4.11.11

OS SONHOS DOS ANTÓNIOS

   António Gata teve um sonho este Verão. E decidiu partilhar o seu sonho com os leitores do Jornal Cinco Quinas. Dada a minha tendência também para sonhar e porque gostei de ler o sonho do António Gata, vai daí pensei que seria importante partilhá-lo aqui convosco. E o sonho começa "numa viagem a uma dessas mais inacessíveis regiões do nosso Planeta, onde descobriu um povo que, apesar de identificado por exploradores destemidos, continua a viver num grande isolamento, lutando estoicamente para deixar intactos os seus usos e costumes ancestrais, fazendo de cada momento da sua vivência individual e em grupo motivo para defender e preservar as suas tradições.
   ...na primeira noite, enquanto deambulava pelas ruas de uma pequena aldeia, apercebi-me que algo de anormal se passava, pois alguma tensão era visível nos olhares e gestos de homens e mulheres, tanto dos mais novos como dos mais velhos. Ao chegar à praça principal deparei-me com grande aglomeração de pessoas que atentamente ouviam os diversos oradores que iam subindo a um palanque e, através de discursos inflamados, davam azo a aplausos de uns e a vaias de outros.
   Ia vendo e ouvindo, só que como não percebia o dialecto em que se expremiam não entendia nada do que se passava. Novamente me valeu a fada amiga que, assumindo o papel de interprete, me passou a descodificar o que ia acontecendo.
   Afinal, o que estava em causa eram uns terrenos com grande potencial turístico, onde investidores de longínquas paragens se propunham instalar equipamentos tanto na área da saúde como do lazer, que iriam proporcionar aos habitantes locais um futuro com mais e melhor qualidade de vida.


Reunião do povo

   O responsável da aldeia, depois de tempos atrás ter reunido com os representantes do povo, que lhe tinham dado luz verde para negociar, tinha decidido ceder a preço simbólico os terrenos necessários para instalar o empreendimento. E foi esta decisão que, passado algum tempo, acabou por ser causa de desentendimentos e problemas. Apesar de ser uma sociedade tribal a propriedade é individual e existe uma grande ligação a ela, sentimento que se vai transmitindo e desenvolvendo de geração em geração.
   E se está decidido ceder os terrenos necessários aos investidores a preço simbólico, condição para que o processo avance, é também importante comprar o mais barato possível aos proprietários, defendem os representantes do povo, para não serem mais prejudicadas as finanças publicas, muito depauperadas nos tempos que correm, devido a grandes investimentos que foram feitos e para os quais foi necessário recorrer ao crédito.
   Um habitante da aldeia com espírito aventureiro, pouco dado a permanecer muito tempo no mesmo local, esteve numa cidade longe da aldeia e, acidentalmente, ouviu falar do empreendimento para a sua terra e que as intenções dos promotores do empreendimento não seriam bem as que tinham sido apresentadas às autoridades locais, ouvindo  pela primeira vez falar em especulação imobiliária, em enriquecimento fácil e outros  palavrões que não faziam parte do seu vocabulário.
   Suspeitando que alguma coisa de errado se passava, que poderá ser prejudicial para os seus conterrâneos, decidiu regressar de imediato e após ter transmitido ao chefe da aldeia as informações de que dispunha e que, diga-se em abono da verdade, às quais não deu a mínima importância, começou a falar do assunto em público.
   Foi este o motivo que levou a que o povo se reunisse em assembleia popular e foi esta assembleia que eu encontrei e que acompanhava tão interessadamente.

   Devido a compromissos assumidos pela fada amiga, que não conseguiu alterar, teve que abandonar o local onde nos encontrávamos. Fiquei, por isso, impedido de continuar a acompanhar o que se ia dizendo, só me apercebendo que os ânimos iam ficando cada vez mais exaltados. Foi no preciso momento em que o chefe da aldeia se dirigiu para o palanque para falar que acordei.
   Sei que não é fácil. Contudo, aguardo ansiosamente que a fada amiga me leve novamente a esse mundo de fantasia pois é grande a minha curiosidade em saber  como tudo isto acabou".

 Promessas de mais e melhor

As autoridades locais  interessadas no projecto


Localização do empreendimento

   Sim, sonhar faz bem e é gratuito. O sonho é uma palavra que apenas no dicionário vem antes da palavra trabalho. E como os sonhos só se tornam realidade com muito trabalho, há sonhadores que quando acordam para a realidade se apercebem dos pesadelos e angústias que causaram aos outros.

 Aqui encontra os sonhos do António Reis:
http://www.ofeliaclub.com.pt/index.php/pt/145

1.11.11

VIDA E MORTE

Eis a questão:
É ou não é a morte o fim de tudo?

"Se é o fim, assume o carácter de uma terrível mutilação; se não é, a nossa morte adquire uma dimensão extremamente nova.
Um sereno confronto com a morte - esse momento crítico da nossa vida que teremos de enfrentar sozinhos - situa-nos perante tudo ou nada, perante o sentido ou sem sentido da nossa existência. Ou Deus ou o vazio infinito. O segredo da vida e da morte coincide com o mistério de Deus. Assim como o meu "eu" pessoal, único, irrepetível não encontra qualquer explicação satisfatória na Física, na Química ou na Biologia, assim também não encontro uma resposta sobre Deus com o método das Ciências Naturais. Só temos nas mãos uma coisa: a esperança. A esperança que, até ao nosso último alento, nos dá a alegria de viver".

Autor: Phil Bosmans, no livro AMAR, editado pela EPS, Porto.

27.10.11

PINTAR A ALDEIA DE MALCATA


 Foi entre tripés, pincéis e pintores de todas as idades e de todas as origens que a aldeia de Malcata viveu os dias 21 e 22 de Outubro. Pela primeira vez a arte da pintura aconteceu em Malcata. Os artistas trouxeram as telas em branco e no fim da tarde de sábado viveram-se momentos mágicos e emocionantes que jamais os malcatanhos irão esquecer.

19.10.11

ACÇÃO POPULAR CONTRA AS EÓLICAS EM SORTELHA





ANÚNCIO PÚBLICO – Os advogados dr. Francisco Nicolau e dr. João Valente anunciam o patrocínio de uma acção popular contra as eólicas de Sortelha.
«Os advogados Dr. Francisco Nicolau (do escritório do Dr. Garcia Pereira, mas a título particular) e Dr. João Valente vão patrocinar acção popular pedindo a impugnação, por ilegalidade e nulidade de licenciamento dos parques eólicos de Sortelha, bem como dos concelhos limítrofes de Belmonte e Guarda, pelas razões e fundamentos já aqui aduzidos no Capeia Arraiana num anterior artigo de opinião, tanto mais que, corre voz pública, que o parque de Sortelha vai ser aumentado em mais seis torres geradoras.
Leia aqui:
http://capeiaarraiana.wordpress.com/2011/10/19/anuncio-publico/

18.10.11


MALCATA EM TELA
(Pela mão da pintora Ondília)

Ti Maria na Rua do Carvalhão


Casa típica na Rua da Ladeirinha

15.10.11


Nos dias 21 e 22 de Outubro, a iniciativa “Pintar Sabugal – Pintar Aldeias 2011”, organizada pela Associação de Desenvolvimento Sabugal (ADES) vai realizar-se em Malcata.
Para além do Grupo de Pintores do GART – Grupo de Artistas e Amigos da Arte, a ADES convidou os também os pintores locais do Concelho a estarem presentes e participarem no evento, assim como as crianças das Escolas com vocação para esta arte.Saiba mais aqui:
http://www.ades.pt//index.php?option=com_content&task=view&id=143&Itemid=1



4.10.11

A RAPOSA DA MALCATA

Perdoem-me por dedicar esta mensagem a José Lucas, um homem grande. Este homem grande nasceu em Malcata e até aos 18 anos percorreu os vales e montes da serra que rodeiam a aldeia. Foi para terras de França trabalhar mas sempre com tempo para aprender. A pintura e a música transformaram a vida de José. Depois de umas dezenas de anos em França, regressou a Malcata e aos caminhos, montes e vales da serra. Os ares puros e limpos da serra da Malcata e as recordações de infância levaram este malcatanho a entranhar-se todos os dias a caminhadas que tão bem têm feito à sua saúde. Pelo amanhecer ou pelo anoitecer, só ou na companhia da sua esposa, José Lucas de lanterna na mão e dois bastões deixa-se diluir por meio de pinheiros e carquejas e nunca se mostra saturado de andar. E foi numa noite de luar, na companhia da sua esposa, José Lucas cativou uma raposa.E tal como no livro "O Principezinho", José Lucas voltou ao local de encontro durante várias noites até que o encontro aconteceu. Contou-me o José que um dia, na época da caça, depois de encontrar a raposa, afastaram-se os dois para zonas onde os caçadores estavam proibidos de caçar. Neste Verão senti o José muito preocupado com o futuro da raposa. A sua amiga casou-se e dera à luz pelo menos quatro filhotes. A liberdade para José é um valor dos mais nobres e está lentamente a afastar-se da raposa, pois não deseja interferir na vida familiar da raposa. E pela reacção do José percebi o sofrimento que este afastamento lhe está a causar. Muitos segredos têm os dois para contar.
P.S. : Estas fotografias foram-me cedidas por José Lucas.