e nos conhecimentos das entidades nacionais mais influentes no mercado da biomassa. Sei que muita gente pensou que seria uma ideia sem sentido, sem qualquer interesse, com fim anunciado à nascença. Felizmente aconteceu que o engenheiro teve uma ideia boa e ainda hoje por aí anda, apesar de alterações feitas sem a concordância do principal visionário, pois a biomassa dilui-se em demasiadas fontes de energia também ditas verdes. Mas essa discordância não justificava o que se seguiu após a 2ª edição da ENERTECH. Ainda bem que há documentação, protocolos assinados entre a AMCF, Câmaras Municipais...em sessão pública realizada na ENERTECH e que hoje o executivo do Município do Sabugal ignora e ainda mete na gaveta um dos primeiros parceiros desta feira e que agora, a Câmara Municipal e a sua empresa satélite ADES, simplesmente despreza, ignora e apoderando-se completamente da ideia como se destas duas entidades tivesse saído. Nem sequer no filme de promoção da ENERTECH 2023 existe um segundo em que seja reconhecido o trabalho do passado. Fica aqui registado o meu protesto pessoal, não pedi sequer licença para o fazer, porque isso nunca é o meu sentir e forma de pensar. Se alguém devia ter vergonha na cara pela atitude assumida conscientemente, eu sei e eles também sabem quem são, pois trabalham todos para o mesmo "Dono" vaidoso, de semblante altivo e dominador, sem sequer se dignar respeitar a competência, o trabalho, a entrega, o tempo e a visão do bem comum. Hoje se a ENERTECH tivesse sido uma "ideia" má, não se estava ansioso para abrir as portas da feira de 2023 e uma simples tenda de "mercado" chegava para iludir o cidadão.
   Para uma verificação e confirmar o que escrevo, basta consultar a página oficial do Município:

                                 https://www.facebook.com/sabugal.concelho
                                        
                                               ... e da AMCF:

                                 https://www.facebook.com/malcatacomfuturo



                                                                                  José Nunes Martins

6.10.23

SABUGAL: FALTA CORAGEM PARA LUTAR POR MELHORES CUIDADOS DE SAÚDE

    

A rampa é para os veículos e quem vai a pé que suba as escadas !
Há anos que assim está e ninguém se incomoda com a situação.

   Na última sessão da Assembleia Municipal do Sabugal, realizada no passado dia 29 de Setembro de 2023, o senhor Presidente da Mesa, MANUEL AUGUSTO MEIRINHO MARTINS, eleito pela lista do PPD/PSD, votou contra o reforço de médicos no Centro de Saúde do Sabugal. Esta foi a minha conclusão, depois de ser apresentada, nesta sessão da Assembleia Municipal, uma Moção "Sobre a falta de médicos no Centro de Saúde do Sabugal", que foi apresentada pelo grupo municipal da CDU. Eu já li o documento e é bom que mais pessoas também conheçam a moção em causa. Cada leitor/cidadão, após a leitura tire as conclusões que quiser, mas quando um presidente do órgão autárquico e municipal  no momento de votar, anuncia aos presentes na sala onde se está a realizar a sessão, que vota contra, está ou não a dar indicação aos seus "amigos políticos" para o seguir e votar no mesmo sentido? 
   Os que são titulares de cargos de órgãos municipais, como é ser presidente da Mesa da Assembleia Municipal, têm a obrigação de se mentalizar que estão a exercer um serviço público, de conduzir e orientar os trabalhos e em representação de todos os cidadãos do concelho. 
   A moção sobre a falta de médicos, é mais uma iniciativa de mostrar o descontentamento do mau serviço nos cuidados de saúde primários que o Centro de Saúde do Sabugal presta aos que ali vão, principalmente pela falta de médicos... Ou será que, por se saber que a ULS da Guarda  já abriu concurso para remodelar o Centro de Saúde do Sabugal? Querem lá ver, que o concelho vai ter edifício remodelado e os gabinetes novos dos médicos mas vazios de doutores e doutoras? Outra razão do voto contra a moção sobre a falta de médicos, será que tem a ver com aqueles "protocolos de colaboração no âmbito dos cuidados de saúde primários entre a Câmara Municipal" e algumas aldeias do concelho? Basta ler a Acta da Reunião de 15 de Fevereiro de 2023 e encontramos lá alguma informação, como os nomes das freguesias e o valor que cada uma recebe da Câmara, para colmatar a falta de médicos no Centro de Saúde! Ficamos a saber que: a Aldeia do Bispo recebe 3000€; Águas Belas 1.500€; Alfaiates 3000€; UF Lageosa e Forcalhos 3000€; UF Pousafoles, Penalobo e Lomba 4.200€; Malcata 3000€.   Cada uma destas Juntas de Freguesia oferece,  uma vez por mês, consulta médica, com conhecimento do Centro de Saúde do Sabugal. Ora os cuidados de saúde primários devem chegar a todos os utentes que necessitam de cuidados. Não sei se este  protocolo é extensível a todas as freguesias e quintas ou lugares do Sabugal ou se apenas beneficiam um pequeno número de aldeias.         Estou a pensar nas razões que levaram o senhor doutor professor, político e presidente da Assembleia Municipal, a votar contra a moção. Sei que não reside no concelho e  não se tratando da presidência de um clube ou tuna académica, só porque a moção foi apresentada pelas mentes interventivas e inquietas, defensoras do bem e da saúde de todos, decide carregar no botão "on" do microfone que tem sempre à mão, e dizer que vota contra, porque às tantas, nem sequer teve o cuidado de escutar a leitura da moção e se lembrou do  vogal que entrou na administração da ULS Guarda, de nome António Robalo  e que ainda alguns lhe chamam presidente, que deixou de ser, tendo passado a vogal, sem experiência e provas das suas competências na área da saúde,  mas já toda a gente sabe que há se arranja um emprego sem ter que ir para a fila do IEFP. E como ainda não se manifestou publicamente sobre a falta de médicos no Centro de Saúde do Sabugal, nada de dificultar o caminho novo. 

   Agora vou deixar-vos a ler a moção sobre a qual me levou a escrever o que senti e sobre o estado a que está a chegar o cuidado de saúde das pessoas  no concelho ou que por ele andam.

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Sobre a falta de médicos no Centro de Saúde do Sabugal

1-Considerando que no Centro de Saúde do Sabugal há uma gritante falta de médicos, o que prejudica gravemente a população do concelho;

2- Considerando que o Ministério da Saúde tem a obrigação de fazer investimentos no Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente valorizando os seus profissionais;

3- O Serviço Nacional de Saúde é uma das mais importantes conquistas resultantes da Revolução do 25 de Abril de 1974 e está consagrado na Constituição da República Portuguesa e em muita legislação;

- A Assembleia Municipal do Sabugal, reunida a 29 de Setembro de 2023, exige que o Ministério da Saúde promova a colocação de mais médicos no Centro de Saúde do Sabugal, no sentido de garantir o direito à saúde por parte dos habitantes do concelho.

- Insta a Câmara Municipal a mostrar a sua indignação com o que está sucedendo e que, no âmbito das suas competências, pressione o Ministério da Saúde a resolver a situação da falta de médicos.

Os membros da Assembleia eleitos pela CDU

João Carlos Taborda Manata e João Manuel Aristides Duarte

Aprovada com 2 votos contra: 1 do presidente da AM e outro 

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                                                                    José Nunes Martins

5.10.23

MONARQUIA, REPÚBLICA, DEMOCRACIA - EM MALCATA TANTO FAZ!

Na falta da bandeira, hasteei o galhardete

    

   

   O Cinco de Outubro de 1910 foi uma revolução organizada pelo Partido Republicano e que acabou com o regime monárquico para passar a uma República. Desde 1143 a 1910 o nosso país foi governado segundo a vontade dos Reis, tendo sido D. Manuel II o último a reinar. Foi para o estrangeiro porque o país estava ingovernável e no dia 5 de Outubro de 1910, pela manhã, foi proclamada a República Portuguesa.
   Este acontecimento acabou por se transformar num dia "feriado nacional". Mas é um dia que passa ao lado dos residentes na nossa freguesia. Até parece que na aldeia vivem noutra República, bem diferente da que é celebrada em Lisboa, Porto, Coimbra e outros locais do país. São muitas as pessoas que até sabem que hoje é feriado nacional, mas fazem de conta e que o que se passou há mais de cem anos pouco interesse lhes desperta. Provavelmente, quem trabalha na terra está a fazer o que faz todos os dias e o que pede é que o deixem em paz. 
   E à noite, quem sabe lhe apeteça ligar o televisor para ver as notícias e então sim, tem uns momentos disponíveis para ouvir falar do dia 5 de Outubro de 1910, porque o de 2023 lembra-se perfeitamente daquilo que andou a fazer. 
   Nada disto é coincidência e na nossa freguesia não se passa nada, nem sequer a Bandeira Nacional é hasteada num dos mastros da sede da Junta de Freguesia, a entidade institucional que representa o Estado Republicano Português. Quando os representantes legais do povo perante a presença das mais altas individualidades políticas e governativas tem atitudes assim, alguma vez os residentes estão motivados a celebrar dias importantes como o dia de hoje? Sou levado a crer que é mais provável ver num sítio bem alto e visível, seja numa janela ou numa varanda, uma daquelas bandeiras do Sporting ou do Benfica ou do Porto em vez da Bandeira Nacional onde até já colocaram três mastros!
   Enfim, se os mastros e os feriados são a fazer de conta, acabem com isso tudo.

                                                               José Nunes Martins

2.10.23

OIGP TERRAS DO LINCE - Malcata

       


   Está a decorrer até ao dia 3 de Novembro de 2023, a Consulta Pública da proposta para o projecto que a AIGP-Terras do Lince-Malcata vai implementar nos próximos tempos.
   Trata-se de um documento de interesse para a nossa freguesia. Apelo aos malcatenhos que leiam e procurem esclarecer alguma dúvida. E para além da leitura, se acharem que têm alguma sugestão a fazer, também o podem fazer. Podem enviar as sugestões para a Câmara Municipal do Sabugal de duas formas: pela internet ou escritas em papel e entregues no Balcão Único, na Praça da República, no Sabugal. Em Malcata deve estar acessível, para consulta, na sede da Junta de Freguesia. 

   

   A Consulta Pública decorre durante o período de 30 dias uteis, de 21 de setembro a 03 de novembro de 2023. Acompanhe as novidades no sitio da internet da Direção-Geral do Território.

   Todos os interessados podem consultar e apresentar sugestões, em suporte de papel, no Balcão Único do Município do Sabugal e no Município de Penamacor das 9H às 16h.

   As participações podem também consultadas nos sítios e internet dos municípios de Sabugal e Penamacor e enviadas, em suporte digital, para o email: opaflor@gmail.com

Para mais informações e esclarecimentos poderá contactar a Entidade Gestora: OPAFLOR – Associação de Produtores Florestais da Serra da Opa;

Rua Dr. João Lopes nº 17, 6320-420, Sabugal

E-mail – opaflor@gmail.com

   Também podem saber mais aqui:
   https://www.dgterritorio.gov.pt/Operacao-Integrada-de-Gestao-da-Paisagem-Terras-do-Lince-Malcata