20.1.20

MALCATA INTEGRA A UO7 DO PDM

Plano Director Municipal a necessitar de mudanças

   São muitas as diferenças que existem entre as cidades e as aldeias. E a forma de ocupação do solo é uma delas. Nas cidades existe um ordenamento e um planeamento muito mais cuidado, coisa que nas nossas aldeias é quase inexistente. Está aqui uma das razões de muitas aldeias se terem desenvolvido à vontade de cada um, muitas vezes sem preocupação com qualquer tipo de estudo ou planeamento. Contudo, as aldeias são parte do nosso país e precisam de ser preservadas, pois são parte da história de Portugal.
    A aldeia de Malcata é uma aldeia com a sua própria história, com as suas vias de comunicação, os seus campos, as suas tapadas e as suas hortas. A nossa aldeia tem que ser ela e compreender as suas origens, o seu desenvolvimento e com os olhos no futuro, pensar na aldeia que gostaríamos de continuar a desenvolver. 
   É à população de Malcata que compete envolver-se no planeamento do território e para que isso aconteça, precisamos que o poder local, nomeadamente a Câmara do Sabugal e a Junta de Freguesia, sejam os primeiros a esforçar-se por compreender as pessoas, as nossas tradições, os nossos costumes e envolvam a toda a população e a utilizem como parte fundamental para o desenvolvimento harmonioso da aldeia.
   Quem em Malcata já ouviu falar da sigla UO7 (Unidade Operativa 7)? 
    E quem já leu e compreendeu a Carta de Ordenamento para a aldeia de Malcata?
  Está disponível na página da internet da Câmara Municipal do Sabugal, mas merecia mais divulgação, não só esta parte como todo o Plano Director Municipal do Município do Sabugal.
  Acalmem-se e relaxem, tenho quase a certeza de que as pessoas das outras nove aldeias que fazem parte da nossa UO7 também desconhecem este documento. É um documento importante e orientador do que podemos e devemos fazer, ou não fazer, ao nosso território, aos recursos que nele existem e às potencialidades que ele oferece, dando-lhes bom uso, sem acabar com eles, com a consciência de deixarmos uma aldeia melhor para as gerações futuras.
                                                                                                           José Nunes Martins
  


UMA ESCOLHA DIFÍCIL


 
   Na manhã daquele domingo tudo mudou. A queda e os pedidos de auxílio foram os sinais que lhe indicaram que algo não estava tão bem até aqui. Esquecimentos, confusões com os dias da semana, pouca vontade de comer e confundir as horas das refeições já nele acontecia às vezes. Mas naquela manhã o tremer daquele corpo magro e frágil pôs à vista a segurança e o bem-estar daquele homem.
   Naquele domingo já não foi à igreja e ficou sentado numa cadeira junto à lareira, olhando de vez em quando para a cerimónia da missa que estava a ser transmitida pela televisão.
   Aquilo não tinha acontecido, não podia ter acontecido, mas aconteceu e sou invadido com uma carrada de perguntas. Tinha prometido a mim mesmo que ia retribuir nesta fase da vida dele, o amor e o carinho que recebi durante estes anos de vida, sem esconder que entre os dois, por causas ligadas à emigração e à minha abalada da aldeia, sentia que ainda nos podíamos dar a conhecer melhor um ao outro. Não era eu que o impediria de ir para outra casa, para a minha lá para o norte ou para a da minha irmã mais lá para o sul, sempre se mostrou sem vontade de voltar a deixar a casa, as suas coisas, as suas rotinas e não queria deixar as conversas com os vizinhos amigos, que às tardes se encontravam à sombra do castanheiro que ele viu crescer. Estava bem e ali é que ele se sentia como se sente o peixe dentro de água.
   Cada vez que o lar vinha ao de cima das conversas, o seu comportamento alterava-se e os seus gestos mostravam isso mesmo, o desejo de continuar na sua casa e com as suas rotinas. Não se imaginava a viver sem total liberdade individual, mesmo conhecendo a instituição e as pessoas que nela trabalham. Os horários para viver a sua vida, sejam da hora de levantar, de comer e voltar para a cama, sempre viveu, comeu e dormiu quando o corpo o pedia, principalmente depois de regressar da França.
   Chegou o dia de eu regressar para junto da minha esposa e das minhas filhas. Fui sem muita vontade, mas tinha que ser, pois sabia que o meu pai ia estar bem acompanhado pela minha irmã. Combinámos que dentro de dias eu regressaria para junto dele, pois tinha tempo para isso e ela tinha que ir trabalhar.
   O meu telefone tocou à noite e fiquei a pensar na mensagem que recebi. Conclui que aquela manhã de domingo ainda mexia com o homem, pois aceitou de bom grado a ida para o Centro de Dia e o regresso a casa para dormir. Fiquei espantado com esta decisão dele, mas se era a sua vontade, eu só tinha que a respeitar e compreender.
   Mais surpreendido me deixou ao saber que nesse mesmo dia, atreveu-se a perguntar se naquela noite, naquela primeira noite já ia dormir no lar!
   Que passou nos últimos dias do mês de Dezembro? Muitas coisas e parece que ele as compreendeu mais depressa e melhor do que eu. Sabia que no Natal tinha companhia e veio a saber depois que eu, para poder prestar auxílio à minha esposa que, por infortúnio, havia partido o pé em dois sítios, estaria longe dele durante bastante tempo, portanto a melhor opção era ir para onde não queria, mas as circunstâncias o obrigavam a ir para não passar outra vez por momentos de aflição naquela casa tão fria e sem mais ninguém.
    Então nesse dia de Dezembro, deixou tudo como estava, levou a roupa que tinha vestida e por obra e graça do senhor Moreira, que desistiu da sua entrada no lar, com os apoios e ajudas da instituição, ocupo o quarto onde agora descansa e dorme.
    Vou aguardar pela segunda oportunidade de o visitar, de o abraçar e ficar mais convencido do acerto da decisão que ele tomou, sem esquecer o empurrão que recebeu para lá chegar mais rápido.
                                                                                                       José Nunes Martins
  

18.1.20

PROGRAMA 2030 JÁ COMEÇOU



   Os próximos dez anos vão ser decisivos na definição daquilo que querem os malcatenhos para a sua freguesia a longo prazo. E dez anos passam depressa tendo já começado a contagem dos anos. Todos carregam consigo pontos fortes e pontos fracos. Se chegarmos a 2030 é sinal de que vivemos mais uns anos, contudo a probabilidade de lá chegarmos com mais problemas de saúde, mesmo com a ajuda da ciência e da tecnologia a ajudar com os seus avanços.
   O futuro pode trazer novas esperanças mesmo que os desafios sejam grandes. Por isso, ao longo destes dez anos muitas oportunidades irão surgir e temos de saber aproveitá-las bem, ou seja, vamos ter de fazer escolhas acertadas.
 
                                                                                                 José Nunes Martins
  

6.1.20

CANTAR AS JANEIRAS AQUECIA A VOZ E O CORPO

Cantar as Janeiras em Malcata

   Todos os anos, em Janeiro, formavam-se grupos de pessoas, jovens e menos jovens, para cantar as Janeiras. Um costume que durante anos e anos se praticou na nossa aldeia. Reuniam-se num local previamente combinado e percorriam as ruas indo de casa em casa a cantar e a tocar alguns instrumentos tradicionais: pandeireta, ferrinhos, castanholas, concertina, tambor, entre outros, desejando umas boas entradas  no novo ano. Regra geral paravam ao fundo das escadas e cantavam as quadras populares dedicadas às Janeiras:

Levante-se lá senhora
Desse banco de cortiça
Venha-nos dar as Janeiras
A morcela ou chouriça
   Com sorte, a porta abria-se e umas vezes entravam para beber, comer e ainda meter no saco.
   No final da volta às ruas, juntavam tudo o que conseguiram angariar e faziam uma agradável petiscada, regada com vinho e muita alegria.
   Outros tempos, outros costumes e tradições. Hoje tudo parece mais difícil de acontecer.           Cantar as Janeiras era uma tradição simples, muitas vezes percorriam as ruas às escuras, guiando-se pela luz da lua ou pela luz das candeias a petróleo, não havia televisão e jogavas-se às cartas, a conversar junto ao lume da lareira e assim era a cena mais natural e mais habitual.
   Durante alguns anos, a Associação Cultural e Desportiva da aldeia retomou essa tradição e
  renasceu esse bom e alegre costume, que mais não era que o avivar das memórias dos nossos antepassados e nessa noite ou noites, soltar a alegria e a confraternização sadia entre todos era o mais importante.
   Será que o vento tudo levou? Ainda tenho esperança que tenha ficado alguma brisa, alguma nuvem passageira que com o vento regresse.
   
    Cantar as Janeiras aos seniores do Lar era um dos lares mais queridos:

 
    




5.1.20

NOVO ANO - NOVA DÉCADA


      


   
     Que esta nova década nos reserve coisas boas, bem melhores e nos conceda a força e a coragem para sermos melhores pessoas, mais verdadeiros e mais felizes. A vida está nas nossas mãos e Deus dá-nos a capacidade e a liberdade para fazer desta década, de cada um destes dias o que quisermos. O pássaro está nas nossas mãos! Viver e deixar viver em liberdade, depende das nossas decisões, das nossas acções. Um simples abrir da mão dará a oportunidade ao pássaro se ver livre e voar, voar até o infinito.
   Está nas nossas mãos viver felizes e livres!
   Bom Ano.
A entrada neste novo ano é mais que uma simples mudança de números, é a transição para uma nova década. Ou seja, passados 10 anos o que mudou no mundo, no nosso país, na nossa freguesia e na nossa casa? E cada um de nós imaginava viver os acontecimentos que nestes 10 anos atrás?