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26.5.10

MALCATA: A ASSOCIAÇÃO SOLIDÁRIA EM FESTA


A.S.S.M.- 15 anos de solidariedade

   Há 15 anos que o sonho se começou a realizar. Com a doação do terreno feito pelo senhor Manuel Augusto Cidades, Carlos Clemente tem sabido liderar esta associação que abriu as suas portas em 1995. Apoiar a terceira idade, devido a ser uma população muito envelhecida, foi o principal objectivo da criação da Associação de Solidariedade Social de Malcata.
   A celebração do 15ºaniversário da instituição celebrada no passado dia 15 de Maio e a divulgação desta associação de solidariedade social merece ser mais conhecida. E quem melhor do que o senhor Carlos Clemente, presidente da associação, para nos ajudar nesta tarefa? E a conversa aqui está:

CONVERSA COM CARLOS CLEMENTE, PRESIDENTE DA A.S.S.M.
Malcata.net: Que razões estiveram na criação da Associação de Solidariedade Social de Malcata?

Carlos Clemente:- O objectivo principal da criação da Associação foi de apoiar a terceira idade, devido a
ser uma população muito envelhecida e muitos viverem sós e entregues aos seus   próprios cuidados, pois a maioria dos seus familiares se encontrarem ausentes ou emigrados.

Malcata.net: Que ligação tem o senhor Carlos Clemente, presidente da A.S.S.M.,a Malcata?

Carlos Clemente: Estou casado nesta aldeia há 35 anos e tive sempre grande afecto com estas gentes.

Malcata.net: Quantas pessoas trabalham na instituição?

Carlos Clemente: Trabalham nesta associação 15 funcionárias e 1 funcionário, para apoiar os utentes no que for necessário.

Malcata.net: Quais são as principais actividades desenvolvidas pela associação?

Carlos Clemente: Lar, Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário, além das refeições, que são transportadas por carrinha e entregues ao domicílio pelos nossos funcionários, damos também apoio na higiene pessoal, habitacional e tratamento de roupas. Nestas valências temos como serviço complementar serviços clínicos, no apoio à doença visitando-nos uma médica uma vez por semana e enfermeira duas vezes por semana, ou mais consoante as necessidades. São desenvolvidas várias actividades ao longo do ano, como integração na comunidade, assim como várias festas que são muito do agrado dos idosos: Romaria da Senhora da Póvoa, Senhora de Fátima, Santa Eufêmia, Senhora da Ajuda, a festa da sardinha ( festa com os emigrantes em Agosto) normalmente seguida da realização da Assembleia Geral onde todos os associados podem expressar a sua opinião, poderão constituir uma lista para a direcção que será levada a votação de 3 em três anos; também fazemos o magusto, a matança do porco e celebramos o dia do idoso, para além de outras comemorações.

Malcata.net: Quais são as principais carências da associação?

Carlos Clemente: Nestas instituições existem sempre carências. Necessitamos da implantação de um elevador no edifício, para facilitar a mobilidade dos idosos, talvez a construção de um segundo andar, devido à enorme procura que a associação está a ter.

Malcata.net: Que projectos tem para o futuro?

Carlos Clemente: Melhorar cada vez mais a instituição e criar melhores condições para que os utentes se sintam tão bem como na própria casa.

Malcata.net: Qual a importância da instituição que dirige no contexto do concelho do Sabugal?

Carlos Clemente: A importância desta instituição para o concelho do Sabugal é abranger todos os utentes do concelho e não só, enquanto tivermos vagas.

Malcata.net: Fazendo uma viagem no tempo, de 1991 a 2010, que factos gostaria de salientar e de relembrar?

Carlos Clemente: A instituição foi criada em 1991 com a doação do terreno por um benfeitor da terra, Malcata, chamado Manuel Augusto Cidades, que me propôs doar o terreno em troca de ser apoiado em vida no lar que construiríamos, com a condição de nada pagar, pois vivia sozinho e com pouca família. A proposta do senhor Manuel Augusto Cidades foi aceite e ainda usufruiu dos  apoios do lar, nas condições por ele apresentadas, durante 10 anos.
Em 1992 começámos a construção do Centro de Dia, tendo sido inaugurado em 1994, ampliámos o edifício existente e no ano de 1995 o lar tinha já capacidade para 25 utentes, tendo a 5 de Maio desse ano o testemunho e a visita do Dr.Salter Cid, o então secretário de Estado da Segurança Social.
Não satisfeitos devido à grande procura e à necessidade de alguns utentes de ficarem na instituição durante a noite, aumentámos as instalações e em 1997 o lar passou a ter capacidade para acolher 37 idosos, sendo essa a nossa capacidade actual.
No espaço envolvente temos um castanheiro cujo estudo foi feito por biólogos que lhes parece ter aproximadamente 700 anos, para além das muitas castanhas  que anualmente produz, permite fazer o magusto com a participação de toda a população de Malcata e muitas castanhas consumidas pelos utentes do lar. Dá também uma bela sombra que no Verão refresca quem se sentar junto dele.

Malcata.net: Recentemente foi inaugurado o novo Pavilhão Multiusos da Associação. Porquê uma obra daquela dimensão?

Carlos Clemente: O pavilhão multiusos que nos fala, começou a ser construído em 1998, também com o objectivo de recebermos nas festas, condignamente, outros lares, visto não termos um salão que nos permitisse acolher nos dias festivos tanta gente. Ainda agora, nesta pré-inauguração de 15 de Maio, estiveram presentes, para além da população de Malcata, representantes dos lares com vários utentes da Bendada, Casteleiro, Aldeia de Santo António, Alfaiates, Rebolosa, Aldeia do Bispo, e Fóios. Reunimos aproximadamente 250 pessoas, contámos com a presença de D.Manuel Felício, Bispo da Diocese da Guarda, que procedeu à celebração da Eucarístia  e à Benção do pavilhão, o senhor padre César Nascimento, pároco da freguesia, o Governador Civil da Guarda, a Directora Adjunta da Segurança Social, o senhor Chefe do Gabinete da Câmara do Sabugal e o senhor Vitor Fernandes, presidente da Junta de Freguesia de Malcata.
  Foi servido o almoço, seguiu-se um sarau musical com o acordeonista Carlos Coelho, um músico desta terra, seguindo-se a partilha do bolo do 15ºaniversário da associação.
  Este pavilhão não irá só servir os habitantes de Malcata, mas também os do concelho e do país. No próximo domingo, dia 30 de Maio, vai realizar-se o convívio da Associação de Caça e Pesca de Malcata, com os apoios da nossa Associação de Solidariedade Social de Malcata, da Associação Cultural e Desportiva de Malcata e também da Junta de Freguesia de Malcata, de cujo programa faz parte uma prova de BTT, almoço e sarau musical com a animação das tunas de Lamego, festa que abrangerá cerca de 250 pessoas.
  No mês de Agosto, dia 14 mais precisamente, haverá uma festa convívio com os nossos emigrantes, vulgarmente chamada "Festa da Sardinha", que se realiza todos os anos com a organização a cargo da ASSM. Este ano já será realizada no novo pavilhão multiusos e não no espaço envolvente ao lar, dadas as excelentes condições que o multiusos oferece. Segundo as informações de várias pessoas que têm visitado o novo Pavilhão Multiusos, é neste momento o melhor do concelho.

Malcata.net: Para fechar esta conversa, quer enviar alguma mensagem?

Carlos Clemente: Agradeço o interesse na divulgação desta instituição e dos empreendimentos que vimos realizando e estamos sempre ao dispôr para o que for necessário. Ninguém tem nada que nos agradecer pelos cuidados prestados aos nossos utentes, pois é nossa obrigação tratá-los o melhor possível, pois eles merecem-no.
Apelamos para quem ainda não é sócio da nossa associação (Associação de Solidariedade Social de Malcata ) que se inscreva, pagando 6,00€ por ano.

Nota: O meu sincero agradecimento ao senhor Carlos Clemente pela disponibilidade que teve. Foi assim desta forma que pretendi divulgar a A.S.S.M. e mostrar que é possível sonhar e transformar os sonhos em realidade, mais importante ainda, é quando esses sonhos vêm contribuir para que muitas pessoas vivam mais felizes neste mundo.
  

2.3.10

SER BEIRÃO. SER DO SABUGAL

Um beirão do Sabugal quando regressa à sua aldeia revive emoções e sensações. José Carlos Lages, "beirão do sabugal" empossado recentemente como Vice-Chanceler da Confraria do Bucho Raiano, fundador e administrador do blogue "Capeiaarraiana", concedeu uma entrevista ao jornal "A Guarda" que merece ser divulgada. Os sentimentos, as emoções e as inquietações deste raiano são a voz de muitos beirões do Sabugal com dificuldade em expressar o que lhes vai na alma, mas que sentem a necessidade de que é mesmo necessário e urgente fazer alguma coisa para que o Sabugal não morra.
Transcrevo parte dessa conversa:
A Guarda: Quem é José Carlos Lages?
José Carlos Lages: «Sou Beirão. Sou do Sabugal».Acrescento, agora, neto e filho de naturais da freguesia de Ruivós. O meu avô paterno foi contrabandista e o materno tinha um rebanho de ovelhas.



A Guarda: Que ligação tem ao Sabugal?
José Carlos Lages: As minhas ligações , as minhas raízes...estão na freguesia de Ruivós, estão no som único e inconfundível dos sinos do «meu» campanário. As minhas ligações estão na Raia, estão nesta imensa e saborosa relação dos cheiros, dos sons, dos sabores, das palavras e das nossas gentes. Sou presidente da Associação dos Amigos de Ruivós, integro a Mesa da Assembleia Geral da Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa e como gosto de dizer faço muitas milhas por mês na A23.
A Guarda: Qual a importância do bucho e de outros produtos da gastronomia raiana, para a economia do concelho do Sabugal?
José Carlos Lages: Os enchidos e o bucho são os melhores. Saborear um bucho em família ou com os amigos transporta-nos para os tempos da nossa meninice e da nossa infância...A importância comercial é actualmente, de reduzida importância. A Confraria tem autoridade legal para certificar a qualidade dos produtores e restaurantes e vai aproveitar essas competências para incentivar a produção, venda e oferta na restauração do bucho raiano.



A Guarda: A gastronomia, associada a outras potencialidades, pode contribuir para o desenvolvimento do concelho?
José Carlos Lages: Todas as tentativas são válidas. A região raiana tem uma gastronomia rica e variada onde se destacam os enchidos e o bucho, a truta do Côa, o mel da Malcata, os queijos e o cabrito. O desenvolvimento do concelho passa por convencer os turistas a visitarem a região e a ficarem mais do que um dia ou uma tarde. Mas é preciso acreditar, é preciso empreendedorismo porque escasseiam as oportunidades para inverter um cenário por onde se vão escoando as opções de vida e em lugar de regresso das nossas gentes assistimos ao abandono das nossas terras. Tem faltado muita sensibilidade cultural e política na Câmara e na Empresa Sabugal+. Os discursos e as obras têm sido feitos para dentro para aqueles que já estão convencidos esquecendo que é igualmente importante cativar os que são de fora. Felizmente sentem-se ventos de mudança com o novo executivo liderado pelo Engº.António Robalo, com uma vice-presidência feminina e uma oposição rejuvenescida e mais interventiva.

A Guarda: Como considera o Sabugal do ponto de vista do turismo e do património?
José Carlos Lages: O sabugal tem um património arquitectónico, gastronómico e histórico invejável. A Capeia Arraiana, os cinco castelos, o rio Côa com os viveiros de trutas e a barragem do Sabugal, as Termas do Cró, a Serra da Malcata e o lince que teima em voltar, o bucho e os enchidos, a história única do contrabando e da emigração a salto nesta zona da raia são marcas que não têm sido aproveitadas por falta de sensibilidade dos dirigentes políticos.

A Guarda: Que potencialidades existem e que, em sua opinião, ainda não estão devidamente valorizadas?
José Carlos Lages: Acima de tudo a Capeia Arraiana. Falta assumir como marca registada a Capeia Arraiana como património imaterial da Humanidade e como tradição com origem na raia sabugalense. Depois devia ser criado um grupo amador(tipo forcados) orientado pela Câmara Municipal do Sabugal ou pela Associação «Oh Forcão Rapazes» para que fosse possível actuarem em todos os lugares do mundo promovendo as terras do forcão. No passado mês de Janeiro, finalmente, a Câmara Municipal do Sabugal solicitou no INPI o registo das marcas «Capeia» e «Capeia Arraiana» para diversas actividades.
Para quando nas estradas que levam ao concelho do Sabugal a indicação: «Capital do Bucho Raiano»
«Terras do Forcão»
Penamacor tudo tem feito para promover a Serra da Malcata e os produtos que lhe estão associados como o lince, o mel, o queijo, etc...o Sabugal tem tido uma participação muito discreta. Belmonte apostou, em boa hora, nos vestígios e nas rotas relacionadas com os judeus. O Sabugal de acordo com um extraordinário trabalho de investigação do historiador Jorge Martins que está a ser publicado semanalmente no «Capeia Arraiana» tem imensos registos de famílias judias a residir no concelho.Infelizmente ficou de fora da aposta nos roteiros de turismo judeus. Aproveito para destacar o investimento privado «Casa do Castelo» que tem andado a pregar no deserto alertando para as potencialidades, enquanto alternativa de turismo sazonal, do investimento na investigação dos vestígios religiosos.
Apenas destaco mais duas: a fraca promoção que tem sido dada à truta das cristalinas águas do Côa e a incapacidade dos políticos e cidadãos influentes para saberem ouvir as ideias dos sabugalenses que sentem as suas origens mesmo não vivendo no concelho.
A Guarda: Como surgiu a ideia para a criação do seu blogue Capeia Arraiana?
José Carlos Lages: Começou por ser um desafio familiar da minha mulher e transformou-se na necessidade de alimentar uma paixão.O Paulo Leitão, além de primo, é um bom amigo e em conjunto temos investido o nosso saber e o nosso tempo livre para promover e destacar as terras raianas da Beira ( Alta e Baixa). O primeiro post, datado de 6 de Dezembro de 2006, diz apenas:«Castelo de cinco quinas, há só um em Portugal, fica à beira do Côa, na Vila do Sabugal».



A Guarda: Que balanço faz deste projecto que divulga o Sabugal na Internet?
José Carlos Lages: Costumo dizer que «acredito em pessoas, não acredito em projectos». Sinto que é um balanço muito positivo.
«Capeiaarraiana»mais do que um projecto é a alma de quem lá escreve e de quem o lê. O futuro inventa-se e como disse Fernando Pessoa: «Cultura não é ler muito, nem saber muito;é conhecer muito. Viver não é necessário. Necessário é criar.»




SOMOS BEIRÕES. SOMOS DO SABUGAL