O Cruzeiro que não fala
A Barragem do
Sabugal concluiu-se no ano 2000 e desde esse ano que se criou uma albufeira que
funciona como reservatório de água que será transferida para a Barragem da
Meimoa sempre que for necessário para regar os campos da Cova da Beira. A
Albufeira do Sabugal localiza-se num troço do rio Côa, na sua maioria alagou os
melhores terrenos cultiváveis pertencentes a pessoas da aldeia de Malcata. Esta
albufeira está parcialmente inserida na Reserva Natural da Serra da Malcata e
dispõe de uma enorme capacidade de armazenamento.
O património é um elemento de ligação
do passado com o presente. O património é o testemunho que os nossos
antepassados nos legaram e nós como fieis depositários desse bem, temos a obrigação
de defender e valorizar aquilo que nos confiaram. Esse património deve
condicionar o ordenamento do território e todas as construções que queiram
edificar.
Aqueles que pensaram em unir a cidade do Sabugal a Malcata, ao longo da albufeira da barragem a ideia foi
e continua a ser válida e é uma boa ideia. O caminho não é um caminho como os
outros caminhos existentes. O Percurso ( Caminho ) pode ser uma forma de
rentabilizar o património existente e até valorizá-lo, bem como criar um
caminho com estruturas e equipamentos para apoiar as pessoas que por lá queiram
e desejem caminhar. Os amantes da natureza, os turistas e as gentes que vivem
nesta região com certeza que irão desfrutar deste novo caminho.
São 27 quilómetros entre a entrada da
cidade do Sabugal e a aldeia de Malcata. O objectivo é
“potenciar e permitir o
usufruto da envolvente da Albufeira do Sabugal. O percurso ficará perfeitamente
integrado na paisagem e será absorvido pelo seu contexto natural”, lê-se no
Boletim Municipal da Câmara do Sabugal, em Abril de 2012.
Parece que alguém se está a esquecer
de integrar na paisagem algumas das obras que estão a executar neste projecto.
Refiro-me concretamente à estrutura que está a ser construída na aldeia de
Malcata, junto à Capela de São Domingos. Nada do que se escreveu está a ser
cumprido e está à vista de todos que desrespeitaram o património que já lá
existia desde 1960. Pergunto a quem souber responder qual é a sensação e a
atenção dos visitantes que chegados à Capela de São Domingos, lhes transmite e
qual o fio condutor entre aquela “estação” de cimento pintado de branco e o
CRUZEIRO em pedra de granito?
Não bastaram as confusões e os erros
descobertos só após o início das obras, provocando atrasos na execução e talvez
aumento de custos, para agora sermos novamente confrontados com o incumprimento
de alguns dos objectivos desta importante obra. E agora que fazer?
Apresento alguma informação sobre este percurso que acompanha a água da albufeira:
Anúncio do concurso para o Percurso de Interpretação ao Longo da Margem
Esquerda da Albufeira do Sabugal foi publicado no
D.R. n.º: 253 Série II de 2010-12-31, link:
http://www.directobras.pt/lercp.php?id=25603
“A obra fora consignada em Maio de 2011 à empresa Albino Teixeira Lda, e os
trabalhos iniciaram-se a 21 de Janeiro de 2012, logo que foi aprovado o
respectivo plano de segurança pela Câmara Municipal do Sabugal. A suspensão
aconteceu por decisão camarária tomada da reunião do executivo do passado dia 14
de Fevereiro de 212, numa altura em que os trabalhos já estavam em pleno
andamento, nomeadamente ao nível da remoção de terras. Só após o avanço desses
trabalhos se verificou que os mesmos não poderiam continuar porque parte do
percurso a executar estava afinal projectado para terrenos submersos ou em
terrenos particulares.” Noticiava o Capeiaarraiana (
http://www2.uab.pt/news/recortes/upload/28_03_2012_Capeia_Arraiana_wordpress.pdf)