18.8.15

TUDO TEM UMA PRIMEIRA VEZ

A festa acabou e a porta fechou
 

Foi com alguma espectativa que este ano fui à festa de Malcata. A novidade era a separação da festa religiosa e a festa pagã. Toda a gente sabia que os mordomos e a igreja não tinham chegado a um acordo e que este ano as coisas seriam mesmo organizadas separadamente.
   As cerimónias religiosas tiveram lugar no domingo, 9 de Agosto, com Missa Solene e depois a procissão dos santos. As cerimónias tiveram início às 10 horas com a celebração da Eucaristia celebrada pelo pároco, padre Eduardo. O grupo coral dirigido pelo Rui Chamusco, que também tocou órgão, acompanhado pela jovem violinista------,filha de Isabel Varandas. Este ano registo a ausência da banda da música a quem era atribuída a responsabilidade de animar a Missa e depois a procissão. Pela mesma razão de ausência, a procissão decorreu sem música, mas animada pelo padre Eduardo. Também saíram menos andores do que é habitual, pois foram três os santos que deram a volta ao povo, a saber: Senhora da Conceição, Sagrado Coração de Jesus e o de São Barnabé.
   Os festejos paralelos, ou seja, a festa organizada pelos mordomos da festa “Malcata 2015” decorreram um pouco por toda a aldeia, com bastante participação popular. Notei que o cartaz da divulgação da festa deste ano destacava o título “Malcata 2015” e seu respectivo programa para cada dia. E este ano foi assim: houve pessoas que participaram na festa em honra a São Barnabé e outras pessoas que escolheram apenas participar nos festejos populares dos jogos, garraiada, artesanato e eventos musicais, sem esquecer o habitual Ramo da festa. Enquanto decorreu o Ramo, ouviu-se Banda da Musica de Carvalhal Redondo, que chegou à nossa aldeia às 14 horas, para uma actuação que terminou às seis da tarde. Sempre animou o pessoal que se juntou na Praça do Rossio e o mesmo aconteceu com as danças e cantares do grupo de folclore vindo de Amarante. É claro que às noites houve animação musical e à medida que o dia da festa se ia aproximando, a qualidade dos grupos musicais também ia aumentando.
   Ora então tivemos este ano uma festa um pouco diferente, com cada uma das partes a trabalhar para que as coisas corressem bem. E para bem de todos, assim aconteceu.
   Como sabem a festa de Malcata sempre foram um acontecimento agregador para os malcatenhos e nesta altura do ano muitos naturais de Malcata, mesmo os que durante o ano não residem na terra, aproveitam essa data para regressarem e rever a família, os amigos e participar nos festejos.
   Esta festa deu trabalho a preparar e tenho a certeza que as duas partes colocaram o seu melhor e alegria para que o povo vivesse bem estes dias. Parabéns porque alcançaram esse objectivo.
   A festa acabou.
   E que opinião tem cada malcatenho acerca da festa deste ano?
   A festa de Malcata vai continuar a ser realizada com duas partes, a religiosa e a profana, ou voltamos ao modelo mais tradicional?
   Qual o verdadeiro sentido da festa de Agosto em Malcata?
   A festa chegou ao ponto em que está porque as pessoas assim o quiseram. Não julgo ninguém mas tenho a minha opinião e respeito a dos outros.
  
   

3.8.15

UMA FORMA DE SER MALCATENHO



Agosto é sinal de férias. As minhas passava-as quase sempre numa pequena aldeia da raia sabugalense, próxima do ponto mais alto da Serra da Malcata.
   Durante as férias grandes passava o tempo a brincar com os meus amigos, garotos da mesma idade que eu e que comigo andaram na mesma escola. Lembro-me de alguns: Joaquim António, Porfírio, Domingos, Augusto e outros que me esqueci. O nosso parque de brincadeiras preferido, porque não tínhamos outro, era a rua do Carvalhão e a barreira que hoje chamam rua Braz Carvalhão. Com poucos brinquedos passávamos os dias todos alegres e o nosso mundo era ainda um mundo maravilhoso. Era a verdade e quer acreditem ou não, era o melhor mundo para viver.
   Muitos anos passaram e essa pequena aldeia continua a exercer na minha pessoa um fascínio e uma vontade de lá regressar. Os dias que lá estou são bons para recuperar alguma saúde, a alegria e alguma paz interior. A minha família quando vai comigo a algum lado, fartam-se de me chamar, pois cada pessoa que encontro na rua e que pára a conversar comigo, os assuntos faz lembrar aquele dito popular que diz que a conversa é como as cerejas. É difícil parar as conversas quando os assuntos despertam interesse aos seus interlocutores. Eu sou pessoa que gosta de conversar, de partilhar alegria e interesso-me pela vida desta pequena comunidade de gente. E com tanta conversa, às vezes perco a noção do tempo. Mas são estes momentos passados a conversar nas ruas e nos cafés que ao fim do dia me enchem a alma. Ah, como eu gosto de Malcata!
P.S.:Bem vindos todos aqueles que vêm a Malcata, em particular aquelas pessoas que trabalham fora da aldeia e agora regressam.

27.7.15

MALCATA: AS SUAS GENTES E HISTÓRIAS


Quem foi Jerónimo Gonçalves Pedro? E Maria Adelaide Martins? Se acrescentar que o senhor Jerónimo foi Cabo da Guarda Fiscal no Sabugal, tendo exercido as funções de Comandante do Posto da Guarda Fiscal em Malcata até à saída de uma lei que o proibiu de continuar no município da qual era natural a sua mulher, o que era o caso da esposa, Maria Adelaide Martins, nascida no Sabugal.
   A 11 de Maio de 1932, deste casamento, nasceu um rapaz de nome José Martins Gonçalves Pedro. Foi para o Seminário do Fundão, ingressou na Faculdade de Teologia da Guarda e aos 23 anos cantou a sua primeira missa na Capela das Aparições, em Fátima.
   Em 1991, numa visita que o Padre Miguel ( do Meimão…) e o Padre José Pedro fizeram à Dona Dulce, a irmã do Padre Miguel, que vivia ali à Courela, em Malcata, num desabafo do Padre José Pedro, este terá comentado que “alguns diziam que eu cantaria missa só quando as galinhas tiverem dentes! Pois bem, as galinhas ainda não têm dentes e eu já cantei missa!”
   A 10 de Outubro de 1966, o padre José Pedro partiu para França e ficou destacado numa paróquia nos arredores de Paris. Todos gostavam dele e do seu trabalho. E a 3 de Janeiro de 1970, o padre deixou o sacerdócio e casou-se.
   O padre José Pedro deixou a sua marca no Sabugal. Os mais velhos atribuem-lhe a ele e às palavras usadas numa das suas homílias no Santuário da Senhora da Graça, ele disse ao povo que era uma vergonha aquele lugar não ter uma estrada em condições. Ora, estas palavras provocaram de todos e a estrada construiu-se.
   José Martins Gonçalves Pedro faleceu em Léon, Espanha, a 27 de Janeiro de 2010.
   Nota:Voltarei ai assunto, pois há mais para revelar. Se algum leitor souber mais sobre esta família, envie a sua participação para aqui.

Busto do Padre José Pedro, em Aldeia do Bispo(Penamacor)
( Obra do escultor Eugénio Macedo )

25.7.15

CIDADANIA PARTICIPATIVA

   
As associações locais, quando funcionam bem, assumem-se como uma peça importante na participação para o desenvolvimento social dos cidadãos e da região ou lugar onde elas exercem a sua missão.
   A resolução de alguns problemas sociais, culturais ou até mesmo económicos, juntamente com a organização e realização de actividades em favor do bem da comunidade, exigem das instituições ou associações, organização, motivação e uma dedicação que tenha como objectivo a alcançar das metas a que se propuseram, deixando de lado o individualismo, o pensar que ”a minha quinta” é melhor do que as outras e eu é que sei, dando mas é importância aos objectivos que todos querem alcançar.
   É sabido que Malcata está cada vez mais atractiva, mais conhecida e muitos eventos têm a dedicação e a entrega da comunidade que se tem agregado ao trabalho organizado por algumas  associações existentes da nossa terra e apoiadas pelo poder local, ou seja da Câmara Municipal do Sabugal e Junta de Freguesia de Malcata.
   A lei civil portuguesa consagra o associativismo como um direito e no artigo 157º do Código Civil, define as associações como pessoas colectivas que não tenham “por fim o lucro económico dos seus associados”.
   Para se formar uma associação é necessário haver união, é necessário haver um grupo de pessoas reunidas num interesse e num espírito comum de grupo.
   Qualquer cidadão é livre de constituir e pertencer a uma associação. Também ninguém pode ser obrigado a pertencer a uma associação no nosso país, na nossa aldeia.
   As associações nascem porque as pessoas sentem a necessidade de se associar, de se reunir para alcançar um bem comum, um bem para a comunidade.

4.7.15

FESTAS E TRADIÇÕES


Procissão a passar na Fonte Velha

Nas procissões de outros tempos, os homens iam à frente, alinhados em duas filas de cada lado da rua, levavam o chapéu na mão e as mulheres iam sempre atrás do padre, com a cabeça coberta por um véu ou um lenço. Naquele tempo, todos os santos desciam dos seus altares e saiam à rua na procissão e o estandarte maior e mais pesado era o mais pretendido pelos homens tidos como valentões.

19.6.15

COSTUMES E TRADIÇÕES EM MALCATA

 Procissão na Fonte Velha(1984)

   O nosso planeta Terra está sempre em rotação e não pode parar de percorrer esse caminho porque as consequências seriam catastróficas e tudo acabaria para todos. E porque o mundo não pára, a vida continua, mesmo que a cada instante ocorram mudanças. Dou razão ao poeta que escreveu que “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.

   Toda e qualquer mudança afecta em maior ou menor escala a nossa consciência e depressa chegamos à conclusão que tudo neste nosso Mundo é transitório e nada é para sempre. E esta transitoriedade aplica-se aos regimes políticos, aos governantes, aos lugares, aos costumes e às pessoas e todos seres vivos.
   Aquilo que foi já deixou de ser. Aquele lugar, aquela rua ou aquela casa mudou, desapareceu e deixámos de ver como víamos, deixámos de ver como era. O mesmo no que respeita ao desaparecimento de pessoas, porque são mortais, mas pelo seu carácter, ensinamentos e originalidade de vida, deixaram marcas em Malcata; também desapareceram profissões e estilos de vida com o desaparecimento das pessoas que aprenderam uma arte e a invasão tecnológica ajudou a que fossem substituídas por ferramentas mais produtivas e mais ao alcance de mais pessoas. Também desapareceram algumas expressões e palavras que foram substituídas por outras, algumas até estrangeiradas e que acabaram com outras mais simples mas carregadas de realismo.
   Acredito que o tomarmos consciência de uma Malcata em desaparecimento, porque a nossa aldeia também está em constante mudança, torna-se urgente e importante salvaguardar os costumes, os usos e as memórias desta terra, destas pessoas. É importante salvaguardar o passado e esta coisa dos usos e costumes interessa a todos. Aos mais velhos, dá-lhes a oportunidade de reviver e lembrar as suas vidas e que ainda vivem quotidianamente; para as gerações mais jovens, esta salvaguarda e registo é mais uma ferramenta ou instrumento de contacto com as suas origens e em que assenta o seu presente e identidade; para os outros cidadãos desligadas de Malcata, mas interessados por alargar os seus conhecimentos, é a oportunidade de conhecer um conjunto de valores que levou à construção da comunidade malcatenha e que faz de cada pessoa,em especial, de cada malcatenho, aquilo que hoje é na vida.

Albufeira da Barragem do Sabugal
(Foto by Liliana Corceiro)

   

11.6.15

APOIOS AOS EMIGRANTES QUE QUEIRAM INVESTIR NO CONCELHO DO SABUGAL - E HÁ TANTO PARA FAZER !



  É costume dizer que a vida está cheia de oportunidades e que o importante é estar atentos e quando elas nos surgem, o melhor a fazer é apanhar a oportunidade que pensamos ser a nosso favor.
   Li um jornal desta semana que o Governo quer apoiar os emigrantes portugueses que desejem e queiram criar negócios em Portugal.
   “Vamos ajudar as pessoas a estruturar as suas ideias  a sair com um dossier, ou podemos ser nós a dizer às pessoas: “Olhe, não avance, o projecto precisa de ser afinado”, disse um secretário de Estado português.
   Trata-se de promover o regresso de portugueses ao nosso país. Há apoios para grandes projectos e micro-projectos, que não existiam para os emigrantes. Os projectos  ligados às regiões e os empreendedores que conheçam a realidade empresarial dos locais onde se quer realizar o negócio assumem enorme importância  para a concretização dos mesmos.
   E as coisas vão passar-se assim: as comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional vão dirigir ao Alto Comissariado para as Emigrações um convite, com as medidas que querem ver executadas.
   Cerca de três milhões de euros  até 2017 estão inscritos nos Programas Operacionais Regionais(POR) para apoiar as iniciativas dos emigrantes no nosso país, na nossa região do Sabugal também. E para além deste dinheiro, outros milhões também vão estar ao dispor dos emigrantes para concretizarem negócios, alguns mais pequenos, através de concursos de ideias, como o VEM-Valorização do Empreendedorismo Migrante. Outra parte servirá para criar um sistema que ajude os emigrantes a concorrer com as suas ideias a outros programas de financiamento comunitário do Portugal 2020, nomeadamente o POISE ( Programa Operacional Inclusão Social), e o POCH (Programa Operacional Capital Humano) com muitos milhões disponíveis para apoio de iniciativas.
   Ora, sendo o nosso concelho, o Sabugal,  uma região com um grande número de emigrantes, esta pode ser uma excelente oportunidade para que alguns dos nossos conterrâneos regressam à nossa região e nela decidam investir, criar negócios que gerarão trabalho, desenvolvimento, bem estar para todos.
   Os emigrantes do nosso concelho devem estar atentos a estas oportunidades e aqueles que se acharem com capacidade empreendedora, têm aqui uma boa ajuda.
   No aproveitar é que está o ganho!