22.6.14

O SÃO JOÃO EM MALCATA


 O São João e o São Pedro são dois dos santos mais populares celebrados pelos portugueses. Em Malcata o São João continua a festejar-se e no dia 24 de Junho o Rossio volta a ser o centro da festa.
 “Com algumas semanas de antecedência, os rapazes sinalizavam nos pinhais da freguesia o pinheiro suficientemente alto, direito e grosso, com muitas galhas, adequado para fazer o mastro.” 
                     in Malcata e a Serra, da autoria de José Rei
   Era assim no tempo passado, mas hoje as coisas fazem-se com menos tempo e mais depressa. Com tantos cabos e fios no Rossio, o mastro não pode ser demasiado alto e hoje um fio de nylon faz as vezes das galhas em carvalho que antigamente os rapazes seguravam no tronco do pinheiro que por ser uma madeira mais resistente, ofereciam maior segurança aos que subiam ao cimo do mastro para lá deixarem a boneca de trapos e iam descendo vestindo de rosmaninhos e enfeitando com bandeirinhas. 
   O Rossio ficava todo engalanado, como ontem ficou. Ontem, os mordomos andavam tão entretidos com o vestir do mastro, prender e esticar os arcos coloridos de tiras de papel e com o pendurar dos balões em papel colorido que se esqueceram de convidar o tocador da concertina para lhes dar mais ânimo. Noutros tempos, a música do acordeão nunca faltava. Como em todas as festas populares em Malcata, os rapazes faziam a “ronda” percorrendo as ruas principais da aldeia e iam pedindo ajuda para as despesas da festa. As raparigas não participavam, pois não se misturavam com os moços e tinham que contar com a companhia da mãe ou tia que tomavam conta delas enquanto durasse o baile que à noite se realizava à volta do mastro.
   “Depois de deitar o fogo ao mastro, quase sempre a meia-noite, o arraial era desfeito e acabava a festa.
   O queimar do mastro lançava no ar um cheiro a rosmaninho, convidativo à magia. Por esse facto, era hábito as raparigas, madrugada dentro, irem tomar banho ao rio Côa. Faziam-no antes do sol nascer e devidamente tapadas com a combinação, não fossem alguns rapazes mais atrevidos observarem o que não deviam.
   Também era hábito as moças colocarem um ovo escarchado à orvalhada, a fim de, quais adivinhas, interpretarem as formas que a gema e a clara adoptavam. Diziam que a forma de capela indicava namoro e casamento próximos. Caso a forma fosse um caixão, a morte podia ocorrer brevemente.
   Os mais velhos, na noite de São João, aproveitavam para adivinharem e estabelecerem o ano meteorológico. O local  de reunião era normalmente o sítio da Rasa. E então concluíam coisas do género:
pelo S.Miguel vai chover; pelo S.Francisco haverá castanhas como cisco; grande seca grande molha, ou Verão seco, Inverno molhado; lua com auréola amarela, ano muito húmido; nascer do sol alaranjado, ano seco(…).”
in “Malcata e a Serra”, da autoria do José Rei

   Estas são algumas das memórias que ajudam a compreender e a perpetuar as festas populares da nossa aldeia. Este ano, como já o tem sido nestes últimos anos, um grupo de homens e mulheres que não querem deixar morrer as suas memórias e a dos seus antepassados, por carolice e sã diversão, voltaram a unir esforços e vontades e organizaram as festas de São João. Ainda bem e só lhes posso desejar uns momentos alegres e que todos se divirtam até ao nascer do sol.
    

E para memória futura, aqui vos deixo estas fotografias dos preparativos da festa de São João deste ano, deixando ainda a informação que vão ser três dias de alegria, com música, com jogos populares, com sardinhas assadas e porco assado no espeto. Apareçam e divirtam-se.

 
























































  

14.6.14

MALCATA E A SERRA

Assm, novo lar de Malcata


MALCATA E A SERRA

Passado Presente com Futuro

Malcata é uma terra cada vez mais conhecida e o seu nome vem quase sempre ligada à serra com o mesmo nome, Serra da Malcata.
As recentes mudanças e melhorias ocorridas na pacata aldeia do interior têm contribuído enormemente para manter viva uma aldeia bem portuguesa e as pessoas que nela vivem ainda acreditam num futuro melhor.
Muitos de nós recordamos aqueles tempos, não muito longínquos, em que se ia à Fonte da Torrinha ou à Fonte Velha com os cântaros de barro buscar a água para cozinhar, para lavar o corpo, para beber e claro, também para o gado.
Agora a aldeia tem saneamento básico e água nas torneiras, as curvas perigosas da velha estrada para o Sabugal desapareceram e a viagem faz-se com mais segurança e conforto, graças às obras de requalificação da via. Também as comunicações telefónicas e a internet  são agora uma melhoria sentida por aqueles que quiseram ligar-se ao mundo. Mas apesar de ser uma ajuda para vencer distâncias, por si só, não estão a ser capazes os custos da interioridade manifestada num êxodo das suas  e que levou ao encerramento da creche-infantário, da escola primária, de comércios, da queijaria e agora o desemprego está a atingir quem trabalhava na construção civil. A triste sina de Malcata é assistirmos às obras de ampliação do cemitério e do Lar de idosos. As consequências desta realidade estão à vista: as crianças e os jovens são obrigados a sair da aldeia e acabam por ficar pelas cidades que lhes proporcionam um melhor  futuro.
Perante tantas dúvidas e tantas incertezas pergunto:  Malcata tem futuro? O passado de Malcata é ou não importante para compreender o presente e projectar o futuro?

12.6.14

DE MALCATA ATÉ PONTE DE LIMA


José Rei
Malcata e a Serra, obra escrita por José Rei

      A comunidade escolar de Ponte de Lima associou-se e homenagiou o nosso conterrâneo que inesperadamente nos deixou. A igreja nova do Prado, Vila Verde ali ao lado de Braga, encheu com amigos, 
alunos, professores e um grupo de malcatanhos que viajaram  em autocarro de Malcata até junto do Zé Rei e família. Também marcaram presença os malcatanhos que vivem aqui pelo norte.


      Ao Homem 
   Ao Amigo
         Ao Professor
                                                                           A nossa eterna gratidão                      


 
   A marca Malcata tem cada vez mais valor. Somos nós os malcatanhos que podemos ou não acrescentar valor à nossa terra através de várias formas e meios. E os malcatanhos que vivem fora da aldeia temos sabido fazê-lo.
   O nosso conterrâneo José Rei, Zé Rei como carinhosamente foi sempre chamado em Malcata, colheu aquilo que durante anos sabiamente semeou e hoje o grupo de malcatanhos que estiveram presentes nas cerimónias religiosas foram testemunhas do valor do homem que inesperadamente partiu para outras serras .
   Os alunos do 11º H do Zé Rei também estiveram presentes e quiseram dizer umas palavras acerca do Professor Rei:
 
 "Não estamos habituados a falar de outra vertente deste ilustre homem que não seja a de nosso mestre e orientador, porque é a única que conhecemos- e bastou para que as saudades se instalassem. Foi um grande privilégio, porque de qualquer maneira o professor não era apenas um professor: era O Professor que estava sempre do nosso lado, com uma paciência inabalável.
   "Não queiram coisas difíceis com o mínimo esforço" e "Devagar que temos pressas".
    "A vida não é fácil e se alguém vos disse que a vida é fácil, enganou-vos"
   Mas apesar das farpas da vida, ou talvez porcausa delas, também nos apelava:
   "Façam o favor de serem felizes"