Mostrar mensagens com a etiqueta religião. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta religião. Mostrar todas as mensagens

3.3.24

MALCATA: AS TRADIÇÕES NA QUARESMA

 


   Estamos na Quaresma, tempo que antecede a celebração da Páscoa.
   São 40 dias de jejum e penitência que os cristãos iniciam na Quarta-Feira de Cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa.
   Durante a Quaresma era proibido realizar bailes e outras actividades que provocassem muito barulho, quem não respeitava estes preceitos, estava a pecar, era apontado como pecador e se não parasse, o seu destino final estava traçado, ia para o inferno ou purgatório. Para o céu estava fora de questão…
   Eu ainda gostava de compreender como viviam a Quaresma antigamente. Há na nossa aldeia gente que se recorda dos costumes nesta quadra carregada de enorme paixão, dor e sofrimento. O que vos marcou mais? Têm saudades desses dias e dias de jejum, só a pão e água? Antigamente, durante a Quaresma, a minha mãe pedia para ir às cruzes, rezar as 14 Estações da Via Sacra. Para mim o ter que ouvir por 14 vezes, o mesmo rosário, numa igreja escura e iluminada só com as luzes das velas de cera, as pessoas vestidas da cabeça aos pés, com roupas negras, lenços pretos nas cabeças, xailes pretos pelas costas, dava mais para chorar que rezar…
   Dos tempos, em que a nossa aldeia pertencia ao Concelho de Sortelha, já não há quem possa testemunhar como passava a Quaresma. Talvez as rezas e orações passassem de geração em geração e é certo que em Malcata, como na maioria das outras terras, a Quaresma celebrava-se mais ou menos da mesma maneira. Seria bom que alguém partilhasse aqui as suas “Quaresmas”, os rituais em que ainda participaram. Não só os costumes e rituais religiosos, mas também os outros costumes, como não podia realizar-se o baile ao Rossio, alguma coisa faziam para passar o tempo!
   Alguém se lembra como era a encomendação das almas? Quem podia ir?
   E que cerimónias mais ficavam marcadas?
   Já quanto aos párocos (senhor prior) do Padre José Miguel não tenho qualquer memória. Seguiu-se o Pe. Lourenço que acompanhei até falecer, pois paroquiou
a paróquia de São Barnabé de Malcata durante a minha infância e juventude, tenho recordações dos rituais quaresmais e outros. Uma tradição muito enraizada nas paróquias do Norte do país e que nunca presenciei em Malcata, foi a Visita Pascal.
   Mesmo depois de terem passado muitos anos, mesmo que o que se faz hoje já nada tem a ver com as tradições antigas, mesmo assim, seria bom reunir estas coisas e tradições, que durante muitos anos foi o orgulho dos nossos antepassados, dos nossos avós e pais. É que se não se fizer nada, lá se vão as tradições para o cemitério e daqui a alguns anos já ninguém se lembra de nada disto. Há coisas que importa preservar, mesmo que seja para arquivo e memória futura, pois devemos continuar a guardar o legado que nos foi transmitido.





 

16.8.23

MALCATA : ESTAR DENTRO DA FESTA OU FICAR DE FORA?

                             ACTUALIZAÇÃO DE VISITAS A ESTA PUBLICAÇÃO :

               Tantas pessoas que por aqui passam e não há uma única resposta às perguntas feitas!!!
                        As perguntas são estas:
                   
1- Como foi a festa deste ano?
                         2-  Qual o verdadeiro sentido da Festa em Honra de S. Barnabé?
                             3-  Se fosse mordomo o que propunha para a festa?

   Hoje, uns dias depois do fim da festa deste ano,  dou comigo a recordar com alguma saudade as vivências do dia de festa na minha aldeia. Era dia de festa, de alvorada com foguetes e “banda da música” ou filarmónica. Neste dia a minha mãe preparava roupa nova, mesmo a estrear e havia mesa farta ao almoço. Para este dia de festa o meu pai alegrava-se com a vinda de todos os da família, havia sempre lugar para eles. Não era boa altura para receber amigos, ele não tinha tempo livre nestes dias. A responsabilidade que assumira de ser mordomo, estava sempre primeiro que tudo o resto. Ele e os outros mordomos fartavam-se de trabalhar para que toda a festa corresse bem. Uma das preocupações que os mordomos tinham era como ia estar o tempo no domingo. Qualquer nuvem no céu lhes trazia preocupações e mesmo com as coisas preparadas para a eventualidade da chuva, nem sempre as prevenções resultavam na sua totalidade. A Missa e as procissões, o fogo, a música e o ramo concentravam toda a atenção dos mordomos. Nesses primeiros anos, as receitas da festa eram obtidas com peditórios à volta do povo, algum ou outro baile e muita contenção nas despesas do fogo, que era onde eles podiam cortar alguma coisa. Depois havia um apoio das famílias dos mordomos para abastecer o Ramo com bolos caseiros, coelhos, cabritos, presuntos, chouriças, garrafas de bebidas…coisas feitas com muito amor e suor durante a semana anterior ao dia da festa. E todas estas ofertas iam parar ao Ramo da festa, o autêntico dinamizador dos apoios da festa, era no Ramo que os mordomos apostavam para angariar dinheiro. Só mais tarde veio a exploração do bar durante a festa.
   Enfim, quando recordo estas coisas, sinto o medo que eu tinha aos foguetes lançados muito próximo das pessoas, ali na varanda da casa dos meus pais, enquanto tocava a banda da música e os mordomos distribuíam nas bandejas os copos de vinho e doces.
   No fim da missa do domingo a seguir à festa, na altura dos avisos, os mordomos entregavam ao padre um papel com as contas da festa e a lista dos próximos mordomos. E durante uns dias era o tema mais falado na aldeia.
   A festa tinha acabado.
  
Nota: dois dias após a festa deste ano ter terminado gostava de perguntar:
           1-Como foi a festa deste ano?
           2-Qual o verdadeiro sentido da festa de Agosto, em Malcata, continuar a ser em
                Honra de São Barnabé?
           3- Se fosse mordomo(a) o que propunha para uma Festa em Malcata?
          
   Vamos então falar sobre as festas e como elas se enfarinham na vida de todos nós.
   Esvaziar as nossas cabeças e dar tempo e tolerância é o que estamos a precisar. Agradeço todos os contributos e respostas. 
                                                        José Nunes Martins
   
           


15.4.22

A PÁSCOA E AS TRADIÇÕES

   SONS DA PÁSCOA

   A Semana Santa está cheia de sinais e sons que ainda hoje alguns nos fazem arrepios. Esta é uma semana carregada de simbologia, de sofrimentos e de penitência. Em tempos não muito longínquos, a Igreja Católica pegou numa série de símbolos e sinais que remetia os fiéis para momentos incríveis e até com alguns medos. E as matracas, que substituíam o tocar dos sinos, faziam-se ouvir pelas ruas da aldeia. Som estranho, som incómodo quando o sacristão passava na minha rua.
    Em sinal de luto, não se tocavam os sinos e todos os altares da igreja eram tapados com panos roxos, dando ainda mais uma imagem triste, sombria, mesmo de terror.
   Pelas ruas da nossa aldeia o sacristão chamava as pessoas para as cerimónias que iam decorrer na igreja e à volta do povo. Não dava para esconder o ambiente pesado e macambúzio que se vivia na aldeia até ao Sábado de Aleluia. Eram rostos de tristeza e pesar que se viam pelas ruas da povoação e quando a noite se aproximava na sexta-feira, o momento de ir "fazer o enterro do Senhor" arrepiava qualquer criança. A igreja ficava diferente, para além de serem tapadas as imagens dos altares, o Cristo do altar Mor era (e ainda hoje) retirado da cruz e colocado num enorme e pesado caixão de madeira que se coloca em cima do altar e depois percorre as ruas da aldeia num cortejo fúnebre, como se tratasse de um funeral de verdade.

O sacristão a tocar as matracas

  


4.7.15

FESTAS E TRADIÇÕES


Procissão a passar na Fonte Velha

Nas procissões de outros tempos, os homens iam à frente, alinhados em duas filas de cada lado da rua, levavam o chapéu na mão e as mulheres iam sempre atrás do padre, com a cabeça coberta por um véu ou um lenço. Naquele tempo, todos os santos desciam dos seus altares e saiam à rua na procissão e o estandarte maior e mais pesado era o mais pretendido pelos homens tidos como valentões.

4.9.14

HÁ FESTA SEM MORDOMOS?

 

As festas religiosas são para manter, para promover e para estimular. As festas religiosas são uma forma de os fiéis mostrarem publicamente a sua fé, quando esta é autêntica e verdadeira.
   Um dos objectivos fundamentais das festas religiosas é festejar com Deus e os Santos e com as pessoas da nossa comunidade paroquial.
   Estas são as razões da realização das festas religiosas em Malcata. Claro que para além destas razões as festas de Agosto em Malcata são uma ocasião privilegiada para as pessoas se encontrarem, as famílias se reunirem, de acolher os amigos e visitantes. É a oportunidade que temos para promover a fraternidade, a união, a alegria e a nossa aldeia.
   Para haver festa é necessário pessoas que a organizem, que trabalhem e se empenham para que as actividades corram todas bem e que sejam do agrado da maioria. Os mordomos devem sentir-se como colaboradores escolhidos e estarem ao serviço da comunidade paroquial, sabendo que estão a desempenhar uma missão que lhes foi confiada.
   Está claro que o principal objectivo das festas religiosas de Malcata, sejam em honra de que santo ou santa for, é louvar a Deus, agradecer a Deus a vida, o bem, a sã alegria, a fraternidade, a união, a confraternização de todos quantos participam na festa.
   Quem pode ser mordomo?
   Com que critérios se escolhem os mordomos?
   Qualquer pessoa pode ser mordomo?
 
   Na nossa aldeia, há uns anos atrás, os mordomos durante muitos anos foram sempre as mesmas pessoas. Havia duas comissões de festas: os mordomos da Senhora do Rosário e os mordomos do Sagrado Coração de Jesus. Com a evolução dos tempos e como a idade destas pessoas nunca parou no tempo, vieram lentamente novos elementos. Ao mesmo tempo, a sociedade também sofreu mudanças importantes, a democracia instalou-se no nosso país e as mudanças também chegaram a Malcata e alteraram o modo de organizar as festas religiosas. No meu entender, a religiosidade foi absorvida pela profanidade e outras realizações e eventos festivos.
   E agora como são nomeados os mordomos? Pelo que sei, a comissão deste ano, por exemplo, nomeou a lista de pessoas para as festas de S.Domingos, seguindo a tradição dos últimos anos.
   Mas algo se passou na véspera da grande festa e ainda falta esclarecer muita coisa.
   A responsabilidade das mordomias tem abrangido todos os aspectos da festa: os religiosos e os profanos. Para evitar, a tempo, as confusões que aconteceram e os mal entendidos, será que se realizaram previamente reuniões preparatórias com o padre, com a Fábrica da Igreja e a comissão de mordomos? É que nessas reuniões acertariam toda a programação da festa e assim as actividades decorreriam normalmente. Eu acredito que se tenham reunido. Já não digo é que todos tenham apresentado claramente as suas ideias quanto às festas e ao seu futuro.
   Nos tempos que correm, disponibilizar-se para organizar uma festa, trabalhar um ou dois anos sem ganhar, ser mal compreendido, não é nada fácil. Aos mordomos o que lhes custa mais é a falta de reconhecimento por parte da comunidade e dos seus pastores, mesmo que tenham dado o seu melhor.
   E como vão ser as festas de Malcata no futuro próximo?
   Criar uma Comissão de Festas, fixa, com prémio indexado ao lucro obtido?
   Envolver a Junta de Freguesia na organização da festa ( parte não religiosa ) e a Fábrica da Igreja organizar a componente religiosa?
   Que outras sugestões?

Nota: Por motivos profissionais não estive nas festas deste ano.
          Um louvor e um agradecimento a todas as mulheres e homens que fizeram parte da Comissão
           das festas em honra do Sagrado Coração de Jesus.

7.9.13

BEM VINDO PADRE EDUARDO

   Neste próximo domingo, 8 de Setembro de 2013, a comunidade cristã de Malcata e todo o povo que desejar, sairá para as ruas para acolher o novo pároco. Trata-se do padre Eduardo Mendes, ordenado sacerdote no passado 30 de Junho por D.Manuel Felício, Bispo da Diocese da Guarda e que o apresentará na Eucaristia que terá lugar ao meio dia.
   Apresento aqui algumas fotos da sua ordenação sacerdotal:










 


BEM VINDO PADRE EDUARDO

1.8.13

A VIDA É FEITA DE MUDANÇAS


   No último domingo, dia 28 de Julho, o Padre César teve a coragem e a dignidade de, em primeira mão, dar a notícia de que, a partir do fim de Agosto, irá deixar de exercer as funções de pároco na paróquia de Malcata e nas outras da qual era responsável.

O Jornal Cinco Quinas já está a divulgar esta notícia. Num texto assinado pelo nosso conterrâneo Rui Chamusco, é dado a conhecer aos leitores deste jornal a mudança de rumo do nosso estimado e querido padre César. Dada a importância desta decisão e porque nem todos têm acesso ao Cinco Quinas On Line e do qual eu sou assinante ( logo tenho esse acesso ) vou partilhar o que penso ser o que a maioria dos malcatanhos sentem no seu interior.
   Então é assim:
   Decisões e Mudanças de vida


·         1 de Agosto de 2013 18:10


Depois de muita reflexão e de ponderar a continuidade do exercício das suas funções, decidiu seguir outro caminho que não passará pelas vias do sacerdócio. Há alguns anos dizia o Padre César, em entrevista a um jornal da Guarda: ”defino-me por aquilo que sou e não por aquilo que faço”. 
Ao longo da nossa vida vamo-nos deparando com uma amálgama de acontecimentos, notícias, pessoas e amizades que nos vão moldando na estrutura e na forma de sermos e parecermos. Há pessoas que fazem parte do nosso mundo a quem muito devemos pela sua dedicação e trabalho e que nunca poderemos esquecer, aconteça o que acontecer.
Nos últimos dez anos, uma das pessoas que mais marcaram as nossas terras e o nosso concelho foi sem dúvida o Padre César do Nascimento. A sua forma de ser e de estar connosco, seja como pároco de bastantes aldeias do nosso concelho, seja como professor no agrupamento de escolas do Sabugal, seja simplesmente como companheiro e amigo, fazendo parte das nossas vidas. Todos lhe devemos um agradecimento (tributo a César), que espero seja concretizado brevemente em cada uma das terras (paróquias) que usufruíram dos seus serviços e dedicação.
No último domingo, dia 28 de Julho, o Padre César teve a coragem e a dignidade de, em primeira mão, dar a notícia de que, a partir do fim de Agosto, irá deixar de exercer as funções de pároco. Depois de muita reflexão e de ponderar a continuidade do exercício destas funções, decidiu seguir outro caminho que não passará pelas vias do sacerdócio. Muitos foram apanhados de surpresa, outros encararam a notícia com normalidade, sabendo de antemão que uma decisão desta natureza é para respeitar. Seja qual for o caminho que o padre César decida percorrer, só temos de o apoiar, de modo a que siga, em consciência, o que for melhor para a sua realização pessoal. Quem durante a sua vida nunca mudou de direcção e fez opções diferentes? Há algum mal em mudar de vida, em mudar de profissão? Deu a notícia mas está connosco; dá a cara porque não deve nada a ninguém; porque é corajoso. Trata as dificuldades com frontalidade. Há alguns anos que o Padre César, em entrevista a um jornal da Guarda dizia: “
defino-me por aquilo que sou e não por aquilo que faço”. É a eterna questão: “ser ou não ser”. E todos nós sabemos que ele é um grande homem.
Sei por experiência própria que estas decisões são dolorosas para todos mas especialmente para quem as toma. Por isso o apoio dos amigos é uma preciosa ajuda. Sei também que comentários, boatos e mexericos ninguém os pode evitar. Mas, por favor, tentem compreender que é melhor mudar de vida do que perder a saúde física ou mental. Ninguém tem o direito de condenar seja quem for, porque culpas todos as temos. Ou então, como diz o evangelho “
quem estiver limpo que atire a primeira pedra”.
Estou certo que o nosso apoio nunca lhe faltará, seja qual for o seu percurso. A amizade estabelecida não pode ficar por aqui. Com certeza de que encontraremos momentos e meios de fortificar esta amizade.
Um abraço César e um grande obrigado pela dedicação e serviço com que nos tens presenteado.
Rui Chamusco
Copiado daqui:
http://www.cincoquinas.net/?p=8128

12.8.12

AS OBRAS DA IGREJA MATRIZ DE MALCATA


 Igreja antes das obras






Igreja depois das obras

 Descoberta da porta de acesso ao campanário


 Pia Baptismal de cara lavada


 Descoberta de pintura nas paredes


 Coro mais acolhedor e novo gradeamento



Altor Mor deslocou-se mais para junto dos fiéis


 Pe.César presidiu à Eucarístia

 Comissão da Fábrica da Igreja, agradece a todos

Pe.César na homília lembra a importância
de também renovar a nossa vida


Foi no dia 5 de Agosto de 2012 que o povo de Malcata regressou à Igreja Matriz da paróquia. A igreja esteve encerrada cerca de quatro meses para obras. O telhado era já uma necessidade, pois as infiltrações da água da chuva estavam a deixar toda a igreja em mau estado e a humidade estava a colocar em risco a segurança do templo devido à antiguidade da instalação eléctrica e do que daí podia resultar.


Eis uma pequena montagem de fotografias que nos mostra um pouco as cerimónias:



20.9.09

O PADRE QUE É PROFESSOR E BOMBEIRO

"vivemos numa sociedade pós-moderna onde o relativismo impregnado faz com que tudo o que tenha a haver com dados não experimentados onde não se pode re/tirar proveito imediato para usufruto não tenham valor. O imediato, o individualismo, a crise de valores, a crise de identidade cultural e religiosa leva a um afastamento de tudo o que fale de Deus".



CÉSAR : PADRE, professor, bombeiro voluntário.

Na edição de 10 de Setembro de 2009 do jornal A GUARDA ( semanário) podemos ler a entrevista que este órgão de comunicação fez ao sacerdote César António Cruz Nascimento, actual pároco de Malcata e de outras terras. Aqui está a entrevista:

César António da Cruz Nascimento – Coordenador do Ensino da Igreja nas Escolas do Departamento do Secretariado Diocesano da Educação Cristã


“Muitas Direcções Escolares dificultam o trabalho do professor de Educação Moral Religiosa Católica”

César António da Cruz Nascimento é o actual Coordenador do Ensino da Igreja nas Escolas do Departamento do Secretariado Diocesano da Educação Cristã, na Diocese da Guarda. Desempenha também as funções de pároco de Casteleiro, Malcata, Meimão, Moita e Santo Estêvão.
Nasceu em Viseu por opção da mãe que é oriunda daí, embora os pais residissem na Covilhã. Foi registado na freguesia de S. Martinho (Covilhã) onde viveu até aos 8 anos, passando depois para Alcaria. Foi ordenado sacerdote em 2 de Julho de 2000.
A Guarda: Quem é César António da Cruz Nascimento?

César Nascimento: Defino-me não por aquilo que faço mas por aquilo que sou. Nasci em Viseu por opção da minha mãe que é oriunda daí, embora os meus pais residissem na Covilhã. Fui registado na freguesia de S. Martinho (Covilhã) onde vivi até aos meus 8 anos. Mais tarde os meus pais iriam residir para Alcaria (Fundão), onde ainda aí permanecem. Defino-me como um transeunte nesta vida onde procuro buscar a essência do meu eu, apoiado no humanismo, ética e fé cristã. Sou amante da vida e do ser humano.

A Guarda: Qual a sua ligação à Diocese da Guarda?

César Nascimento: Actualmente tenho a missão de Coordenador/Director do Departamento Diocesano do Ensino Religioso Escolar na diocese da Guarda, tenho a meu cargo seis paróquias (Malcata, Santo Estêvão, Meimão, Casteleiro, Moita e Vale da Senhora da Póvoa) e lecciono EMRC – Educação Moral e Religiosa Católica- no Sabugal e sou bombeiro voluntário na secção de Penamacor em Meimão (pese o facto de ter pouco tempo disponível para o voluntariado).

A Guarda: Como é que foi o seu percurso académico?

César Nascimento: A escola primária foi realizada na Covilhã (Externato de Stª Maria e na Escola Primária do Refúgio) e mais tarde Alcaria. O primeiro ano do Cíclo ( 5º ano) foi na Telescola de Alcaria. No ano lectivo de 1985/86 entrei para o 6º ano de escolaridade no Seminário Menor do Fundão onde aí concluí o 9º ano. Entrei para o Seminário Maior da Guarda para frequentar o ensino Secundário e aí concluí o Curso de Teologia. Porque o Seminário não conferia a habilitação de licenciatura em Teologia, matriculei-me na Universidade Católica do Porto onde me foi conferida a respectiva licenciatura no ano 2000 (com tese subordinada ao tema “História da Formação Presbiteral e a implementação do II Concílio do Vaticano nos Seminários da Diocese da Guarda”. Mais tarde matriculei-me no Mestrado em Educação na UBI – Universidade da Beira Interior tendo concluído a Pós-Graduação. No ano em que ia realizar e elaboração e defesa da tese na referida universidade fui nomeado Coordenador/director deste departamento tendo adiado a conclusão da mesma. Neste momento encontro-me matriculado no curso de Profissionalização em Serviço em Ciências Religiosas em Viseu.

A Guarda: E o percurso como sacerdote?

César Nascimento: Após a minha saída do Seminário Maior da Guarda fui colocado em Estágio Pastoral na Paróquia de S. Miguel da Guarda, enquanto estudava na Universidade Católica Portuguesa no Porto. Após estágio o sr. D. António nomeou-me como membro da Equipa Formadora do Seminário Menor do Fundão onde permaneci quatro anos e nessa permanência fui ordenado presbítero no ano de 2000. Durante esse tempo fui colaborador ainda nas paróquias de Castelejo, Souto da Casa e fiz parte da Equipa do Pré-Seminário. Em 2002 fui nomeado pároco das freguesias de Alfaiates, Rendo, Malcata e Meimão, Mais tarde seria ainda nomeado para Nave em acumulação. Durante 3 anos fui ainda vigário paroquial de Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Lageosa, Forcalhos, Aldeia da Ponte, Bismula, Badamalos e Vilar Maior. Vivi em comunidade com um colega sacerdote em Aldeia Velha (concelho de Sabugal), sendo ele também vigário paroquial das paróquias a mim confiadas. Em 2005 sendo já bispo da nossa diocese da Guarda o sr. D. Manuel fui transferido e novamente nomeado para as paróquias de Malcata e Meimão em conjunto com Santo Estêvão, Moita e Casteleiro. Mais tarde acrescia-se a paróquia do Vale da Senhora da Póvoa, tendo fixado residência na freguesia de Malcata até agora.

A Guarda: E como professor?

César Nascimento: Quando em 1998 fui nomeado membro da Equipa Formadora do Seminário Menor do Fundão leccionei HGP (História e Geografia de Portugal) e Área projecto. Desde o ano 2002 que lecciono a disciplina de EMRC (tendo estado no primeiro ano a leccionar no Colégio da Cerdeira e nos demais anos nas escolas oficiais do Sabugal).

A Guarda: O que é e para que serve o Departamento do Secretariado Diocesano da Educação Cristã?

César Nascimento: O DDERE, Departamento Diocesano do Ensino Religioso Escolar serve para coordenar o ensino de EMRC nas escolas oficiais e privadas que se encontram na diocese. Tem por missão a colocação/nomeação, orientação e formação contínua dos professores da disciplina. É o órgão diocesano que serve de entreposto entre o Ministério de Educação e as Escolas no que concerne ao ensino religioso católico. Superintendido pelo bispo diocesano e pelo Coordenador/Director, este departamento é o órgão de responsabilidade legal do Ensino Religioso perante o ME (Ministério da Educação).

A Guarda: Quem é que pode ser professor de Educação Moral Religiosa Católica?

César Nascimento: Para se ser professor da disciplina de EMRC é necessário ter habilitação própria na área (licenciatura em teologia ou em ciências Religiosas). Como na diocese não existe número suficiente de professores com essa habilitação temos de recorrer a professores de outras áreas. Com a legislação actual, o Departamento está a fomentar a ideia de que todos os professores rapidamente tenham todos a habilitação própria com a respectiva profissionalização, sem a qual não poderão leccionar a disciplina. Além destes requisitos terão de ter idoneidade, compromisso de vida cristã. Um professor de EMRC não pode ser um simples professor que chega à Escola e “descarrega” os conteúdos programáticos e vem-se embora. Tem de procurar estar envolvido com toda a Comunidade escolar e dar um contributo para a humanização da Escola.

A Guarda: Quais as principais dificuldades que encontram os professores de Educação Moral Religiosa Católica?

César Nascimento: Encontram-se dificuldades em várias frentes. A disciplina é facultativa e como tal a sua apresentação é diferente. Muitas vezes as crianças e jovens colocam em questão a utilidade de se inscreverem na disciplina e muitas outras vezes são os próprios encarregados de Educação. Muitas Direcções Escolares dificultam o trabalho do professor de EMRC nomeadamente colocando o seu Estatuto em causa e elaborando horários que obrigam a grande ginástica mental e física ao professor. Existem escolas que não cumprem os decretos-lei e despachos, emanados do Ministério da Educação, quer na constituição de turmas quer na atribuição do horário ao professor. O número ainda elevado dos professores que não possuem habilitação própria, por vezes a falta de dinâmica, o desalento criado ao longo dos tempos pela falta de motivação e de alegria, são causas que vêm de dentro. A sociedade secularizada, a visão de que a disciplina é uma “aula de catequese”, a pouca importância dada aos valores e conhecimento da fenomenologia religiosa, tornam a missão do professor de EMRC um autêntico desafio.

A Guarda: Para este ano lectivo, há muitos alunos inscritos na disciplina de Educação Moral Religiosa Católica?

César Nascimento: Neste momento ainda não nos é possível averiguar o número de alunos, mas pelas nomeações já efectuadas podemos concluir que houve um aumento visível das turmas para a leccionação da disciplina.

A Guarda: Considera que os padres deveriam estar mais ligados ao ensino ou não é necessário?

César Nascimento: O Departamento do Ensino Religioso Escolar abrange apenas as aulas de EMRC nas escolas. Neste momento dos 50 professores de EMRC pertencentes a este departamento apenas quatro padres e um diácono leccionam a disciplina não sendo nenhum efectivo. Há dioceses em que os padres constituem a maioria do corpo docente não sendo essa a aposta para esta diocese. Já temos muitos leigos com formação na área, muitos já efectivos à escola. O ensino requer cada vez mais uma formação e habilitações específicas e pedagógicas. Porque o ensino “prende” cada vez mais os professores às escolas, é normal que os padres não consigam ter disponibilidade para tal. Aliás o ensino de EMRC nas escolas deve ser prioridade de quem cumpre essa missão. Contudo e porque vivemos numa sociedade alheada aos valores da cultura judaico-greco-cristã, penso que os padres deveriam estar presentes nos vários âmbitos da sociedade civil. Um “padre para uma paróquia” já não é modelo de apresentação. A paróquia está alargada a um conjunto vasto na actividade humana e o padre terá de acompanhar essa mudança. Penso por isso que deveria haver sempre padres ligados ao ensino, não apenas religioso mas nas várias áreas do saber. Creio que mostrariam melhor ao mundo que estavam presentes na vida e na actividade humana. É necessário ter coragem para formar os padres em várias áreas da formação humana para que o curso de teologia não caia num vazio intelectual e possa correlacionar-se com outras fontes do saber. Pior do que o medo de ter padres com habilitações, cursos e formações distintas deveria ser o medo de ver um padre acomodado a um grau académico em teologia e fechado em si mesmo, não aproveitando esse curso para “dialogar” com outros saberes.

A Guarda: Como é que vê a actual falta de padres na Diocese da Guarda?

César Nascimento: Há dois factores. Um Externo e um interno. O factor externo diz-nos que vivemos numa sociedade pós-moderna onde o relativismo impregnado faz com que tudo o que tenha a haver com dados não experimentados onde não se pode re/tirar proveito imediato para usufruto não tenham valor. O imediato, o individualismo, a crise de valores, a crise de identidade cultural e religiosa leva a um afastamento de tudo o que fale de Deus. Ao mesmo tempo pode-se apontar razões de ordem interna. O modelo de padre apresentado não atrai, a sobreposição da utilidade prática na gestão diocesana ofusca a identidade do ser individual como único e irrepetível. O padre deixou de ter o status que tinha em outras décadas e não sabe agora o lugar que ocupa. A libertação do estereotipo que se tinha poderia ajudar o padre de hoje a encontrar novas formas e maneiras de desenvolver a sua missão. Para isso é determinante que cada um se encontre antes de mais como pessoa humana e só depois ocupar um lugar com uma missão específica na Igreja. O facto de neste momento vivermos um período de mudanças torna-se imperativo que se saiba o que se pretende do padre hoje em dia. O que é que os fiéis e o mundo pretendem dele e o que é que a Igreja também quer.
É preciso definir o modelo de padre, não nos esquecendo que terá sempre de haver lugar para a auto-criação e recriação. O modelo não pode ser imposto de “cima” mas tem de ser sensibilizado e enraizado na realidade da vida. Existem questões tais como o celibato obrigatório que deveriam ser revistas e serem bem ponderadas. Quando somos crianças sonhamos ser aquilo que mais nos atrai e mais chama a nossa atenção. Teremos de ser atractivos para um mundo que necessita de padres mas não dos padres que tantas vezes queremos impor.
A maior parte das dioceses do país e um pouco por todo o mundo ocidental sente a falta de vocações sacerdotais, mas teremos de nos concentrar na nossa própria diocese e reflectir seriamente sobre essa questão. A diocese da Guarda, na década de sessenta e setenta, sentiu uma profunda crise vocacional e as razões não são muito distintas daquelas que hoje vivemos. Basta parar, olhar e reflectir. No meio de tantas causas para a falta de padres na nossa diocese encontramos razões que nos são distantes mas não podemos ignorar o que passa debaixo do nosso tecto e todos nós, começando por quem tem maiores responsabilidades na orientação diocesana, deveríamos reconhecer a nossa culpa e o erro para apontarmos novos caminhos, concretos, objectivos, realistas e com visão de futuro.

Consulte aqui a entrevista:

http://www.jornalaguarda.com/index.asp?idEdicao=316&id=16848&idSeccao=4164&Action=noticia