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27.7.22

QUE SONS GOSTAMOS DE OUVIR EM MALCATA ?

Sinos com bom som


   Os sons da aldeia serão diferentes dos sons das cidades?
   Os mais idosos que sons recordam mais? Os seus netos continuam a ouvir os mesmos sons ou há alterações?
   Quando eu era garoto ouvia o som do sino da torre que repetia as horas e as meias horas, todos os dias e todas as noites. Olhando para o mostrador podemos ver que existem uma série de números que vão de 1 a 12; então como é que as pessoas sabiam que horas eram às tardes  e às manhãs? Sabiam, raramente se enganavam e muitos dos nossos avós e pais eram analfabetos. Eram bem-falantes e tinham inteligência, faziam contas simples e outras coisas do dia a dia, alguns tinham uma cabeça que metia inveja a alguns doutores.
   Outro dos sons que se ouvia no povo eram os sinos que estavam no campanário da nossa igreja. Claro que ainda hoje lá estão dois sinos, um maior que o outro. Tenho para mim a ideia de que o som dos sinos da igreja já não tem o mesmo timbre, quando os ouço refugio-me naquelas sonoridades limpas, de eco prolongado, que é completamente distinto do que hoje se ouve. Dizem que o sino pequeno está com fissuras e isso prejudica imenso o toque. O outro, é maior e devia ouvir-se ainda melhor e não é assim. O seu tamanho esconde, ao que parece, a causa da sua rouquidão que a acompanha desde que ali foi colocado.
   Lembram-se dos profetas que anunciavam a chuva? Pois claro, os amoladores que apareciam na aldeia armados em técnicos no arranjo de varetas soltas dos guarda-chuvas, deixavam as meninas costureiras satisfeitas e felizes porque a tesoura ficava a cortar como nova...e faziam todo o trabalho sem gastar um escudo de electricidade, mas ao fim do dia a perna mostrava-se cansada de tanto dar ao pedal para que a correia fizesse rodar a pedra de amolar.
   O som das galinhas, do gado na loja ou na rua, os chocalhos e as campainhas que os lavradores penduravam ao pescoço das cabras, das vacas e nunca vi burro ou cavalo com este tipo de albercoques. Não tenho explicação!
   Hoje os sons que se ouvem na nossa aldeia são bem diferentes daqueles que eu me lembro de ouvir há pelo menos 50 anos atrás. Mesmo que alguns sons se pareçam e tenham ainda o mesmo significado, continuo a ter melhores recordações dos sons que ouvia de pequenino.
   Que sons se ouvem neste Verão pelos ares de Malcata? 


                                                                                                              José Nunes Martins

    
Tocar os sinos em dia de festa
A concertina do Fernando
Capoeira com galinhas
Burros, cabras, vacas...
Sons raros

Sons de concertos


21.11.20

QUANDO OS SINOS TOCAM EM MALCATA

    

  Os sinos da minha aldeia continuam a ouvir-se, apesar de já não terem a importância que tinham no passado. Na nossa freguesia há os sinos da igreja e o sino da Torre do Relógio. Não se confundem os seus toques e cada um tem a sua função e quando tocam a mensagem é enviada para todos os cidadãos.
  Os toques dos sinos da igreja mudam-se conforme a mensagem que se pretende transmitir. Sempre que o sino grande tocava a rebate desordenadamente, sem jeito e as badaladas soavam repetidamente sem parar, era sinal que estava a acontecer uma situação de perigo, de alguém que necessitava urgentemente de ajuda. Podia ser um fogo numa habitação, num palheiro ou numa meda de pão e o "toque a rebate" era a forma de clamar por auxílio. Nos casos de fogo, fosse lá quem estivesse aflito, todo o povo largava o que estava naquele momento a fazer e com baldes e caldeiros nas mãos, corria até ao local da tragédia e imediatamente formavam uma fila, passavam de mão em mão as vasilhas cheias de água para apagar as chamas e salvar os pertences que o fogo consumia. A prontidão e a rapidez era de tal ordem que, alguns casos de fogo, quando os bombeiros chegavam, já o povo tinha o fogo apagado ou sob controlo.
                                                      ++
  No que respeita a assuntos ligados à igreja e às práticas religiosas, o sacristão tinha a tarefa de tocar os sinos e chamar os fiéis para a igreja. Aos domingos, tocava três vezes antes da missa começar, no final de cada vez que tocava, o badalo do sino grande batia uma, duas ou três vezes, dando assim a conhecer aos fiéis o tempo que faltava para o padre se pusesse ao altar e começar as cerimónias religiosas. Todo o povo conhecia e entendia as badaladas dos sinos da igreja. Quando ouviam tocar as três badaladas do sino grande, era sinal que o padre estava a dirigir-se para o altar-mor e a partir desse momento quem ainda não se encontrava no interior da igreja, ia chegar atrasado e havia que despachar-se para valer a pena ir à missa.
  Isto de avisar o povo, com as três badaladas, que a missa ia começar, às vezes serviam de sinal para aquelas almas desejosas das coisas do alheio, pois sabiam que estavam todos dentro da igreja e portanto, podiam entrar na propriedade alheia com mais tempo e mais à vontade...
  Nos dias festivos também se tocavam os sinos e muitas vezes era dessa forma que o povo ficava a saber da cerimónia de um casamento, baptizado, funeral, etc.
  A história ensinou-nos que o som dos sinos era importante e respeitado por toda a gente. Tal como hoje as mensagens do telemóvel, outrora, nos tempos em que havia dois telefones na freguesia, não havia luz eléctrica e poucos tinham relógio em casa e muito menos no bolso ou no pulso esquerdo, os sinos enviavam as mensagens de interesse público e como hoje, o cidadão depois de ouvir a mensagem, tomava a sua decisão. 
  
  Continua...

                                                                                José Nunes Martins




4.9.15

OS SONS DE MALCATA



 Quais são os sons de Malcata?
 O que se ouve na nossa aldeia quando paramos para ouvir o que se passa à nossa volta? Alguns ruídos, música e silêncio sentimos quer queiramos ou não.


  Malcata tem  património
sonoro?
  O que distingue ou distinguiu a paisagem malcatenha das outras?
   Olhamos muitas vezes para a paisagem que nos rodeia, mas raramente a escutamos.


   Hoje os sons de Malcata começam a ser outros. Antigamente, por exemplo, em Agosto, lançavam-se muitos foguetes, tocavam-se muitas vezes os sinos da igreja. Hoje em Agosto deixámos de ouvir o estoirar dos foguetes e os sinos da igreja já não tocam tantas vezes, até durante as procissões deixaram de se ouvir.
   É desejável saber ouvir a paisagem, os seus sons e os seus silêncios, as pessoas e os animais em Malcata.