20.6.08

HISTÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA






- Oh João, acorda que já são horas.
Abri os olhos e no meio da escuridão respondi:
- Está bem, eu já me ponho a pé.
A minha mãe continuou:
- Vá, levanta-te e veste a roupa que tens na barra da cama. Tens o jarro cheio de água para deitares no lavatório e lavares a cara. Ouve, o lume está aceso, se quiseres tens pão dentro da bolsa que está pendurada no prego por cima da mesa da cozinha. Parte uma fatia e põe-na a torrar na grelha e unta com um fio de azeite. E em cima do fogão tens um copo de alumínio com leite. Liga o fogão e aquece o leite. Tem olho nele e não o deixes ferver até sair por fora. Vá, levanta-te.
A porta do quarto fez barulho quando a minha mãe saiu os meus olhos fecharam-se sem o menor ruído e toca a virar para o lado da parede para aproveitar mais um bocadinho no quentinho.
Foi a murrenhice mais rápida que me lembro. Não é que o raio do burro desatou a abrir a boca e zurrar bem alto assim que a minha mãe abriu a porta da loja! Só podia ter sido a minha mãe que foi à loja amanhar o burro e dar de comer ao gado. Que mania têm de ir à loja cedo. É sempre a mesma cantilena e o remédio é aguentar e acordar. Até parece que o burro sabe que é chegada a hora de comer palha ou umas canas de milho. O que ele nunca sabe é como é que vai ser o dia.
Com tanto zurrar, também a vaca não se ficou por menos e vai daí ouço um daqueles muus que toda a vizinhança ficou a saber que a Ti Benvinda já anda na loja.
Bom, não tive outro remédio senão sair do ninho. Sentei-me na borda da enxerga e às apalpadelas procurei a roupa que ia vestir. Toca a lavar a cara e a pentear que o dia vai começar.
Hoje, primeira quinta feira do mês, a minha mãe vai levar-me ao mercado do Sabugal. Tenho que comportar-me bem e não fazer birras. Logo, à tarde, depois de chegar do mercado, já posso ir brincar com o tractor, com reboque, pois a minha mãe prometeu que me comprava um.

19.6.08

ESTRADA DE MALCATA: TRAÇADO E PISO REMODELADO



As obras da estrada de Malcata estão a chegar ao fim. Em Maio último já senti a diferença e o aumento de conforto ao percorrer os 6 quilómetros que a estrada continua a ter. De facto, o piso de asfalto é muito, mas muito mais macio e deixa-nos a sensação de que o as novas estradas também já chegaram a Malcata. A estrada está mais larga, algumas curvas foram retocadas, outras foram eliminadas e as bermas estão agora prontas a escoar as águas da chuva. A sensação que tive ao experimentar a "nova" estrada é que podiam ter ido ainda mais longe. Há curvas que simplesmente se deslocaram uns metros, mantendo o mesmo corte ( exemplo disto é a curva que se situa antes ou depois do campo de futebol, conforme o sentido em que nos dirigimos. Há outra curva que ainda não entendi o porquê do trabalho que tiveram para ficar mais do mesmo, ou seja, a curva no traçado antigo apenas tinha um mau piso. Ouvi por aí dizerem que ficou assim porque os donos das terras não cederam nos seus direitos de proprietários. Talvez as contrapartidas também não tenham sido bem propostas e a aldeia perdeu a oportunidade de realmente passar a ser servida com uma estrada mais bem desenhada.
Contudo, o que está feito, feito está. A obra arrastou-se durante largos meses. Ainda faltam alguns pormenores no seu acabamento: pintar as faixas de rodagem, colocar os rails de protecção, respectiva sinalização vertical como a lei manda.
Fica um agradecimento ao Presidente da Junta de Freguesia de Malcata pelo empenho que colocou antes e durante a obra e há que salientar que lutou para que Malcata beneficiasse realmente com esta melhoria rodoviária.

18.6.08

FARMÁCIA CENTRAL DO SABUGAL




O Teatro Tivoli, em Lisboa, foi no passado dia 4 de Junho palco da cerimónia de atribuição dos Prémios Valormed 2007, evento que se destina a premiar as farmácias que mais se distinguiram na adesão ao SIGREM- Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos fora de uso. É um projecto que visa aliar a saúde ambiental à saúde pública.

Das 2.748 farmácias aderentes ao SIGREM (nada menos do que 98% do total de farmácias do país), 46 viram assim ontem o seu trabalho destacado da melhor forma, com galardões que premeiam a sensibilização que providenciam ao público e as quantidades recolhidas de resíduos de embalagens e medicamentos fora de uso.

O Sabugal foi representado pela Farmácia Central tendo recebido das mãos da embaixadora da campanha Valormed 2008, a estilista Fátima Lopes, um novo ímpete para continuar a valorizar a recolha de medicamentos usados.

16.6.08

QUEM COMPRA?

OS MOLEIROS DE MALCATA

Moinho recuperado



Ver a mó a moer


Visita ao moinho



Vídeo Beira TV




Ainda me lembro dos tempos em que o Ti Quim Nita( pai do Joaquim António, ex-Presidente da Junta de Freguesia de Malcata) carregava o burro com as sacas de "pão"(centeio ou trigo) e as levava para o moinho. Uns dias depois, uns dias depois, via o burro chegar ao Carvalhão (lugar onde ainda vivem os meus pais e o Ti Quim) com as talegas cheias de farinha.
Em Malcata havia mais moinhos e também mais moleiros. Hoje, jazem todos afogados nas águas da albufeira da Barragem do Sabugal. Nada nem ninguém impediu o seu desaparecimento. Quem os conheceu e quem deles viveu, só restam as memórias dessas autênticas e genuínas moagens.
Em boa hora( talvez não a melhor opção de localização porque a água é pouca) a Junta de Freguesia construiu um novo moinho para não apagar de vez essas vivências e riquezas que outrora contribuiram para o desenvolvimento da nossa aldeia.
"Moinhos da Baságueda-Comunidades Rurais: Saberes e Afectos"é o título de um livro da autoria de Lopes Marcelo. Este amante dos moinhos decidiu salvar parte deste património e recuperou um moinho, na esperança de que as autoridades competentes e outros proprietários lhe seguissem o exemplo, preservando esta arte secular.
José Martins, desde os 36 anos de idade que não se cansa de olhar para as mós a rodar e com essas voltas e voltas a transformar o grão em farinha.
O vídeo que acompanha esta postagem foi produzido pela BeiraTv e é um documento com muita importância e actualidade. Disfrutem e reflictam sobre este tema e talvez ajude a no futuro as pessoas lutarem pelo seu património, pelas suas raizes e quem sabe até pelo seu próprio bem-estar presente e futuro.