06/01/2022

NEGÓCIOS SOBRE RODAS PARA TODOS

 




   Os tempos estão a mudar e da mesma forma os métodos de trabalho também mudam com o tempo e adaptam-se ao presente. Estamos no início de um Ano Novo e nestes dois últimos anos que passaram, muita coisa mudou e ainda vai haver mais mudanças. Quem se atreve hoje a prever o que vamos viver e experimentar neste ano 2022? Já nos demos conta que a vida neste planeta é curta e o que é seguro e certo hoje, amanhã já pode não ser. Quem ainda se lembra dos almocreves? Com o tempo a mudar, já se chamaram vendedores ambulantes. E algumas artes populares desenvolveram-se com o contributo destes homens e mulheres que iam de terra em terra oferecer os seus serviços em que a habilidade era fundamental. Desde ferreiros, latoeiros, amoladores de facas e tesouras, arranjos de guarda-chuvas ou sapatos, vindo mais tarde juntarem-se os padeiros, os peixeiros (vendedores de peixe e não arruaceiros), talhantes e nestes últimos tempos, juntaram-se os merceeiros e os barbeiros.
   Na nossa aldeia há muitos anos que as pessoas se acostumaram a esperar pelo padeiro e outros vendedores sobre rodas. E diariamente se ouve o som das buzinas e algumas cantigas populares, invadindo o silêncio deste paraíso. Vêm todos com os mesmos propósitos e o que desejam é vender e deixar os clientes com o essencial à vida do dia a dia.
   As aldeias e cada vez mais, precisam de oferta deste género de serviços. As pessoas que vivem na nossa aldeia são gentes de idade avançada, muitos nunca se deslocaram por meios próprios e só dali saem para ir ao médico ou aos mercados. E agora com o avançar da idade, menos gostam de sair daqui e apreciam a vinda destes senhores o pão e companhia.
   Durante o Verão e no tempo que andei a percorrer as terras do nosso concelho, dei-me conta que os vendedores ambulantes andam por todo o território e mesmo naqueles lugares mais pequenos e com meia dezena de almas, encontrava-os a prestar os serviços com o mesmo afinco. Um dos dias encontrei uma barbearia ambulante. O homem teve a ideia de transformar uma carrinha em barbearia. E com toda a simpatia e gentileza, lá me mostrou a sua barbearia e as terras por onde tem andado a cortar cabelos e barbas. Quem olha de fora para a porta e o tolde fica com curiosidade de espreitar e ver o barbeiro a usar a tesoura e pente. Daquela vez fiquei-me pela visita e explicação e disse-lhe que um dia, quando não sei, se o encontrasse em Malcata e estivesse a precisar de uma aparadela ao cabelo, ia mesmo marcar vez. Mal sabia eu que não buzinava pelas ruas da minha aldeia e portanto também não seria lá que me cortaria o cabelo. Mas então o senhor está aqui tão perto, vi ali no seu registo que percorre uma série de freguesias e lugares aqui do Sabugal, não vai a Malcata? Estranho amigo, é que lá não conheço nenhum barbeiro! Silêncio e calma...ouvi esta frase:
olhe amigo, eu queria ir, mas não vou, pergunte lá na junta!
   Termino esta crónica com uma pergunta: porque não vai o barbeiro sobre rodas prestar os seus serviços aos cidadãos que vivem na nossa aldeia?
                                                    José Nunes Martins






  
  


04/01/2022

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA REUNIU OU NÃO?

Salão da Freguesia de Malcata


    A Assembleia de Freguesia de Malcata reuniu no passado dia 21 de Dezembro de 2021.
    Na Ordem de Trabalhos constavam, para além de outros assuntos, três pontos importantes para discutir e votar:
1) Discussão e votação das Opcções do Plano e do Orçamento para o ano de 2022;
2) Discussão e votação do Regimento da Assembleia de Freguesia de Malcata;
3) Discussão e votação da venda de pinhos pertencentes à Freguesia de Malcata.
   Apesar de ter entrado à bem pouco tempo em funções, a Junta de Freguesia e a Assembleia de Freguesia, continuam com os mesmos hábitos antigos de esconder tudo o que acontece nas reuniões, assuntos que são do interesse de toda a comunidade, ou deviam ser.
   Ao longo do primeiro mandato, o senhor presidente prometeu mudar de empresa informática que não tem correspondido, como seria seu desejo, na manutenção da página da internet. E a mudança acabou por acontecer, dando origem a um espectacular anúncio de modernização e aproximação da junta aos cidadãos. A verdade é que continua tudo na mesma e continua a existir falta de respeito pelo cidadão, falta de informação, falta de transparência nas decisões que são tomadas.
   Como os malcatenhos podem verificar, uma consulta à página da freguesia na internet e nas redes sociais, para além de umas ligeiras alterações de apresentação, não há mais nada! Continuamos sem acesso às actas aprovadas das reuniões do Executivo e da Assembleia de freguesia. Como se pode ver, apesar dos autarcas serem os mesmos e eu já os ter alertado para o que se passa, não se nota a mais pequena preocupação em mudar o estado das coisas. Apesar de já iniciarmos um novo ano e dos autarcas eleitos serem repetentes nos cargos principais, continuamos com informações relativas ao primeiro mandato, ou seja, referentes ao mandato de 2017 a 2021.
   Então para que mudaram a página? Ou o objectivo das páginas na internet não são para cumprir, ou quando mudaram foi para não fazer o que seria suposto fazer e continuar a valerem-se de favores impedindo-vos depois de fazer pressão quanto à melhoria das páginas?
   Voltando novamente ao assunto da última assembleia de freguesia, o que foi discutido e aprovado?
   O Regimento da Assembleia foi alterado e aprovado? E o que decidiram quanto à venda dos pinhos?
   É que apesar de não existir oposição politica nas sessões da Assembleia de Freguesia, os malcatenhos merecem ser informados sobre os destinos da sua freguesia e do seu património. A freguesia de Malcata é dos malcatenhos e estes têm direito a um bom serviço público.
                                                                                 José Nunes Martins
  

Edital A.F.M.


27/12/2021

MALCATENHOS NA 1ªGRANDE GUERRA

                                       DOIS MALCATENHOS DESTACADOS PARA A 1ªGRANDE GUERRA
   Em Junho de 1914 começa a 1ª Grande Guerra e Portugal mantém-se afastado e neutral. Não por muito tempo porque a 9 de Março de 1916, a Alemanha declara-se em guerra e o nosso país preparou-se para o pior! E o dia 30 de Janeiro de 1917 ficará gravado para sempre na memória de muitos homens, dois deles naturais de Malcata. Foi a partir deste dia que
O Corpo Expedicionário Português, constituído por cerca de 60.000 homens, embarcaram com destino ao porto de Brest, na Normandia, e daí os soldados seguiram para a frente de batalha na Flandres, para as linhas das trincheiras do sector português nas aldeias ao redor de Aire-sur-la-Lys e Saint-Omer. 

      A “Guerra das Trincheiras” foi assim que ficou conhecida. Isto porque os soldados de ambos os lados combatiam a partir de trincheiras de cada lado. As trincheiras eram umas valas cavadas na terra, muito extensas, com o chão protegido com tábuas de madeira, em cima levavam arame farpado, pedras e sacos com areia. Metidos nestas trincheiras e a uma distância de cerca de 200 metros das trincheiras do inimigo, espaço conhecido por ser “terra de ninguém”, não desejada por nenhum soldado por muito corajoso que ele fosse. Na “terra de ninguém” eram alvo a abater e dali ninguém saía com vida ou sem sofrimento.
  
   No começo do ano de 1918, os soldados portugueses foram fortemente atacados e viveram dias difíceis nas trincheiras. Felizmente os nossos soldados malcatenhos sobreviveram e a 4 de Maio de 1919, os dois valentes guerreiros desembarcaram em Lisboa.

 


                                    Narciso Pires dos Santos, malcatenho que integrou o CEP

                                                                              «««+»»»

                                            Manuel Maio, malcatenho que integrou o CEP-foto ADG

      Integrados no Batalhão de Infantaria Nº12, embarcaram em Lisboa, no dia 21 de Março de 1917, Manuel Maio e Narciso Pires dos Santos.
      Manuel Maio, casado
com Ana Fernandes Chamusco, filho de António Maia e de Rosa Gonçalves; Narciso Pires dos Santos, solteiro, filho de Luís Pires dos Santos e de Rosa Gonçalves dos Santos. Os dois soldados tomaram parte na Batalha de La-Lys em 9 de Abril de 1918. Em 4 de Maio de 1919, estes dois bravos desembarcaram em Lisboa.
   
   É importante recordar, ouvir e recuperar as nossas memórias comunitárias. E estes documentos, que estão guardados nos arquivos...ajudam-nos a partilhar um pouco das memórias de dois soldados que participaram numa guerra.
Procurar e divulgar as recordações através de relatos, memórias, alguma fotografia, algum documento ou objecto, tudo é essencial para o conhecimento da nossa história como comunidade, como país e a história de cada um de nós.
                                                                                                
                                                                                                            José Nunes Martins

26/12/2021

ANTES QUE APAGUEM O NATAL DE VEZ

    

 


      O que está a marcar 2021?
   O Covid 19 e suas variantes continua a marcar este ano que agora está a chegar ao fim. As variantes já são tantas que as pessoas desvalorizam as consequências malévolas que podem causar.

  
   Pouca gente se apercebeu da guerra ao Natal. É vulgar dizer “Feliz e Santo Natal” e é um costume que estamos acostumados a dizer e a ouvir no Natal, sendo logo imediatamente rotulados à religião católica, como pessoas que costumam ir à missa do galo na noite de 24 de Dezembro. A guerra ao Natal passa pela ideia de retirar dos textos públicos e oficiais, a palavra Natal. Com o apagar da palavra Natal mostra-se ao mundo a vontade de respeito e de inclusão da diversidade do povo europeu. Mais uma tentativa de querer igualizar todos os cidadãos europeus nas suas opções culturais, sendo o apagar das palavras o primeiro passo. O Parlamento Europeu, através da comissária Helena Dali, apresentou a sua ideia de riscar a palavra Natal e deixar de se comemorar o nascimento de Jesus. Diz que é preciso favorecer a inclusão e respeito por todas as tradições.
   Para já, esta proposta foi metida numa gaveta até que voltem à guerra contra o Natal. Mesmo sabendo que há imensa fantasia e criatividade à volta do Natal, existirá alguma história que merece ser continuada e celebrado. E se querem apagar o Natal, que sentido tem continuarem as crianças a ser iludidas com a bondade e generosidade daquele homem forte e vestido de vermelho e branco, sacola às costas e que todos os anos aparece e enlouquece as crianças? Apagam a palavra “Natal” e apaguem também as histórias e fotografias do “Pai-Natal”, essa figura que os adultos deixam de acreditar e que tanta fantasia vende. Entre a palavra “Natal” e “Pai-Natal” qual proibir ou banir da cultura europeia? Eu, sou a favor da continuação do Natal. E vós?