24.6.21

MALCATA: FESTA DE SÃO JOÃO SINGULAR

   










   Hoje é Dia de São João, um homem que é santo, milagreiro e muito popular em Portugal. E sendo tão popular, o povo arranjou muitas maneiras de o celebrar. E na freguesia de Malcata, todos os anos, o dia 24 de Junho se festeja o santo. Esta festa popular levava algum tempo a preparar e por isso, algumas semanas antes deste dia, a rapaziada iam procurar o pinheiro que tivesse a altura e grossura que precisavam para dele fazerem o “mastro” para a festa. Lembro-me de olhar lá bem para cima do mastro, que se erguia direitinho até ao céu, ali no Rossio.       Com esta coisa da pandemia do Covid 19 não tem havido folia são-joanina. Resta-nos ficar pelas lembranças de festas passadas, cheias de memórias que também nos ajudam a compreender e a perpetuar as tradições populares da nossa gente. Aqui deixo algumas imagens que retratam algumas das festas de São João na nossa aldeia, dia de diversão e alegria.
                                                                        José Martins

PS: Se as imagens que publico incomodarem alguma das pessoas em causa, agradeço que enviem essa informação.




                                                                Fotos:


   




12.6.21

MALCATA: LUGARES E ESPAÇOS PÚBLICOS

Aguardando a abertura

 

      A aldeia de Malcata, pode até ser considerada aquela que apresenta a entrada mais bela e com uma fantástica paisagem. Mas a sua beldade também é feita de alguns pequenos pormenores. E quanto a dar importância às coisas, eu facilmente me perco e fixo neles, principalmente naquelas situações em que a grande diferença e os êxitos, por vezes, estão precisamente nos detalhes mais simples e mais pequenos. Para mim amar Malcata é também saber olhar para os pequenos detalhes, o que normalmente todos olham, mas são muito poucos os que deles falam.
   Os espaços públicos da nossa freguesia têm que existir e contribuir para atrair os habitantes da freguesia e quem a visita. Sempre que se pretende mexer nos espaços públicos, quem o faz, tem com certeza a ideia que vai melhorar ainda mais aquele lugar. Sabemos que quem governa a aldeia é que tem o poder de mandar executar. Vivendo nós numa democracia, ficava bem que algumas decisões, antes de aprovadas para execução, fossem colocadas em consulta pública e durante determinado espaço temporal as pessoas terem oportunidade de consultar e assimilar o que está em causa, dando até contributos para uma decisão mais abrangente.
    Desconheço como foi decidido a colocação do busto de Camões onde ele se encontra. O que sei é que a freguesia assimilou bem o novo ordenamento daquele espaço. A freguesia sentiu e continua a sentir-se agradecida pela homenagem que quiseram oferecer. Um lugar onde havia castanheiros, sem nome, sem identidade, a partir de 1965 passou a chamar-se “Camões”.
   E em Malcata tenho a certeza que há lugares e espaços públicos a precisar de serem valorizados, de se transformar em lugares atraentes. Não tenho dúvidas que a pintura do lince em Malcata, foi com a intenção de melhorar o Largo de Camões, atrair visitantes à freguesia e ser uma forma de lembrar uma das marcas identitárias da nossa aldeia. Se assim não foi, se foi simplesmente para imitar o que outras aldeias já têm, não querendo a nossa terra ficar para trás, então a coisa complica-se ainda mais. Gosto do lince e aprecio aquele lince pintado por Styler. A qualidade do artista e do seu trabalho é boa. gosto do colorido, tem vida de felino e os olhos dele seguem quem ali passa. Infelizmente já não consigo estar de acordo com a escolha daquelas paredes para o lince, mesmo até sabendo que a ideia foi dada pelo artista. Sabem, não consigo encontrar uma ligação, uma particularidade que ligue o Camões com o lince, ou dizendo de outra maneira, entre o que já existia e o que agora lá foi deixado. Ficou melhor o espaço? A pintura veio dar mais valor ao busto? Como se vê, são algumas das perguntas que eu me faço a mim mesmo. É que, por muito que imagine, aquele espaço não ficou melhor e está ali uma atração nova que ainda vai dar que falar. Não faltavam e não faltam espaços públicos na freguesia à espera de visibilidade e atração. Termino com uns pozinhos de ironia, sem maledicência, com um conselho aos futuros governantes: por favor, não mandem escrever os versos do Camões nas paredes do CILI, mas pelo menos, pintem coelhos!
                              José Martins


12.5.21

LINCE IBÉRICO CHEGOU A MALCATA PELA MÃO DE STYLER

 




                                                          CONHECE O ARTISTA?

   







Styler é um artista de Arte Urbana que pinta as paredes de estruturas em espaços públicos por cidades, vilas e aldeias que o convidarem para esse trabalho. João Cavalheiro, é o seu nome próprio, é um artista luso-francês, com um currículo comprovado neste tipo de arte. 



Algumas das suas obras:



João Cavalheiro nasceu em nasceu em Lille, França nos anos 90. Iniciou a pintura mural em meados de 2004 e define-se como autodidata. Com o graffiti adquiriu a sua experiência e técnica com que hoje expressa maioritariamente a sua arte em spray sobre murais e espera vir a ganhar mais nome além fronteiras.

Mural na cidade do Sabugal



Para melhor conhecer a sua arte, que ele, com tanto génio, vai deixando gravada por todo o lado, consulte as suas páginas. E fique atento à Street Art de que Malcata e outras aldeias do Sabugal se podem orgulhar.

   Um agradecimento ao artista pela publicação das fotografias.

Faceboook: https://www.facebook.com/JoaoCavalheiroStyler/

Facebook: https://m.facebook.com/JoaoCavalheiroStyler/?locale2=pt_PT

Instagram: https://www.instagram.com/stylerone90/?hl=pt


STYLER MOSTRA A SUA ARTE EM MALCATA




Lince da Malcata by Styler, em Malcata

















4.5.21

A DEMOCRACIA TEM COR?

 


  Desde 1976 que as dinâmicas de transformação social, económica e cultural da nossa freguesia estão a ocorrer no mesmo sentido político. O percurso feito até hoje é que nos levou ao ponto onde nós estamos. Nestes 45 anos de democracia a inexistência de verdadeiros debates de ideias
são para mim motivo de preocupação e inquietude, revelando o domínio do pensamento único e comum a toda a comunidade. Esta realidade merece uma reflexão longa, aprofundada e séria. Esta não é a democracia da liberdade, da pluralidade, mesmo que ela pareça existir, é palpável a sua ausência.
  A insatisfação sentida por alguns dos cidadãos da nossa freguesia e aquela sensação de que faz falta mudar algumas coisas para restabelecer uma democracia participativa, plural, respeitadora das ideias de cada pessoa ou grupo.
  O que acontece é o mesmo em todas as eleições autárquicas. Independentemente das pessoas, dos projectos e das ideias, independentemente das promessas feitas e dos resultados alcançados, é muito mais importante e decisivo a cor do símbolo partidário. Malcata é uma freguesia que vive resignada e num comodismo tal, que não é difícil adivinhar o seu futuro. Preocupa-me a falta de ideias e de confronto dessas mesmas sem que acabe em acusações e desavenças. Talvez por isso as alternativas tenham muitas dificuldades em serem aceites. Esta forma de entender a democracia é diferente da democracia da liberdade de pensamento e acção. Quando um povo, ou a sua maioria, se acomoda e desiste de apresentar alternativas, aceita aquilo que determinado grupo político apresenta, sem sequer colocar a mais pequena dúvida, sem qualquer sentido crítico, é um povo aprisionado por livre vontade. Mesmo que se sinta uma ligeira e legítima sensação e insatisfação e sentimento que alguma coisa devia mudar e tentar restabelecer a confiança das pessoas na democracia mais participativa e abrangente, os medos e as inseguranças deitam por terra esses desejos.
  Na nossa freguesia repetem-se as promessas e não as acabam, insistem nos mesmos erros e o que nasceu torto não se endireita e para espanto de alguns a escolha recai no mesmo na esperança de que agora vai mudar.
   A nossa freguesia já se acostumou a viver assim e cresce a apatia e o desinteresse pelas políticas governativas.
  Olharmos para o passado com um pensamento crítico e focar o andar no caminho a seguir é o que deve ser feito. Conhecer e compreender o passado, o que foi e não foi feito, deve fazer-nos reflectir no que realmente desejamos e queremos ser, fazer e ter na nossa freguesia.
  A democracia vive da pluralidade e da liberdade, do debate e do confronto de ideias. Respeitar as ideias de todos e escolher as melhores em qualidade é o que nos espera daqui a uns meses. O passado é importante e está muito para além dos acontecimentos que já passaram. Os resultados e o valor acrescentado à nossa aldeia, beneficiando as pessoas é o que realmente importa. Reconhecer erros e comunicá-los em vez de os esconder, reivindicar e apresentar verdadeiras alternativas é a atitude que se necessita. Fazer melhor, fazer mais e melhor é um bom princípio, mas tem que se juntar o compromisso e a transparência devida.
              por Josnumar       
            
José Nunes Martins
  

23.4.21

MALCATA: O PROBLEMA DA ÁGUA CONTINUA

Água que apetece beber todo o ano



                                           
   Há muitos anos que a água da rede pública não chega a todas as habitações da nossa freguesia. Malcata tem um problema chamado “falta de água” nas torneiras. A falta de água é mais grave para as pessoas que habitam as zonas mais altas da freguesia, mas não só, a seca também acontece nas outras áreas da aldeia, principalmente durante os meses de mais calor. Antes da chegada da água da rede pública água havia-a à farta e não havia qualquer entrave ao consumo. Com a chegada da rede de água, as pessoas acostumaram-se a moderar os gastos e a maioria deixou de ir com o cântaro buscar água à fonte. O que alguns residentes não contavam era estar tantos anos sem água da rede em casa. Valeu-lhes as economias e a abertura de um furo para captação de água. Resolveram o seu problema e por desconhecimento, contribuíram para algumas fontes ficarem sem força na veia, quase secas com a moda dos furos artesianos.

  Lembro-me dos meses de Agosto e dos problemas que a falta de água causava e continua a causar. Com a presença dos imigrantes o número de consumidores também aumenta e a rede pública é incapaz de dar resposta às necessidades. Mas como os imigrantes, embora sempre bem-vindos e bem acolhidos, não têm peso político, as Juntas de Freguesia, todas, limitaram-se a remendar a falta de água e a enviar alguns ofícios para a Câmara Municipal do Sabugal. É preciso dizer que a água ao domicílio é um direito que todo o residente da nossa freguesia tem.
                  José N. Martins

11.4.21

RONDA PELA FREGUESIA DE MALCATA

 

  

Nora na Fonte Velha


   Tudo o que nasce morre, diz o ditado.
   Nós às vezes esquecemos que as aldeias também envelhecem. Estou a referir-me ao seu património, ao seu mobiliário urbano, ao seu edificado...casas que já foram habitadas, nelas se criaram os filhos e hoje essas habitações são um monte de pedras ou para lá caminham. Paredes com “barrigas” que podem romper a qualquer momento, janelas sem vidros, carvalhos e sabugueiros nascem entre as paredes, enfim, um dó de alma olhar para aquilo.
   Vesti a roupagem de um turista e dei uma volta pela nossa aldeia. Cheguei à Fonte Velha, ali reparo na nora, uma relíquia de antigamente, arrepio-me ao ver tanta ferrugem e tanta degradação. Olho para as paredes e a tinta onde ela já vai. Disse para mim mesmo: “Valha-me Santa Engrácia! Então não seria possível arranjar a nora e pintar as paredes?” Aqui deixo o pedido, como malcatenho, a quem de direito, que devolva a beleza e a dignidade que aquela fonte merece.
   Mas as coisas não acabaram, há mais para contar. Na Rua da Moita há muitas casas desabitadas e abandonadas à sua sorte. Não tenho palavras para descrever o estado de abandono que vi naquela rua. A Junta de Freguesia devia continuar a seguir o mesmo critério que já aplicou noutras casas abandonadas ou em ruínas existentes noutras ruas. Quando um proprietário não quer saber da casa para nada, quem olha pela segurança do transeunte ou mesmo os residentes que por necessidade, têm que passar naquela rua? Não basta chamar a Autoridade da Protecção Civil Municipal, estender uma fita vermelha e branca e lavar as mãos se ocorrer um acidente!
   Hoje vou ficar por aqui. As duas situações são gritantes e merecem ser
motivo de maior atenção por parte da Junta de Freguesia, pois penso que dinheiro e soluções existem. E há que resolvê-las para não acontecer uma desgraça a alguém que passe no local errado e à hora errada!!!!  
   
                                        Josnumar
                                       (José Nunes Martins)
  

9.4.21

ALCUNHAS EM MALCATA

                                                                                              Foto in JN


                                   LISTA DE ALCUNHAS USADAS EM MALCATA

                                   

   Quando não estamos na presença de determinada pessoa, facilmente identificamos a quem nos estamos a referir usando a alcunha ou apelido. E na nossa aldeia as alcunhas são diariamente utilizadas para identificar determinada pessoa, mesmo sem dizer o seu nome próprio. A utilização das alcunhas ajuda a conhecer a forma de pensar da nossa comunidade assim como ela realmente é:
os seus valores, a sua maneira de viver, as ocupações que tem, os costumes e as tradições. É também um meio que facilita a identificação e a comunicação.
   Algumas alcunhas por vezes são a forma mais rápida de identificar uma família, porque na aldeia essas pessoas conhecem-se pelos apelidos mais do que pelo nome de baptismo.
   Na nossa freguesia desconheço a existência, até ao momento, de algum trabalho de recolha das alcunhas. Seria importante fazer uma recolha das alcunhas usadas na nossa aldeia. Um apelido ou alcunha constitui uma marca, um sinal com que instantaneamente se pode identificar determinada pessoa de um determinado lugar, comunidade ou família. Quem ri dos outros e com os outros pouco liga quando o chamam pela sua alcunha. E também há quem fique melindrado se tal acontecer à sua frente. Por isto acontecer, sei que também na nossa aldeia há pessoas que detestam ser conhecidas por uma alcunha. Dado o número elevado de alcunhas conhecidas na nossa aldeia e como contactar a todos é uma tarefa muito difícil, diria mesmo impossível de alcançar, pensei na alternativa possível para avançar com a elaboração desta lista de alcunhas. E a minha ideia foi a de publicar as alcunhas que conheço, estando aberto à vossa colaboração para aumentar a recolha, a melhor forma de o fazer seria escrever as alcunhas, mas com o cuidado de não referir a pessoa ou família em concreto. Será uma maneira de evitar ofensas e mal-entendidos.  Esta lista das alcunhas deve ser entendida como parte importante da identidade do nosso povo, dos nossos costumes e nunca se deve confundir com qualquer intenção de ofensa. As alcunhas são registos importantes nas memórias da nossa terra e não ser motivo de chacota ou ataque ofensivo.
   Portanto, eu vou iniciar esta Lista de Alcunhas e se mais alguém se lembrar de mais algumas, por favor envie, tendo sempre o cuidado de não referir pessoas ou famílias em concreto.
LISTA DE ALCUNHAS EM MALCATA:
A- Albardeiro, Alfaiate
B- Bica,Bico,Borrachão,Barroco
C-Caldudo,Coxo,Cuco,Cagão,Canino
D-
E- Estrelado,
F- Fachó, Farrusco, Forneira, Faifai
G- Galo, Gaio, Galinho, Gravanço
H-
I-
J-
L-
M- Moleiro, Moedas
N- Nita
O-
P-Padre, Poleiro, Peneira
R- Rainho, Raninha
S- Sapateiro
T- Torto, Triste



8.4.21

MALCATA: É PRECISO ABRIR A JANELA


                    MALCATA: É PRECISO ABRIR A JANELA

   A página oficial da Junta de Freguesia de Malcata, ver aqui:
https://www.freguesiamalcata.pt/ tem estado desaparecida.  
   Graças a Deus hoje voltou a estar visível e assim como desapareceu voltou a aparecer, igualzinha a ela própria: muito pobre!
       Ontem o município do Sabugal apresentou a sua nova imagem digital
https://www.cm-sabugal.pt/municipio-do-sabugal-apresenta-nova-identidade/

e pensei que talvez, quem sabe, a página de Malcata também tenha sido renovada. Mas não, não aconteceu nada, por motivos que desconheço, andou desaparecida das autoestradas digitais.
   Para que serve uma página ( site ) assim? Informação incompleta e desactualizada, pois a última notícia no separador NOTÍCIAS, é de Setembro de 2019! Pasmem-se, onde estamos nós hoje!
   A acreditar no site, em Malcata não pode visitar a Fonte de Mergulho, não existe nenhuma associação e não aconteceu nada de relevante.
   Já não me refiro à publicação de documentos do executivo e da assembleia de freguesia, nunca o fizeram. Será que aguardam a aquisição do sistema de gravação sonoras das reuniões para mais tarde serem transcritas para texto e posterior publicação no site?
   E a mesma miséria acontece com a página oficial no Facebook.
   Aqui: https://www.facebook.com/freguesiademalcata
 Quem quiser ficar a conhecer as actividades da Câmara Municipal, ainda encontra o que fazem e o que dizem que vão fazer. O resto, seja na freguesia ou no interesse da freguesia, mesmo acontecendo não querem que apareça, apesar de existir e de o presidente do executivo participar.
   Para que serve uma ferramenta que não querem aprender a utilizar? E se o que interessa é propagandear as actividades do município e não os da Junta de Freguesia, afinal para que serve uma Junta de Freguesia assim? Qual o valor acrescentado pelas páginas que a freguesia tem neste momento?
   E porque razão isso tem acontecido?
   Se é para isto que têm a página na internet, mais vale poupar os malcatenhos a esse trabalho e deixar de fazer uma má promoção da freguesia.

5.4.21

MALCATA JUNTA É MAIS FORTE

                                              

"Temos todos de pensar
uns nos outros". 
                   Rui Nabeiro

 



   Hoje, o primeiro dia a seguir á Páscoa, em muitas localidades é guardado para estar com a família e divertir-se, passear, comer ou receber a cruz.

    Mas estes dois últimos anos, por causa da pandemia do Covid 19, não se realizaram os rituais religiosos habituais.
    Cá para o norte, dada a falta de padres e seminaristas, são homens e mulheres, enquanto leigos, que fazem a Visita Pascal. É uma tradição já muito antiga. As famílias abrem as portas de suas casas ao compasso para assim receber a bênção. A cruz entra e todos os que estão em casa a beijam. Abençoam a casa ungindo-a com água benta. As pessoas sentavam-se à mesa que costumava ter amêndoas, doces da Páscoa, licores e vinho para oferecer aos membros do compasso.
   Na época da Páscoa, havia o costume de fazer limpeza à casa, caiá-la e deixar tudo arrumado.
      
   Mas, afinal o que nos está a acontecer?
   Porque aconteceu?
   Para onde nos estão a levar?
  
   Como povo, como comunidade e como cidadãos responsáveis, temos que continuar a proteger-nos a nós mesmos, porque esta é a forma de proteger também os outros. Estamos fartos das máscaras na cara, estamos cansados de não andar livremente. Temos que tomar consciência da importância do nosso comportamento e da responsabilidade das acções que levamos a cabo no nosso dia a dia e no espaço da nossa freguesia. Lembro que juntos somos mais fortes e pensar no próximo é pensar no outro e o outro pensar em nós.
  
   Hoje, 5 de abril, segunda-feira de Páscoa, começou a segunda fase do plano de desconfinamento, com a reabertura das escolas do 2.º e 3.º ciclos, esplanadas, feiras, mercados e lojas até 200 m2 com porta para a rua, mas é proibido sair do concelho de residência.

   Com certeza que as esplanadas em Malcata também abriram.
   Como foi o regresso?                    

              Josnumar   
        (José Nunes Martins



2.4.21

MALCATA: MEMÓRIAS E RAÍZES

  

 

 

                 MALCATA:  MEMÓRIAS E RAÍZES DA IDENTIDADE

  




   A Sexta Feira Santa era a noite mais triste do ano em Malcata. Ao princípio da noite todos iam ao enterro de Jesus Cristo. Lá dentro da igreja o ambiente ficava muito pesado, altares tapados de um tecido roxo,
sacrário aberto e vazio, um enorme caixão de madeira, em cima do altar era o foco central. Lá dentro jazia o corpo de Cristo, aquele que estava o ano todo no altar-mor da nossa igreja, nesta noite de Sexta-feira Santa, retiravam-no da cruz e era depositado dentro do caixão que seria transportado em procissão pelas ruas da aldeia. A procissão saía da igreja e entrava na Rua da Ladeirinha, seguia pela Rua da Moita, descia pela Rua da Tapadinha e ao chegar à Rua da Fonte, voltavam em direcção à Torrinha, Rua de Baixo e entravam na igreja. Tudo nestas cerimónias eram muito tristes, as mulheres vestiam-se de roupas escuras, pretas mesmo, cobriam a cabeça com lenços e até os cânticos eram de morrer.
   Penso que a procissão parava duas ou três vezes para marcar alguns passos desta cerimónia. Numas escadas ao início da Rua da Moita, paravam o enterro e acontecia aquele doloroso encontro entre uma Mãe que vê o Filho a caminho do túmulo. Tudo era difícil e o povo sentia piedosamente aquela trágica e incompreensível morte, os homens que transportavam o caixão, tinham que descansar várias vezes com a ajuda de umas galhas de pau, dado o peso que levavam aos ombros.
   Neste dia não há missa, não se tocam os sinos. As pessoas foram avisadas pelas matracas tocadas três vezes à volta do povo.
   As pessoas saíam da igreja num silêncio assustador e sem grandes conversas recolhiam às suas casas. Ele morreu e há que respeitar!
   Em Malcata, uma aldeia muito religiosa e tradicional, obedecia piamente às orientações do senhor prior.