29.3.10

OS REFLEXOS DA INTERNET

A Junta de Freguesia de Malcata, mediante um acordo com um operador, continua a disponibilizar o serviço de internet sem fios gratuito para todos os habitantes e visitantes da aldeia. Para isso, foram instaladas antenas em locais estratégicos para repartir o sinal.
Até aqui, não disse nenhuma asneira, pois não? As antenas estão lá colocadas para todos verem. A da Torre do Relógio até demorou menos tempo, pois até ficou com uma estrela de natal ao lado que lhe dá um aspecto mais insólito e não interfere com a difusão do sinal. Mas fica lá tão mal !!!
Alguém está informado do acordo que a Junta de Freguesia celebrou com a empresa que instalou as antenas e faz a manutenção do serviço de internet? Já perguntei a algumas pessoas mas não recebi resposta. O que sei é que quando vou á aldeia, fico na casa dos meus pais que dista uns 100 metros da antena da Torre e "entrar" na net é mesmo difícil. Mas se me deslocar para outros sítios, por exemplo, junto ao castanheiro do Centro de Dia, tenho um sinal bem forte. Mas se sair daí e me sentar nas escadas da casa do Alberto ( situada a uns 50 metros do Centro de Dia ), nicles e net de grilo. Algum técnico sabedor me explica esta situação?
A Junta de Feguesia quer ou não quer disponibilizar a internet em condições de igualdade para toda a aldeia? Os nossos idosos têm a sorte de viver mesmo por baixo da antena. Oxalá eles aproveitem os momentos que lhes disponibilizam para ver e conversar via Web com familiares e amigos!!!
"Ah, se quiseres ter internet mais rápida tens de falar com fulano e comprares um router" disse-me alguém uma das vezes que tentei esclarecer a situação.
Afinal, o serviço é gratuito, mas há que comprar? Se há um serviço público fornecido pela Junta de Freguesia, uma entidade pública, sendo eu também filho dessa terra, tenho duas razões para saber o conteúdo dos acordos que efectuou. Já não vivemos num mundo fechado e hermético. Acredito que haja na aldeia gente que não se interesse minimamente por estas coisas e tudo o que as entidades públicas e religiosas fazem, é porque é bom para toda a aldeia e nem pensar em duvidar. Esses tempos já lá vão e o que sei é que uns disfrutam de serviço internet e outros não, mas vivem na mesma terra, só que em sítios diferentes.
PS: Vou aprender algumas coisas sobre redes wireless e talvez, quem sabe, enfrentar a concorrência!



17.3.10

ESCREVER DIANTE DA SERRA DA MALCATA












NOME: Manuel da Silva Ramos
Profissão: ESCRITOR
Naturalidade: COVILHÃ






   Manuel da Silva Ramos, é um escritor português, nasceu em 1947, na Covilhã, onde estudou até completar os estudos do liceu.
   Foi para Lisboa estudar Direito, mas acabou por exilar-se em França, para fugir ao fascismo.
   Tem obras publicadas e aos 21 anos foi o vencedor do Prémio de Novelística Almeida Garret ( em 1968) com "Os Três Seios de Novélia". Outras obras do escritor:Café Montalto, Ambulância, Contos Para a Juventude e a Ponte Submersa.
   O seu livro mais recente tem este título: "Três Vidas Ao Espelho"
                                                                     Editora: D.Quixote
                                                                     Colecção: Autores de Língua Portuguesa

Este livro relata uma história magnífica com contrabandistas e emigrantes. Mostra de forma detalhada, a vida nos finais dos anos quarenta da aldeia de Bismula, uma pequena aldeia do Sabugal.
       Três Vidas Ao Espelho é uma reabilitação dos contrabandistas e dos emigrantes. É um elogio aos emigrantes e aos contrabandistas da raia, que tiveram um importante papel na vida desta região raiana.

  

15.3.10

O PADRE QUE TAMBÉM É BOMBEIRO

  O hábito não faz o padre

Os tempos de infância são propícios para os sonhos. Ser bombeiro fez parte do imaginário de César Cruz. Para além de concretizar esse sonho, César Cruz é também pároco em

várias paróquias da Diocese da Guarda.

Apesar de ter o uniforme, o padre César Cruz não se considera bombeiro a tempo inteiro. “O meu cargo é mais moralizar e incentivar a malta” – confidenciou à Agência ECCLESIA. Tudo começou na paróquia de Meimão… “Decidimos criar uma corporação de bombeiros, ligados à secção de Penamacor”. Como tinha um grupo de jovens a preparar-se para o sacramento do Crisma, “fizeram-me o pedido para os incentivar a inscreverem-se nos bombeiros”.


Os cerca de 30 jovens ouviram o pedido e, juntamente com o Pe. César, entraram para a corporação. “Não cruzei os braços”, mas reconhece que “tenho faltado muito à escala de trabalho” – lamenta. Estas ausências são compreensíveis visto que tem várias paróquias - Casteleiro, Malcata, Meimão, Sto Estêvão e Póvoa – e é professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC). Na festa de inauguração benzeu os carros e o quartel na presença do Secretário de Estado que achou “piada um padre fazer parte da corporação”. Quando toca a sirene dos bombeiros “nem sempre estou disponível” – confidencia.


No Verão passado, a zona do Sabugal foi bastante fustigada com incêndios. Mesmo desfardado, “estive com os meus colegas bombeiros”. Apesar de ser um dia de reuniões na escola e de missas, no final de uma delas foi ajudar um grupo de jovens de Santo Estêvão na eliminação do fogo. “Meti mãos à obra com uma pá”.


Quando as labaredas proporcionam cenários dantescos, os bombeiros e as pessoas que observam os seus bens a desaparecer “consideram-se muito pequenas junto daquelas chamas” – esclarece. Aparecem também as questões: “como acabar com o fogo?; como é possível isto acontecer?...”. Há uma sensação de revolta quando “sentimos que foi fogo posto” – afirma o padre da diocese da Guarda.


Todos os anos desaparecem muitos hectares de floresta. Perante esta verdade irrefutável, o Pe. César Cruz alerta: “é necessário olhar para a floresta como um bem imprescindível”. Vive na zona da Reserva Natural da Malcata que outrora era verdejante, mas, actualmente, o concelho do Sabugal tem pouca floresta. “Os incêndios das últimas décadas destruíram quase tudo”. E aconselha: “é importante reflorestar…”


Para se chegar a bombeiro é necessário tirar um curso e depois as especialidades. “Devido a minha ocupação é impossível tirar essas especializações porque são quase sempre ao fim-de-semana”. “Não é bombeiro quem quer, mas quem quer pode chegar a bombeiro” – sublinhou o Pe. César Cruz. Ao falar do seu escalão naquela corporação, o padre bombeiro afirma que é “aspirante com orgulho e prazer”.


Nunca andou vestido com a farda de bombeiro na luta contra o fogo porque “quase sempre ando ocupado noutros serviços”. No entanto já fez “serviços de ambulância, nomeadamente no transporte de doentes”. E relata: “As pessoas quase ganharam uma nova alma quando souberam que eu era padre”.


O quartel de bombeiros de Meimão tem cerca de 40 voluntários (homens e mulheres) e o padre bombeiro considera que “existe um ambiente saudável”. Com o aumentar da confiança entre as pessoas “podemos evangelizar no quartel”. E adianta: “não se consegue evangelizar só e apenas na igreja”.


Sabe manusear os utensílios dos bombeiros. “O que me faz falta é a formação porque não tenho disponibilidade”. Mesmo com a escassez de tempo “fiz piquetes e dormir no quartel” – realça. Os paroquianos “aceitaram bastante bem” este serviço à comunidade. Ao som das sirenes, tanto das ambulâncias como dos carros de bombeiros, as pessoas devem “questionar-se sobre o que podemos fazer para ajudar”.


Ser bombeiro “é um estado de espírito”, mesmo que D. Manuel Felício, bispo da Guarda, o transferisse para outra paróquia “teria todo o gosto em inscrever-me na corporação dessa terra”. No entanto reconhece que “teria de ver primeiro a minha disponibilidade”.


Nascido em 1974, o Pe. César Paulo foi para o seminário com 11 anos de idade. Esteve no Seminário do Fundão até ao 9º ano, no Seminário da Guarda até aos estudos teológicos e, posteriormente, na Universidade Católica do Porto. Ao relatar a sua experiência sacerdotal, o Pe. César Cruz frisou que, actualmente, “não é fácil ser pastor em lado nenhum”.


Nesta região serrana onde a palavra rebanho é comum, o padre bombeiro utiliza a metáfora para explicar a relação entre o pastor e o rebanho. O concelho raiano tem “uma vivência muito própria da religião”. “Há ovelhas que me acompanham e outras nem tanto”. Perceber os modos de caminhar das pessoas “é de extrema importância” – disse.


Como professor de EMRC, o Pe. César Cruz sente que há “uma luta constante para que o ensino religioso esteja nas escolas”. E completa: “é muito complicado implementarmos a nossa disciplina nas escolas”. Neste diálogo, o Pe. César Cruz concluí que, diariamente, “apago «fogos» na escola”.
Copiado daqui:
http://www.fregmeimao.com/index.php?option=com_content&view=article&id=98:cesar-cruz-padre-e-bombeiro&catid=3:destaques
 

A CULTURA DAS TOURADAS

   Umas centenas de pessoas, parte delas totalmente nuas, reuniram-se no centro da cidade de Madrid para protestarem contra o projecto do Governo Regional em transformar a tourada num Bem de Interesse Cultural.
   "Ninguém pode estranhar o pedido,
    já que a cultura tauromática é algo que faz parte
    da cultura espanhola desde tempos imemoriáveis"
afirmou Esperanza Aguirre Dixit, presidente da Comunidad de Madrid.
Foto: Yves Logghe-AP
   No concelho do Sabugal também se fala em apresentar um projecto para considerar a "Capeia" um Património Imaterial. Alguma tinta já se escreveu e muita ainda vai ser escrita.
   As capeias da raia sabugalense, para muitos que vivem aqui ou noutros lugares do Mundo, são parte da  sua história. Para essas pessoas, as capeias enobrecem e exaltam o orgulho  e para elas, as touradas à moda da raia, estão para eles como as festas de Santo António ou as Festas de São João estão para as pessoas das cidades de Lisboa e do Porto. As festas são uma tradição para quem as vive e as recorda. O mesmo acontece com as touradas com o forcão, uma tradição popular que remonta a tempos esquecidos.
  

11.3.10

REDE WIRELESS EM MALCATA E NO CONCELHO DO SABUGAL


                                       
   
          
Com que então as aldeias do concelho do Sabugal estão a usufruir de rede wireless e as pessoas estão satisfeitas, apesar de muitas vezes surgirem pequenos problemas?!!
    As fotografias mostram as três antenas instaladas na aldeia de Malcata. Não sei se existe mais alguma, mas por experiência própria e não efectuada no mês de Agosto, conclui que aceder à internet  em Malcata é só para os muito pacientes e vagarosos, para quem gosta de ir para a sombra do castanheiro do Centro de Dia, ou para algumas escadaria por ali perto. Para ler um "mail" o melhor é desistir e quanto a falar por Web Camara nem vale a pena tentar. Ás vezes lá se consegue, mas depois de muito aguardar e desesperar para que a coisa funcione. Fico a duvidar das palavras dos senhores da empresa que anda a instalar a rede wireless pelas freguesias do Sabugal. Primeiro, a intalação resultou de um acordo entre os presidentes de junta e uma empresa sabugalense, sem concurso e sem escolha dos melhores sistemas e ninguém sabe os termos desse acordo. Limitaram-se  à colocação de antenas e um rooter e dizerem às pessoas que bastava ter uma placa de rede, solicitar a palavra passe e pronto...voilá internet. Na realidade, as coisas não se estão a passar dessa forma, pois não? Qual é afinal o objectivo desta rede wireless? Que toda a região do Sabugal tenha uma janela para o mundo à distância de um clique, ou a oportunidade para vender rooter's a quem não lhe ensinaram nada de informática? As pessoas ficaram entusiasmadas com a internet, mas toda a gente se queixa que é lenta, às vezes muito lenta mesmo e lá se vai o entusiasmo de aprender com o uso da internet. Porque raio é que uma antena a cerca de 100 metros de distância, ou até 50 metros, envia um sinal tão fraco e tão lento? E estes problemas técnicos são constantes...logo não são pequenos problemas. A internet veio para democratizar ainda mais a informação e a sua força transforma o bom em mau e o mau em bom.
   Vale a pena pensar nisto.
  

8.3.10

MULHERES DA ALDEIA

   Hoje as mulheres celebram o seu Dia Internacional. Algumas recordam aquele grupo de mulheres, operárias numa fábrica de tecidos em Nova Iorque, gritavam por melhores condições de trabalho, incluindo a redução da carga horária de 16 horas para 10 horas, um ordenado igual ao que pagavam aos homens e serem tratadas com dignidade no local de trabalho. Estas operárias foram reprimidas violentamente e trancadas dentro da fábrica que depois foi incendiada. Aproximadamente, morreram carbonizadas 130 tecelâs.
   Em todo o Mundo, comemora-se hoje, o Dia Internacional da Mulher, data recordada desde 1910, mas que somente em 1975, através de um decreto, foi oficializado pela ONU.

Mulher camponesa
   

Em Portugal, o dia de trabalho para muitas mulheres continua a começar muito mais cedo e termina mais tarde do que o dos homens. Nas aldeias vivem mulheres puras e imaculadas, sem maldades escondidas por apitos de metais preciosos. São mulheres que continuam a desconhecer a vida das outras mulheres que vivem nas cidades. Tratam da casa, do gado, das batatas e das couves, não têm geito para pintar os lábios, nem costumam ir ao cabeleireiro uma vez por semana, mas são belas e singelas, mesmo com unhas riscadas e rugas nos rostos. Para elas vai a minha lembrança e o meu apreço.


A Gentil Camponesa






Tu és pura e imaculada,

Cheia de graça e beleza;

Tu és a flor minha amada,

És a gentil camponesa.





És tu que não tens maldade,

És tu que tudo mereces,

És, sim, porque desconheces

As podridões da cidade.

Vives aí nessa herdade,

Onde tu foste criada,

Aí vives desviada

Deste viver de ilusão:

És como a rosa em botão,

Tu és pura e imaculada.

És tu que ao romper da aurora

Ouves o cantor alado...

Vestes-te, tratas do gado

Que há-de ir tirar água à nora;

Depois, pelos campos fora,

É grande a tua pureza,

Cantando com singeleza,

O que ainda mais te realça,

Exposta ao sol e descalça,

Cheia de graça e beleza.

Teus lábios nunca pintaste,

És linda sem tal veneno;

Toda tu cheiras a feno

Do campo onde trabalhaste;

És verdadeiro contraste

Com a tal flor delicada

Que só por muito pintada

Nos poderá parecer bela;

Mas tu brilhas mais do que ela,

Tu és a flor minha amada.



Pois se te tenho na mão,

Inda assim acho tão pouco,

Que sinto um desejo louco:

Guardar-te no coração!...

As coisas mais belas são

Como as cria a Natureza,

E tu tens toda a grandeza

Dessa beleza que almejo,

Tens tudo quanto desejo,

És a gentil camponesa



António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."

2.3.10

SER BEIRÃO. SER DO SABUGAL

Um beirão do Sabugal quando regressa à sua aldeia revive emoções e sensações. José Carlos Lages, "beirão do sabugal" empossado recentemente como Vice-Chanceler da Confraria do Bucho Raiano, fundador e administrador do blogue "Capeiaarraiana", concedeu uma entrevista ao jornal "A Guarda" que merece ser divulgada. Os sentimentos, as emoções e as inquietações deste raiano são a voz de muitos beirões do Sabugal com dificuldade em expressar o que lhes vai na alma, mas que sentem a necessidade de que é mesmo necessário e urgente fazer alguma coisa para que o Sabugal não morra.
Transcrevo parte dessa conversa:
A Guarda: Quem é José Carlos Lages?
José Carlos Lages: «Sou Beirão. Sou do Sabugal».Acrescento, agora, neto e filho de naturais da freguesia de Ruivós. O meu avô paterno foi contrabandista e o materno tinha um rebanho de ovelhas.



A Guarda: Que ligação tem ao Sabugal?
José Carlos Lages: As minhas ligações , as minhas raízes...estão na freguesia de Ruivós, estão no som único e inconfundível dos sinos do «meu» campanário. As minhas ligações estão na Raia, estão nesta imensa e saborosa relação dos cheiros, dos sons, dos sabores, das palavras e das nossas gentes. Sou presidente da Associação dos Amigos de Ruivós, integro a Mesa da Assembleia Geral da Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa e como gosto de dizer faço muitas milhas por mês na A23.
A Guarda: Qual a importância do bucho e de outros produtos da gastronomia raiana, para a economia do concelho do Sabugal?
José Carlos Lages: Os enchidos e o bucho são os melhores. Saborear um bucho em família ou com os amigos transporta-nos para os tempos da nossa meninice e da nossa infância...A importância comercial é actualmente, de reduzida importância. A Confraria tem autoridade legal para certificar a qualidade dos produtores e restaurantes e vai aproveitar essas competências para incentivar a produção, venda e oferta na restauração do bucho raiano.



A Guarda: A gastronomia, associada a outras potencialidades, pode contribuir para o desenvolvimento do concelho?
José Carlos Lages: Todas as tentativas são válidas. A região raiana tem uma gastronomia rica e variada onde se destacam os enchidos e o bucho, a truta do Côa, o mel da Malcata, os queijos e o cabrito. O desenvolvimento do concelho passa por convencer os turistas a visitarem a região e a ficarem mais do que um dia ou uma tarde. Mas é preciso acreditar, é preciso empreendedorismo porque escasseiam as oportunidades para inverter um cenário por onde se vão escoando as opções de vida e em lugar de regresso das nossas gentes assistimos ao abandono das nossas terras. Tem faltado muita sensibilidade cultural e política na Câmara e na Empresa Sabugal+. Os discursos e as obras têm sido feitos para dentro para aqueles que já estão convencidos esquecendo que é igualmente importante cativar os que são de fora. Felizmente sentem-se ventos de mudança com o novo executivo liderado pelo Engº.António Robalo, com uma vice-presidência feminina e uma oposição rejuvenescida e mais interventiva.

A Guarda: Como considera o Sabugal do ponto de vista do turismo e do património?
José Carlos Lages: O sabugal tem um património arquitectónico, gastronómico e histórico invejável. A Capeia Arraiana, os cinco castelos, o rio Côa com os viveiros de trutas e a barragem do Sabugal, as Termas do Cró, a Serra da Malcata e o lince que teima em voltar, o bucho e os enchidos, a história única do contrabando e da emigração a salto nesta zona da raia são marcas que não têm sido aproveitadas por falta de sensibilidade dos dirigentes políticos.

A Guarda: Que potencialidades existem e que, em sua opinião, ainda não estão devidamente valorizadas?
José Carlos Lages: Acima de tudo a Capeia Arraiana. Falta assumir como marca registada a Capeia Arraiana como património imaterial da Humanidade e como tradição com origem na raia sabugalense. Depois devia ser criado um grupo amador(tipo forcados) orientado pela Câmara Municipal do Sabugal ou pela Associação «Oh Forcão Rapazes» para que fosse possível actuarem em todos os lugares do mundo promovendo as terras do forcão. No passado mês de Janeiro, finalmente, a Câmara Municipal do Sabugal solicitou no INPI o registo das marcas «Capeia» e «Capeia Arraiana» para diversas actividades.
Para quando nas estradas que levam ao concelho do Sabugal a indicação: «Capital do Bucho Raiano»
«Terras do Forcão»
Penamacor tudo tem feito para promover a Serra da Malcata e os produtos que lhe estão associados como o lince, o mel, o queijo, etc...o Sabugal tem tido uma participação muito discreta. Belmonte apostou, em boa hora, nos vestígios e nas rotas relacionadas com os judeus. O Sabugal de acordo com um extraordinário trabalho de investigação do historiador Jorge Martins que está a ser publicado semanalmente no «Capeia Arraiana» tem imensos registos de famílias judias a residir no concelho.Infelizmente ficou de fora da aposta nos roteiros de turismo judeus. Aproveito para destacar o investimento privado «Casa do Castelo» que tem andado a pregar no deserto alertando para as potencialidades, enquanto alternativa de turismo sazonal, do investimento na investigação dos vestígios religiosos.
Apenas destaco mais duas: a fraca promoção que tem sido dada à truta das cristalinas águas do Côa e a incapacidade dos políticos e cidadãos influentes para saberem ouvir as ideias dos sabugalenses que sentem as suas origens mesmo não vivendo no concelho.
A Guarda: Como surgiu a ideia para a criação do seu blogue Capeia Arraiana?
José Carlos Lages: Começou por ser um desafio familiar da minha mulher e transformou-se na necessidade de alimentar uma paixão.O Paulo Leitão, além de primo, é um bom amigo e em conjunto temos investido o nosso saber e o nosso tempo livre para promover e destacar as terras raianas da Beira ( Alta e Baixa). O primeiro post, datado de 6 de Dezembro de 2006, diz apenas:«Castelo de cinco quinas, há só um em Portugal, fica à beira do Côa, na Vila do Sabugal».



A Guarda: Que balanço faz deste projecto que divulga o Sabugal na Internet?
José Carlos Lages: Costumo dizer que «acredito em pessoas, não acredito em projectos». Sinto que é um balanço muito positivo.
«Capeiaarraiana»mais do que um projecto é a alma de quem lá escreve e de quem o lê. O futuro inventa-se e como disse Fernando Pessoa: «Cultura não é ler muito, nem saber muito;é conhecer muito. Viver não é necessário. Necessário é criar.»




SOMOS BEIRÕES. SOMOS DO SABUGAL